OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

UNIDADE NA DIVERSIDADE

"Somos todos seres humanos, mas alguns são homens e outros, mulheres. Aqui um negro, ali um branco, mas todos pertencemos à espécie humana. Nossas faces diferem, não vejo duas iguais, mas somos todos seres humanos. Onde está essa humanidade da qual nós fazemos parte? Vejo um homem ou uma mulher, de pele clara ou escura. Entre todas essas faces, sei que há uma humanidade abstrata, comum a todos. Posso não encontrá-la quando a procuro perceber, sentir e realizar, mas estou certo de que existe. Se há alguma coisa de que tenho certeza é esta natureza humana que temos em comum. Mediante a extensão desse conceito eu os vejo como homem ou mulher. 

Assim acontece com essa religião universal, que passa através de todas as diversas religiões sob a forma de Deus, que existe e perdura por toda a eternidade. 'Sou o fio que atravessa todas as pérolas', sendo cada pérola uma religião ou seita que dela derivou. Assim apresentam-se as diferentes pérolas, e o Senhor é o fio que as une, embora a maioria dos homens esteja inteiramente inconsciente disso.

Unidade na diversidade é o plano do universo. Como homem, você está separado do animal; como seres vivos, homem, mulher, animal e vegetal, são todos um; e como existência, vocês são uno com o universo. Esta existência universal é Deus, a Unidade suprema do cosmos. Nele somos todos um. Ao mesmo tempo, no plano da manifestação, as diferenças devem sempre permanecer.

O que nos faz criaturas com uma determinada aparência? A diferenciação. O equilíbrio perfeito seria nossa destruição. Suponha que a quantidade de calor nesta sala, cuja tendência é manter-se em difusão igual e perfeita, atinja esse poeliginto; o calor praticamente deixaria de existir. O que torna possível o movimento no universo? O equilíbrio perdido. A unificação da igualdade só poderá produzir-se por meio da destruição do universo, caso contrário é impossível. Além do mais, seria também perigoso. Não devemos desejar que todos pensem do mesmo modo; não haveria mais pensamentos para pensarmos. É justamente esta diferença, esta desigualdade, este desequilíbrio entre nós que constitui a verdadeira alma do nosso progresso e pensamentos. É preciso que seja sempre assim. 

Então, qual é, a meu ver, o ideal de uma religião universal? Não há de ser uma filosofia universal, nem uma mitologia única, nem um mesmo ritual ecumênico, comum a todas as religiões porque sei que este mundo, esta massa intrincada de mecanismos excessivamente complexos e espantoso, deve prosseguir funcionando com todas as engrenagens. Que podemos nós fazer?

Podemos fazer com que funcionem suavemente, diminuindo a fricção, lubrificando as engrenagens, por assim dizer. Como? Reconhecendo a necessidade natural de diferenciação. Assim como por nossa própria natureza reconhecemos a unidade, também devemos aceitar a diversidade. Precisamos aprender que a verdade pode ser expressa de milhares de modos igualmente legítimos. A mesma coisa pode ser vista de cem diferentes perspectivas e ainda continuar a ser ela mesma. (...)"

(Swami Vivekananda - O Que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 28/30)


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

LIBERDADE E MORAL (PARTE FINAL)

"Para refletirmos sobre a liberdade, Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga Sutras de Patañjali (Yoga, Arte de Integração, Ed. Teosófica), faz uma distinção entre o esforço humano e a expressão espontânea da experiência espiritual. Ele diz: 'Neste ponto o Yoga difere completamente da vida considerada no sentido do empenho moral ou religioso. Em uma vida religiosa, construída sob princípios morais, o esforço humano é o começo e a finalidade.' Por outro lado, ele afirma: 'O homem espiritual possui uma moralidade de natureza elevada e profunda. É natural e espontânea. Não é uma moralidade onde o pensamento busca ser traduzido em ação. Ao invés disso, é uma moralidade que se encontra na natureza de uma expressão da experiência profundamente sentida.'

A reflexão de Mehta mostra que a moral social, mesmo sendo necessária, é provisória e pode tornar-se mecânica e opressiva quando não é oxigenada como um caminho que leva a uma experiência real do ser espiritual, o verdadeiro Eu. Nesse caminho, as regras servem como o mapa da viagem e nos indicam a direção, mas não nos prendem em sua forma, e o seu conteúdo se atualiza e se aprofunda conforme crescemos em consciência ao nos aproximarmos do Ser. Segundo a visão do Yoga, as pessoas são mais ou menos morais conforme mais espessa ou mais fina for a camada egoica que as separam do seu Eu espiritual. O propósito do Yoga é eliminar essa camada egoica, e a ética funciona como uma ferramenta para isso. Depois da realização do ser, no entanto, a moral espiritual é a expressão livre, natural e autêntica daquele que não fará mal ao outro porque sente que o outro é ele mesmo. 

Enfim, a outra via do problema da moral é: conhece-te a ti mesmo. Pois o verdadeiro Eu é o Ser que habita todas as coisas; aquele que, por não querer ferir o seu eu, não será capaz de ferir ninguém, independentemente de regras externas. Da mesma forma isso se dá com o fazer o bem, e ilustra as palavras de Jesus, que se sentia uno com toda a criação: 'Todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer."

(Cristiane Szynwelski - Liberdade e moral - Revista Sophia, Ano 18, nº 86 - p. 22)


terça-feira, 24 de novembro de 2020

LIBERDADE E MORAL (1ª PARTE)

"Proíba-se e liberte sua alma - assim disseram as religiões. Mas como ser livre andando nos trilhos do permitido e proibido? É como sentir dor e ter que sorrir ao mesmo tempo. Tomar remédio amargo em vida em troca do néctar após a morte. Mas e se tudo acabar com a morte? 'Largue isso', disseram alguns filósofos; 'religião é opressão'. E muita gente acreditou. 

Depois dessa suposta libertação, perguntemos a nós mesmos, mas sejamos honestos: realmente estamos livres? Pense comigo: o que é ser livre? É fazer o que se quer? Por exemplo, se eu precisar de atendimento médico e for a um hospital, e todos lá fizerem só o que quiserem, talvez ninguém queira me atender. Então volto a perguntar: é possível sentir-se livre em uma sociedade assim?

Você pode me dizer: posso fazer só o que quero e livremente serei solidário e farei o bem. Mas quem garante que o outro fará? E o bem que cada um faz, ou pensa que faz, é bom na opinião de quem? Então precisamos de leis, baseadas em consenso, e, como as leis não podem regular tudo, precisamos de ética, prescrições morais. Assim, voltamos às religiões.

Podemos andar em círculos, da moral, da religião, para a quebra dos padrões de conduta, e depois voltar, sucessivamente. Ou podemos procurar outra via. Se você tem um filho, por exemplo, o qual você ama, diga-me: você o trata bem para cumprir a legislação ou um código de ética, ou porque o bem-estar dele repercute no seu próprio bem-estar? A maioria das pessoas vai responder que é sensível às condições dos filhos e parentes, mas talvez nem todas elas tenham a mesma sensibilidade com a situação dos 'outros'. Na verdade, todos nós queremos viver onde os outros estão bem, mas não nos damos conta disso. Quando estamos distraídos com o nosso próprio sofrimento, não vemos nada, mas quando estamos felizes, percebemos que a nossa alegria não consegue se expandir quando os próximos estão tristes. Se somos ricos, nos sentimos ameaçados com a falta de segurança, e então desejamos morar em um país onde todos são prósperos. No entanto, não refletimos sobre isso. Somos capazes de sentir fome, portanto sabemos que precisamos comer, mesmo não havendo normas que tornem a alimentação obrigatória. Mas como não percebemos o quanto as condições dos outros nos afetam, não sentimos que precisamos de códigos de conduta para o convívio em sociedade. Pois o nosso sentimento de unidade com o resto da vida ainda não está desenvolvido como a fome. Porque temos consciência do corpo, mas não temos consciência do verdadeiro Eu. (...)"

(Cristiane Szynwelski - Liberdade e moral - Revista Sophia, Ano 18, nº 86 - p. 22)


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

MENTE EM MEDITAÇÃO

"O que, então, devemos 'fazer' com a mente em meditação? Absolutamente nada. Deixá-la como está. Um mestre descreveu a meditação como 'a mente suspensa no espaço, em lugar nenhum'.

O ditado é famoso: 'Se a mente não é fabricada, aparece espontaneamente imbuída de uma felicidade sublime, assim como a água que se mostra naturalmente transparente e límpida quando não é agitada'. Com frequência comparo a mente em meditaçção com um jarro de água barrenta: quanto menos interferência ou agitação tiver, mais as partículas da terra se depositam no fundo, permitindo que a claridade natural da água da água transpareça. A própria natureza da mente é tal que, se você a deixa em seu estado inalterado e natural, ela encontrará sua verdadeira natureza, que é bem-aventurança e claridade.

Tome cuidade, portanto, para não impor nem cobrar nada à mente. Ao meditar, não deve haver qualquer esforço na direção do controle, nem empenho em ser pacífico. Não seja solene demais nem se sinta como se estivesse tomando parte num ritual especial; deixe de lado até a ideia de que está meditando. Seu corpo e a sua respiração devem ser entregues a si mesmos. Pense em si próprio como o céu, sustentando todo o universo."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000, p. 104/105)
www.palasathena.org


terça-feira, 17 de novembro de 2020

O PODER DA MENTE É ILIMITADO

 
"Os feitos realizados pelos grandes santos podem ser milagres para nós, mas não para eles. Quando você sabe que a mente é o poder que cria o universo, não há nada que não possa fazer. Mas no começo não tente fazer coisas 'milagrosas'. A mente é tudo, mas enquanto você não aprender a usar este poder, é tolice raciocinar. 'Já que tudo é mente, pularei deste penhasco e nada me acontecerá'. No entanto, você fará tudo aquilo que realmente convencer a sua mente de que pode fazer. Uma vez que tudo é produto mental, tudo pode ser controlado pela mente. À medida que desenvolver a força mental, terminará por conseguir fazer qualquer coisa. Os grandes mestres já demonstraram isso. Jesus curou doentes, ressuscitou os mortos e transformou água em vinho. Krishna ergueu uma montanha inteira, suspendendo-a acima de seus devotos para protegê-los de uma tempestade devastadora. Os avatares provaram que tudo é mente. Não foi mera imaginação: eles sabiam, e puderam dizer: 'Eu e meu Pai somos um'.¹³ E, assim como o Pai criou tudo de Seu sonho, os que estão unidos a Ele podem fazer o mesmo. É assim que os seres divinos realizam milagres.

'Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?'¹⁴ Se você purificar e expandir a mente pela meditação, recebendo Deus na consciência, também estará livre da ilusão de doenças, limitações e morte. Este mundo não foi feito para ser um refúgio de paz, mas sim um lugar de sonhos - pesadelos com ocasionais sonhos bons - do qual um dia vamos despertar e voltar para a nossa mansão em Deus."

¹³. João 10:30.
¹⁴, Coríntios 3:16.

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship, p. 31)