OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 23 de dezembro de 2017

O REENCONTRO

"Eis-me aqui, Senhor, ansioso, na espera de num dia bem próximo sentir, em plenitude, Tua presença.

Muito há que se trabalhar. Sentimentos indomáveis tumultuam minha consciência ainda em formação.

O caminho é longo...

No conflito da mente pela busca de fazer-Te totalmente presente em meu ser, raros são os dias em que não há luta, É uma batalha incansável de pensamentos, que não se coadunam com palavras e ações.

Momentos existem que são puros e harmoniosos. E a vida se torna bela. Tua presença radiante ensina-me a ver em tudo e em todos a Tua Essência.

A vida, então, é um eterno convite para experienciar, a cada instante, a bondade, a compreensão, a tolerência, a compaixão, enfim, a justiça, a verdade e o amor. Nesses instantes Tua grandeza é sentida. Vejo então, através dos olhos do coração, a Tua beleza.

Nas mais das vezes, porém, confesso que me sinto distante. É quando divago pelos descaminhos que me levam para longe da verdade, ora impulsionado pela vaidade ou orgulho e, outras vezes, pela intolerência e incompreensão.

Nesses momentos bebo o amargo cálice da Tua ausência. É a dor sentida e vivida sem a Tua presença. Reflito e indago: Por que tais acontecimentos?

Olho para dentro de mim, para o mais profundo do meu ser e Te vejo enclausurado pelos meus interesses mesquinhos e materiais. Aí, compreendo que Tu és e sempre serás amor. Mesmo quando entro em conflito com a Tua vontade, Tu Senhor, em momento algum, me desamparas.

A realidade é que eu me deixara envolver pela sedução dos desejos temporários. Só então, após estar diante da dor, na batalha do Ser contra o Ter, é que volto a ver-Te.

Por tudo isto eis-me aqui, Senhor. Reconhecendo a necessidade de reencontrar-me em Tua luz, evitando assim a continuidade de minhas batalhas internas que, além de serem refletidas negativamente em todos, afastam-me cada vez mais de Ti."

(Valdir Peixoto - Conheca-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília/DF, 2009 - p. 79/81)


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Como se pode saber que uma experiência, num dado momento, é verdadeira? Isso é uma parte da questão. Por que desejais saber se é verdadeira? Um fato é um fato, nem verdadeiro, nem falso. E só quando quero traduzir um fato de acordo com minha sensação, com minha 'ideação', é só então que entro na ilusão. Quando estou encolerizado, isso é um fato, não há ilusão alguma. Quando sou lascivo, quando sou ávido, quando estou irritado, cada uma dessas coisas é um fato; é só depois que começo a justificá-lo, a procurar explicações para ele, a traduzi-lo de acordo com meus preconceitos, isto é, a meu favor, ou quando o evito só então é que pergunto: 'Que é a verdade?'. Isto é, no momento em que examinamos um fato emocionalmente, sentimentalmente, elaborando ideias a respeito do mesmo, nesse momento penetramos no mundo da ilusão e da autodecepção. Para se encarar um fato, livre de tudo isso, requer-se uma extraordinária vigilância. Por essa razão, é de suma importância que descubramos por nós mesmos, se não estamos na ilusão, ou se estamos enganando a nós mesmos, mas se estamos livres do desejo de identificar, do desejo de ter uma sensação, que chamamos experiência, do desejo de possuir, de repetir, ou de voltar a uma experiência. Afinal de contas, de momento em momento, podeis conhecer a vós mesmos, tais como sois, 'realmente', e não através da cortina das ideias, que são sensação. Para conhecerdes a vós mesmos, não tendes necessidade de saber o que é a verdade ou o que não é a verdade. Para vos mirardes no espelho e verdes que sois feio ou belo, realmente, e não romanticamente, para isso não se requer a verdade. Mas a dificuldade da maioria de nós está em que, ao vermos a imagem, a expressão, queremos logo fazer alguma coisa, queremos alterá-la, dar-lhe um nome diferente; se ela é deleitável, identificamo-nos com ela: se dolorosa, evitamo-la. Nesse processo, por certo, reside a ilusão, e com ele estais mais ou menos familiarizados. Assim procedem os políticos; assim procedem os sacerdotes, ao falarem de Deus, em nome da religião; e assim procedemos também nós, quando ficamos entregues à sensação de ideias, e persistimos nisso. Isto é verdadeiro, isto é falso, o Mestre existe, ou não existe - tudo isso é tão absurdo, imaturo, infantil. Mas, para se descobrir o que é 'fatual', necessita-se uma vigilância extraordinária, uma percepção na qual não há condenação nem justificação.

Nessas condições, pode dizer-se que um indivíduo engana a si mesmo, que há ilusão, quando ele se identifica com um país, uma crença, uma ideia, uma pessoa, etc; ou quando tem o desejo de repetir uma experiência, isto é, a sensação da experiência; ou quando um indivíduo volta à meninice e deseja a repetição das experiências da infância, o deleite, a proximidade, a sensibilidade; ou quando um indivíduo deseja ser alguma coisa. É extremamente difícil vivermos sem estarmos enganados, quer por nós mesmos, quer por outra pessoa; e a ilusão só desaparece quando já não existe o desejo de ser alguma coisa. A mente é então capaz de olhar as coisas tais como são, de ver a significação daquilo 'que é'; não há então batalha entre o falso e o verdadeiro; não há então a procura da verdade, como coisa separada do falso. O que importa, pois, é que se compreenda o processo da mente; e essa compreensão é 'fatual' e não teórica, nem sentimental, nem romântica; não requer que nos tranquemos num quarto escuro, a meditar, a ver imagens, tendo visões. Tudo isso nada tem que ver com a realidade. E como, na maioria, nós somos românticos, sentimentais, desejosos de sensação, ficamos presos às ideias; e as ideias não são 'o que é'. Assim sendo, a mente que está livre das ideias, das sensações, essa mente está livre da ilusão." 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 12/14)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

ILUSÃO (1ª PARTE)

"PERGUNTA: Como se pode conhecer e sentir de maneira inequívoca a realidade, a significação exata e imutável de uma experiência que é a verdade? Toda vez que tenho o percebimento de uma realidade e sinto ser Verdadeira essa experiência, diz-me alguém, se lha comunica, que estou iludindo a mim mesmo. Sempre que penso haver compreendido, vem alguém dizer-me que estou na ilusão. Haverá uma maneira de saber o que é verdadeiro, em mim, sem ilusão nem engano?

KRISHNAMURTI: Toda forma de identificação conduz necessariamente à ilusão. Existem a ilusão psiquiátrica e a ilusão psicológica. Quanto à ilusão psiquiátrica, sabemos as providências que se devem tomar. Quando um indivíduo se julga Napoleão ou um grande santo, sabeis a maneira de se atender ao caso. Mas a identificação e ilusão de natureza psicológica é coisa de todo diferente. O indivíduo político ou religioso identifica-se com a nação ou com Deus. Ele é a nação, e, se tem talento, torna-se um pesadelo para o resto do mundo, quer pacífica, quer violentamente. Há várias formas de identificação: a identificação com a autoridade, com a nação, com uma ideia; a identificação com uma crença, que nos leva a fazer toda espécie de coisas; com um ideal, pelo qual estamos prontos a sacrificar tudo e todo o mundo, inclusive a nós mesmos e a nação, com o fim de alcançar o que desejamos; identificação com uma Utopia, pela qual forçais outras pessoas a se moldarem por um determinado padrão; e, por fim, a identificação do ator, que desempenha papéis diferentes. E a maioria de nós está na situação do ator, desempenhando os nossos papéis consciente ou inconscientemente.

Nossa dificuldade, pois, está em que nos identificamos com a nação, com um partido político, com a propaganda, com uma crença, com uma ideologia, com um chefe. Tudo isso é uma só espécie de identificação.

E temos, ainda, a identificação com nossas próprias experiências. Tive uma experiência, algo que me fez vibrar; e quanto mais eu me demoro nela, tanto mais intensa, tanto mais romântica, sentimental, tanto mais adulterada ela se torna; e a essa experiência dou o nome de Deus — vós bem sabeis por quantas maneiras sabemos enganar a nós mesmos. Por certo, a ilusão surge sempre que me apego a alguma coisa. Se eu tive uma experiência, agora acabada, terminada, e retorno a ela, estou na ilusão. Se desejo que uma coisa se repita, se persisto na repetição de uma experiência, isso inevitavelmente me conduzirá à ilusão. Assim, pois, a base da ilusão é a identificação — identificação com uma imagem, com uma ideia de Deus, com uma voz, e com experiências a que nos apegamos ardorosamente. Não é à experiência que nos apegamos, mas, sim, à sensação da experiência, a qual sensação tivemos no momento de 'experimentar'. Um homem que se cercou de vários métodos de identificação, está vivendo na ilusão. Um homem que crê, por causa de uma sensação, por causa de uma ideia a que se apega, vive necessariamente na ilusão, a enganar a si próprio. Assim sendo, qualquer experiência que se passa em vós e à qual voltais, ou que rejeitais, não pode deixar de conduzir à ilusão. Só se extingue uma ilusão, quando compreendeis uma experiência e não ficais apegado a ela. Esse desejo de possuir é a base da ilusão, da arte de enganar a si mesmo. Vós desejais ser alguma coisa; e esse desejo de ser alguma coisa precisa ser compreendido para que se compreenda o processo da ilusão, do enganar-nos a nós mesmos. Se penso que serei um grande instrutor, um grande Mestre, ou Buda, ou X, Y, Z, na minha próxima vida, ou se penso que o sou atualmente e me apego a essa ideia, devo certamente estar numa ilusão; porque estou vivendo de uma sensação, que é uma ideia, e a minha mente se nutre de idéias, tanto verdadeiras, como falsas. (...)"

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 10/12)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

OS BARDOS (PARTE FINAL)

"(...) 2. O bardo doloroso da morte se estende do início do processo de morrer até o fim do que é conhecido como 'respiração interior'; esta, por sua vez, culmina no despontar da natureza da mente, o que chamamos a 'Luminosidade Base', no momento da morte.

3. O bardo luminoso do dharmata abrange a experiência pós-morte da radiância da natureza da mente, a luminosidade ou 'Clara Luz', que se manifesta como som, cor e luz.

4. o bardo cármico do vir a ser é o que em geral denominamos 'bardo ou estado intermediário', que dura até o momento em que assumimos um novo nascimento.

O que distingue e define cada um dos bardos é que todos eles são intervalos ou períodos em que a possibilidade do despertar está particularmente presente. As oportunidades de liberação estão ocorrendo de maneira contínua e ininterrupta ao longo da vida e da morte; os ensinamentos do bardo são a chave ou a ferramenta que nos permitirá descobrir ou reconhecer essas oportunidades e fazer o uso mais pleno delas."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 143/144)


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

OS BARDOS (1ª PARTE)

"Devido à popularidade do Livro Tibetano dos Mortos, as pessoas comumente associam a palavra bardo com a morte. É verdade que 'bardo' é usado na linguagem diária dos tibetanos para designar o estado intermediário entre a morte e o renascimento, mas ele tem um sentido muito mais amplo e profundo. É nos ensinamentos sobre o bardo que, talvez mais do que em qualquer outro lugar, podemos ver como é profunda e abrangente a sabedoria dos budas sobre a vida e a morte, e como é inseparável essa coisa chamada 'vida' daquilo que chamamos 'morte', quando vistas e entendidas claramente a partir da perspectiva da iluminação.

Podemos dividir o conjunto da nossa existência em quatro realidades: vida, o morrer e a morte, o pós-morte e o renascimento. São esses os Quadro Bardos:
  • o bardo 'natural' desta vida
  • o bardo 'doloroso' da morte
  • o bardo 'luminoso' do dharmata
  • o bardo 'cármico' do vir a ser
1. O bardo natural desta vida abarca todo o período entre o nascimento e a morte. No nosso presente estado de conhecimento, isso pode parecer mais do que apenas um bardo, uma transição. Mas se refletirmos sobre isso ficará claro que o tempo que dispomos nesta vida, se comparado com a enorme extensão e duração da nossa história cármica, é de fato relativamente curto. Os ensinamentos nos dizem uma e outra vez que o bardo desta vida é o único momento, e portanto o melhor, para nos prepararmos para a morte: familiarizando-nos com os ensinamentos e estabilizando a prática. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 142/143)