"As diferentes denominações, Judaísmo, Bramanismo, Budismo (Theravada, Mahayana em
suas diferentes formas: Tibetano, Zen etc.), Cristianismo (Catolicismo, Ortodoxo,
Protestantismo etc.) como rótulos não são fundamentais.
-"Que importância tem um nome? O que chamamos uma rosa, se tivesse outro nome
continuaria com o mesmo perfume." (W. Shakespeare.)
A Verdade não tem rótulos. Ela não é budista, judaica, cristã, hindu ou muçulmana. Não é
monopólio de quem quer que seja. Estes e outros rótulos sectários são obstáculos à
Compreensão da Verdade, porque germinam no homem o individualismo, que é o espírito da
separatividade e condicionamentos, como os preconceitos e outros, prejudiciais a sua mente.
Isto é valido tanto em assuntos intelectuais, como em espirituais, e também nas relações
humanas. Quando encontramos alguém, não o consideramos simplesmente um ser humano.
Logo o identificamos com um rótulo: inglês, francês, alemão, japonês, judeu, branco ou
preto, católico, protestante, budista etc. Imediatamente o julgamos com todos os preconceitos
e atributos associados ao rótulo condicionado em nossa mente. E, não raro, acontece, na
maioria das vezes, que o referido indivíduo está inteiramente isento dos atributos que lhe
conferimos.
Apaixonamo-nos de tal modo pelos rótulos discriminativos, que chegamos ao ponto de
aplicá-los às qualidades e sentimentos humanos comuns a todos. Falamos de diferentes
"tipos" de caridade como, por exemplo, a caridade budista, ou a caridade cristã e
desprezamos os outros tipos de caridade. No entanto, a caridade não pode ser sectária, pois se
o for, já não é mais caridade. A caridade é a caridade e nada mais; não é nem budista, nem
cristã, hindu ou muçulmana. o amor de uma mãe para com seu filho é simplesmente o amor
maternal, e este não é budista ou cristão, nem pode ter outras classificações.
As qualidades, os defeitos e os sentimentos humanos como o amor, a caridade, a compaixão,
a tolerância, a paciência, a amizade, o desejo, o ódio, a má vontade, o orgulho, a vaidade etc.
não são rótulos sectários e não pertencem a uma religião em particular. O mérito ou demérito
de uma qualidade, ou de uma falta, não se engrandece nem diminui pelo fato de ser
encontrada num homem de uma determinada religião, ou mesmo sem nenhuma.
Para quem procura a Verdade, não é importante saber de onde vem uma determinada idéia, ou
qual a sua origem, nem é necessário saber se o ensinamento provém deste ou daquele mestre;
o essencial é vê-la e compreendê-la. No Budismo não há dogmas; a dúvida cética é um dos
impedimentos à clara compreensão da Verdade, do progresso espiritual, ou de qualquer outra
forma de progresso. As raízes do mal estão na ignorância, causa das idéias errôneas. (...) Para progredir, precisamos libertarmo-nos da dúvida e para isso é
necessário ver claramente, o que sé é possível quando a Verdade vem através da visão
interior, adquirida pelo autoconhecimento."
(Georges da Silva e Rita Homenko - Budismo - Psicologia do Autoconhecimento - Ed. Pensamento, São Paulo, p. 13/14)