OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 5 de abril de 2022

O FIM DA ILUSÃO

"Haverá um caminho para pôr fim às distorções? Uma verdade distorcida é uma falsidade. Estamos completamente enredados em nosso passado ou será possível nos libertarmos dele, o mínimo que seja? Se não fosse possível, seríamos como computadores programados, entidades mecânicas, sem possibilidade de mudança. Mas obviamente os seres humanos mudam, não apenas externamente, com a idade, mas também internamente, porque algumas ilusões ficaram pelo caminho.

Como termina a ilusão? Eu posso, por exemplo, vir de uma família onde os filhos são castigados fisicamente, e crescer com a ideia de que isso é certo. Há muitas ilusões desse tipo, em vários níveis; nós as consideramos verdadeiras e agimos baseados nisso. Existem superstições; é possível nos livrarmos delas com investigação intelectual. Há as ilusões psicológicas - mágoas, inimizades, lisonjas, preconceitos resultantes da dor. Finalmente, há a ilusão de que somos indivíduos separados, como assinalaram tantos sábios. Suas palavras podem não soar verdadeiras para nós, mas é preciso lembrar quantas ilusões consideramos verdadeiras. Algo que achamos tremendamente importante pode não ser. Quando a mente, com todas as ilusões, interpreta as experiências e os fenômenos que observa, o que então assegura que ela veja a verdade e não um preconceito? Como ocorre o crescimento da sabedoria?

Toda vez que a consciência humana tem um insight, por menor que seja, uma parte de suas ilusões desaparece e há uma verdadeira transformação da consciência. Isso pode não ser iluminação, mas é uma real mudança no modo como a consciência responde a fenômenos externos. Se a pessoa, por exemplo, concluiu por si mesmo que comparar-se a outra é uma doença da mente que leva a todo tipo de complicações, já que dá origem ao ciúme, à inveja, sentimentos de superioridade ou inferioridade, à culpa, rivalidade e competição; se ela vê a verdade disso, não de maneira lógica ou intelectual, mas efetivamente, através de sua própria percepção, a comparação cessa. Então ocorre uma verdadeira transformação. Se a pessoa deixa de se comparar ao vizinho que tem um carro novo, então pode continuar feliz andando de bicicleta. Ela se liberta de uma ilusão e do correspondente desperdício de energia. Todos nós temos essa possibilidade de insight profundo, quando a percepção da verdade age sobre a consciência. 

Para compreender o significado do caminho, deve-se entender como essa aprendizagem ocorre - não apenas a aprendizagem na escola ou através da leitura, que é aumento de conhecimento, mas a aprendizagem que é o discernimento entre o verdadeiro e o falso. Com a percepção da verdade, o falso desaparece sem esforço. Aprendizado, nesse sentido, é a mente religiosa. Se eu não tiver a capacidade de aprender, o caminho oferecerá apenas experiências - de meditação, de yoga, de adoração em um templo, de realizar um ritual. A experiência, por si mesma, não ensina. Se ensinasse, todas as pessoas idosas seriam sábias, mas os idosos podem ser extremamente preconceituosos.

Um dos fatores que bloqueiam o insight ou causam distorção na percepção é o que chamamos de ego. Precisamos entender como ele surge e opera. O ego não está no mundo físico. Também não existe na natureza. As árvores não têm ego: as tempestades sopram, os ciclones chegam, mas não têm motivação para destruir. O ego só é encontrado na consciência humana. Isso significa que criamos com ele o que obtivemos através da evolução, ou seja, a capacidade de pensar, lembrar e imaginar. É preciso descobrir se aprendi a usar essa capacidade corretamente ou se estou bloqueando o meu próprio aprendizado. O 'eu' pode ser o maior bloqueio à percepção da verdade.  

 O ego não é algo distante; todos nós o conhecemos e percebemos. Quando dizemos às crianças que é importante jogar um jogo sem dar tanta importância a ganhar ou perder, estamos pedindo que não joguem de maneira egoísta. O Bhagavad Gita fala sobre agir sem preocupação com recompensa ou resultado. Nossa preocupação deve ser com a própria ação. Se isso é possível num jogo, porque não na vida diária?"

(P. Krishna - Um caminho para a verdade - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 22/23)
Imagem: Pinterest. 


quinta-feira, 31 de março de 2022

UM CAMINHO PARA A VERDADE

"Existe um caminho para a verdade? Esta foi uma pergunta feita por Krishnamurti, em 1929. Ao explorar novamente a questão, sem concordar ou discordar com nenhuma das conclusões precedentes, acredito que nós crescemos em compreensão e sabedoria. Assim, vemos investigar o assunto a partir das causas primárias, sem assumir conhecimento prévio, e começando pela observação.

Primeiramente devemos perguntar o que é verdade. No sentido comumente aceito, é uma descrição acertada de algo que verdadeiramente aconteceu, ou que é um fato. Usamos a palavra verdade com sentido diferente quando ela descreve uma lei da natureza ou um relacionamento de causa e efeito. Por exemplo, a lei de gravidade é verificável; ela se confirma como uma relação de causa e efeito em todo tipo de fenômeno à nossa volta. Os estudiosos afirmam a verdade ou falsidade de algo aplicando-lhe lógica e raciocínio; quando deduzem algo absurdo, dizem que a premissa não é verdadeira. Portanto, existe essa maneira de analisar uma afirmação e de chegar a uma conclusão sobre sua veracidade. 

A verdade tem um significado totalmente diferente da busca religiosa. Ela está no nível da percepção, não no da ideação. Por exemplo, ao estudar sobre o que Buda disse, e sobre o que vários indivíduos disseram que Buda disse, a pessoa se torna erudita ou professora de filosofia budista; mas o professor não é Buda. A diferença não está nas palestras dadas. O professor pode até explicar certas circunstâncias melhor do que Buda, mas sua consciência não é a consciência de buda. A não ser que haja uma transformação da consciência, não haverá sabedoria, apenas o conhecimento; o conhecimento pode transformar ideias, mas não transformar a consciência. 

No campo científico é diferente; pode-se, por exemplo, utilizar uma fórmula matemática sem ter uma percepção profunda de espaço, tempo, matéria e energia. O cientista que descobriu a lei pode ter tido um grande insight, mas os outros não precisam tê-lo para usar a fórmula; ela funciona. Na busca religiosa, porém, ideias e conhecimentos são apenas cinzas, porque a pessoa vive com temores, conflitos, desejos, problemas com o ego. Ela não é sábia. A busca religiosa é uma busca por sabedoria, e isso é diferente de adquirir conhecimento. Portanto, devemos perguntar: existe um caminho para a sabedoria, para a percepção profunda da  verdade por nós mesmos, a que Krishnamurti referiu-se como insight

Há um caminho analítico para o conhecimento e outros caminhos que no campo do conhecimento e da análise; nossa vida diária está no campo do pensamento, planejamento, imaginação e esforço. Mas existe um outro plano de existência, o plano da atenção, sabedoria, visão e percepção, A verdade está nesse plano - no nível da percepção, não da ideação. Há um estranho relacionamento entre esse plano de percepção e insight e o campo de nossas atividades, esforços e realizações diárias. 

Sendo assim, como ocorre a percepção, se não há caminho até ela? Na Escola Krishnamurti de Brockwood Park, na Inglaterra, conta-se uma piada. Um estudante pergunta a outro: 'Se a verdade é uma terra sem caminho, como se chega lá?' E o outro menino responde: 'Perdendo-se!' Há verdade nessa afirmação, pois o modo como a mente chega a uma percepção totalmente nova é um mistério. Sem uma percepção assim não há real transformação da consciência, nem mudança real e fundamental no nível do pensamento, da realização e do ego no dia a dia. Compreensão e transformação fundamentais têm origem em outro plano.

Se eu tenho uma percepção profunda e isso traz a realização de uma verdade - não o mero conhecimento dessa verdade -, ela se torna real para mim. Esse salto do conhecimento para a realização da verdade é o que chamamos de insight. O que bloqueia o insight? A verdade existe o tempo todo. Por que não sou capaz de percebê-la? A mente parece ver todos os fenômenos através de um véu, uma tela de ilusões, conclusões, afirmações, opiniões, etc., que chamamos de condicionamento. Cada um de nós está condicionado pela família, cultura e tudo o que nos faz ser o que somos. O condicionamento é mantido na memória, e a pessoa não consegue apagá-lo voluntariamente."

(P. Krishna - Um caminho para a verdade - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 21/22)
Imagem: Pinterest. 


terça-feira, 29 de março de 2022

FONTE DE SABEDORIA

"Uma das formas duradouras do interesse próprio é a presunção, que pode se manifestar de maneiras grosseiras ou muito sutis. O trecho seguinte é uma advertência de
A Voz do Silêncio referente a este outro inimigo daqueles que buscam trilhar a senda do autoconhecimento: 'Evita o aplauso ó devoto. O aplauso conduz à autoilusão. Teu corpo não é o Ser, teu Ser é, em si mesmo, sem corpo, e o elogio ou a censura não o afeta. O Autoconvencimento, ó discípulo, é como uma torre altíssima à qual subiu um arrogante tolo. Ali ele se senta em orgulhosa solidão, despercebido de todos salvo de si mesmo.'

Quando se é imaturo, qualquer comentário trivial feito por alguém a respeito de nossa aparência física, por exemplo, pode gerar fortes reações emocionais. O mesmo se aplica às tarefas que fazemos. Se há crítica ou falta de apreciação, podemos nos sentir magoados. Mas é importante compreender que nutrir a presunção contribui para nosso senso de separação de outros, e em muitos casos pode levar a um senso mais profundo de isolamento, frequentemente nutrindo sentimentos de má-vontade e de ira para com os outros e o restante do mundo. Talvez muitos atos terroristas tenham surgido de uma mentalidade assim. 

Mas apesar de todos esses perigos não precisamos nos desesperar, pois certamente o caminho está dentro de nós, como mostram os trechos seguintes de A Voz do Silêncio: 'O caminho para a liberdade final está dentro do Ser. O caminho começa e termina fora do Ser.'

O autoconhecimento foi definido por um dos instrutores da tradição Advaita Vedanta como 'a mais longa viagem ao lugar mais próximo'. Em outra tradição é chamado de a busca pelo Santo Graal, cuja descoberta, após muitas provações, tribulações e fracassos, leva tanto à completa transformação interior da mente humana quanto à restauração da 'terra devoluta', que é o mundo. 

O puro ser, o Atman interior, é a fonte de toda cura, de toda sabedoria, de toda felicidade, e contudo tendemos a buscar essas coisas fora, através da atuação do eu pessoal. É inevitável que no processo experimentemos muitas perdas, tanto físicas quanto psicológicas. Certa vez pediram a Sri Ramana Maharshi sua opinião sobre a doutrina teológica das almas perdidas. Sua resposta foi: 'Haverá algo a perder? O Ser jamais pode ser perdido.' Mas a jornada em direção a ele, que é basicamente um modo de vida, envolve abandonar tudo o que não é o Ser, naturalmente, sem qualquer senso de automortificação ou autocastigo, que podem muito bem ser, novamente, sutis formas de presunção. 

Eventualmente, segundo a tradição-sabedoria, após uma longa e necessária purificação, subitamente surge a realização do solo divino no qual 'vivemos, nos movemos e temos nossos ser', que é liberdade total do egoísmo e de sua teia de ilusões. As belas palavras do Viveka Chudamani reafirmam a essencial não separatividade de toda a existência como nossa verdadeira e eterna identidade, o Ser que nada quer: 'Como onda, espuma, redemoinho e bolha - tudo é essencialmente apenas água; assim tudo, começando com o corpo e terminando com o egoísmo, é apenas consciência, que é pura e absoluta felicidade.'"

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 19)
Imagem: Pinterest. 


quinta-feira, 24 de março de 2022

A TENTAÇÃO DA AMBIÇÃO

"Vale a pena examinar o que alguns livros de genuína instrução espiritual têm a dizer sobre o tema crucial do autoconhecimento. O primeiro é Luz no Caminho: 'A ambição é o primeiro defeito: a grande tentadora do homem que se eleva acima de seus semelhantes. É a forma mais simples de procurar a recompensa. É ela que continuamente desvia o homem de suas possibilidades superiores. Entretanto, é um instrutor necessário. Os seus resultados convertem-se em pó e cinzas na boca. Como a morte e o retraimento, demonstra finalmente ao homem que trabalhar para si é trabalhar para uma decepção inevitável.' 

A verdade dessa afirmação é autoevidente. O cenário mundial provê exemplos diários de como indivíduos e grupos guiados pela ambição causam destruição, instabilidade e medo. Uma mente dominada pela ambição está sempre procurando recompensa, reconhecimento. Mas por causa da maravilhosa sabedoria e inteligência no coração da existência, a ambição é também uma grande instrutora, mostrando que, mais cedo ou mais tarde, o interesse próprio é contraproducente. Num universo governado por interdependência e interrelacionamentos, toda forma de autointeresse está propensa a ceder, no decorrer do tempo, a um senso mais amplo de compaixão e compreensão universais, muito embora a angústia do crescimento possa ser às vezes dura de suportar. 

Um dos grandes textos da tradição mística cristã é Theologia Germânica, que contém um conselho valioso sobre esse assunto: 'Enquanto o homem estiver buscando seu próprio bem, ele não busca o que é melhor para si, e jamais irá encontrá-lo.'

Tudo que o eu pessoa busca - poder, posição, influência, dinheiro ou gratificação de algum tipo -, embora possa parecer bom no nível sensorial, não é necessariamente o que nossa natureza mais profunda aspira. É por isso que certas tradições afirmam que, antes de a pessoa poder alcançar aquilo que é verdadeiramente bom, num sentido universal, deve sofrer uma transformação, uma mudança fundamental. Pelo fato de os 'olhos' do eu pessoal conseguirem ver apenas seus próprios interesses, eles jamais conseguem ver aquilo que é muito mais vasto, a doçura na 'alma das coisas'. Isso requer uma percepção diferente, que H. P. Blavatsky chamou de uma 'percepção espiritual desvelada'. Este talvez seja um modo de ver a vida como ela é, em suas manifestações multiesplendorosas, sem a mediação de uma mente opiniática,  presunçosa e arrogante.

E é em A Voz do Silêncio, o último presente de H. P. Blavatsky ao mundo, que encontramos ulterior conselho abalizado sobre o tema do autoconhecimento: 'Pois a mente é como um espelho; acumula poeira enquanto reflete. Ela precisa da brisa genuína da sabedoria da alma para varrer a poeira de nossas ilusões. Busca, Ó iniciante, fundir tua mente e tua Alma.'

Por causa do forte elemento do autointeresse espreitando no interior da mente, cada uma de suas percepções logo envelhece, isto é, torna-se insípida, mecânica, condicionada, gerando relacionamentos 'eu-ele', como o chamou Martin Bubber, Então a aterradora realidade da natureza, com suas riquezas eternas, beleza e significado inesgotáveis, torna-se, para a mente egoísta, um mero objeto de exploração. Portanto, é essencial criar um espaço em nossas vidas para uma renovação interior que naturalmente ocorre quando nos abrimos àquela sabedoria inata que resida nas profundezas da alma. A reflexão profunda, o estudo, a meditação e a observação gradualmente nos ajudam a integrar mente e coração, um pré-requisito importante para a genuína percepção espiritual."

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 16/18)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 22 de março de 2022

O SER NADA QUER

"Muitas das análises divulgadas a respeito do estado em que se encontra o mundo frequentemente apontam para certos fatores predominantes, como a flutuação da economia dos países ricos, a instabilidade política em muitos países pobres, o crescimento do fundamentalismo religioso, os riscos ambientais de todo tipo e os conflitos armados que desalojaram centenas de milhares de pessoas de seus lares e de seus países. 

Isso certamente seria interpretado como invulgar, para dizer o mínimo, se quiséssemos sugerir aos mesmos analistas que a principal causa subjacente aos problemas enfrentados pelo mundo é a falta de autoconhecimento, tanto no indivíduo quanto no nível social, uma vez que o autoconhecimento não é uma categoria mensurável capaz de ser analisada. Mas as mensagens dos grandes instrutores espirituais do mundo em todas as idades parecem indicar que a falta de autoconhecimento é verdadeiramente a causa de muitas dores, tanto para os seres humanos individuais quanto para a humanidade como um todo.

É a falta de autoconhecimento que cria na mente falsas necessidades e expectativas de todos os tipos - o desejo de reconhecimento, de afeto, de subjugar e dominar os outros, de exercer controle sobre uma situação ou pessoa, para mencionar apenas algumas. Em outras palavras, a falta de autoconhecimento gera uma das principais causas de problemas no mundo: o egoísmo, que em alguns livros de instrução espiritual é comparado a uma gigantesca erva daninha que impede o desabrochar e o florescimento de nossa natureza mais profunda e verdadeira - a alma espiritual que reside profundamente dentro de nossa consciência, cuja essência é genuína felicidade e sabedoria. 

O egoísmo está sempre impelindo a mente a buscar, a querer e alcançar algo sem necessariamente fazer com que a mente se certifique se os objetos buscados correspondem a necessidades reais ou imaginárias. Por exemplo, administrar os próprios recursos financeiros de maneira sábia é um das mais importantes necessidades na vida. Mas estar sempre procurando a melhor maneira de aumentar a própria riqueza é certamente uma necessidade imaginária. Há coisas mais importantes do que acumular riqueza, mas muitas pessoas passam a maior parte de suas vidas fazendo isso, porque é o que dita o autointeresse. 

Buda, um dos grandes instrutores espirituais do mundo, conseguiu ver isso com a máxima clareza e consequentemente compreendeu o fato de que a causa do sofrimento é tanhâ, sede, desejo, avidez, anelo. A palavra sede é importante porque denota uma busca contínua de experiências e sensações, nenhuma das quais é verdadeiramente satisfatória e completa, pois após cada contato e experiência a sede reaparece, às vezes até mesmo mais forte do que antes. O falecido Walpola Rahula, eminente estudioso budista do Sri Lanka, em seu livro What the Buddha Taught, fez uma afirmação bastante aguçada sobre isso: 'Essa sede tem como centro a falsa ideia do eu elevando-se para fora da ignorância.' A mente, sob a oscilação do interesse próprio, cria para si um falso senso de identidade - um falso eu - que perpetua tanto o sofrimento quanto a ignorância." 

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 15/16)
Imagem: Pinterest.