OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 24 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (PARTE FINAL)


"(...) 'Treinar' a mente não significa, de modo algum, subjugá-la pela força ou submeter-se a uma lavagem cerebral. Treinar a mente é, antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona, um conhecimento que você tira dos ensinamentos espirituais e da experiência pessoal na prática da meditação. Aí você pode usar a compreensão para domar a mente e trabalhar habilmente com ela, fazendo-a mais e mais dócil, de modo a poder tornar-se mestre de sua própria mente, empregando-a em seu potencial mais amplo e benéfico. O mestre budista do século oitavo, Shantideva, dizia: 

Se este elefante da mente é atado por todos os lados pelo cordão da presença mental, 
Todo medo desaparece a a felicidade completa emerge.
Todos os inimigos: tigres, leões, elefantes, ursos, serpentes [das nossas emoções]²
E todos os guardiões do inferno; os demônios e os horrores,
Todos se submetem à maestria da sua mente,
E pelo domar dessa mente, todos são subjugados,Porque é da mente que procedem os temores e penas infinitas.³

Como o escritor que só domina a espontânea liberdade de expressão depois de anos de estudo muitas vezes estafante, e tal como a simples graça de uma bailarina só é conquistada com enorme e paciente esforço, quando começamos a entender onde a meditação nos levará, saberemos aproximar-nos dela como sendo o grande empenho da nossa vida, aquele que demanda de nós a mais profunda perseverança, entusiasmo, inteligência e disciplina."

² Os animais ferozes e selvagens que eram ameaça no passado, hoje foram substituídos por outros perigos: nossas emoções selvagens e descontroladas.
³ Marion L. Matics, Entering the Path of Enlightenmente: The Bodhicaryavatara of the Buddhist Poet Shantideva (Londres: George, Allen anda Unwin, 1971), 162.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 88

domingo, 23 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (1ª PARTE)

"Há tantas formas de apresentar a meditação, e devo ter ensinado isso milhares de vezes, mas a cada vez é diferente, de um modo direto e sempre novo.

Felizmente vivemos numa época em que pelo mundo todo muita gente se familiariza com a meditação. Tem sido cada vez mais aceita como uma prática que atravessa as barreiras culturais e religiosas e se eleva acima delas, permitindo àquele que a busca estabelecer um contato direto com a verdade do seu ser. É uma prática que a um tempo transcende o dogma e é a essência das religiões.

Via de regra desperdiçamos nossas vidas distraídos do nosso eu verdadeiro, numa atividade sem fim; a meditação é o caminho para trazer-nos de volta a nós mesmos, onde podemos realmente experimentar e provar nosso ser completo, além de todos os padrões habituais. Nossas vidas são vividas em intensa e ansiosa luta, num turbilhão de velocidade e agressão, competindo, apegando-nos possuindo e conquistando, sobrecarregando-nos sempre de atividades irrelevantes e de preocupações. A meditação é o exato oposto disso. Meditar é interromper por completo o modo como 'normalmente' operamos, em benefício de um estado isento de cuidados e tensões em que inexiste competição, desejo de posse ou apego a qualquer coisa, sem a luta intensa e ansiosa, sem fome de adquirir. Um estado desprovido de ambição onde não cabe nem o aceitar nem o rejeitar, nem a esperança nem o medo, um estado em que lentamente começamos a libertar-nos das emoções e dos conceitos que nos aprisionaram, até chegarmos a um espaço de simplicidade natural.

Os mestres da meditação budista sabem o quão flexível e maleável é a mente. Se a treinamos, tudo é possível. Na verdade, já somos perfeitamente treinados pelo samsara e para ele, treinados para ficar ciumentos, treinados para o apego, treinados para ser ansiosos e tristes e desesperados e ávidos, treinados para reagir com raiva ao que quer que nos provoque. Somos treinados, de fato, até o ponto dessas emoções negativas surgirem de modo espontâneo, sem que tentemos produzi-las. Assim, tudo é uma questão de treino e do poder do hábito. Dedique a mente à confusão e logo veremos - se formos honestos - que ela se tornará uma mestra sinistra na confusão, competente no seu vício, sutil e perversamente dócil em sua escravidão. Dedique a mente na meditação à tarefa de libertá-la da ilusão e veremos que com tempo, paciência, disciplina e o treinamento adequado, ela começará a desembaraçar-se e conhecer sua bem-aventurança e claridade essenciais. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 87/88


sábado, 22 de julho de 2017

TRAZENDO A MENTE PARA CASA (PARTE FINAL)

"(...) O que Buda viu foi que a ignorância sobre a nossa verdadeira natureza é a raiz de todos os tormentos do samsara, e a raiz da ignorância em si é a tendência habitual da nossa mente para a distração. Para terminar com a distração da mente era preciso acabar com o próprio samsara; a chave para isso, ele percebeu, era trazer a mente de volta à sua verdadeira natureza pela prática da meditação.

O Buda se sentou no chão em serena e humilde dignidade, com o céu sobre ele e à sua volta, como para mostrar-nos que na meditação você se senta com uma atitude mental aberta como o céu, embora permaneça presente na terra e com os pés no chão. O céu é a nossa natureza absoluta, sem barreiras e infinita, e o chão é a nossa realidade, nossa condição relativa e ordinária. A postura que assumimos quando meditamos significa que estamos ligando absoluto e relativo, céu e terra, espaço e chão, como duas asas de um pássaro, integrando a imortal natureza da mente, semelhante ao céu, e o solo da nossa natureza mortal e transitória. 

A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessitará para viver e morrer bem. A meditação é o caminho para a iluminação."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 86


sexta-feira, 21 de julho de 2017

TRAZENDO A MENTE PARA CASA (1ª PARTE)

"Há cerca de 2.500 anos, um homem que estivera procurando a verdade por muitas e muitas vidas chegou a um lugar tranquilo na Índia setentrional, e se sentou sob uma árvore. Continuou sentado ali com imensa determinação e jurou não se levantar até que tivesse encontrado a verdade. Ao anoitecer, conta-se, ele havia dominado todas as forças escuras da ilusão. E cedo na manhã seguinte, quando a estrela Vênus brilhou no céu do alvorecer, o homem foi recompensado por sua infinita paciência, disciplina e perfeita concentração, atingindo a meta final da existência humana, a iluminação. Nesse momento sagrado, a própria terra estremeceu, como que 'embriagada de felicidade', e segundo dizem as escrituras 'ninguém mais em parte alguma estava irado, doente ou triste; ninguém mais fazia o mal, ninguém mais era orgulhoso; o mundo ficou muito quieto como se tivesse atingido a plena perfeição'. Esse homem ficou conhecido como o Buda. Aqui, o mestre vietnamita Thich Nhat Hanh dá uma bela descrição da iluminação do Buda:
Gautama sentiu como se uma prisão que o confinava há milhares de vidas tivesse se rompido. A ignorância fora seu carcereiro. Devido à ignorância sua mente estivera obscurecida, como a lua e as estrelas ficam escondidas atrás de nuvens de tempestade. Enevoada por infinitas ondas de pensamentos ilusórios, a mente tinha dividido, de maneira falsa, a realidade em sujeito e objeto, o eu e os demais, existência e não existência, nascimento e morte, e dessas discriminações surgiram concepções erradas - as prisões dos sentimentos, do desejo, do apego, do vir-a-ser. O sofrimento do nascimento, da velhice, da doença e da morte apenas engrossou as paredes da prisão. A única coisa a fazer era pegar o carcereiro e olhar seu verdadeiro rosto. O carcereiro era a ignorância... Quando ele se foi, o cárcere desapareceu e nunca mais se reconstruiu.¹ (...)"
¹ Thich Nhât Hanh, Old Path, White Clouds (Berkeley, Califórnia: Parallax Press, 1991), 121.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 85/86


quinta-feira, 20 de julho de 2017

COMO REDUZIR A IRA

"O ressentimento e a ira muitas vezes levam a doenças; por isso, é importante não se deixar contaminar automaticamente por uma pessoa zangada e manter-se atento ao crescimento da própria ira em resposta à ira do outro. Mesmo que esse sentimento surja, pode-se mudar o foco da atenção, visualizar alguém com quem se tem um relacionamento amoroso e deixar que esse amor flua para fora, mesmo que seja durante um curto espaço de tempo.

Essa mudança de atenção permite perceber as causas da ira e nossa habilidade de diminuir nossas próprias respostas hostis. Em suma, isso nos fornece uma melhor perspectiva do padrão da interação. É possível, dessa forma, produzir um fluxo mais positivo de pensamentos suavizantes, calmos, e enviá-los à pessoa com quem se está zangado. De início isso parece uma tarefa impossível, mas a tentativa de implementar essa estratégia desenvolve a percepção que lentamente transforma a resposta automaticamente hostil numa resposta natural e suave.

Muito embora a pessoa possa perceber que está reagindo com raiva, hostilidade e ressentimento, muitas vezes ela resolve não mudar, já que não reagir negativamente à emoção negativa da outra pessoa é interpretado, em nossa cultura, como fraqueza ou submissão. Porém, ao escolher deliberadamente uma resposta positiva, a pessoa desenvolve um método ativo de mudar seu próprio comportamento condicionado.

Perceba os efeitos dos impactos emocionais. Você é capaz de intervir, reduzir as tensões e otimizar seus relacionamentos."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 37)