OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

OS BARDOS (1ª PARTE)

"Devido à popularidade do Livro Tibetano dos Mortos, as pessoas comumente associam a palavra bardo com a morte. É verdade que 'bardo' é usado na linguagem diária dos tibetanos para designar o estado intermediário entre a morte e o renascimento, mas ele tem um sentido muito mais amplo e profundo. É nos ensinamentos sobre o bardo que, talvez mais do que em qualquer outro lugar, podemos ver como é profunda e abrangente a sabedoria dos budas sobre a vida e a morte, e como é inseparável essa coisa chamada 'vida' daquilo que chamamos 'morte', quando vistas e entendidas claramente a partir da perspectiva da iluminação.

Podemos dividir o conjunto da nossa existência em quatro realidades: vida, o morrer e a morte, o pós-morte e o renascimento. São esses os Quadro Bardos:
  • o bardo 'natural' desta vida
  • o bardo 'doloroso' da morte
  • o bardo 'luminoso' do dharmata
  • o bardo 'cármico' do vir a ser
1. O bardo natural desta vida abarca todo o período entre o nascimento e a morte. No nosso presente estado de conhecimento, isso pode parecer mais do que apenas um bardo, uma transição. Mas se refletirmos sobre isso ficará claro que o tempo que dispomos nesta vida, se comparado com a enorme extensão e duração da nossa história cármica, é de fato relativamente curto. Os ensinamentos nos dizem uma e outra vez que o bardo desta vida é o único momento, e portanto o melhor, para nos prepararmos para a morte: familiarizando-nos com os ensinamentos e estabilizando a prática. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 142/143)


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

CONTENTAMENTO

"No desespero, pare um pouco e se pergunte: 'Por que estou desesperado?'

Não será porque esperou dos outros mais do que eles poderiam ser? Porque esperou aquilo que não poderiam dar?

Não está desesperado porque esperou demais de si mesmo ou aquilo de que ainda não é capaz?

Esperar soluções adequadas e perfeitas, e conforme almejamos, conforme nosso interesse egoístico, não será imprudente?!

Coitados daqueles que só esperam afagos e facilidades da Vida, principalmente nesta hora da humanidade!

Aprendamos a sabedoria da aceitação e do contentamento, agora.

Bem sei, meu Deus, que Tu queres que eu seja misericordioso."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 68/69)


domingo, 17 de dezembro de 2017

UM PROCESSO CRIATIVO (PARTE FINAL)

"(...) A ação do ego, que é individual e universal, não é sequer previsível. Uma artista australiana, Margaret Olley, afirmou: 'Estou sempre esperando para ser surpreendida. Se não restam mais surpresas, você poderia muito bem morrer agora. Mantenha o seu senso de curiosidade e de espanto. A grande obra-prima pode estar esperando na próxima esquina.' É assim também com a jornada espiritual. A curiosidade e o espanto a respeito de nós mesmos e do mundo evitam a estagnação e a previsibilidade, e estimulam a ação criativa do espírito. Essa postura evita que a mente se cristalize, presa à rotina, e nos ajuda a responder mais à vida, em vez de reagir de acordo com velhos padrões. Gradualmente nos tornamos autorresponsáveis, agindo em todas as situações alinhados com a nossa natureza mais profunda. 

Como podemos manifestar isso em termos concretos? Alguns exemplos são a honestidade em assuntos financeiros, admitir um erro em vez de encobri-lo, fazer o que prometemos, ter cortesia para com os outros em todas as situações, envolver-nos em causas por um mundo melhor. Autorresponsabilidade significa nos tornarmos plenamente responsáveis por nossas ações.

Essa obra de arte é tudo o que sempre fomos. Em um estágio avançado do caminho, o processo de buscar o próprio Ego ou Espírito deve ser abandonado, porque então, paradoxalmente, ele não pode ser alcançado - ele é aquilo que somos, como reconheceram Krishnamurti e Ken Wilber, e como mostra um dos Upanishades:

O Senhor de tudo,
o conhecedor de tudo,
o começo e fim de tudo - 
esse Ego habita cada coração humano.
Olhe para fora - ele se foi.
Olhe para dentro - ele se foi. 
Não pode ser lembrado,
não pode ser esquecido,
não pode ser agarrado por nenhum meio.
Está além de todos os limites e 
fronteiras.
É a pura unidade,
onde nada mais pode existir."

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 16/17

sábado, 16 de dezembro de 2017

UM PROCESSO CRIATIVO (1ª PARTE)

"O artista geralmente começa com uma ideia do que será trazido à vida sobre a tela. Talvez por um longo período de evolução o ser humano não tenha uma visão específica do que pode se tornar. Um vislumbre precisa de tempo para ganhar clareza. Porém, quando o momento crítico é alcançado, a visão de uma ordem diferente da humanidade pode começar a surgir. Quanto mais focada esteja a visão, mais rápido o retorno. À medida que o eu retrocede, o Eu começa a revelar suas cores delicadas e sutis.

Para Krishnamurti e Ken Wilber poderia não ser necessário buscar aquele algo que já somos, mas que percebemos apenas de maneira obscura. Talvez também não lhes tenha sido necessária uma visão, o simples reconhecimento do que é. Para Wilber, o que é importante no final das contas é reconhecer o imutável, o vazio primordial, a divindade inqualificável, o puro espírito. Podemos chamar a isso de reconhecer o eu universal interior, ou conhecer mais uma vez aquilo que verdadeiramente somos. Porém, o desabrochar humano também requer um processo, a preparação para aquilo a que nos referimos como 'a senda'.

Voltando à metáfora do artista, isso implica a ocorrência de um processo criativo. Quanto mais identificamos aquilo com que temos que trabalhar, mais podemos remover a dura capa externa de vidas passadas e permitir que o que está no interior possa emergir. Podemos então nos tornar responsivos ao Eu, em vez de reativos aos caprichos do eu pessoal que tende a preencher a maior parte do nosso estado de vigília. A qualidade de vida se torna mais rica, mais equilibrada, tingida de maneira crescente pela beleza interior. O ego reencarnante é refinado e iluminado. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 16)
www.revistasophia.com.br


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

CLAREZA DE VISÃO (PARTE FINAL)

"(...) A noção do eu pessoal se desenrolando implica o fato de que estamos normalmente num estado de autoproteção que não nos permite 'desistir do eu pelo não eu', para usar as palavras de A Voz do Silêncio. Para não ter que abrir mão do eu, o ser humano se comporta como uma cobra, que ataca quando provocada e que se sente mais confortável quando está dormitando, enroscada em si mesma. Porém, quando a serpente se desenrola e sua superfície fica plenamente exposta ao ambiente, ela também pode corporificar a sabedoria. Ken Wilber observa que, quando nos percebemos aqui e agora, basicamente sentimos 'uma diminuta tensão ou contração interior, uma sensação de agarrar, desejar, cobiçar, evitar, resistir - é uma sensação de esforço, de busca'. Em sua forma mais elevada, essa sensação assume a forma da 'grande busca pelo espírito'. O paradoxo é que o espírito não está em lugar algum. A sabedoria perene fala do 'espírito como matéria'; portanto, tudo que percebemos no mundo é uma solidificação do espírito. Não reconhecemos isso pelo que é, nem reconhecemos plenamente a nós mesmos pelo que somos - espírito ou ego.

Parece que é necessário um nível de sacrifício pessoal para que o eu se desenrole, mas não é saudável levar isso a extremos. É bom ter em mente o ensinamento budista do Caminho do Meio. Madhava Ashish sabiamente afirmou que 'somos mais completos e perfeitos quando estamos despertos tanto para a fonte não diferenciada do nosso ser quanto para sua manifestação diferenciada'.

Não devemos, por exemplo, doar tanto de nós mesmos e de nossos pertences que não possamos mais agir de maneira eficaz. Blavatsky deu uma indicação disso quando escreveu que 'o autossacrifício tem que ser feito com discriminação; tal autorrenúncia, se for feita sem justiça, ou às cegas, sem consideração para com os resultados subsequentes, pode frequentemente se tornar não apenas inútil como nociva. Uma das regras fundamentais da Teosofia é a justiça para consigo mesmo - visto como uma unidade de coletividade humana, não como uma autojustiça pessoal, nem mais e nem menos do que para com os outros.' (A Chave para a Teosofia)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 15/16)