"(...) Disse Swami Vivekananda a respeito do trabalho abnegado: 'É pura tolice da parte de qualquer pessoa supor que veio ao mundo para ajudar a humanidade. Isso não passa de vaidade; isso é egoísmo insinuando-se sob a forma de virtude...
'O desejo de fazer o bem é a mais alta força de motivação que possuímos, caso entendamos que se trata de um privilégio para ajudar os outros. Não te coloques num pedestal elevado, ofertando algumas míseras moedas com as palavras: Tome lá, pobre homem! Mas fica antes agradecido por estar ali o pobre homem, de tal modo que, dando-lhe uma esmola, achas meio de ajudares a ti mesmo. Não é o que recebe o abençoado, mas o que dá. ... O que podemos fazer de melhor? Construir um hospital, abrir estradas, ou erguer asilos de caridade... Uma erupção vulcânica pode arrasar com todas as nossas estradas, hospitais, cidade e edifícios.
'Coloquemos de lado todo esse palavreado tolo de fazer o bem para o mundo. Ele não está à espera nem da minha nem da tua ajuda. No entanto, é preciso que trabalhemos e façamos constantemente o bem, porque se trata de uma bênção para nós mesmos. Esse é o único meio de podermos alcançar a perfeição... Julgamos ter ajudado alguém e esperamos que ele venha nos agradecer; e, por não fazê-lo, enchemo-nos de tristeza. Por que devemos esperar seja lá o que for em troca do que fazemos? Sejas tu agradecido a quem ajudaste, pensa nele como sendo Deus. Não será enorme privilégio poder adorar a Deus através de nosso próximo?
'Não importa o que faças de bom, algum mal haverá de estar-lhe inerente; todavia, não vises a resultados pessoais em tudo quanto fizeres. Abandona todos os resultados a Deus, e então não serás afetado nem pelo bem nem pelo mal.'
A religião não deve ser egoísta nem altruísta e, sim, teocêntrica. Importa que centralizemos nossa mente toda em Deus, e, depois, abrindo nossos braços a todos, abracemos cada um no amor de Deus."
(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 130/131)