OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 1 de outubro de 2017

RELAÇÕES E ISOLAMENTO (1ª PARTE)

"A vida é experiência, experiência em relação. Não se pode viver no isolamento; a vida, portanto, é relação, e relação é ação. E como adquirir a capacidade de compreender as relações, que é a vida? Não significam as relações, não só comunhão com pessoas, mas também intimidade com coisas e idéias? A vida são relações, que se expressam no contato com coisas, pessoas, ideias. Compreendendo as relações, teremos capacidade para enfrentar a vida de maneira completa, adequada. Nosso problema, portanto, não é ter capacidade — pois esta não é independente das relações — porém, antes, compreender as relações, o que naturalmente produzirá a capacidade de pronta flexibilidade, pronto ajustamento, pronta reação. 

As relações, sem dúvida, são um espelho em que nos descobrimos. Sem relações não existimos. Ser é estar em relação, estar em relação é existir. Só existis em relação, de outro modo não existis, a existência nada significa. Não é porque pensais, que existis, que vos tornais existentes.¹ Existis porque estais em relação, e é a falta de compreensão das relações que causa conflito. 

Ora, não há compreensão das relações porque nos servimos delas apenas como meio de promover alguma realização, promover transformação, promover o 'vir a ser'. Mas as relações são um meio de autodescobrimento, porque estar em relação é ser, é existência. Sem relações, não existo. Para compreender a mim mesmo, preciso compreender as relações. As relações são um espelho, em que posso ver-me, a mim mesmo. Esse espelho pode deformar ou refletir fielmente o que é. Mas a maioria de nós vê nas relações as coisas que prefere ver; não vê o que é. Preferimos idealizar, fugir, preferimos viver no futuro, a compreender aquelas relações no presente imediato. 

Ora, se examinarmos nossa vida, as relações existentes entre nós, veremos que elas constituem um processo de isolamento. Não estamos verdadeiramente interessados uns nos outros; embora falemos muito a esse respeito, não estamos de fato interessados. Só estamos em relação com alguém enquanto essas relações nos agradam, enquanto nos proporcionam um refúgio, enquanto nos satisfazem. No momento em que ocorre qualquer perturbação, causadora de desconforto para nós, abandonamos essas relações. Em outras palavras, só há relações enquanto estamos satisfeitos. Isso pode parecer uma maneira rude de falar, mas se examinardes realmente vossa vida, com muita atenção, vereis que é um fato. Evitar um fato é viver na ignorância, que nunca pode produzir relações corretas. Se examinarmos nossas vidas e observarmos nossas relações, veremos que elas são um processo de criação de mútua resistência, de uma muralha por sobre a qual nos olhamos e observamos, uns aos outros. Conservamos sempre a muralha e permanecemos atrás dela, quer seja da muralha psicológica, quer seja da material, da muralha econômica, da muralha nacional. Enquanto vivermos no isolamento, atrás da muralha, não há relações entre nós. Vivemos fechados, porque achamos muito mais agradável, muito mais seguro. O mundo está tão fracionado, há tanto sofrimento, tanta dor, guerra, destruição, miséria, que desejamos fugir e viver dentro das muralhas protetoras de nosso ser psicológico. As relações, pois, no caso de quase todos nós, são, de fato, um processo de isolamento, e é bem óbvio que tais relações criam uma sociedade, também causadora de isolamento. E isso, exatamente, o que está acontecendo no mundo inteiro: vós permaneceis no vosso isolamento, e estendeis a mão por cima da muralha, chamando a isso nacionalismo, fraternidade, ou o que quiserdes, mas o fato é que continuam a existir os governos soberanos, com seus exércitos. Enquanto apegados às vossas limitações, pensais poder criar a unidade mundial, a paz mundial — coisa de todo impossível. Enquanto tiverdes uma fronteira nacional, econômica, religiosa, ou social, é bem claro que não pode haver paz no mundo. (...)"

¹ Foi o que disse Descartes: Penso, logo existo. (cogito ergo sum) (N. do T.)

(J. Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 89/91)
http://www.pensamento-cultrix.com.br/


sábado, 30 de setembro de 2017

NÃO SE APEGAR NEM À VERDADE

"Buda ensinou que estar apegado a uma coisa, 'sob um ponto de vista', e desprezar outras coisas, 'outros pontos de vista', chama-se vínculo.

Certa vez Buda explicou a seus discípulos a doutrina de causa e efeito, e eles disseram que a viam e a compreendiam claramente. Então disse: - Ó bhikkhus, esse ensinamento, que compreendeis de uma maneira tão pura e clara, se vos apegais a ele e o guardais como a um tesouro, então não compreendeis que o ensinamento é semelhante a uma jangada que é feita para um determinado fim, e não para ser continuamente carregada às costas. - E, assim, deu o seguinte exemplo: Um homem, viajando, chega à margem perigosa e assustadora de um rio de vasta extensão de água. Então vê que a outra margem é segura e livre de perigo. Pensa: 'Esta extensão de água é vasta e esta margem é perigosa, aquela é segura e livre de perigo. Não há embarcação nem ponte com que eu possa atravessar. Acho que seria bom juntar troncos, ramos e folhas e fazer uma jangada com a qual, impulsionada por minhas mãos e meus pés, passe com segurança a outra margem.' Então esse homem executa o que imagina, utilizando-se de suas mãos e seus pés, e passa para a margem oposta sem perigo. Tendo alcançado a margem oposta, ele pensa: 'Esta jangada me foi muito útil e me permitiu chegar a esta margem. Seria bom carregá-la à cabeça ou às costas onde quer que eu vá.' 

- Que pensais, bhikkhus? Procedendo dessa forma, esse homem agiria adequadamente em relação à jangada? - Não, Senhor! - responderam os bhikkhus.

- Como agiria ele adequadamente em relação a jangada? Tendo atravessado para a outra margem, esse homem deveria pensar: 'Esta jangada me foi de grande auxílio e graças a ela cheguei com segurança; agora seria bom que eu a abandonasse à sua sorte e seguisse o meu caminho livremente.' 

Assim, lembrou aos monges, contra um dogmatismo excessivo: 'A doutrina se assemelha à jangada; deve ser considerada não como um fim, mas como um meio; da mesma forma, a jangada é um meio para atravessar, mas não para se apegar. (Majjhima-Nikaya I.)

Com esta parábola ficou claro que Gautama Buda era um instrutor prático; só ensinava o que era útil e o que poderia trazer paz e felicidade ao homem, não dando atenção à especulação intelectual. Achava indispensável ter um ponto de vista não egocêntrico e impessoal, único capaz, aos seus olhos, de amenizar os inevitáveis sofrimentos da vida."

(Dr. Georges da Silva e Rita Homenko - Budismo, Psicologia do  Autoconhecimento - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 19/20)


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

INTELECTO

"Você é um intelectual desses que empenham o nobre talento de que é gerente em estudar, pesquisar, se esclarecer, em buscar ávida e diligentemente a Verdade?

Você tem se apercebido de que, com seu talento, pode melhorar-se e, melhorar as pessoas e a sociedade como um todo, trabalhando arduamento no plano das ideias e ideais, levando propostas e luzes àqueles que, menos dotados intelectualmente, são passíveis de influências (benéficas ou maléficas)?

Há ainda muito que descobrir, entender, conhecer, e, em consequência, propor, ensinar, passar aos demais.

Veja seu bem-dotado intelecto como um poderoso instrumento para sua elevação e a de um número incalculável de pessoas.

Seja vigilante e empenhado no uso de sua inteligência.

Protege, Senhor, de equívocos, dogmas e outras formas de impurezas o meu intelecto. 
Que possa eu, cada vez mais, entender e melhor pensar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 88)


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

IMAGEM DA ETERNIDADE

"A Teoria da Relatividade surgiu depois da época de Helena Blavatsky. Mas ela já considerava o tempo multidimensional, com muitos aspectos que dependem da nossa observação. Nossas ideias sobre o tempo, originadas das nossas sensações, estão 'inelutavelmente vinculadas à relatividade do conhecimento humano.' e vão se desvanecer quando evoluirmos ao ponto de ver além da existência fenomênica.

Segundo Blavatsky, a duração ilimitada, ou atemporalidade, além da relatividade, é o 'tempo incondicionalmente eterno e universal', o númeno do tempo, não condicionado pelos fenômenos que surgem e desaparecem periodicamente. A duração é 'eterna e, portanto, imóvel, sem começo, sem fim, além do tempo dividido e além do espaço'.

É esse aspecto da realidade que produz o tempo como 'a imagem móvel da eternidade', nas palavras de Platão. Os ciclos de manifestação ocorrem dentro da duração infinita, à medida que o atemporal dá origem ao tempo. Assim como ocorre com o espaço e o movimento, nosso mundo familiar de tempo 'dividido' é gerado a partir desse reino indiviso e informe.

A duração abarca tudo simultaneamente, enquanto o tempo que experimentamos precisa se adaptar à visão sequencial: uma coisa de cada vez. É difícil imaginar a realidade como um todo presente simultaneamente na duração, porque nossa mente é parte do processo do tempo. A atemporalidade nos escapa.

Blavatsky explica que aquilo que é visto em um momento específico é a soma de todas as suas diferentes condições, desde o seu surgimento em forma material até o seu desaparecimento da Terra. Ela compara esse somatório com uma barra de metal lançada ao mar. O momento presente de uma pessoa é representado pela seção transversal da barra, no ponto em que o oceano e o ar se encontram. Ninguém diria que a barra surgiu no momento em que deixou o ar ou que desapareceu quanto entrou na água. Da mesma forma, surgimos do passado para mergulhar no futuro, apresentando, momentaneamente, uma faceta de nós mesmos no presente."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 17)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

UMA PROPRIEDADE DA MENTE (PARTE FINAL)

"(...) As crianças ficam à vontade com o tempo não linear; ao brincar, parecem abolir o relógio. Nós também podemos modificar nossas sensações sobre  o tempo e torná-lo mais lento. Com isso, os processos biológicos também ficam mais lentos e saudáveis. A 'doença da pressa' pode ser revertida através das chamadas 'terapias do tempo', de acordo com Dossey. Isso pode ser feito por meio de técnicas como biofeedback, meditação, hipnose, jogos criativos e visualização de fantasias.

Nessas experiências, passado, presente e futuro se fundem, o que libera as pressões do tempo e quebra momentaneamente o seu domínio sobre nossa vida. Essas práticas também tendem a modificar nosso conceito linear do tempo como algo que avança inexoravelmente para a frente. Podemos aprender a sair dessa prisão e viver um 'presente em fluxo eterno', sentindo a atemporalidade da duração.

Quando não estamos mais dominados pelo tempo linear, vivemos em harmonia os aspectos cíclicos do tempo. Para as pessoas que vivem mais próximas à natureza, os ciclos das estações, do dia e da noite, as fases da lua, o plantio e a colheita - e nossos ciclos internos, como vigília e sono, respiração, menstruação - desempenham um papel importante. O tempo, para essas pessoas, é moldado por eventos recorrentes; a vida se ordena de acordo com ritmos naturais, em vez da segmentação artificial dos relógios.

Para essas pessoas, o tempo é um processo dinâmico e interminável, que retorna continuamente - uma espiral, em vez de um rio. O ritmo do viver representa a preservação do princípio dos ciclos, que a teosofia e a filosofia oriental traduzem como uma espécie de movimento circular por toda a realidade manifestada. Viver em harmonia com os ciclos é estar em harmonia com o universo."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 16/17)