OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 29 de junho de 2017

A PROMESSA DE ILUMINAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A iluminação, como já disse, é real; cada um de nós, seja quem for, pode nas circunstâncias certas e com o treinamento adequado realizar a natureza da mente, e assim conhecer em si mesmo o que é imortal e eternamente puro. Essa é a promessa de todas as tradições místicas do mundo, e ela foi e está sendo cumprida em milhares e milhares de vidas humanas.

Essa promessa é ainda mais maravilhosa porque não se trata de alguma coisa exótica ou fantástica, nem para uma elite, mas para toda a humanidade. E quando nós a realizamos, dizem os mestres, é inesperadamente comum. A verdade espiritual não é algo elaborado e esotérico, mas é um profundo bom senso. Quando você tem a realização da natureza da mente, camadas de confusão são removidas. Você de fato não 'se torna' um buda, mas simplesmente deixa pouco a pouco de viver no engano e na ilusão. E ser um buda não é ser um onipotente super-homem espiritual, mas tornar-se um verdadeiro ser humano.

Uma das maiores tradições budistas chama a natureza da mente de 'a sabedoria do ordinário'. Por mais que se diga, não é o bastante: nossa verdadeira natureza e a natureza de todos os seres nada têm de extraordinárias. A ironia é que este mundo que chamamos de ordinário é que é extraordinário, uma alucinação fantástica e complexa da visão enganosa do samsara. É essa visão 'extraordinária' que nos deixa cegos para a natureza 'ordinária', natural e inerente da nossa mente. Imagine se os budas estivessem olhando agora para nós, aqui embaixo: como eles se admirariam, com tristeza, da letal engenhosidade e complexidade da nossa confusão!

Às vezes, porque somos tão desnecessariamente complicados, quando a natureza da mente é introduzida por um mestre ele parece simples demais para que acreditemos nela. Nossa mente ordinária nos diz que não pode ser, que deve haver alguma coisa a mais do que isso. Com certeza deve ser alguma coisa mais 'gloriosa', com luzes fulgurando no espaço ao nosso redor, anjos de cabelos doirados esvoaçantes vindo ao nosso encontro e a voz profunda de um Mágico de Oz anunciando: 'Agora você foi introduzido à natureza da sua mente'. Não há esse drama todo. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 82/83

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A PROMESSA DE ILUMINAÇÃO (1ª PARTE)

"No mundo moderno há poucos exemplos de seres humanos que encarnam as qualidades que advêm da realização da natureza da mente. Então nos é difícil até imaginar a iluminação ou as percepções de um ser iluminado, e mais ainda começar a pensar que nós mesmos podemos nos tornar iluminados.

Apesar da jactância com que celebra o valor da vida humana e da liberdade individual, nossa sociedade nos trata como indivíduos obcecados pelo poder, o sexo e o dinheiro, que precisam ser constantemente afastados de todo contato com a morte ou com a vida real. Se nos falam ou começamos a suspeitar de nossa profunda potencialidade, não podemos crer nela. E se imaginamos de algum modo a transformação espiritual, nós a vemos como sendo possível apenas para os grandes santos e mestres espirituais do passado. O Dalai Lama fala frequentemente na falta de verdadeiro amor próprio e respeito por si mesmo que vê em muita gente no mundo moderno. Subjacente a toda a nossa perspectiva há uma convicção neurótica das nossas próprias limitações. Isso nos nega toda esperança de despertar e contradiz de maneira trágica a verdade central dos ensinamentos do Buda: a de que já somos todos essencialmente perfeitos.

Mesmo se pensássemos na possibilidade de iluminação, um simples olhar para aquilo que compõe a nossa mente comum - raiva, cobiça, ciúme, rancor, crueldade, luxúria, medo, angústia e confusão - minaria para sempre toda esperança de alcançá-la, se não nos tivessem falado sobre a natureza da mente e sobre a possibilidade de vir a realizar essa natureza que está para além de toda dúvida.

Mas a iluminação é real, e ainda há mestres iluminados na terra. Se você encontra um deles, será sacudido e tocado no fundo do seu coração, e perceberá que todas as palavras tais como 'iluminação' e 'sabedoria', que você pensou serem só ideias, são de fato verdades. Apesar de todos os seus perigos, o mundo de hoje é também muito empolgante. A mente moderna está se abrindo lentamente para diferentes visões da realidade. Pode-se ver na televisão grandes mestres como o Dalai Lama e Madre Teresa de Calcutá; muitos mestres do Oriente agora visitam e ensinam no Ocidente, e livros de todas as tradições místicas estão ganhando um número cada vez maior de leitores. A situação desesperada do planeta está despertando as pessoas para a necessidade de transformação em escala global. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 81/82

terça-feira, 27 de junho de 2017

A PAZ NASCE DA MANSUETUDE

"O Chefe de Estado que obedece a Tao
Não tenta dominar com violência,
Porque sabe que toda a violência
Recai sobre o próprio violento.
Nos campos de batalha,
Só medram espinhos e cardos.
Guerras geram angústias e miséria.
Por isto, o sábio vive sem armas,
Não obriga ninguém com violência,
Não conhece ambição nem glória,
Não alimenta presunção alguma,
Nem aspira ao poder.
Faz o que deve fazer,
Mas sem forçar ninguém.
Ele conhece o ritmo da evolução,
Sabe que tudo falha
Quando contradiz às leis da vida,
Porque todas as ilusões
Depressa se dissipam.

EXPLICAÇÃO: (...) Uma guerra justa não é essencialmente melhor do que uma guerra injusta, porque ambas têm por base a egoidade humana, que em si mesma é um fator negativo.

Quando se trata da alternativa de 'matar ou morrer', o ego opta pela primeira e a justifica, porque, para ele, morrer é deixar de existir, ao passo que, para o Eu divino no homem, morrer não é deixar de existir, e morrer para não matar equivale a existir melhor e mais verdadeiramente.

Mas o ego, essencialmente ilusório, não pode compreender tão grande verdade. O ego só conhece 'o direito', que é sinônimo de egoísmo, ao passo que o Eu se guia pela 'justiça', homônimo de verdade e amor, incompatíveis com o direito, como a luz é incompatível com a treva."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 89/90)


segunda-feira, 26 de junho de 2017

SABEDORIA NA PRÁTICA (PARTE FINAL)

"(...) Quando governo ou gerencio com efetividade, tenho como objetivo a melhoria na qualidade de vida das pessoas em primeiro lugar. Isso, no entanto, começa comigo. Estar bem comigo mesmo é condição para ser capaz de gerenciar com eficiência e qualidade. Não quero que as pessoas se impressionem com minhas palavras, quero estar satisfeito com minha vida para ser capaz de servi-las com integridade. Quem não respeita esse princípio pode até ser cheio de conhecimento, mas tem pouco autoridade no servir e vive uma relação interna esquizofrênica, frustrada e inquieta.

Vejo um profissional sábio quando enxergo a admiração de seus colaboradores, a serenidade de seus negócios, o sorriso de seus amigos, o cuidado de seus afetos, o acolhimento aos seus clientes. Há um ditado que diz: 'Tua vida me impede de crer no que dizes.' Sabedoria é ver no exterior meu mundo interior e melhorar meu mundo interior se o exterior não me traz felicidade. É ter menos papo e fazer aquilo que se propõe.

Terceio, ser sábio tem a ver com gratidão. A sabedoria revela-se no modo como sou grato porque vejo no outro a possibilidade de aprender. Salomão dá mais presentes à rainha de Sabá do que aqueles que dela recebeu. Ele entende que não se estava estabelecendo ali uma relação comercial. Sabedoria tem a ver com prazer da convivência. É nessa perspectiva que os demais interesses devem se pautar. Se tenho isso em mente, atendo melhor, produzo com qualidade, comercializo com honestidade, honro meus compromissos, relaciono-me com sinceridade, gerencio com integridade, meu ganho é justo e dele não me envergonho, e aprendo sempre.

É esse tipo de sabedoria que está faltando para que o que sabemos faça mais sentido prático na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam."

(Homero Reis - Sabedoria, a competência perdida - Revista Sophia, Ano /10, nº 39 - p. 14/15)


domingo, 25 de junho de 2017

SABEDORIA NA PRÁTICA (2ª PARTE)

"(...) Primeiro, ser sábio significa ter um tipo de sabedoria capaz de organizar a vida e não apenas as ideias. Tem gente que consegue explicar tudo, falar sobre tudo, refletir exaustivamente sobre as coisas, mas não consegue realizar nada. Ou, na melhor hipótese, tem uma realização sofrida e angustiada. Tomar consciência disso e organizar a vida é um propósito sábio. A sabedoria não pretende encher nossas mentes de ideias e conhecimentos, mas abri-la para ver nossa coerência.

A rainha viu a coerência nas pessoas e nas coisas que cercavam Salomão. A vida real era um reflexo de sua vida interior e um convite ao aprendizado. O que Salomão falava estava presente no modo como vivia seu reino e como conduzia seu povo. O exemplo de vida e a vida exemplar lhe concediam a autoridade necessária para gerir com sucesso. Essa ideia nos mostra que a competência nas relações executivas não pode ser excludente das competências na vida privada e relacional.

Conheço vários executivos, 'cheios de sucesso' na vida profissional, cuja vida afetiva, familiar e emocional estão a ponto de explodir. Vidas sustentadas por doses diárias de antidepressivos, cuja intimidade mostra uma confusão totalmente antagônica ao aparente sucesso profissional. Autoridade se dá quando as pessoas conseguem enxergar o que eu falo, quando meus atos são reflexo das coisas em que creio, e isso tudo envolvido em qualidade de vida. 

Ser sábio significa ter um tipo de sabedoria que ajuda o outro a ser feliz a partir da própria felicidade. Essa é a razão pela qual nos relacionamos, trabalhamos, produzimos e nos reproduzimos - ser e fazer outros felizes. A rainha viu como eram felizes aqueles que se relacionavam com Salomão, suas esposas, seus servos, seus colaboradores e funcionários. Salomão não tinha o trabalho como um fim e si mesmo, mas como o modo pelo qual poderia melhorar a vida de seu reino e de sua comunidade. Não via o conhecimento que adquirira como algo desconectado de suas relações. Quando o saber encontra o outro, revela o que sou capaz de fazer para melhorar a mim mesmo e ao outro. (...)"

(Homero Reis - Sabedoria, a competência perdida - Revista Sophia, Ano /10, nº 39 - p. 14)