OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 3 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (PARTE FINAL)

"(...) É dito entretanto, que o Logos Solar não é tão impessoal e imparcial a ponto de ser desatento às aspirações e vicissitudes dos seres humanos. Ao contrário, Ele deve ser concebido como respondendo à aspiração sincera e altruísta pelo aumento de sabedoria e poder para servir. Dentro dos limites da lei de justiça, ou de causa e efeito, as nações e os indivíduos recebem ajuda divina tanto diretamente como através da mediação de representantes. A graça divina é considerada como uma realidade que pode chegar ao homem, diretamente do Logos Solar ou do Eu divino no seu íntimo. Uma fartura de provas é proporcionada por aqueles que experimentaram a exaltação inesperada, a intensificação inspiradora da força intelectual e do poder da vontade. A elevação aparentemente miraculosa do espírito e a cura de doença são igualmente afirmadas. 

A essa altura o estudante da sabedoria Eterna defronta-se com uma declaração concernente à Deidade que, embora de lógica inevitável, pode a princípio ser inaceitável e até mesmo repugnante. É a de que Deus, como o princípio divino na natureza e no homem, está evoluindo junto com todo o universo e com tudo o que ele contém, rumo a um objetivo que está além da compreensão do homem mortal. Esse desenvolvimento para culminâncias cada vez mais elevadas é o destino final do homem, 'aquele evento divino longínquo, para o qual toda a criação se move.'² Na medida em que o eu espiritual do homem é um Deus em formação, seu futuro esplendor, sabedoria e poder são totalmente sem limites."

² 'In Memoriam', Tennyson, St. 36.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 57)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (1ª PARTE)

"O que quer dizer o termo 'Deus'? A sabedoria Antiga afirma a existência de uma vida transcendente, autoexistente, eterna, onipenetrante, que tudo sustém, por meio da qual e na qual todas as coisas que existem se originaram, vivem, movem-se e têm o seu ser. Essa vida é imanente em nosso mundo e no sistema solar como o Logos, o 'Verbo', adorado sob diferentes nomes em diferentes religiões, mas reconhecido como o único Criador, Preservador e Regenerador. O sistema solar é dirigido e guiado pelo Logos Solar por meio de uma hierarquia de seres altamente evoluídos, os 'Poderosos Espíritos diante do Trono'. Na Terra essas funções são conduzidas por uma hierarquia de homens perfeitos, referidos como rishis, sábios, adeptos, santos. O princípio Divino Absoluto revela-se num processo Universal de perpétuo desdobramento de potencialidades. Embora esse processo seja consumado segundo lei eterna, ele não é mecânico, sendo dirigido ajudado pelo Logos Solar por intermédio de Seus ministros. Deus é assim apresentado como transcendente e imanente, além de criador, sustentador e transformador de todos os mundos e a fonte espiritual de todos os seres dentro do Seu sistema solar. 

Essas definições de deidade não se harmonizam com a ideia de Deus aceita pelo cristianismo. Na sabedoria Eterna, Deus não é apresentado como uma figura antropomórfica, um ser onipotente em forma humana e com tendências humanas associadas a poderes divinos. Ele¹ não é considerado sensível à propiciação, mas é sobretudo uma incorporação da lei eterna. Ele não confere favores a alguns em detrimento de outros, todos Seus filhos são considerados igualmente. Ele não está distante num céu remoto, mas, de fato, presente como a vida divina na natureza e a divina Presença no homem, o 'Deus que opera em vós...' (Fl 2:13). (...)"

¹ O masculino é usado por conveniência apenas, sendo o princípio divino considerado igualmente como masculino, feminino e andrógino.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56/57)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (PARTE FINAL)

"(...) As formas podem dar-nos infinito deleite, talvez porque sintamos a vida divina nelas. Para citar um dos Upanishads: 'Não é por amor aos mundos que os mundos são queridos, mas os mundos são queridos por amor do Eu'. Talvez, acima de tudo, seja porque sintamos a Vida interiormente que chegamos a amar as formas, a admirá-las e ao mesmo tempo a amar suas transformações - isto é, estamos desejosos de que as formas morram. 'Aquele que prende a si uma alegria destrói a vida alada, mas aquele que beija a alegria enquanto ela voa, vive na eternidade da aurora'. A adaptabilidade que a vida mostra e os mutantes disfarces do homem e da Natureza nos fascinam, tanto quanto os propósitos a que servem. O passado assume um aspecto diferente; a história torna-se a expressão infinitamente variante do homem lutando através de várias tolices. Podemos observar a revolta contínua do homem contra Deus, contra a Natureza, na maioria das vezes contra si mesmo. É um paradoxo que, embora seja tão apegado às formas, o homem apesar de tudo anseie por transformações e, porque ele anseia por elas, ele as sofre. Ele não sofreria sua maior transformação, a reencarnação, se não a desejasse, se não fosse forçado a reencarnar repetidamente devido à sua sede de vida.

Ao longo da evolução ele compreende o que está acontecendo. Gradualmente ele tende cada vez mais a abraçar a vida em vez das formas, e assim ele não mais sofre com sua inconstância. ele as ama, como se pode dizer que a videa sensibilizadora as ama. O processo é gradual, mas a realização em si pode surgir num instante. A realização ou transformação, a expansão de consciência, foi descrita na literatura do misticismo. Krishnamurti diz-nos que: 'O som de um sino tocando, uma pedra que cai, um simples acontecimento diário pode ser a centelha que leva o monge Zen budista à realização'. Ele assinala repetidamente a alegria, o intenso senso de viver, que existe em estar perceptivo e simplesmente observar as coisas e suas transformações constantes. Essa é realmente a dança de Shiva, para sempre esmagando com os pés as velhas formas que serviram seu propósito, enquanto ao mesmo tempo é criada nova beleza.

Transformação é evolução. O próprio viver é uma transformação contínua e estamos em meio a ela - somos parte dela e somos um com ela. Transformar-se em quê? Na verdade não podemos saber atualmente. Seria fútil inquirir. Não podemos conhecer o futuro, pois nós mesmos seremos diferentes; estaremos transformados quando encontrá-lo. De qualquer maneira não existe causa para temor do desconhecido. É simplesmente uma experiência - transformação interior e exterior. Nossa senda pode levar-nos a uma prontidão - mesmo à necessidade - de renunciar não apenas às formas que amamos, mas até mesmo àquilo que sentimos ser nossa própria vida ou eu. Sri Ram diz-nos: 'a verdadeira grandeza [do homem] jaz em nada ser, em se erradicar por meio de sua boa obra disseminada em toda parte'. Poderíamos ver isso como uma transformação última, porém eterna."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 33/34)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (1ª PARTE)

"Assim, existe uma mudança sutil quanto à ênfase do papel predominante da vida para um papel como forma. Como a transformação ocorre dentro de nós ao longo de muitas encarnações e é repetida no processo de desenvolvimento de uma criança ao longo de toda nossa evolução humana, primeiramente nos identificamos e à nossa vida com nossos corpos físicos. Leva algum tempo antes que compreendamos que estes corpos são formas que irão passar. Depois quando vemos o corpo como uma forma passageira, são os nossos sentimentos que parecem ser duradouros. Quando adolescentes, juramos amizade eterna ou amor eterno. Posteriormente compreendemos que nossos sentimentos estão também sujeitos a transformação constante, e são nossas ideias que agora consideramos como duráveis. A essa altura somos muito dogmáticos. Isso também passa e podemos adquirir uma certa flexibilidade de pensamento até que compreendamos que até mesmo o pensamento é apenas uma vestimenta, e que algo mais profundo interiormente representa para nós a vida eterna.

O processo pode continuar - o que sentíamos ser uma alma imortal compreendemos ser, por sua vez, um simples veículo temporário ou uma forma, como os outros, sujeito a transformação. Até mesmo Buddhi é um veículo de Atma, não no sentido de um corpo ou de uma forma como os vemos, mas talvez como um tipo de véu tênue - mais sutil do que o mais sutil que conseguimos imaginar. À medida que o homem evolui, a personalidade torna-se cada vez mais a expressão direta do Ego, que é uma forma que reflete verdadeiramente a vida interior. O homem está agora cônscio como um Ego imortal sensibilizando a personalidade como sua forma. Dizem que, com o tempo, até mesmo o Ego deixa de existir como tal, pois, afinal de contas, ele é simplesmente o veículo ou a forma externa da Mônada. Assim, também ele está sujeito a transformação e parece desaparecer. Podemos começar a nos perguntar se, de um certo ponto de vista, a distinção entre vida e forma não é uma ilusão - se vida e forma são, depois de tudo, não duas coisas distintas, mas realmente duas funções da mesma coisa divina.

Voltemos ao nosso estado atual - a nossa condição presente - em relação ao mundo objetivo, onde estamos apegados a formas materiais e sofremos quando elas são transformadas. Como vimos até certo ponto com relação à nossa própria constituição, logo que deixamos de nos identificar com certas formas, toda nossa atitude com relação a elas muda. Ao mesmo tempo nossa atitude com relação à transformação dessas formas muda. Essa mudança é em si mesma uma transformação em nós, uma transformação na consciência até onde a consciência seja forma, até onde esteja cercada, modelada pela forma. Talvez, realmente, seja mais uma questão de ir além das formas do que atravessá-las. Em outras palavras, quando vemos as formas aprisionando nossas consciências, nossos lamentos e preconceitos com relação a elas desaparecem e nossa consciência torna-se correspondentemente livre. Uma expansão de consciência ocorre quando não mais estamos pessoalmente e, portanto, dolorosamente, apegados a elas. (...)"

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 32/33)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOMENTE A FORMA MUDA

"(...) Nada consegue ferir-nos. Nada consegue assombrar-nos logo que compreendermos que o que muda é apenas a forma - a forma é que é passageira e temporária - e que somente a vida perdura. 'O espírito [poderíamos dizer 'a vida'] jamais nasceu; o espirito jamais deixará de ser'. Dito filosoficamente, o lótus individual estiola-se, mas um arquétipo, a ideia platônica do lótus é eterna, dando origem a outras formas de lótus. Dito de maneira teofófica, o lótus estiola-se, mas o perfume de sua vida retorna à alma-grupo para enriquecer as formas das gerações futuras de lótus. O corpo de nossa mãe, de nosso marido, de nossa esposa, de nosso filho, de nosso amigo morre, mas ele ou ela permanece como um ser vivo, assumindo outras formas, tal como a borboleta deixa pra trás a forma morta da lagarta que era. 'Morri como mineral e me tornei vegetal; morri como vegetal e me tornei animal; morri como animal e me tornei um homem. Quando fui diminuído por isso?'

Pois morte é transformação - é o cruzar a forma ou ir além dela. Reciprocamente, transformação é morte e é uma coisa grande e gloriosa quando ocorre naturalmente, quando a hora é chegada, quando a forma está gasta. Mas quem somos nós para julgar quando é o momento adequado; e quem somos nós para julgar quando a forma está gasta? A morte das formas faz com que soframos por nos identificarmos com essas formas. Dizem que a vida jamais existe sem a forma, ou a forma sem a vida. Onde há forma, há vida interior mesmo que seja tão sutil que seja invisível para nós. Mesmo na assim chamada matéria morta, a vida elemental está ativa. Uma vez que vida e forma, então, estão tão intimamente ligadas, às vezes é difícil traçar a linha divisória entre elas. Como no caso de tantos pares de opostos, não podemos dizer 'isto é vida' e 'aquilo é forma'. Podemos dizer, 'a vida parece predominar aqui' e 'ali parece predominar a forma'. O que num caso parece ser a sensibilização da vida é visto no outro caso como a forma externa. Se algo que pensávamos ser a vida desaparece na transformação, será que essa coisa não era forma o tempo todo? Ou não poderia, por meio de uma mudança sutil - uma retirada da vida -, ter-se tornado predominantemente forma?

O Dicionário Oxford define 'transformar' como 'efetuar mudança (especialmente considerável) na forma, na aparência exterior, no caráter, na disposição etc. de alguma coisa'. Nosso caráter e disposição também podem mudar, mas não pertencerão eles realmente em tal caso ao nosso lado forma em vez de ao nosso lado vida? Num ser vivo um princípio pode mudar sua função. Dizem que no momento da individualização a alma animal torna-se um corpo causal. Para citar Jinarajadasa em Fundamentos de Teosofia (Ed. Pensamento): 'Na individualização tudo que foi o mais elevado do animal torna-se agora simplesmente um veículo para uma descida direta de um fragmento da divindade, a Mônada [...]'."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 31/32)