OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 7 de março de 2018

O EGO NO CAMINHO ESPIRITUAL (PARTE FINAL)

"(...) À medida que o ego nos vê jubilosamente ficar mais e mais enredados em sua teia, chegará ao ponto de culpar o ensinamento e até mesmo o professor por toda a dor, solidão e dificuldades pelas quais passamos ao nos conhecer: 'Esses gurus não se importam nada com você e com o que está atravessando, e no fundo só querem explorá-lo. Usam palavras como 'compaixão' e 'devoção' para pôr você sob seus poderes'.

O ego é tão esperto que pode até distorcer os ensinamentos para atender seus propósitos; afinal, 'o diabo pode citar as escrituras para seus próprios fins'. A arma final do ego é apontar hipocritamente seu dedo para o professor e seus seguidores, dizendo: 'Ninguém por aqui parece estar à altura da verdade dos ensinamentos!' Ele posa então como o árbitro justo de toda conduta: a posição mais astuta de todas para sabotar sua fé e destruir qualquer tipo de devoção e compromisso que você possa ter em relação à mudança espiritual.

Mas seja qual for a força com que o ego tenta sabotar seu caminho espiritual, se você prossegue nele e trabalha profundamente com a prática da meditação, começará a perceber como tem sido enganado pelas promessas do ego: falsas esperanças e falsos medos. Devagar você começa a compreender que tanto a esperança quanto o medo são inimigos da sua paz de espírito; as esperanças o decepcionam, deixando-o vazio e desapontado, e os temores o paralisam na cela estreita da sua falsa identidade. Você começa a ver também como foi poderosa a influência do ego sobre sua mente, e no espaço de liberdade aberto pela meditação - em que você está momentaneamente livre da avidez - você vislumbra a estimulante amplitude da sua verdadeira natureza. Entende que o seu ego, como um artista louco e trapaceiro, enganou você durante anos com esquemas, planos e promessas que nunca foram reais e só o levaram à falência interior. Quando você percebe isso na equanimidade da meditação, sem qualquer consolação ou desejo de esconder o que descobriu, todos os planos e esquemas se revelam vazios e começam a desmoronar.

Esse não é um processo puramente destrutivo, porque junto com uma compreensão extremamente precisa e às vezes dolorosa da fraudulência e virtual criminalidade do seu ego, e do de todos os demais, cresce uma sensação de expansão interna, um conhecimento direto daquela 'ausência de ego' e interdependência de todas as coisas, dessa viva e generosa disposição de espírito que é a marca que autentica a liberdade.

Porque aprendeu pela disciplina a simplificar sua vida, reduzindo as oportunidades do ego de seduzi-lo, e porque praticou a presença mental da meditação e minimizou o poder da agressão, do apego e da negatividade de todo seu ser, a sabedoria do insight pode emergir lentamento. E na claridade reveladora desse sol aquela percepção pode mostrar a você, distinta e diretamente, os mais sutis movimentos de sua própria mente e a natureza da realidade."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 162/163)

terça-feira, 6 de março de 2018

O EGO NO CAMINHO ESPIRITUAL (1ª PARTE)

"É para acabar com a grotesca tirania do ego que nós seguimos o caminho espiritual, mas os recursos do ego são quase infinitos e a cada estágio ele pode sabotar e perverter nosso desejo de nos libertarmos dele. A verdade é simples, e os ensinamentos são extremamente claros; mas vi muitas e muitas vezes, com grande tristeza, que tão logo eles começam a nos mobilizar, o ego tenta complicá-los porque sabe que está sendo ameaçado de maneira direta. 

Quando estamos no início e ficamos fascinados com o caminho espiritual e suas possibilidades, o ego pode até nos encorajar, dizendo: 'Isso é realmente maravilhoso. É disso que você precisa! Esses ensinamentos fazem um grande sentido!'

E aí, quando dizemos que queremos experimentar a prática da meditação, ou fazer um retiro, o ego cantarolará: 'Belíssima ideia! Vou com você. Podemos ambos aprender alguma coisa'. Durante toda a lua-de-mel do nosso desenvolvimento espiritual, o ego ficará insistindo: 'Isso é maravilhoso - é tão fantástico, tão inspirador...'

Mas logo que entramos no que chamo de 'pia de cozinha', fase do caminho espiritual em que os ensinamentos começam a tocar-nos profundamente, confontamo-nos inevitavelmente com a verdade do nosso ser. À medida que o ego é revelado, seus pontos sensíveis tocados, todos os tipos de problemas começam a surgir. É como se um espelho fosse colocado à nossa frente e não pudéssemos olhar em outra direção. O espelho é absolutamente claro, mas há nele um rosto feio e ameaçador, nosso próprio rosto, olhando fixamente para nós. Começamos a nos rebelar porque odiamos o que vemos; podemos atacar com raiva e quebrar o espelho, mas isso só faria criar centenas de rostos feios idênticos, todos ainda olhando para nós.

Nesse momento começamos a sentir raiva e a nos queixar amargamente; e onde está nosso ego? Fielmente postado ao nosso lado, ele nos encoraja: 'Tem toda razão, isso é ultrajante e intolerável. Não engula isso!' Enquanto o ouvimos fascinados, o ego segue evocando toda sorte de dúvidas e emoções loucas, jogando lenha na fogueira: 'Não vê que esse não é um ensinamento certo para você? Já lhe disse isso há muito tempo! Não vê que ele não é o seu mestre? Afinal de contas, você é um homem ocidental, bastante inteligente, moderno e sofisticado, e essas coisas exóticas tipo zen, sufismo, meditação, budismo tibetano, pertencem a culturas estrangeiras, orientais. Que interesse pode ter para você uma filosofia que surgiu no Himalaia há mil anos atrás?' (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 160/161)


segunda-feira, 5 de março de 2018

A COOPERAÇÃO

"Faz parte do plano do LOGOS o fato de que o gênero humano, em certo estágio de sua evolução, precisa começar a guiar-se. Por conseguinte, todos os Budas, Manus e Adeptos futuros serão membros da nossa própria humanidade, quando os Senhores de Vênus tiverem ido para outros mundos. Por conseguinte, também, o LOGOS efetivamente conta com todos nós, com vocês e comigo. Podemos ter noventa e nove defeitos e uma única virtude, mas se essa única virtude for necessária à obra teosófica (e que virtude não é necessária?), teremos, seguramente, a oportunidade de utilizá-la.

Devemos, portanto, dar valor aos nossos colaboradores pelo que eles podem fazer, e não estar constantemente a censurá-los pelo que não podem fazer. Muitas pessoas lograram o direito de fazer alguma espécie de trabalho, muito embora seus defeitos sejam maiores que suas virtudes. As pessoas, não raro, cometem um triste erro ao comparar o seu trabalho com o dos outros, e ao desejar que se lhes enseje a mesma oportunidade ensejada a outros. A verdade é que cada qual tem seus próprios dons e seu próprios poderes, e de nenhum homem se espera que faça tanto quanto faz outro homem, mas apenas que faça o melhor que puder - simplesmente o melhor que puder.

Disse o Mestre, certa vez, que, na realidade, só existem duas classes de homens - os que sabem e os que não sabem. Os que sabem são os que viram a luz e se voltaram para ela, seja qual for a religião pela qual se guiam, por maior que seja a distância da luz em que possam encontrar-se. Um sem-número deles pode estar sofrendo muito em sua luta na direção da luz, mas, pelo menos, tem a esperança diante de si, e se bem simpatizemos profundamente com eles e nos esforcemos por ajudá-los, compreendemos que não constituem, de maneira alguma, o pior caso. As pessoas que realmente merecem piedade são as que se mostram totalmente indiferentes a todo e qualquer pensamento elevado - as que não lutam porque não lhes interessa, nem pensam nem sabem que há alguma coisa pela qual se deve lutar. São, na verdade, os que formam 'a grande humanidade órfã'."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 120)
www.pensamento-cultrix.com.br


domingo, 4 de março de 2018

FELICIDADE NÃO É SENSAÇÃO

"A mente nunca consegue encontrar a felicidade. A felicidade não é uma coisa a ser buscada e encontrada, como a sensação. A sensação pode ser encontrada repetidas vezes, pois ela nunca fica perdida. A felicidade lembrada é apenas uma sensação, uma reação pró ou contra o presente. O que está acabado não é felicidade: a experiência da felicidade que está acabada é sensação. Felicidade não é sensação.

O que você conhece é o passado, não o presente. E o passado é sensação, reação, memória. Você se lembra de que foi feliz, mas o passado consegue dizer o que é a felicidade? Ele consegue lembrar, mas não consegue ser. Reconhecimento não é felicidade, saber o que é ser feliz não é felicidade. O reconhecimento de, saber o que é ser feliz não é felicidade. O reconhecimento é a resposta da memória. Afinal, a mente, o complexo de lembranças, experiências, pode ser feliz? O próprio reconhecimento impede a experiência.

Quando há consciência de que é ser feliz, há felicidade? Quando há felicidade, você tem consciência dela? A consciência só chega com o conflito - o conflito da lembrança de mais. A felicidade não é a lembrança de mais. Onde há conflito, não há felicidade. O conflito está onde a mente está. O pensamento, em todos os níveis, é a resposta da memória; e um pensamento, invariavelmente, gera conflito. Pensamento é sensação, e sensação não é felicidade. As sensações estão sempre em busca de gratificações. O fim é sensação, mas a felicidade não é um fim, ela não pode ser buscada."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 215)


sábado, 3 de março de 2018

SUPERAR A PREGUIÇA DE SENTIR ATRAÇÃO POR AQUILO QUE É SEM SENTIDO OU NÃO VIRTUOSO

"Sempre que somos atraídos por divertimentos triviais e tagarelice ou ficamos completamente distraídos por espetáculos ou negócios, é sinal de que nossa mente foi vencida pela preguiça: a preguiça de sentir atração por desejos mundanos e ações não virtuosas. É insensato abandonar a alegria suprema que nasce da prática de Darma e, em vez disso, ficar feliz em criar causas de sofrimento. Por que sentir atração por prazeres triviais - como cantar, dançar etc. -, é causa de sofrimento? O motivo é que tais trivialidades entulham com inúmeros obstáculos o caminho que leva à felicidade sublime. Se desejamos felicidade duradoura, devemos praticar o Darma; e se queremos algo para abandonar, devemos desistir daquelas atividades mundanas que não levam a nada, exceto a intolerável sofrimento.

Esse conselho não significa que na vida espiritual não há lugar para momentos de descontração, como ouvir música, nem quer dizer que atividades como tratar de negócios são incompatíveis com o Darma. Como foi enfatizado ao longo do Guia de Shantideva e neste comentário, é a nossa motivação que determina a virtude ou a não virtude de uma ação. Com a motivação adequada - como, por exemplo, o desejo de beneficiar os outros -, existem muitas atividades chamadas de mundanas que podemos fazer, sem ter medo de estar perdendo nosso tempo ou criando causas de sofrimento futuro. O que está sendo enfatizado nesta seção, sobre o segundo tipo de preguiça, é que muitos dos nossos entretenimentos e ocupações da vida diária são diversões inúteis ou sem sentido. Nossa motivação para nos entregar a elas, geralmente, não é nada mais que um egoísmo mesquinho, sem contar que muitas de nossas atividades costumeiras são prejudiciais aos outros. É o nosso apego por esse tipo de conduta que constitui a preguiça, porque todo esforço canalizado nessa direção nos desvia dos propósitos mais elevados na nossa preciosa vida humana."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009 -. p. 278/279)