OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 18 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (3ª PARTE)

"(...) Tendo considerado, de uma forma geral, a mútua interação de todos os seres humanos, e como a única forma de servir a Deus é servir o Homem — o Filho de Deus — agora iremos considerar os seis Grupos.

1. Karma Conjugal. O marido e a mulher partilham, cada qual, do Karma do outro, mas isso se dá especial­mente assim quando existe perfeita união entre marido e mulher, porque seus respectivos karmas podem mesclar-se, tanto mais se a união existiu em vidas passadas, como marido e mulher ou como amigos, e assim eles compar­tilham das alegrias e desgostos um do outro, sentindo da mesma maneira os interesses um do outro. Numa união espiritual do mais puro amor, o laço, uma vez feito, nun­ca mais é rompido, e duas almas assim ligadas serão tra­zidas de volta, vida após vida, embora não obrigatoria­mente como marido e mulher. Podem voltar como ami­gos íntimos. Essa doutrina do Karma Conjugal deu nas­cimento, na Índia e em partes da China, ao 'sutee', a autoimolação de uma fiel viúva sobre a pira funeral do ma­rido. Um triste costume, que felizmente está morrendo, porém que, não obstante, mostra uma alma de nobre elevação na mulher que o seguia e uma grande fé no en­contro após a morte. É uma pena que essa nobre quali­dade não pudesse ser transformada na paciência maior que o conhecimento do Karma deveria causar, e que a ensinaria a esperar o dia da morte, em vez de determiná-lo por si mesma. Não apenas no Oriente, mas também no Ocidente, tem acontecido com frequência que o so­brevivente perca todo o gosto pela vida, e a dor e o cora­ção despedaçado abram uma sepultura depressa demais. Quantos suicídios têm resultado de um amor perdido! O conhecimento da Lei do Karma tende a abrandar esses males e a tornar a vida mais suportável, mostrando que o dia do reencontro é mais bem determinado pelo Kar­ma, que atua pelo amor de Deus, e não por qualquer ato autossugerido, que, afinal, é egoístico. Existe grande nú­mero de pessoas cuja vida seria mais animada por um pouco de amor, e há espaço para o trabalho do enlutado. Assim é que eles podem adoçar sua perda, e mostrar que o amor por uma pessoa não obscurecia o amor pelo Se­nhor do Amor. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 31


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (2ª PARTE)

"(...) Já que afetamos uns aos outros, uma pessoa piedosa irá 'transferir' ou fazer um 'parivarta' de seus méritos em benefício de todos os seres. E isso virá do amor que tem a todos, e do seu desejo de ajudar a salvação da raça. 'Todo o bem que fazemos é absorvido no depósito uni­versal de méritos, que é nada menos do que o Dharma-kâya (Deus). Cada ato de amorosa bondade é concebido no Seio de Tathâgata (Seio do Senhor Universal) e ali é nutrido e amadurecido, vindo a ser trazido de novo a este mundo do Karma para dar seus frutos' (ib.). A dou­trina, aqui, é lindamente exposta, e com muita clareza, mas é preciso notar que o que ela diz sobre a região do Karma não estar no Mundo Social aplica-se ao bem moral e aos maus frutos, pois em outra parte ela diz que o Kar­ma também é Social, isto é, Coletivo.

Pugnar pelo bem-estar da Humanidade é o nosso mais sagrado trabalho, e 'transferir' nossos méritos, tanto quanto possível, para a salvação dos outros, é ajudar os Salvadores em Seu Trabalho, aqueles que por amor e com­ paixão para com a Humanidade renunciaram à sua entra­da final no Nirvana enquanto houver alguém do lado de fora de suas portas. 'Trabalhar pela Humanidade é o pri­meiro passo', diz a A voz do silêncio, e não há serviço de Deus que não se resolva em serviço para com a Huma­nidade. As doçuras das altas regiões são para todos, e devemos trazer para baixo, para os mortais, o incenso celestial. (...)
        
Aqueles que não veem o divino objetivo de toda a Vida, os que se separam dos outros, aqueles cujos pensa­mentos são para as alegrias que podem ser obtidas para si — esses são os filhos de Mâra, o Mal, que prejudica o progresso da Humanidade, tal como o saibro paralisa as rodas de uma máquina, prejudicando-a em seu trabalho. Mesmo assim, não nos devemos afastar deles, porque são exatamente os que precisam de luz e de ajuda. 'Conside­ro o bem-estar de toda a gente como algo pelo qual devo trabalhar', diz o piedoso e nobre Imperador Asoka em seu sexto Édito. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (1ª PARTE)

"Karma Individual é o que cada um de nós colhe e se­meia para si próprio. (...) Agora vamos consi­derar o Karma em suas complexas interações; e aqui pode parecer que, em se tratando do Karma Coletivo (Social ou Supraindividual), estaremos tratando com o que pode parecer modificações, ou mesmo violações do rigor da Lei Kármica. Mas não é assim, como veremos.

O Karma Coletivo pode ser dividido em Seis Grupos Principais, como se segue:

1. O Karma Conjugal.
2. O Karma de Família.
3. O Karma Mútuo.
4. O Karma Nacional.
5. O Karma Racial.
6. O Karma Universal.

Está exposto em muitos escritos sagrados que nos­sos pensamentos e ações afetam outras pessoas em maior ou menor extensão. Nesse fato baseia-se a atividade do Karma Coletivo. Todos somos uma Unidade Espiritual, ou Fraternidade, negada como pode ser, e todos nada­mos no mesmo Oceano da Vida. Portanto, cada mau pen­samento polui, em pequena extensão que seja, esse ocea­no, e cada bom pensamento ajuda a purificá-lo. Em outras palavras, somos, em apreciável extensão, os guardas dos nossos irmãos. Não há separatividade na Realidade. A ilusão da separatividade em relação ao nosso próximo é a Grande Heresia e a raiz de todo o Mal. Precisamos compreender que cada bom pensamento que enviamos para ajudar outros deve ter seu efeito, da mesma forma pela qual cada mau pensamento é um poluidor. As cor­rentes de pensamentos movem-se de acordo com a força que está por trás deles. Pensamentos puros formam uma aura pura em torno da pessoa que os tem, e são pacíficos e serenos. Diz Éliphas Lévi: 'Muitas vezes ficamos estupefatos quando, em sociedade, somos dominados por pensamentos e sugestões voltados para o Mal, coisa que não teríamos julgado possível, e não nos apercebemos de que eles só vieram pela presença de algum vizinho mór­bido... almas doentes que têm o hálito mau, e viciam a atmosfera moral; mesclam reflexões impuras, por assim dizer, com a luz astral que nelas penetra, estabelecendo, assim, correntes deletérias.' Vendo o quanto afetamos uns aos outros, aprendemos a resguardar nossos pensa­mentos e atos e a viver considerando tanto a felicidade pública como a nossa própria. Lemos em Fo-Pen-Hing-Tsih-King, v. 43: 'Nosso dever é fazer alguma coisa, não só em nosso benefício, mas para o bem daqueles que nos vierem procurar.' E, em Luz no caminho: 'Recordem que o pecado e o opróbrio do mundo são o teu pecado e o teu opróbrio, porque tu és parte dele.' Recordai! Com que frequência esquecemos! Esquecemos as dores dos outros, dores que são nossas, para partilhar e ajudar a suportá-las. Esquecemos que não devemos condenar o Mal em outros, enquanto qualquer mal ainda estiver em nós. 'Que aquele que for sem pecado atire a primeira pedra' (Jesus). O Sr. Suzuki, em seu Esboço do budismo Mahâyâna, expõe o caso muito habilmente. Ele diz: 'To­dos os sofrimentos sociais não são obrigatoriamente pro­duzidos por um Karma passado, mas podem ser engen­drados pelas imperfeições do atual sistema social. A re­gião do Karma não está no mundo social e econômico, mas no mundo moral. A pobreza não é, fatalmente, a con­sequência de atos maus, nem a plenitude é consequência de atos bons. A recompensa do Bem é a bem-aventurança espiritual — contentamento, tranquilidade de espírito, humildade de coração, imutabilidade da fé — todos os tesouros celestiais... Os atos, bons ou maus, deixam efei­tos permanentes no sistema geral dos seres sensíveis, e não no próprio autor, mas em todos, constituindo a gran­de comunidade psíquica chamada Dharmadhâtu (univer­so espiritual), que sofre e goza os resultados de um ato moral. O universo é uma grande comunidade espiritual — a mais complicada, a mais sutil e mais sensitiva e a massa de átomos espirituais mais bem organizada, e transmite suas correntes de eletricidade moral de uma partícula para outra, com a máxima rapidez e segurança. Porque a comunidade, no fundo, é uma expressão do Dharma-kâya UNO (Deus).' (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 29/30

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O QUE NÃO É MEDITAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A observação ininterrupta, sem força, julgamento ou interferência, resulta no esvaziamento natural da mente. É importante destacar que qualquer tentativa de aquietar o pensamento vem do próprio pensamento, e é o mesmo que 'pensar para não pensar' ou 'se esforçar para não fazer força'. Portanto, a observação deve ser pura, sem intenção. Essa percepção requer plena atenção e sensibilidade, jamais força ou embotamento. (...)

Patãnjali afirma que existe um intervalo entre um pensamento e outro, mas, como vivemos distraídos, percebemos apenas a continuidade do pensamento, e vivemos num estado de tagarelice mental incessante, que sobrecarrega o cérebro e nos impede de sentir a plenitude da vida.Com a prática da percepção do intervalo, a mente se renova constantemente. (...)

Portanto, a mente torna-se mais lúcida, perceptiva e inteligente. Com o desenvolvimento da prática, a percepção do intervalo torna-se mais profunda e duradoura, o que, no sutra número 11, Patãnjali denomina 'percebimento da quietude': 'Há uma transformação na qual a mente está ciente do silêncio que surge com a cessação das distrações'.

Essa transformação é conhecida como samadhi-parinama, ou percebimento da quietude. É essa quietude a condição para a experiência da comunhão espiritual, que é o sentir-se plenamente vivo e integrado no momento presente, sem a interferência do 'falatório' mental. É só nessa condição de sensibilidade que podemos perceber os 'milagres' cotidianos da Criação nesse mundo concreto, que alguns, talvez por frustração ou tédio, insistem em negar.

Como se viu nessa breve análise, o misticismo do yoga de Patãnjali não está em experiências 'estratosféricas', 'astrais', ou 'alucinantes', e sim em desenvolver sensibilidade para perceber o caráter extraordinário do mundo em que vivemos e da forma que ele é."

(Cristiane Szynwelski - O que não é meditação - Revista Sophia, Ano 7, nº 28 - p. 41)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O QUE NÃO É MEDITAÇÃO (1ª PARTE)

"Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga-Sutras de Patãnjali, alerta para os perigos da falsa meditação. Ele explica que, por meio do uso de drogas, encantamentos, auto-hipnose, práticas indiscriminadas de mantras, hatha yoga, rituais e 'emocionalismo frenético', a mente pode ser levada a um estado de 'pseudovazio', onde o pensamento é parado à força.

Nesse pseudovazio a mente não fica silenciosa e alerta para poder experimentar a comunhão espiritual, mas sim passiva e embotada. Mehta adverte que há, atualmente, uma grande quantidade de movimentos 'neoióguicos' ou 'pseudoióguicos', difundidos por uma safra de falsos místicos, que confundiram as visões da mente pseudovazia com a percepção da realidade. Em muitos casos, após essas experiências pseudoespirituais, os falsos místicos apresentaram comportamento anormal e tendências neuróticas. Um verdadeiro místico - tomamos como exemplo um iogue muito conhecido no Ocidente, Paramahamsa Yogananda - jamais apresentaria um comportamento desequilibrado.

A explicação de Mehta para o problema do pseudovazio é a seguinte: quando o processo do pensamento é parado à força, por meio desses métodos que já citamos, o 'eu' que pensa fica apenas aguardando a primeira oportunidade para se manifestar, aí ele volta com toda a intensidade.

Parar o pensamento à força ou com métodos artificiais não é meditação. Esse é exatamente o método da repressão. Se um cavalo inquieto for trancado numa pequena cocheira, assim que a porta abrir, ele sairá correndo e dando pinotes.

Os sábios dizem que é impossível transmitir em palavras o que a meditação é. Mas podemos estudar o assunto como se fosse um mapa para uma viagem. Trazemos aqui algumas ideias da aprofundada discussão que Mehta faz em Yoga - a arte da integração (Ed. Teosófica). Explicando Patãnjali, ele diz que a meditação é a percepção do silêncio que aparece no intervalo entre um pensamento e outro, por meio da observação clara e ininterrupta do processo do pensamento. (...)" 

(Cristiane Szynwelski - O que não é meditação - Revista Sophia, Ano 7, nº 28 - p. 41)