"O que nos prende à "roda dos nascimentos e mortes", explicam os Mestres, é ajnana, ou seja, a "ignorância" sobre nossa própria Realidade e Essência. Ajnana escraviza. Jnana liberta. Fica entendido então que o Yoga da sabedoria nos tira da servidão para a redenção.
O caminho da sabedoria redentora é essencialmente vedantino, isto é, baseado nos ensinos da parte final dos Vedas. Mas é também cristão. Ao afirmar Eu e o Pai somos Um, o Cristo manifestou a Verdade desta Unidade Real e Essencial; referiu-se ao Uno Sem Segundo de que falaram sábios vedantinos, os adwaitas. Estes denunciam a ignorância como nosso cárcere a deter-nos na equivocada convicção da dualidade, isto é, de sermos distintos e estarmos distantes uns dos outros e, o que é mais dramático, de nos sentirmos distantes e distintos do Ser Supremo, que nós mesmos somos.
Embora o Cristo tenha tentado convencer de que o "Reino de Deus" está dentro de nós, ainda hoje teimosamente não acreditamos. Continuamos equivocada e incoerentemente a procurá-lo sempre fora de nós, e, o que é mais lamentável, sempre fora de nosso alcance. Nós, que nos temos por cristãos, obstinadamente ainda nos negamos a aceitar este ensinamento salvador. Como?! Por quê?!
O homem continuará escravo enquanto não alcançar jnana, a verdade de ser um com o Ser Supremo. Se aceitá-la apenas intelectualmente, menos mau. Mas isto muito longe está de ser o bastante. Nosso desafio é chegar a "saborear" esta redentora Verdade, e isto naturalmente exige ir muito além, muitíssimo além do intelecto. A Jnana Yoga tem por objetivo unir-nos à Verdade e nela nos fundir. Não será isto o que significa "ter a gnose (jnana) da Verdade, conforme falou o Cristo? (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 102/103)