OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

AS TRÍADES

"Heráclito (século VI a.C.) e Aristóteles (século IV a.C.) descrevem ambos o Caminho do Meio como a Senda de Ouro. De acordo com Aristóteles, a virtude ou excelência depende de julgamento claro, de autocontrole, de equilíbrio do desejo, de habilidade com os recursos. Não é posse de um único homem, nem recompensa da intenção inocente, mas a aquisição da experiência no homem plenamente desenvolvido.

Aristóteles organizava as qualidades do caráter em tríades, nas quais dois representam os extremos ou os vícios, e o terceiro é a virtude ou excelência. Por exemplo, entre os extremos da covardia e a temeridade encontramos a virtude da coragem, e entre a humildade e o orgulho está a modéstia.

Mas somente o homem plenamente realizado pode apreciar essa verdade. O extremista considera o Caminho Dourado como o maior dos erros. Por exemplo, o homem bravo é chamado de impetuoso pelos covardes e de covarde pelos impetuosos. Na política moderna 'o liberal' é chamado de 'conservador' pelos radicais e de 'radical' pelos conservadores. Os gregos, por outro lado consideram os extremos como as qualidades da pessoa ignorante. Também entendiam que todas as ações, quer fossem vícios ou virtudes, são causadas pela 'paixão', a força interior diretora da vida. Para os gregos, as paixões em si mesmas não eram vícios, mas constituíam a matéria-prima tanto da virtude quanto do vício, quer funcionassem em excesso ou fossem desproporcionais em medida e harmonia.

Esse conceito da harmonia dos opostos como o melhor meio de se atingir a maturidade espiritual é reconhecido por todas as religiões orientais. A essência do modo de vida hindu é ser resoluto no prazer e na dor, no sucesso e no fracasso, no ganho e na perda. Tais opostos devem ser aceitos como companheiros inevitáveis da vida, e a pessoa não deve ser levada ao desespero e à consequente inação devido ao fracasso, nem deve partir para a ação indiscriminadamente a fim de alcançar o sucesso. O Hinduísmo não advoga o estoicismo e nem exorta a pessoa a evitar o prazer e infligir-se penitências, seja pelo pecado dos outros ou de si mesma. Ao mesmo tempo, deplora o hedonismo, que, indiferente às buscas pelo mais elevado, pode afogar os sentidos da pessoa no oceano dos prazeres sensuais. Devemos viver em harmonia, trilhando o dourado Caminho do Meio, entre aqueles dois extremos, em vez de fazermos esforços frenéticos para banir um ou outro de nossas vidas."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 22/23)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) As pessoas voltam-se para o ócio sob a alegação de que nada existe para fazerem, porque todo o curso de eventos cósmicos está estabelecido e não pode ser influenciado por suas ações.

Mas a incompreensão jaz no fato de que, uma vez que as sutilezas dos princípios cósmicos não se aplicam às atividades comuns da vida humana, o homem é incapaz de seguir esse princípio de não ação até que seja elevado ao estado de realização cósmica. Tal paradoxo aparente é semelhante à situação na esfera da física. As Leis do Movimento de Newton muito contribuíram para o conforto material, mas não conseguiram explicar os mistérios fundamentais da natureza. Com um insight mais profundo e com a ajuda da Teoria da Relatividade de Einstein, as imperfeições da Leis de Newton foram reveladas. Mas, de qualquer maneira, as descobertas técnicas, baseadas nas leis, retèm sua utilidade. Isso acontece porque, enquanto a Teoria da relatividade é essencial para o estudo da ultraestrutura da matéria, para os propósitos mais grosseiros como as explicações técnicas, as inexatidões das Leis de Newton podem ser ignoradas. 

De modo semelhante, para as atividades comuns à vida diária, a lei de ação produzindo frutos é bastante útil; muitos vivem por meio dessa máxima, ganhando dinheiro, alcançando a fama, e exercendo o poder. A imperfeição da lei mal é notada quando aplicada às atividades mundanas, mas é bastante óbvia quando se tenta segui-la na busca de objetivos mais elevados e mais nobres. Aqui, o princípio da não ação deve entrar em cena; mas, para aplicar esse princípio, a pessoa deve levantar o véu da ignorância. Com a combinação de razão e experiência espiritual, a pessoa pode começar a apreciar esse propósito cósmico altruístico. 'Seja feita a Vossa vontade, Ó Senhor', torna-se a aspiração constante da pessoa. E assim Krishna ensina a Arjuna, 'Dedicando todas as ações a mim, com teus pensamentos no Eu Supremo, livre das ambições e do egoísmo, e curado da febre mental, empenha-te na luta'.

Em todo nosso esforço para conseguir fama, poder, riqueza, ou eminência intelectual, estamos buscando a bem-aventurança. Mas essa bem-aventurança é um fim em si mesma. Somente a bem-aventurança que surge da iluminação é que deve tornar-se a meta de nossa vida. Convencidos de que essa bem-aventurança pode ser atingida através da ação, a questão é: 'Qual é a melhor ação? - a do sábio, a do guerreiro, a do artista, ou a do erudito?'."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21/22)


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (1ª PARTE)

"Encontramos exemplo disso na condição de Arjuna no campo de Kurukshetra. Totalmente perplexo com a visão de seus parentes em formação militar em ambos os lados do campo de batalha, ele não consegue decidir sobre o curso de ação a tomar. E em desespero grita: 'Se achais que o conhecimento é superior à ação, por que Vós, Ó Kesheva, me ordenais praticar esta terrível ação? Dize-me com certeza o caminho pelo qual chegarei à bem-aventurança?'

Ao que Krishna responde: 'Sem apego e constantemente executando a ação que é o dever, pois pela execução da ação sem apego o homem verdadeiramente alcança o Supremo.'

Essa resposta dada a Arjuna é válida para nós até mesmo hoje em dia. A verdade é que a pessoa só pode atingir a bem-aventurança pelo cumprimento do seu próprio dever; chega-se à libertação através da ação. Mas, como temos visto, a ação deve ser sem apego. Essa atitude de desapego é estranha à mente humana porque os homens acham difícil compreender que toda a Criação, com todos os seus eventos, é uma peça de Brahman - uma manifestação inumerável da Realidade Última na qual o homem é, por assim dizer, um mediador para que a ação possa de fato acontecer.

O homem plenamente realizado, então, jamais age com apego, pois ele sabe que nem a ação nem suas consequências são atribuíveis a ele mesmo. Quando a mente desperta, passa a compreender a unidade de todas as coisas e de todos os seres no fluxo cósmico dos eventos, a considerar suas próprias ações, juntamente com os resultados, como sendo parte daquele mesmo fluxo cósmico. (...)"

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21)

domingo, 13 de novembro de 2016

A SENDA DO EQUILÍBRIO

"Qual é a melhor maneira de viver? Em algum estágio de sua vida a pessoa tem que responder a essa pergunta por si mesma. Nesta sociedade cada vez mais caótica e em um mundo de crescente complexidade, a questão torna-se mais urgente e a resposta mais importante.

Uma outra questão no mesmo contexto, e igualmente desconcertante, diz respeito ao objetivo da pessoa na vida. Isso é um pouco mais complicado por causa dos princípios éticos aparentemente contraditórios que são propostos. Os sábios e os santos, cuja meta é a salvação, tentam levar uma vida de pureza espiritual. Eles veem a criação como uma peça da Divindade, onde todos os fenômenos são uma manifestação de Brahman, a Realidade Última. Eles disciplinam suas mentes para transcender a multiplicidade de coisas, e finalmente fundir-se com a realidade ao libertar-se de Maya, o mundo das aparências.

Por outro lado, os assim chamados homens práticos, para quem o mundo é a única realidade, têm por meta o acúmulo de posses materiais e a obtenção do poder mundano. Não são para eles as especulações filosóficas referentes à libertação espiritual, que consideram como uma ilusão baseada nas alucinações de mentes anormais.

Entre esses dois extremos existem outros grupos que têm como meta suprema na vida as aquisições no campo do conhecimento, seja artístico ou científico.

O homem comum, na busca de uma meta e uma ética para sua própria vida, fica desnorteado com todas essas visões conflitantes. Ele acha difícil fazer uma escolha, já que elas são diferentes e opostas entre si.

Porque não têm certeza em suas mentes quanto à meta que buscam, alguns desesperadamente adotam uma filosofia após outra, enquanto outros ainda se sentem levados a adotar uma atitude fatalista, abandonando todos os pontos de vista e ignorando todos os ensinamentos. Essa é uma doença mais comum e mais insidiosa, e é grandemente responsável pela atual doença da humanidade.

As escrituras antigas ofereciam respostas para isso, mas, com tristeza, elas são invariavelmente mal interpretadas e consequentemente mostram-se mais danosas do que úteis, tirando a humanidade do caminho e levando-a para mais distante da meta por ela almejada." 

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 20)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


sábado, 12 de novembro de 2016

O BEM E O MAL

"(...) Há tanto mal no mundo! Sim, mas é feito principalmente pelo homem. Diz o Mestre: 'O mal não existe per se e não é senão a ausência do bem. Ele existe somente para aquele que é transformado em sua vítima. O mal procede de duas causas - e assim como o bem, não é uma causa independente na natureza. A natureza é destituída de bondade ou maldade; ela segue somente leis imutáveis quando dá vida e alegria, ou envia sofrimento e morte, e destrói o que criou. A natureza tem um antídoto para cada veneno, e suas leis têm uma compensação para cada sofrimento... O verdadeiro mal procede da inteligência humana, e sua origem está inteiramente no homem pensante que se dissocia da natureza. Só a humanidade é então a verdadeira fonte do mal. O mal é o exagero do que é bom, produto do egoísmo e da ganância humanos. Pense profundamente e você verificará que, salvo a morte, que não é um mal, mas uma lei necessária, e acidentes que sempre encontrarão sua compensação numa vida futura, a origem de todo mal pequeno ou grande, está na ação humana, no homem cuja inteligência faz dele um agente livre na natureza.' (C.M.)

O homem, preso ao jogo de 'par dos opostos', foi dotado de livre-arbítrio e livre escolha, e deve aprender 'como escolher o bem e rejeitar o mal' e finalmente se erguer àquele Amor fundamental que ultrapassa tanto o chamado bem, quanto o mal. (...)

O Amor é o poder construtivo, o poder unificador do Universo. Seu oposto, o ódio, é destrutivo. Então, posto que o Universo continua em seu caminho belo, organizado, o Amor deve estar no coração dele e ser o seu propósito. O mal tem o seu propósito cósmico no esquema das coisas, e até mesmo a suprema corporificação do mal, os Irmãos da Sombra, o caminho da mão esquerda. Há uma admirável história nas escrituras hindus. Ela conta como a roda que agitou o oceano da existência foi movimentada tanto pelos anjos bons, os Devas, quanto pelas anjos maus, os Asuras. Um empurrou a roda numa direção, e o outro na direção oposta, mas ambos fizeram a roda girar.

O homem imortal, que na verdade somos nós, nunca pode ser destruído, e tudo que lhe acontece, mesmo trágico, desastroso, terrível, é para nossa futura bênção e aperfeiçoamento. Entretanto, estritamente falando, não existe algo como 'mau carma.' Todas as coisas trabalham juntas para um bom final. (...)'

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 79/81)