Portanto, estou buscando perceber a verdade, mas eu mesmo estou barrando o caminho. Como sair dessa? É simples: temos que morrer para o 'eu', para o processo egoico. Explorando-o e observando-o, sem condená-lo ou justificá-lo. conseguimos ver como esse processo surge, o que ele faz às nossas vidas e aos nossos relacionamentos. Talvez, ao assim observar, a consciência perceba que eu mesmo estou criando o processo egoico, e que sou responsável por criar miséria em minha vida. Quando enxergarmos o perigo desse processo, talvez então ele termine.
O problema do ódio, ciúme, apego, desejo e frustração são como muitos ramos de uma enorme árvore, cuja raiz é o processo egoico. Quando um desses problemas se manifesta, começamos a investigar para resolvê-lo; quando é resolvido, nós paramos. Mas não paramos naquele ponto. Continuamos com a investigação, embora a dor tenha desaparecido. Se você recuar bastante para chegar até a raiz, verá que cada ramo tem o potencial de desenterrar toda a árvore.
Não faz sentido cortar apenas um ramo, porque, enquanto a raiz estiver lá, outro ramo crescerá. Krishnamurti costumava dizer: 'Continue observando; comece com qualquer coisa que esteja ocupando sua mente, mas não aceite respostas simples. Não se evada, não se satisfaça com a resolução do problema imediato. Pergunte por que ele surgiu e aprofunde-se nele.' Isso dá à pessoa a oportunidade de aprender a respeito de si própria com profundidade. (...)"
(P. Krishna - Novas maneiras de ver o mundo - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 10/11)