OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O DESPERTAR ESPIRITUAL

Resultado de imagem para O DESPERTAR ESPIRITUAL"O medo de um estado de completa liberdade interior, um total não condicionamento da mente, sem muletas para se apoiar, é irônico. É a resistência do ser humano ao estágio seguinte - o despertar espiritual. É o 'homem animal' confrontando o homem divino.

O condicionamento pode ocorrer sob quaisquer circunstâncias quando o medo da liberdade está à espreita. É engano acreditar que o condicionamento é causado por circunstâncias ou coisas particulares - organizações, cerimônias, ambientes ou ensinamentos. Esses são fatores relativamente menores; o verdadeiro problema é o medo e a dúvida sobre a liberdade interior ser plenamente desejável. Qualquer coisa pode condiconar a mente quando lhe falta percepção, e nada consegue condicioná-la se está alerta e aberta ao que está acontecendo. Os textos antigos, particularmente, mencionam um condicionamento corporal, ambiental, societário, escritural e verbal. Com a percepção, o impacto de todas essas influências será visto, e portanto a ação se tornará inteligente.

O livro Luz no Caminho declara que a inteligência é imparcial. Todo tipo de condicionamento, seja sutil ou grosseiro, é um empurrão numa determinada direção, e portanto não é imparcial. Experiências passadas incrustadas na memória fazem nascer reações mecânicas que afetam a mente tanto quanto as influências que exercem pressão 'de fora'. Imparcialidade é estar liberto de empurrões e pressões; é o estreito e direto caminho do meio entre todos os opostos.

No Dhammapada, que acreditamos conter as palavras de Buda, há uma seção sobre o estado de percepção que protege a pessoa de cair no erro. As reações e o comportamento desatento muitas vezes embaralham os relacionamentos. Palavras são ditas involuntariamente por causa de pressões internas. Um surto de mau humor ou de emoções exageradas leva a pessoa a um ponto onde ela realmente não quer estar. Depois pode haver arrependimento ou a consciência de ter perdido o controle, mas então já terá surgido uma trilha de maus sentimentos, incompreensões e desconfiança. O remédio é a atenção, que reduz e depois põe fim a essas reações.

A mente deve ser estabilizada pela atenção. Um verso do Dhammapada diz que as pessoas imaturas, infantis e pouco inteligentes se descuidam disso, enquanto as inteligentes consideram a percepção a maior riqueza. Quando há um estado de mente atento e vigilante, que é um sinal de inteligência, o resultado é um modo de viver correto, ordenado e disciplinado. Essa pessoa inteligente é comparada a uma ilha que nenhuma enchente consegue submergir, a uma chama que não tremula ao vento.

A percepção é a base da felicidade e da paz. Como assinalou Krishnamurti, as mágoas não são causadas pelas pessoas, mas pela autoimagem que é perturbada. Nenhum comentário indelicado nem lisonjeiro muda o que a pessoa verdadeiramente é. Ninguém se torna mais sábio porque alguém diz que ele é sábio, nem mais tolo porque alguém diz que ele é tolo. É o quadro de si mesmo projetado pelo pensamento que é afetado, causando ofensa ou satisfação. Uma mente firme e inteligente é aquela que compreende que esses problemas são autocriados, e por isso é livre de agitação, capaz de se transformar. Transformação e crescimento da compreensão só nascem da percepção, jamais através do condicionamento, pois condicionamento significa não percepção."

(Radha Burnier - O medo da liberdade - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 12/14)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O MEDO DA LIBERDADE

Resultado de imagem para liberdade na natureza"O hábito é útil no plano físico. É por meio do hábito que as várias funções do corpo físico ocorrem e continuam a ocorrer de modo eficiente. Se fosse necessário aplicar a mente aos processos físicos como respiração e digestão, não sobraria energia para nada mais. Portanto, o corpo se desenvolveu de tal maneira que automaticamente cuida de suas próprias funções essenciais.

No entanto, o hábito atuante em nossa natureza psicológica, estabelecendo reflexos que evitam o uso da mente e da inteligência, está longe de ser uma vantagem. Pessoas inteligentes têm teorias a respeito de usar a propensão da mente de se condicionar como um método de mudança, mas isso é apenas mais um meio para os espertos explorarem os outros. Muitos problemas atuais - religiosos, políticos ou econômicos - envolvem esse tipo de exploração.

As pessoas se acostumam tanto aos condicionamentos que às vezes perguntam se é realmente possível viver de forma não condicionada, isto é, ser verdadeiramente livre. Implícito nessa questão está o desejo de agir mecanicamente, de ser instruído a pensar e agir, e também o medo de ser completamente livre - e inteiramente só.

O movimento evolutivo prosseguiu continuamente na direção de uma maior liberdade, tanto fisicamente quanto internamente. É claro que o animal é, fisicamente, mais livre do que o vegetal, pois não está enraizado em algum lugar; ao mesmo tempo, o vegetal é mais livre do que o mineral, pois é capaz de crescer e viver mais experiências.

Com cada reino surge uma maior liberdade; no entanto, o processo não é inteiramente físico. O ser humano exercita a escolha e não está sob compulsão, como está o animal que só se acasala quando chega a estação, ou que precisa lugar para comer. O ser humano exercita a escolha sob várias formas, como por exemplo, a decisão de compartilhar, de esperar ou de renunciar.

É simplesmente lógico, portanto, sair do condicionamento, que é a escravização a processos mecânicos, para um estado de plena percepção, que é a liberdade. Respostas psicológicas que são compulsivas - a ira que obnubila a mente, a ganância incontrolável e outros impulsos, assim como opiniões automáticas que permanecem não examinadas - são óbices óbvios à liberdade. Todas as reações irrefletidas, que surgem de experiências passadas impedem a inteligência. Em outras palavras, o condiconamento é incompatível com a liberdade e impede o verdadeiro progresso, segundo o plano evolutivo que está ampliando a liberdade estágio a estágio."

(Radha Burnier - O medo da liberdade - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 11/12)


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

PEREGRINOS NO CAMINHO

Resultado de imagem para peregrino no caminho"'Dá  luz e conforto ao cansado peregrino, e procura aquele que sabe ainda menos do que tu.' Com estas palavras A Voz do Silêncio instrui o aprendiz na senda espiritual a agir positivamente em auxílio de seus irmãos e irmãs. Todos somos peregrinos, movendo-nos consciente ou inconscientemente rumo à meta da vida unificada. Mas aos poucos, aqueles que estão despertos para o seu próprio desenvolvimento e o da humanidade, nesta peregrinação, têm tanto o privilégio quanto a responsabilidade da obediência a uma regra mais exigente. 

'Dá luz...'  Para consegui-lo, devemos ter luz para dar. A Tradição-Sabedoria afirma que a luz está no interior, seu brilho aguardando apenas a remoção dos obscurecedores véus da ignorância e do egoísmo. Como eles são dissolvidos lentamente pelo conhecimento e o aumento do altruísmo, a luz começa a se mostrar na ação compassiva, num vivo interesse nas crenças, necessidades e interesses dos outros, no compartilhamento de nossos modestos insights quanto a verdade. 

'Se tu sabes, é teu dever ajudar outros a saberem.' Mas ouve-se a reclamação: não sei o suficiente. Aqui está um daqueles termos incompletos ignorado pelo especialista em lógica por ser destituído de significado genuíno. Suficiente para quê? A instrução diz: 'Procura aquele que sabe ainda menos do que tu', e, para isso, não há quem não saiba o suficiente. 

A vontade de ajudar, de aprender para ajudar, o amor que libera a vontade, tudo isso nos permite dar nossa pequena luz àqueles que têm ainda menos. Estamos cercados de pessoas que não compreendem o propósito da vida, a grande lei que leva à retidão, a oportunidade perene e a certeza da realização última, o significado da imortalidade e o fenômeno recorrente do nascimento e da morte. Mas nós devemos estudar para compreender essas coisas, se quisermos ajudar os outros a também compreender.

'...e conforto...'  Uma lanterna em frente aos olhos traz uma luz dolorosa. Em vez de mostrar o caminho, ela impossibilita vê-lo. A mesma luz, projetada e direcionada para a senda à frente, parece muito menos clara, mas permite um avanço firme. O mesmo se dá com a luz da Tradição-Sabedoria. Lançada imprudentemente no rosto do peregrino que ainda está tateando no caminho rumo à verdade, torna-se um motivo de tropeços e um obstáculo ao progresso.

Acompanhando a insistência sobre o dever de compartilhar o conhecimento, o estudante teosófico encontra forte oposição ao proselitismo ou qualquer tentativa para controlar os pensamentos dos outros pela alegação de autoridade. A luz deve ser oferecida, não imposta, e deve ser modificada a tal ponto que auxilie o viajente ao longo de seu próprio caminho. Oferecer-lhe a luz que seus olhos podem ver exige que o pretenso ajudante penetre compreensivamente a experiência do outro, busque compreender suas necessidades e o tipo de inspiração à qual ele consegue responder. Paulo, em sua sabedoiria, tornou-se todas as coisas para todos os homens, para que eles pudessem encontrar, em seus próprios caminhos, em seus próprios eus, a luz que ilumina cada homem."

(Ianthe Hoskins - Peregrino no caminho - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 9)


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A SAÚDE DO AMOR

Resultado de imagem para AMOR"Amar loucamente soa contraditório, pois o amor deve ser sadio e tranquilo, portanto não deveria ter nada de loucura. Além disto, o amor requer independência, o que quer dizer poder viver sem o outro. É muito bom quando duas pessoas que podem viver sozinhas descobrem o desejo de viverem juntas, não porque precisam ou por dependência, mas por escolha, por preferência.

A atração sexual não é sinal de amor pois ela, em princípio, sempre existe entre pessoas sadias. E um bom entendimento na relação sexual é natural, quando as pessoas se gostam. Sexo é bom e gostoso, nada mais lógico que as pessoas se dêem bem sexualmente. Isso não é nenhuma grande conquista, nem algo difícil de ser alcançado. Realmente difícil entre um homem e uma mulher é desenvolver uma relação afetiva de mútuo entendimento e respeito, com admiração, consideração e carinho.

Não se deve perder as esperanças, mas precisamos sempre nos preparar para as alternativas. Não devemos colocar nosso destino nas mãos de outro. É fundamental estarmos sempre preparados para sobreviver bem sem a pessoa que amamos. É importante ficarmos abertos para alternativas e verificar de vez em quando como anda nosso poder de sedução.

É preciso tomar cuidado e não acreditar que para nos sentirmos bem e sermos felizes precisamos de uma pessoa que nos ame. Na verdade, nossa grande necessidade é do nosso próprio amor. Se nos amamos, podemos cuidar bem de nós mesmos; se não, por mais amores que sejamos capazes de despertar, nos sentiremos sempre insatisfeitos. Nossa independência está relacionada com nossa capacidade de zelarmos sozinhos por nossa felicidade. Só assim podemos ser felizes com outra pessoa."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 18/19)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A LÍNGUA DOS HOMENS

Resultado de imagem para A LÍNGUA DOS HOMENS"De uma maneira geral, pode-se dizer que existem três diferentes formas de amor. Cada uma representa um diferente momento na evolução das pessoas desde a infância até a idade adulta.

O amor infantil é um amor carente. O bebê ama seus pais, ou aqueles que dele cuidam porque deles recebe os cuidados que necessita. Esta forma de amor, que podemos chamar de amor egoísta, é a única ao alcance das crianças e também daqueles que ainda não evoluíram de uma situação emocional infantil.

A partir da adolescência já é possível desenvolver uma forma de amor que se manifesta sob uma perspectiva de troca. Assim, não apenas amamos a quem nos ama, mas nos tornamos capazes de oferecer à pessoa amada uma retribuição de amor. Do amor egoísta, o jovem evolui para a possibilidade de também ser capaz de dar.

Mas é o amor desinteressado, aquele que geralmente surge quando nascem os filhos, que culmina o desenvolvimento do sentimento de amor. É quando se ama independentemente da retribuição a ser recebida, quando a recompensa do amor vem do próprio prazer do sentimento generoso se desenvolvendo dentro de nós. E o elemento fundamental para o crescimento da capacidade de amar é a autoestima, pois é a partir dela que encontramos o alicerce para praticar o preceito de amar ao próximo 'como a si mesmo'.

A evolução da capacidade de amar é uma medida bastante precisa do desenvolvimento espiritual de  uma pessoa. Podemos observar se este comportamento se caracteriza pelo egoísmo, ou pela proposta de troca, pela generosidade desinteressada.

Nosso desenvolvimento espiritual depende de nossa capacidade de amar desinteressada e generosamente, pois apenas assim podemos praticar a caridade, sem a qual nada somos, nada valemos. Como disse São Paulo, na 'Primeira Epístola aos Coríntios', talvez o mais belo texto escrito sobre a caridade: 'Ainda que eu não fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade não serei mais que bronze que soa ou címbalo que retine (...) se não tiver caridade, nada disse me aproveitará.'"

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 11/12)