OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O TEMPO NÃO TRAZ SOLUÇÃO

Resultado de imagem para O TEMPO"Todas as religiões têm afirmado que o tempo é necessário, o tempo psicológico do qual estamos falando. O céu é muito longe e só se consegue chegar até ele mediante o processo gradual da evolução, a supressão, o crescimento ou a identificação com um objeto, com algo superior. Nossa questão é se é possível ficar livre do medo imediatamente. Do contrário, o medo produz desordem; o tempo psicológico invariavelmente traz consigo uma extraordinária desordem.

Estou questionando toda a ideia da evolução, não do ser físico, mas do pensamento, que tem se identificado com uma forma particular de existência no tempo. O cérebro tem obviamente evoluído para chegar a esse estágio, e pode evoluir ainda mais, se expandir ainda mais. Mas como ser humano tenho vivido há quarenta ou cinquenta anos em um mundo composto de todos os tipos de teorias, conflitos e conceitos, em uma sociedade em que a ambição, a inveja e a competição têm produzido guerras. Sou uma parte de tudo isso. Para um homem que está triste, não tem significado olhar para o tempo em busca de uma solução, evoluir lentamente para os próximos dois milhões de anos como um ser humano. Constituídos como nós somos, será possível nos livrarmos do medo e do tempo psicológico? O tempo físico precisa existir; não podemos nos livrar disso. A questão é se o tempo psicológico pode produzir não apenas ordem dentro do indivíduo, mas também ordem social. Somos parte da sociedade; não somos separados dela. Onde há ordem em um ser humano, haverá inevitavelmente ordem social externa."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 312)


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O IMUTÁVEL

Resultado de imagem para céu com nuvens"A impermanência já nos revelou muitas verdades, mas há um tesouro final ainda sob sua guarda, que fica profundamente escondido de nós, cuja existência não suspeitamos e não reconhecemos, embora seja nosso do modo mais íntimo.

O poeta ocidental Rainer Maria Rilke disse que nossos temores mais profundos são como dragões guardando nosso tesouro mais profundo. O medo que a impermanência desperta em nós, de que nada seja real e que nada tenha duração e, como chegamos a descobrir, nosso maior amigo porque nos leva a perguntar: se tudo morre e se transforma, então o que é realmente verdadeiro? Há alguma coisa por trás das aparências, alguma coisa sem limite e infinitamente vasta, alguma coisa em que a dança da impermanência e das mutações tem lugar? Há na realidade alguma coisa com que possamos contar, que sobrevive ao que chamamos morte?

Permitindo que essas perguntas nos ocupem com urgência e refletindo sobre elas, lentamente passamos a fazer uma profunda mudança no modo como vemos toda a vida. Com contemplação constante e praticando o desprendimento, descobrimos em nós mesmos 'alguma coisa' que não podemos nomear, descrever ou conceituar, 'alguma coisa' que começamos a perceber que está além de todas as mudanças e mortes do mundo. Os desejos mesquinhos e distrações a que nos condena nosso apego obsessivo à permanência começam a se dissolver e depois desaparecem. 

Enquanto isso ocorre, temos repetidos e vívidos lampejos de algumas das vastas implicações subjacentes à verdade da impermanência. É como se tivéssemos vivido toda nossa vida num avião atravessando negras nuvens, em meio à turbulência, e agora ele subitamente se alça acima delas, num céu tranquilo e ilimitado. Inspirados e estimulados por essa chegada a uma nova dimensão de liberdade, descobrimos a profundeza da paz, da alegria, da confiança em nós mesmos, que nos enchem de encantamento e geram, gradualmente, a certeza de que há em nós aquela 'alguma coisa' que nada destrói, que nada altera, e nem pode morrer. Milarepa escreveu:
Aterrorizado pela morte, refugiei-me nas montanhas -
Muitas e muitas vezes meditei sobre a incerteza da hora da morte,
Conquistando o forte da natureza da mente - infinita e imortal Agora, todo medo da morte acabou para sempre."
Aos poucos então começamos a perceber em nós uma presença calma, vasta como céu, daquilo que Milarepa chama de a imortal e infinita natureza da mente, presença que é calma e tem as qualidades do céu. E quando essa nova consciência começa a tornar-se vívida e quase indestrutível ocorre o que os Upanixades chamam 'uma virada na sede da consciência', uma revelação profunda, pessoal e não conceitual do que somos, por que estamos aqui, e como deviamos agir, o que resulta no final em nada menos do que numa nova vida, num novo nascimento e quase no que se poderia chamar de uma ressurreição.

Que mistério belo e restaurador é, através da contemplação contínua e corajosa da verdade da mudança e da impermanência, lentamente chegarmos a nos encontrar face a face, em gratidão e alegria, com a verdade imutável, imortal e infinita natureza da mente!" 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 65/66)

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

AS CAUSAS GERADORAS DO CARMA (PARTE FINAL)

"O desejo dos frutos das ações, a recompensa que esperamos por tudo o que fazemos, desperta a alma a cada instante à atividade, embora forjando novas cadeias kármicas. 

No início da nossa evolução o desejo e a ambição representam o papel de aguilhões que nos conduzem à atividade.

Todos nós sabemos a história de Fernão Dias Paes Leme, o heróico paulista, o destemido bandeirante que, abandonando a família, conforto, tranquilidade, penetrou pelo interior do Brasil heróicamente em busca das sonhadas esmeraldas. Anos, muitos anos, levou desbravando sertões incultos, florestas virgens, lutando com o índio bravio, vadeando rios caudalosos, dominando sedições da própria gente, vendo dia a dia seus companheiros dizimados pelas febres, devorados pelas feras, mas sempre embalado pelo sonho verde das esmeraldas. 

Nada conseguiu depois de muitos anos; mas uma coisa ficou de sua louca ambição: o conhecimento do nosso sertão. Foi ele o semeador de cidades, o grande povoador dos nossos sertões. Assim, impelido por um móvel egoísta e subalterno, ele cooperou no entanto na grande obra da civilização brasileira.

Podemos conceder o papel preponderante que o aguilhão do desejo representa na evolução das qualidades mentais. A luta, estimulada pelo desejo, e pela ambição, desenvolve a perseverança, a destreza, a calma, o golpe de vista. Mas, quando o homem já atingiu certo grau da evolução, o desejo deve ser vencido, embora aquelas qualidades já tenham se incorporado ao corpo causal.

Por isso, quando o homem aspira libertar-se dos liames do desejo, e procura elevar seu pensamento a mais nobres ideais, sente necessidade da renúncia aos frutos da ação, e assim muda sua atitude mental, modifica as intenções que o conduzem à ação.

Mas, esta atitude não impede que continuemos a trabalhar, dispendendo o mesmo esforço anterior. Todo o Teosofista tem o dever de conhecer o célebre aforismo da 'Luz do Caminho': 'Mata a ambição, mas trabalha como trabalham os que são ambiciosos'.

Há somente uma diferença entre as duas atitudes: o homem vulgar trabalha pensando em si; o homem evoluído esquece-se de si, trabalhando por amor da própria obra sem pensar nos resultados finais.(...)"

(E. Nicoll, A Lei da Ação e Reação (Karma), Sociedade Teosófica no Brasil, São Paulo, 3ª edição, 1960, pg. 37/39)


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

AS CAUSAS GERADORAS DO CARMA (1ª PARTE)

"Estava, um dia, certo Brâmane sentado no alto de uma colina, em meditação, quando viu passar o rei com sua numerosa escolta de cavaleiros e soldados esplendidamente vestidos. Depois de contemplar toda esta magnificência, o Brâmane, deslumbrado curvou a cabeça e pensou: 'Quanto este príncipe é feliz e poderoso. Vive cercado de felicidade e grandeza! Quando poderei eu alcançar tanta felicidade também?'

E a tristeza da sua condição pesou-lhe fortemente no espírito.

Guardou este desejo no íntimo do coração embora nunca, em sua longa vida, se afastasse do caminho da justiça. Envelheceu e morreu. Ora, após a morte, tornou-se glorioso monarca, senhor de vastos territórios, recebendo embaixadas, dirigindo numerosos exércitos, soberano absoluto de milhares de súditos, construindo fortalezas e cidades. Entretanto este imenso império estava encerrado inteiramente nos limites da imaginação astral do Brâmane ambicioso.

Os nossos desejos, as nossas aspirações criam forma, vivem dentro de nós porque o nosso mental é o criador da ilusão. Tudo que o homem sonhou possuir na Terra, ele o possui no plano astral. O que nos prende é o desejo. A alma é atraída para qualquer objeto, e assim forma-se uma imagem mental que é reforçada pelas vibrações astrais. A tendência é a sua realização na terra. Todos os nossos pensamentos tendem a realizar-se. A ação tem como causa geradora o desejo, que é o elemento principal na formação do karma

Quando o homem trabalha, não pensa senão nos resultados práticos do seu trabalho, no lucro material que pode auferir em bens materiais, em dinheiro...

Trabalhamos com o fito de adquirir alguma coisa.

O homem cava a terra, planta, semeia, colhe para transformar todo esse esforço em metal sonante.

Ele está auxiliando inconscientemente a evolução, cooperando no plano divino; mas vai movido por pensamentos egoístas, apenas pensando na sua pessoa.

'Em torno de nós vemos todos trabalhar par alguma coisa, novidos pelo interesse e pelo desejo, impelidos pela ambição.'

Olhem para as multidões que enchem os templos. É o temor do inferno, é a ânsia de ganharem indulgência, é o desejo de salvação, é a ambição do céu. (...)

É o amor altruísta a verdadeira renúncia, o desprendimento completo das preocupações de recompensa além da morte. (...)

(E. Nicoll, A Lei da Ação e Reação (Karma), Sociedade Teosófica no Brasil, São Paulo, 3ª edição, 1960, pg. 35/37)


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

CONHEÇA-SE A SI MESMO (PARTE FINAL)

"(...) Embora alguns de vocês possam conhecer suas fraquezas, a maioria das pessoas ignora uma boa parte delas, e isso é um grande obstáculo, mesmo para aqueles que atingiram uma certa altura neste caminho ascendente. Você não pode superar aquilo que não conhece. Cada defeito não é nada mais e nada menos que uma corrente que o prende. Pelo abandono de cada imperfeição você rompe uma cadeia e assim torna-se mais livre e mais próximo da felicidade. A felicidade é o destino de cada indivíduo, mas ela é impossível de obter sem que sejam eliminadas as causas da sua infelicidade, que são os seus defeitos - bem como qualquer tendência que viole uma lei espiritual.

Você pode descobrir o quanto avançou nesse caminho pela revisão da sua vida e dos seus problemas. Você é feliz? O que está faltando na sua vida? Na medida em que a infelicidade ou descontentamento exista na sua vida, nessa mesma medida você não terá preenchido o seu potencial.

Para aqueles que realmente se realizam haverá um contentamento profundo e cheio de paz, segurança e uma sensação de plenitude. Caso isso esteja faltando na sua vida, você não está completamente no caminho certo, ou ainda não alcançou a liberação que necessariamente se experimenta depois que as dificuldades iniciais deste Pathwork são superadas.

Só você saberá a resposta, só você saberá em que ponto se encontra. Ninguém mais pode ou poderia responder a essa pergunta para você. Se você estiver no caminho certo, contudo, e tiver aquele profundo sentimento de satisfação e realização, e ainda assim existirem problemas exteriores na sua vida, isso não deve desencorajá-lo. A razão é que a forma externa do conflito interior no qual você está trabalhando agora não pode ser dissolvida tão rapidamente.

Quanto mais você dirige as correntes internas da alma para os canais corretos, mais as formas exteriores correspondentes mudarão, de forma gradual porém segura. Até que esse processo seja completamente efetuado o problema externo não pode dissolver-se automaticamente. A impaciência só pode atrapalhar. Se estiver no caminho certo, você viverá e sentirá a grande realidade do Mundo de Deus na sua vida diária. Ele se tornará tão real, se não mais, quanto o seu ambiente humano; não será mais uma teoria, um mero conhecimento intelectual. Você viverá nesse mundo e sentirá o seu efeito."

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p. 24/25)