OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 15 de julho de 2021

UMA SÓ RELIGIÃO

"Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

Qualquer um de nós tem todo o direito de gostar e de praticar a religião que quiser, até mesmo mais de uma se assim o desejarmos. Porém, devemos ter cuidado para que uma mistura de religiões não confunda nossa cabeça. O motivo é simples: as diferentes religiões apresentam algumas afirmações contraditórias entre si. Precisamos saber no que estamos acreditando. Estudar um pouco as religiões não é má ideia. As religiões são caminhos que nos levam a Deus e, assim sendo, qualquer caminho pode ser adequado desde que se escolha aquele que melhor alcança o nosso coração. O dramaturgo irlandês Bernard Shaw nos oferece um resumo preciso desta situação quando diz: 'Só existe uma religião, embora dela existam centenas de versões.'

Escolher uma religião depende de vários fatores, além dos propriamente religiosos. É importante, por exemplo, avaliar a qualidade da comunidade que se organiza em torno da prática religiosa. Convém também observar o tipo de vida que levam as pessoas que frequentam a religião, seu grau de alegria, felicidade e amor à vida. E deve-se estar atento aos dirigentes, pois eles são a melhor amostra da qualidade de seu grupo.

Para distinguir uma igreja séria de outra que estimula o fanatismo das pessoas basta observar se a preocupação de seus líderes é com a alegria e felicidade das pessoas ou com sexo e dinheiro. Vale a pena lembrar também que as boas igrejas são tolerantes com as diferentes crenças religiosas e não procuram se impor como a única certa e verdadeira. Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

A intolerância religiosa tem sido uma permanente causa de instabilidade social e de graves conflitos nos últimos três mil anos. Desde que pela primeira vez se estabeleceu a ideia de um Deus único e verdadeiro, se criou, ao mesmo tempo, a legitimação do direito de impor aos outros uma religião como sendo a melhor e a certa. Daí para as guerras religiosas foi um pequeno passo. Ninguém deve impor suas ideias aos outros, principalmente quando esta imposição é feita à força, pelos que detêm o poder."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 149/150)




terça-feira, 13 de julho de 2021

O SERMÃO DA MONTANHA

"Antes de iniciar a sua vida pública, fez Jesus 40 dias de silêncio e meditação no deserto.

E a primeira mensagem que, logo no princípio, dirigiu ao povo é o chamado 'Sermão da Montanha', proferido nas colinas de Kurun Hattin, ao sudoeste do lago Genesaré.

Estas palavras podem ser consideradas como a 'plataforma do Reino de Deus', como diríamos em linguagem política. Representam o programa da mística divina e da ética humana, visando a total autorrealização do homem.

Logo de início, vêm as oito beatitudes, onde o Mestre proclama felizes precisamente aqueles que o mundo considera infelizes: os pobres, os puros, os mansos, os sofredores, os perseguidos, etc. Esta distinção entre felicidade e gozo, entre infelicidade e sofrimento vai através de todo o Evangelho do Cristo, e só pode ser compreendida por aqueles que despertaram para a Realidade do seu Eu espiritual.

O Sermão da Montanha representa o mais violento contraste entre os padrões do homem profano e o ideal do homem iniciado. Para compreender tão excelsa sabedoria deve o homem ultrapassar os ditames do seu intelecto analítico e abrir a alma para uma experiência intuitiva. O homem profano acha absurdo amar os que nos odeiam, fazer bem aos nossos malfeitores, ceder a túnica à quem nos roubou a capa, sofrer mais uma injustiça  em vez de revidar a que já recebeu - e da perspectiva do homem mental tem ele razão. Mas a mensagem do Mestre é um convite para o homem se transmentalizar e entrar numa nova dimensão de consciência, inédita e inaudita, paradozalmente grandiosa.

Não adiana analisar esse documento máximo da experiência crística. Só o compreende quem o viveu e vivenciou.

E, para preludiar o advento do reino de Deus sobre a face da terra, é necessário que cada homem individual realize dentro de si mesmo esse reino; que reserve cada dia, de manhã cedo, meia hora para se interiorizar totalmente no seu Eu Divino, no seu Cristo Interno, pela chamada meditação.

Durante a meditação, o homem se esvazia de todos os conteúdos de seu ego humano sem nada sentir, nada pensar, nada querer, expondo-se incondicionalmente à invasão da plenitude divina. Onde há uma vacuidade acontece uma plenitude. O homem vazio de si é plenificado por Deus.

Mas, não se iluda! Quem vive 24 horas plenificado pelas coisas do ego - ganâncias, egoísmos, luxúrias, divertimentos profanos - não pode esvaizar-se, desegoficar-se, em meia hora de meditação; esse se ilude e mistifica a si mesmo por um misticismo estéril. É indispensável que o homem que queira fazer uma meditação fecunda e eficiente, viva habitualmente desapegado das coisas supérfluas e se sirva somente das coisas necessárias para uma vida decentemente humana. Luxo e luxúria são lixo e tornam impossível uma vida em harmonia com o espírito do Cristo e do Evangelho. 

O homem que queira ser crístico, não apenas cristão, necessita de viver uma vida 100% sincera consigo mesmo, e não seiludir com paliativos e camuflagens que lhe encubram a verdade sobre si mesmo.

Vai, leitor, conhece-te a ti mesmo! Realiza-te a ti mesmo! e serás profundamente feliz."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 13/15)



quinta-feira, 8 de julho de 2021

CONHECIMENTO ESPIRITUAL

"H.P.B. diz que o conhecimento espiritual é inatingível por métodos intelectuais comuns, tais como autoanálise. Penso que temos aqui a chave para compreender alguma coisa que Krishnamurti diz. Ele fala frequentemente da atenção aos nossos processo de pensamento e sentimento, sem escolha e sem personalização. Esta observação absolutamente impessoal do eu pessoal pelo superior é uma forma elevada de Ioga. Lentamente todo o processo da mente e das emoções são observadas e compreendidas, camada após camada, desde a consciência superficial do dia-a-dia até o nível mais profundo da 'subconsciência.' Isto não é a autoanálise comum. O motivo é inteiramente diferente. Na autoanálise comum, o eu comum está julgando o eu comum, no ponto de vista de elogio ou condenação, lucro ou perda. A autoconscientização de Krishnamurti, sinto, é a compreensão de toda a vida até que a vida, Ela mesma, seja alcançada.  

Obter esse conhecimento é a maior das realizações, diz H.P.B., maior, muito maior e mais nobre do que as assim chamadas, 'artes ocultas.' 'Poucos há que a encontram,' disse o Senhor Cristo.

Assim o primeiro passo para encontrar o verdadeiro Eu é encarar nosso corpo como não sendo nós próprios, como a casa em que vivemos temporariamente, ou as roupas que vestimos, ou, como diz o Mestre K.H. em Aos Pés do Mestre, 'o cavalo em que montamos.' Este último é a melhor expressão de todas, pois nosso corpo é uma coisa viva com uma obscura vida elemental própria separada da nossa. Suponha que só pudéssemos ir a qualquer lugar cavalgando; então cuidaríamos desse cavalo, o trataríamos e o exercitaríamos devidamente. Assim também devemos tratar nossos corpos, que são valiosos, mas não identificar nossa consciência com eles. Um efeito indesejável dessa identificação comum, tremendamente próxima, é seu efeito sobre a radiação psíquica interpenetrante que, infalivelmente, segue o pensamento e o sentimento. Pensar que somos este corpo atrai a radiação da 'aura' e concentra demasiada matéria psíquica ou astral sob a periferia da pele, causando congestão psíquica e ligeira tensão nervosa. Muita gente tem radiação suficiente. 

O 'Caminho' é sempre o mesmo, a descoberta do verdadeiro homem interior. Tudo o mais deriva daí. Viveka é, assim, discernimento inteligente e percepção espiritual, e seu corolário, Vairagya, é a consequente firmeza diante dos 'pares dos opostos.' O objetivo de Viveka é aquilo que está na prece do Rei Salomão: 'Dai, portanto, ao vosso servo um coração compreensivo.' Quando começamos a compreender a nós mesmos e aos outros, sem elogio ou reprimenda, talvez comecemos a ouvir a doce voz que tanto desejamos ouvir. Através do pensamento, da aspiração, da meditação, da determinação, lentamente o mundo divino e suas qualidades começarão a tornar-se visíveis. Mas não há metáforas que possam descrever essa visão interior. Está além da imaginação humana, pois nunca a mente humana conheceu alguma coisa semelhante, sua beleza gloriosa, certeza e verdade.

'Não sou este corpo que pertence ao mundo das trevas; não sou os desejos que o afetam; não sou os pensamentos que enchem a minha mente; não sou a própria mente. Sou a Chama Divina em meu coração, eterna, imortal, invisível. Mais radiante que o sol, mais puro que a neve, mais sutil que o éter é o Ser, o espírito dentro do meu coração.'"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 183/185)


terça-feira, 6 de julho de 2021

A LIÇÃO DO SOFRIMENTO

"O Sofrimento nada mais é do que o outro lado do prazer.

Segundo Buda, a primeira das quatro grandes verdades é: 'a vida é sofrimento.' Esta afirmação nos ajuda a entender que a dor não é exclusividade nossa, mas parte da vida de todos. Por vezes aprendemos sobre ela da maneira mais dolorosa. Importante, porém, é não ficarmos passivos frente ao sofrimento e buscar a lição e o aprendizado que ele nos pode oferecer.

A morte é presença permanente na vida de todos nós. Quando acompanhamos o enterro de alguém de quem gostamos, levando tristeza no coração, convém nos lembrarmos de que quanto maior for o número de pessoas que amamos, mais ocasiões como essas iremos viver durante nossa vida. Se conquistarmos a felicidade de ter muitos amigos, muitas vezes iremos comparecer a um cemitério para deles nos despedirmos. Mas, por outro lado, muitas vezes participaremos de festas e comemorações e nascimentos e aniversários; e alegrias e tristezas, junto com as pessoas que amamos, são as maiores riquezas que podemos usufruir. O sofrimento nada mais é do que o outro lado do prazer.

Não ficar passivo frente ao sofrimento significa superar dores e aflições e ajudar os outros a também fazê-lo. Certamente o futuro ainda nos reservará festas e comemorações. Mas alguns acontecimentos estão acima de nosso entendimento. Devemos aceitar com serenidade o que não pode ser mudado e usar nossa energia para melhorar o que estiver ao nosso alcance. O tempo alivia o sofrimento."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 83/84)


quinta-feira, 1 de julho de 2021

DESCOBRE A DEUS DENTRO DE TI!

"Será esta a mais gloriosa aventura da tua vida: descobrir a Deus dentro de ti.

Vives na ilusão tradicional de que Deus habita no céu, palavra com que entendes infantilmente alguma região longínqua do universo, e que esse Deus deva ser procurado em longas e incertas odisséias centrífugas.

Disseram-te que em alguns lugares da nossa terra está Deus mais presente do que em outras - e por isto empreendeste árduas peregrinações e romarias a zonas distantes do globo terráqueo, a fim de te aproximares um pouco mais do Deus ausente.

Tão grande é a distância entre ti e Deus, disseram-te, que ninguém sabe se tem forças suficientes para chegar ao termo da jornada.

Mais ainda, essa jornada nem parece ser tarefa da vida presente, mas algum acontecimento post-mortem; Deus parece estar oculto por detrás do espesso véu de carne corpórea, como a efígie de Ísis por detrás do pesado véu do templo de Saís - uma vez destruído esse véu de carne e osso, Deus aparecerá visível, pensas tu...

Grande será a tua ilusão, meu pobre viajor! Maior que a do jovem do santuário da Saís, que levantou o misterioso véu para ver a divindade - e contemplou o vácuo...

Deus, é verdade, está em toda parte, mas tu só podes ter com ele um ponto de contato consciente no ponto de confluência entre a tua consciência individual e a Consciência Universal, lá onde o pequeno arroio da tua pernosalidade deságua no oceano imenso da Divindade, donde surgiu, fechando o vasto ciclo.

Pois, do Oceano divino vieste, qual tênue vapor, condensado, depois, em branca nuvem, que os ventos levaram por todas as latitudes e longitudes do mundo - até descer em forma de chuva benéfica - ou talvez de granizo destruidor? - sobre a vida terrestre, demandando o leito de um regato, de um rio, de uma torrente - e acabaste novamente no seio profundo do Pélago donde surgiras...

Depois que descobrires a Deus dentro de ti, é fácil descobri-lo por toda a parte - não projetando-o ficticiamente para dentro das coisas, mas descobrindo-o verazmente em todos os seres, onde ele está de fato; pois, do contrário, esses seres não teriam o ser, não seriam algos, mas nadas, uma vez que fora de 
Deus não há realidade autônoma, original, senão apenas pseudorrealidade heterônoma, derivada...

Descobre a Deus em ti - e te verás em Deus...

E em Deus verás teus semelhantes e o mundo inteiro..."

(Huberto Rohden - Imperativos da Vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 79/80