OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 19 de julho de 2016

VIDA VIRTUOSA

"Raiva, malevolência, sensualidade, inveja... - todos são obstáculos na senda do amor e da cooperação. Rebaixam o homem, do nível Divino ao animal. Lide com os outros com paciência e compreensão. Pratique tolerância (sahana) e simpatia. Tente encontrar o ponto de contato, e não o de conflito. Espalhe fraternidade e aprofunde a bondade que vem da sabedoria. Depois disso, a vida se tornará melhor e sem erros.

Sem dar ouvidos a tais mentiras patentes, nascidas da malevolência e da ambição, aconselharia vocês a fazer um sathsang,¹ onde encontrarão e trocarão verdades e manterão conversa virtuosa; onde estudarão livros sagrados e discorrerão sobre a Glória de Deus. Por que malbaratar precioso tempo com escândalos e críticas sobre os outros e sua conduta? Cultivar inveja, malevolência, ira e ressentimento contra os outros é um perverso passatempo que se volta contra quem o pratica. Em cada um reside a mesma Centelha Divina - assim, criticar o próximo equivale a criticar a própria Divindade.

O jogo da vida é valioso e se torna interessante somente quando haja limites e normas que o controlem. Imagine uma partida de futebol na qual não houvesse limites para o campo, sem quaisquer regras. Seria o caos. Um vale-tudo. Um túmulo. Não se poderia dizer quem ganha e como. O dharmamarga² e o Brahmamarga³ são as fronteiras do campo (no jogo da vida). As virtudes lutam contra as tendências viciosas. Jogue tal jogo prestando atenção às advertências de 'falta' (foul) e 'fora' (out)."

¹ Sathsang: Sath, a verdade, Deus...; sang (junção, associação, comunidade, grupo de pessoas...). Os grandes Mestres da humanidade sugerem como procedimento importante, para a realização de Deus, a companhia de ou associação com pessoas santas, puras, avançadas no caminho, e que amem Sath. Se o leitor é aspirante à realização, cultive amizade e a companhia de pessoas mais espiritualizadas.
² Dharmamarga - Dharma, lei, justiça, retidão, virtude; marga, caminho, senda. Dharmamarga é o caminhar na retidão, na virtude, na ética.
³ Brahmamarga - Brahman, o Ser Real, o Deus Transcendente. Brahmamarga é uma vida virtuosa que abre o acesso à união com Deus, à Divina Realização. É o verdadeiro sentido da palavra religião.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 157/158)


segunda-feira, 18 de julho de 2016

CAMINHO ESTREITO

"Há pessoas que têm me dito que minhas propostas são difíceis de aceitar e seguir.

Perdoar, doar, doar-se, compreender, voltar a ajudar um ingrato...

Sim. São propostas difíceis, mas sábias e eficazes.

O que é fácil de fazer é melhor aceito.

Mas, resolve?!

Soluções fáceis geralmente são falsas.

São medíocres, vulgares...

Minhas propostas fazem apelo ao seu lado divino, não ao seu lado humano.

São propostas dirigidas a melhorar sua vida, a libertar seu Espírito.

A solução e a salvação nunca são alcançadas a 'preços módicos'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 55)


domingo, 17 de julho de 2016

O DESAPEGO É A ESSÊNCIA DA VIRTUDE

"O processo do desapego é a virtude de agir sem apego. O homem precisa primeiro saber o quanto está desapegado. Por ignorância e egoísmo está apegado à ação; e, por conseguinte, está sujeito ao carma, a que chama sina, sorte ou destino. Está apegado ao seu corpo e é movido pelas emoções e pensamentos. Está psicologicamente isolado e vive cada vez mais para si mesmo, simplesmente aproveitando-se dos outros. Ganância, egoísmo e desonestidade são características suas. Reage rapidamente sem que tenha compreendido totalmente, ou realmente percebido, o que está para acontecer. Predomina a ideia do 'eu' e 'meu'. 

O ego é o pensamento eu, mim e meu, mas o verdadeiro 'Eu' é o puro Ser. Se considerarmos o Ser como ego, então tornamo-nos egoístas. Se considerarmos o Ser como a mente, tornamo-nos a mente, se como o corpo, tornamo-nos o corpo. É o pensamento que constrói paredes ou invólucros de tão variadas maneiras. Os homens estão apegados aos seus animais de estimação, ao jardim ou quintal, à sua posição, mobília, filho ou filha, aos seus deuses, à sua religião, ao seu país, etc. A sua vida baseia-se tanto em apegos materiais como em apego ao dogma, crenças, ideias, etc. Uma pessoa pode ser letrada e culta, mas também lasciva, gananciosa e fútil. Onde existe verdadeiro conhecimento não existe apego. Se o conhecimento não ajudar o homem a tornar-se desapegado e livre, então é porque há algo errado com a sua interpretação ou compreensão.

O que é necessário ao desapego é compreender e aceitar o apego e aprender a ver e a perceber que no apego há dor, medo, inveja e ansiedade. É verdade que não se pode evitar que se formem impressões no cérebro e aí se acumule, porque o cérebro registra automaticamente. Temos padrões cerebrais de comportamento. Não precisamos ter o trabalho de fazer parar este registro automático de impressões no cérebro, mas devemos prestar atenção constante a esse processo de registro e aprender a ver as nossas próprias reações. O verdadeiro conhecimento não conhece apego; por exemplo, a identificação com o corpo e a mente é uma ilusão.

O corpo não é real. Cada partícula nele está em constante mutação. O mesmo de aplica à mente. Num momento está feliz para logo a seguir estar infeliz. É como um redemoinho de água sempre mudando. Então o homem compreende e realiza que o corpo e a mente são um conjunto de fenômenos mutáveis e deixa de se sentir apegado ou identificado com eles. Com o verdadeiro conhecimento o homem torna-se ativo no nível físico e não preguiçoso. No nível emocional deixa de sentir raiva, luxúria e ganância e, no nível mental, deixa de sentir orgulho e inveja. Torna-se desapegado, o que passa a ser a sua virtude essencial. Isso o ajuda a posicionar-se corretamente e não tanto a posicionar os outros corretamente."

(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - Revista Theosophia, Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 16/17) 

sábado, 16 de julho de 2016

ABRINDO MÃO (PARTE FINAL)

"(...) Um rio começa como um pequeno córrego e se torna caudaloso. Na verdade, a água que se viu há um minuto foi-se embora e nova água chega. Assim, o rio é continuamente diferente, não há nada que possamos chamar de 'o rio'. Isso é algo a ser considerado. Não é o mesmo rio que vimos ontem; a água fluiu para o oceano. Contudo ainda é um rio, embora a água não seja a mesma. É quase um paradoxo - um problema que a mente humana não consegue assimilar, porque é intangível.

Tich Nhat Hanh, um famoso instrutor budista, diz que como ocorre mudança constantemente em tudo, devemos tentar compreender, por meio da meditação, que a mudança é para o bem. Impermanência não é miséria, mas não gostamos de enfrentá-la. A vida move-se continuamente, mas gostaríamos que ela parasse e mudasse quando quiséssemos que ela o fizesse. Gostaríamos de ver mudanças em algumas coisas, como por exemplo, nos grãos de milho. Isso levará algum tempo, mas tempo é um tipo de ilusão que experienciamos. O grão que é plantado cresce e se torna milho. Se não ocorresse a mudança, o grão de milho não se tornaria uma planta e não teria utilidade. O crescimento torna possível ao milho realizar-se, para que dele desfrutemos e para que novo milho cresça. Assim, devemos aprender a aceitar a mudança constante, porém nossas mentes são de tal natureza que não aceitam mudança. Este é o começo da dor.

A maioria das crianças permanece feliz mesmo em circustâncias difíceis. Elas brincam, distraem-se com um pouco de lama ou o que quer que haja, e continuam felizes. A questão de aceitar ou não aceitar não surge no caso das crianças, porque para elas a vida é uma brincadeira, e quando o brinquedo deixa de ser interessante, elas o abandonam e brincam com alguma outra coisa. Desse modo, quase como uma criança, podemos abrir mão de algo que seja divertido ou belo. No entanto, não conseguimos fazê-lo quando o fato permanece na memória e queremos experienciar a mesma coisa repetidamente, talzez com alguma pequena mudança que venha anos agradar. O sentimento do eu é criado por uma atitude que recusa aceitar o que não pode ser eterno.

Nenhum de nós é o tipo de indivíduo independente que pensamos ser. E é parte do eu imaginar-se um indivíduo forte, se possível mais do que qualquer outro. Mas, se nos aprofundarmos nesse sentimento, descobriremos que, como qualquer outra pessoa, somos dependentes de muitas coisas diferentes para nossa existência, e que é errada a ideia de uma entidade independente permanente. É válido para nós não apenas pensar, mas também meditar a respeito disso. Não será este corpo e a situação na qual nos encontramos de curta duração? Podemos viver durante cem anos, mas o que são cem anos na história? Nada. Assim, as perguntas que temos de nos fazer são: 'O que vive realmente? O que é o sentimento de egoidade que surge em nós?' Nós mesmos devemos responder a essas perguntas. Certamente que existem filosofias que dizem existir um atman permanente, que é a raiz de tudo que existe. Mesmo que seja assim, temos que entender o pequeno eu, e as muitas coisas que experienciamos como ilusão."

(Radha Burnier - O desafio da mudança - Revista Theosophia, Ano 101, Julho/Agosto/Setembro 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9/10) 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

ABRINDO MÃO (1ª PARTE)

"Uma das coisas mais importantes que o ensinamento budista traz ao mundo, embora o mundo não lhe preste muita atenção, diz respeito à impermanência. A maioria das coisas não dura neste mundo; contudo, às pessoas sentem que há outras coisas a fazer e que nelas devem persistir.

No livrinho Luz no Caminho, há uma breve referência à Senda Verdadeira, que a pessoa pode trilhar logo que tenha deixado para trás o apego a tudo neste mundo. Isso significa desprender-se de cada pensamento, sentimento e preferência, até que a mente esteja completamente livre de apegos.

Só se pode ter apego a coisas que conhecemos; e só se pode adentrar o campo do desconhecido quando o conhecido deixa de existir. O desconhecido pode incluir elementos dos quais não fazemos qualquer ideia atualmente, mas nos aferramos a algo ou a outras pessoas na esperança de que sejam substitutos. Podem ser membros da família ou amigos com quem temos íntimo relecionamento. Numa certa parte do nosso cérebro, sabemos que é por isso que continua a existir o luto por pessoas que não mais existem. Esse apego é uma das sérias doenças enfrentadas pelos seres humanos, e as encarnações se passam antes que o desapego seja sequer considerado uma virtude.

Segundo se diz, J. Krishnamurti era muito apegado a seu irmão. A doutora Besant era como uma mãe para ele, mas havia também seu irmão mais novo que devia auxiliá-lo em sua obra. O irmão morreu na Califórnia quando Krishnamurti nem mesmo estava presente; durante duas ou três noites, ele teve que lutar, não com o fato, mas consigo mesmo. Dessa experiência saiu uma nova pessoa, pois entendera todo o problema do apego. O fato de que ele parecia não precisar de companhia foi um fato desconcertante a seu respeito. Isso pode acontecer a qualquer um de nós, mas não queremos abrir mão. As pessoas acham difícil aceitar a verdade da impermanência. Nada dura neste mundo. Quando chegamos a essa conclusão - de que tudo no mundo perece - perguntamos: haverá um Eu que transcende esta regra? (...)"

(Radha Burnier - O desafio da mudança - Revista Theosophia, Ano 101, Julho/Agosto/Setembro 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9)