OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

QUALIDADES DO DEVOTO QUE CATIVAM A DEUS (CAPÍTULO XII)

"Aquele que está livre de ódio a todas as criaturas, é amigável e benevolente para com todos, é desprovido de possessividade e da consciência do 'eu', é equânime no sofrimento e na alegria, tudo perdoa e está sempre contente, que pratica yoga com regularidade, buscando o tempo todo conhecer o Eu e unir-se ao Espírito por meio da yoga, que é dotado de firme determinação, com a mente e o discernimento entregues a Mim, esse é Meu devoto e Me é querido. 13-14

Aquele que não perturba o mundo e que não pode ser perturbado pelo mundo, que está livre de exultação, ciúme, receio e preocupação, ele também Me é querido. 15 

Aquele que está livre de expectativas mundanas, que é puro de corpo e mente, que está sempre pronto para agir, que permanece sem se tornar preocupado ou ser afligido pelas circunstâncias, que abandonou todos os empreendimentos motivados pelo desejo e originado no ego, esse é Meu devoto e Me é querido. 16

Aquele que não sente regozijo nem aversão em relação ao que é alegre ou triste (nos aspectos fenomênicos da vida), que está livre da mágoa e dos desejos, que expulsou a consciência relativa de bem e mal, e que é atentamente devotado, esse Me é querido. 17

Aquele que é igualmente sereno diante de amigos e adversários, em face da adoração e da ofensa e diante das experiências de calor e frio, prazer e sofrimento; que renunciou ao apego, e considera iguais a censura e o elogio; que é calmo e se contenta com facilidade, não é apegado à vida doméstica e tem disposição tranquila e piedosa, esse Me é querido. 18-19

Mas aqueles que se mantêm, com amor e veneração, nesta religião (dharma) imortal, revelada até aqui, impregnados de devoção, supremamente absortos em Mim, tais devotos Me são extremamente queridos." 20

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 140/141)

  

terça-feira, 7 de setembro de 2021

A MORTE E A SOLIDÃO DO SER

"Costumamos considerar 'materialista' quem não acredita em Deus. Contudo, quando procuramos ir fundo na questão 'quem é Deus?', considerando-o como fonte de um universo cujos limites a ciência não consegue nem suspeitar, vemos que qualquer 'crença' a respeito sempre há de ser extremamente enganosa, ao se apoiar no intelecto.

Essas limitações são bem visíveis quando a religião, no Velho Testamento, tenta colocar Deus ao alcance do homem, dando-lhe os defeitos do próprio ser humano. 

A ciência, por sua vez, buscando simplificar as coisas com ideias como a 'acidentalidade' da Criação, tenta negar o que é incompreensível para o intelecto: a existência de um poder por trás da extraordinária inteligência e perfeição de cada coisa criada, seja uma minúscula semente com sua capacidade de gerar determinada espécie vegetal, entre as milhares existentes, seja uma estrela como o nosso Sol, cuja luz e calor fazem aquela semente brotar na Terra a 150 milhões de quilômetros de distância. 

Na perspectiva esotérica, diz-se que Deus é o 'um sem segundo', e toda a manifestação universal é um desdobramento Dele em infinitas faces. Diz-se também que o ser humano é uma pequenina semente de Deus. Assim como a semente de uma árvore a contém potencialmente - produzindo-a um dia - o destino de uma pessoa, ao longo das eras, é se tornar um ser idêntico à sua origem. Por isso, Krishnamurti afirmou: 'Tu és Deus', na pequena joia denominada Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica). Diz-se 'és' - e não 'serás' - porque ser no presente é só um questão de consciência. 

Sentindo-nos pequeninos, como de fato somos, neste corpo dominado por ilusões e apegos, pode parecer muito distante o ensinamento teosófico. Bem mais confortável é imaginar um Criador que vai gerando almas e corpos indefinidamente, que vivem em média setenta anos, e premiando os 'eleitos' com o paraíso eterno (ou inferno eterno, se compararmos a 'agitação' do nosso prazer com o 'não fazer nada' do céu cristão). 

Entre a ideia da Criação com uma promessa de uma eternidade sem sentido e a visão da ocidentalidade materialista, onde a morte é o fim de tudo, qual a melhor? Qual a pior?

Considerando a sabedoria infinita da Criação, algo nos diz que ela não poderia ser desperdiçada nos becos sem saída da ciência sem religião, ou na 'fé cega' da religião sem ciência. Aos que vão além, cedendo aos suaves impulsos de sua consciência intuitiva, os caminhos se abrem e indicam um propósito para tudo, como nos ensina a própria natureza, sempre buscando meios de sobrevivência. 

O anseio por eternidade é algo inerente ao ser humano. Claramente esse anseio não se origina no intelecto, pois a ideia de infinito não cabe nele. O infinito não pode ser medido, e a especialidade do intelecto é pesar e medir, integrando a mente comparativa dos seres humanos. 

O infinito de que suspeitamos mora no espírito, e o espírito é uma centelha de Deus, o 'um sem segundo'. Por essa razão, uma das lições mais árduas para nós é derivada do apego, essa necessidade de autorrealização pela posse das coisas externas, o que nos é repetidamente negado, com a perda de todas essas aquisições na experiência da morte física. 

Assim é que, ao sair deste mundo, vamos sós, sem qualquer lastro material ou afetivo, assim como entramos nele. Voltamos, porém, muitas vezes, para enfim aprender com a morte o que os mestres nos ensinaram em vida: a conquista do eterno só se realiza pela aniquilação do transitório, da dependência de qualquer coisa externa como fonte de felicidade. 

Morta a ideia da posse, morre também seu vínculo, restando apenas a solidão do ser. Não como sentimento de ilusória separatividade, mas de autossuficiência inerente ao eterno, como consciência da vida una, da totalidade do próprio ser."

(Walter Barbosa - A morte e a solidão do ser - Revista Sophia, Ano 19, nº 90 - p. 19)


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A IMPERMANÊNCIA

"O que é a nossa vida senão uma dança de formas transitórias? Não está tudo sempre mudando: as folhas nas árvores do parque, a luz em seu quarto enquanto você lê este livro, as estações, o clima, as horas do dia, as pessoas passando por você na rua? E nós? Tudo que fizemos no passado não parece agora um sonho? Os amigos com os quais crescemos, os fantasmas de nossa infância, os pontos de vista e opiniões que uma vez defendemos com tamanha e sincera paixão: deixamos tudo isso para trás. (...)

As células do nosso corpo estão morrendo, os neurônios do nosso cérebro estão se deteriorando. Até a expressão em nosso rosto está sempre mudando, dependendo do nosso humor. O que nós chamamos nossa personalidade básica é apenas um 'fluxo mental', nada mais. Hoje nos sentimos bem porque as coisas estão indo bem; amanhã sentiremos o contrário. Para onde foi esse sentir-se bem? Novas influências tomaram conta de nós à medida que as circunstâncias mudaram: somos impermanentes, as influências são impermanentes, e não há em parte alguma algo sólido ou duradouro a ser apontado.

O que pode ser mais imprevisível do que nossos pensamentos e emoções: você tem qualquer ideia do que vai pensar ou sentir nos próximos minutos? Nossa mente, de fato, é tão vazia, tão impermanente e transitória quanto um sonho. Olhe para um pensamento, como ele vem, fica e vai. O passado é o passado, o futuro ainda não surgiu, e mesmo o pensamento presente, como nós experimentamos, torna-se logo o passado.

A única coisa que realmente temos é o presente, é o agora. 

Algumas vezes, quando ensino essas coisas, depois alguém se aproxima de mim e diz: 'Tudo isso parece tão óbvio! Eu sempre soube disso. Diga alguma coisa nova'. Respondo então: 'Você realmente entendeu e realizou a verdade da impermanência? Você de fato a integrou em cada um dos seus pensamentos, respirações e movimentos a tal ponto que sua vida se transformou? Faça a si mesmo estas duas perguntas: lembro a cada instante que estou morrendo, e todos e tudo ao meu redor também, e desse modo trato todos os seres a todo momento de forma compassiva? Meu entendimento da morte e da impermanência tem sido tão forte e urgente para mim a ponto de que dedique cada segundo da existência à busca da iluminação? Se você pode responder 'sim', a ambas as perguntas, então você compreendeu de fato a impermanência."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo,  1999 - p. 48/49)


terça-feira, 31 de agosto de 2021

O CONSELHO GERAL - 2

"'Procure pensar sempre que você não pertence a ninguém, e que ninguém pertence a você. Você está neste mundo por pouco tempo, e o real motivo de você estar aqui é muito diferente do que você imaginou. 

'Sua família afirma que você pertence a ela, porém, se você morrer e renascer na casa do seu vizinho, será que a sua família o reconhecerá? 

'Seus conhecidos afirmam que você é amigo deles; porém, se você deixar de agradar-lhes de alguma forma, ainda que seja devido a algum equívoco corriqueiro, quantos deles continuarão leais a você? 

'As pessoas dizem que amam os demais, mas de fato amam a si mesmas. Pois amam os outros na medida em que os outros lhe agradam. 

'O verdadeiro amor é aquele que encontra a felicidade, ainda que ao preço de um grande sacrifício pessoal, na felicidade da pessoa amada. Quantas pessoas são capazes de amar dessa forma? Muito poucas! E, dentre essas poucas, quantos encontram reciprocidade no seu amor? O número dessas pessoas é menor ainda. 

'Apenas o nosso amor por Deus é sempre retribuído inteiramente - na verdade, muito mais do que retribuído. Pois Deus nos compreende quando todos nos interpretam mal. Deus nos ama quando os outros voltam as costas para nós. Deus se lembra de nós quando todos nos esquecem. Nós pertencemos a Deus, e só a Ele, por toda a eternidade.'"


(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix, 2010, p. 179)
www.editorapensamento.com.br 


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O CONSELHO GERAL

"'Viva neste mundo como um convidado. O seu verdadeiro mundo não é aqui. A escritura da casa em que você vive talvez leve o seu nome, mas a quem ela pertenceu antes de você a adquirir? E de quem ela será depois que você morrer? A casa é apenas uma hospedaria à beira da estrada, uma parada na longa estrada que leva até o seu lar em Deus.

'Portanto, pense em você mesmo como um convidado na Terra. Evidentemente, enquanto estiver aqui, tente ser um bom convidado. Comporte-se da melhor maneira possível. Seja responsável. Zele pelas coisas que Deus lhe deu; entretanto, nem por um momento se esqueça de que essas coisas pertencem a Ele, não a você.

'Como as pessoas são tolas dedicando o seu tempo a cuidar do corpo, a entesourar riquezas, a acumular mais bens! Quando a morte as arrebatar, elas não haverão de deixar coisa nenhuma. 

'As pessoas dão desculpas constantemente. 'Não tenho tempo para meditar', elas dizem. 'Tenho de cumprir os meus compromissos.' Bem, quando Deus as chamar, elas terão de faltar com todos os seus compromissos! A morte é um 'compromisso' que elas não podem cancelar.

'Por que perder tanto tempo com coisas efêmeras? Ó cegos: despertai!

'De um lugar além dos pequenos prazeres da vida, Deus chama você. Ele assim o faz estando além da dor, irmã gêmea do prazer. 'Procure-me', Ele diz. 'Descubra em mim a alegria eterna que você tem procurado durante tanto tempo nas ondas das mudanças. Tudo o que você esperou durante encarnações seguidas você haverá de encontrar para sempre apenas em Mim.'"

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix, 2010, p. 178/179)