OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 24 de maio de 2022

SILÊNCIO E DISCURSO RESERVADO

"O maior erro de todos, que deve ser evitado a todo custo, é dizer uma palavra ou executar uma ação que fosse desviar um neófito 'mais jovem' do Caminho. Esta é realmente a queda das quedas.⁴⁴ Um erro tão grave pode ser evitado pelo estudo e pela prática de dois ideais da vida espiritual, a saber, o silêncio e a fala muito cautelosa. Também é necessária, especialmente na mente formal, a qualidade da quietude, a quietude do pensamento e do sentimento, e também como parte da maneira de viver. O discípulo ideal de um Mestre é calmo, alguém que prefere ouvir a falar, exceto quando chamado, e que possui ou passará a possuir uma capacidade de permanecer em paz, mantendo o silêncio. 

Além da calma, é necessária certa atenção na conversa, seja essa leve ou séria. Os neófitos nunca devem permitir que seu discurso 'fuja com eles'. A mente deve sempre estar a serviço como sentinela defendendo a cidadela da personalidade do inimigo do discurso imprudente e vulnerável. Isso é especialmente necessário na companhia daqueles que estão recém-descobrindo o ideal de progresso evolutivo autoacelerado."

⁴⁴ Em seu Sermão da Montanha. o Senhor Cristo falou dramaticamente sobre o resultado potencialmente desastroso de ferir um novo aspirante e afastá-lo do Caminho; pois é relatado que ele disse: 'É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os causar! Melhor lhe fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só desses pequeninos' (Lucas 17:1-2). Nesta tradução do texto original, 'pequeninos' podem ser considerados aqueles em que o idealismo para a brande Busca é novo, seja o corpo jovem ou velho. 

(Geoffrei Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 92/93)
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quinta-feira, 19 de maio de 2022

SENSUALIDADE E SUA CORREÇÃO

"A sensualidade (uma dificuldade do segundo, quarto e sexto raio) é a falha mais difícil de suportar. Para quem aspira trilhar a Senda, a condescendência ao excesso, sob qualquer forma, é uma doença insuportável para o coração. Traz em seu bojo uma profunda humilhação, irreverência, desrespeito e remorso. 

Para escapar das agonias desses efeitos posteriores, a princípio tentamos muitas vezes justificar nossa tolerância como liberdade de expressão, o direito de viver como queremos e com nossa emancipação das convenções restritivas. Isso é fundamentalmente um mecanismo de defesa, uma forma de encobrir a verdade sobre nós mesmos. Tal atitude produz uma cegueira mental que nos permite continuar tolerando nossas falhas, desafiando sem a dor ou os autocorretivos valiosos da humilhação, desrespeito e remorso. Com isso, a vida precisa nos levar a lidar conosco pelo método longo e doloroso de tentativa e erro e seus resultados desastrosos para a psique e para o caráter. 

Mas, quando a doença da autoindulgência nos ataca e é vista e aceita pelo que é, o desejo ou falha de conduta tendo sua satisfação negada e a condição da doença suportada incansavelmente, então os corretivos da sensualidade que vasculham a alma podem iniciar sua função de cura. Pois todas essas agonias acabarão ocorrendo, não apenas depois ou durante a condescendência, mas, eventualmente, antes que ela ocorra e, assim, se tornarão um seguro preventivo. Essas agonias são os 'ingredientes' com os quais a força moral e a fibra são incorporadas ao caráter. O pensamento e o forte desejo de pureza devem ser concentrados diariamente e a cada hora, a fim de substituir o desejo por sua virtude oposta. 

Da mesma maneira, outras fraquezas dos Raios podem ser trabalhadas e substituídas pelas maravilhosas virtudes opostas. Pelo princípio de substituir o erro pela virtude oposta, construímos nossa natureza imortal enquanto ainda estamos no corpo."

(Geoffrei Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 147/148)
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terça-feira, 17 de maio de 2022

CAIR NA REDE DAS EMOÇÕES É ESQUECER DEUS

"Ser aprisionado pelo temor, pela ira, pela cobiça ou por qualquer outra emoção violenta ou impulsiva é esquecer Deus. Se seus sentidos, que governam as emoções, estão sob controle, você é um santo. Só você mesmo sabe se é senhor ou servo dos sentidos. Lembre-se: tudo o que domine o seu autocontrole leva à destruição do sistema nervoso. O guloso se alimenta e o homem de autocontrole também. O primeiro come demais para gratificar sensualmente seu corpo, mas o segundo come para manter seu bem-estar físico. Se o amor de uma pessoa se concentrar mais em Deus e menos nos sentidos, todo o abuso sensorial será vencido. Quando você for tentado, ore ao Senhor: 'Torna-Te mais tentador que a tentação. Por mais que me testes, Senhor, vou me agarrar a Ti.' O sistema nervoso, quando repleto de pensamentos de amor e paz por Deus, é recarregado pelo poder divino. Krishna disse: 'Quando chitta (o sentimento) fica absolutamente subjugado e tranquilamente estabelecido no Eu (a alma), diz-se que o iogue, desprovido assim de apego a todos os desejos, está unido a Deus'.²

As estrelas de cinema e outros artistas são considerados as pessoas invejáveis dos Estados Unidos. Por que, porém, a vida pessoal delas é tão frequentemente uma confusão de infelicidade e múltiplos divórcios? A maior parte dessas pessoas vive com a excessiva energia nervosa concentrada nos sentidos. Excesso de alimento, sexo promíscuo, intoxicação com bebidas alcoólicas e drogas - tudo isso produz uma contrafração da felicidade. Só em Deus encontramos a alegria sempre-nova, que jamais pode ser obtida por meio de qualquer dos sentidos. Se você está nas garras de qualquer abuso dos sentidos - seja qual for-, afirme continuamente sua liberdade: 'Não sou escravo deste hábito, meu amor por Deus é supremo e maior do que qualquer coisa."

² Bhagavad Gita VI:18.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Felowship, 2014 - p. 87/88).


quinta-feira, 12 de maio de 2022

A MEDITAÇÃO DO DIA A DIA

"Algumas pessoas pensam que meditar é se sentar de pernas cruzadas em alguma montanha do Himalaia, contemplando o próprio umbigo, ou algo feito por aqueles que, de algum modo impossível, são 'espirituais', mas não por quem tem que 'viver no mundo'.

Sentar-se durante meia hora para meditar não é uma opção para alguém que tenha três filhos com menos de cinco anos, ou dois empregos para pagar as prestações da casa. Pode até ser pior se os filhos forem adolescentes, porque ficarão acordados até tarde, e é provável que prefiram um tipo de música que seja de natureza definitivamente não meditativa. Quanto a meditar num apartamento cheio de estudantes - esqueça!

Mas temos que esperar até ter idade suficiente e ser suficientemente ricos para nos sentar numa montanha do Himalaia ou viver no ashram de algum guru? Precisamos esperar até nos aposentar do mundo comercial e ter tempo para toda essa questão espiritual? De modo algum. Existem muitas e diferentes maneiras de meditar, e algumas são bastante apropriadas para o nosso mundo atarefado. Porque meditação é, essencialmente, quietude interior, e existe sempre um método que pode ser usado, qualquer que seja a situação. 

Uma maneira que achei eficaz é chamada de 'meditar caminhando'. Esse tipo de meditação teve muitos nomes ao longo dos séculos e surgiu sob muitas formas, porque pode se adequar a diferentes temperamentos e situações. Os antigos cristãos a chamavam de Oração do Coração. O modo como eu a pratico é o seguinte: paro o que estou fazendo por um segundo ou dois e foco a atenção no coração. Visualizo uma luz branca descendo sobre mim enquanto inspiro, depois descendo para a terra da expiração, e novamente ascendendo na inspiração. 

Posso fazer isso uma vez ou por vários minutos, dependendo da agitação daquele momento. Em seguida visualizo a luz branca descendo sobre mim e se irradiando do meu coração, depois retornando à fonte. A respiração se alinha com a visualização. A duração depende da necessidade. Posso fazer uma oração ou simplesmente dizer uma palavra; geralmente digo 'Jesus', porque venho de uma família cristã.

A afirmação 'luz acima de mim' é ótima. Eu a faço com frequência, particularmente quando estou caminhando, andando de bicicleta ou mesmo quando estou usando o computador no trabalho. Nesse momento, procuro focar todo o meu ser na luz. 

O ideal é fazer isso frequentemente ao longo do dia. Se você tiver a sorte de estar numa situação onde a meditação formal e regular seja possível, pratique-a. Mas, se usar essas técnicas alternativas várias vezes e contar o número de vezes, ficará surpreso ao descobrir que você tem tempo para meditar durante meio hora ou mais. 

Não adianta sentar-se em meditação durante horas e depois se levantar e gritar com a esposa, com os filhos, com o colega de trabalho. Para mim, espiritualidade é o que você é, não o que você acredita ser, o que você pensa ou faz; a vida espiritual deve ser trazida para a vida diária. 

Qualquer meditação é apenas um acompanhamento para o correto viver, para uma vida focada em trazer para o mundo uma pequena porção de luz. Não buscamos fugir do mundo para algum estado celestial; buscamos trazer esse estado celestial para o aqui e agora, e ser o foco do amor divino naquilo que fazemos."

(June Valloyon - A meditação do dia a dia - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 9)
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terça-feira, 10 de maio de 2022

EXPERIÊNCIAS

"À medida que continua a praticar, você pode ter toda sorte de experiências, tanto boas quanto más. Tal como um quarto com muitas portas e janelas permite que o ar entre de muitas direções, do mesmo modo é natural que todas as formas de experiências entrem na sua mente quando ela permanece aberta. Você pode experimentar estados de felicidade, claridade, ou ausência de pensamentos. De certo modo, essas são experiências muito boas e sinais de progresso na meditação. Porque quanto experimenta felicidade, é sinal de que o desejo foi temporariamente dissolvido. Quando experimenta a real claridade, é sinal de que a agressividade temporariamente cessou. Quanto experimenta um estado em que há ausência de pensamentos, é sinal de que sua ignorância morreu temporariamente. São, em si mesmas, boas experiências, mas se você se prende a elas já se transformam em obstáculos. As experiências não são elas próprias realização; mas, se ficamos livres de apego por elas, tornam-se o que realmente são, isto é, material para a realização. 

As experiências negativas são comumente as mais enganadoras porque em geral nós a tomamos como mau sinal. Mas as experiências negativas em nossa prática são bênçãos disfarçadas. Tente não reagir a elas com aversão, como normalmente faz na vida, mas ao invés disso reconheça-as pelo que de fato são: meras experiências, ilusórias e iguais ao sonho. A compreensão da verdadeira natureza das experiências libera você do mal e do perigo da experiência em si, e como resultado até uma experiência negativa pode tornar-se fonte de grande bênção e realização. Há inúmeras histórias de como os mestres trabalharam com experiências negativas e as transformaram em catalizadores da realização.

Diz-se tradicionalmente que para um verdadeiro praticante não é a experiência negativa, mas a boa experiência que oferece obstáculos. Quando as coisas vão indo bem, você deve ficar especialmente atento e cauteloso para não se tornar complacente ou por demais confiante. Lembre-se do que Dudjom Rinpoche me disse quando eu estava envolvido numa experiência muito poderosa: 'Não fique tão excitado. Afinal, isso não é nem bom nem mau'. Ele percebeu que eu estava me apegando à experiência: aquele apego, como qualquer outro, precisava ser cortado. O que devemos aprender, na meditação como na vida, é ser livres do apego às experiências boas e livres da aversão às experiências negativas. 

Dudjom Rinpoce nos alerta para outra armadilha:

Por outro lado, na prática da meditação você pode experimentar um estado semiconsciente, turvo e impreciso, como se tivesse um capuz na cabeça: embotamento sonolento e oniróide. Isso não é nada mais que uma espécie de estagnação obscura e estúpida. Como sair desse estado: Desperte-se, mantenha-se ereto, expire o ar viciado para fora dos seus pulmões e dirija sua tenção para o espaço claro, para refrescar a sua mente. Se continuar nesse estado de estagnação, não evoluirá; assim, cada vez que esse contratempo aparecer, remova-o. Muitas e muitas vezes. É importante estar o mais alerta possível e permanecer tão vigilante quanto puder. 

Não importa o método que use, deixe-o de lado, ou apenas deixe que se dissolva em si mesmo, quando achar que chegou naturalmente a um estado de paz atenta, expansiva e vibrante. Continue aí, então, sem se distrair e sem usar necessariamente qualquer método específico. O método já atingiu seu propósito. No entanto, se você perdeu o fio da meada ou se distraiu, retorne à técnica que lhe pareça mais apropriada para trazê-lo de volta.

A verdadeira glória da meditação reside não num método qualquer, mas na sua experiência viva e contínua do presente, na sua bem-aventurança, claridade, paz e, mais importante que tudo, na completa ausência de apego. A diminuição do apego em você é um sinal de que está se tornando mais livre de si mesmo. E quanto mais experimenta essa liberdade, mais claro é o sinal de que o ego, as esperanças e os temores que o mantêm vivo estão se dissolvendo, e mais próximo você estará da generosa 'sabedoria da ausência de ego'. Quando você vive nesse estado, não sentirá mais a barreira entre 'eu' e 'você', 'esse' e 'aquele', 'dentro' e 'fora'. Você terá chegado finalmente ao seu verdadeiro lar, ao estado de não-dualidade." 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 108/110)
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