OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 23 de março de 2016

DOAÇÃO ILIMITADA

"Talvez o aspecto mais importante do misticismo prático seja a compaixão. A noção que temos de 'minha vida' pode estar baseada numa suposição terrivelmente errada. Quando se olha cuidadosamente para a vida existe muitíssimo pouco que se pode chamar de 'meu'. Vida é interação e relacionamento em todos os níveis. O que acontece quando você vê alguém com a tristeza estampado no rosto? Aquela tristeza não se transforma, pelo menos momentaneamente, numa parte de sua vida? Você pode ignorar e dizer que não é problema seu. Mas a verdade da experiência é que durante um momento fugaz a vida de outro ser humano penetrou a sua. Provavelmente responderemos a esses momentos com insensibilidade ou indiferença, e geralmente tentamos nos explicar na esperança de afastar essa verdade. no entanto, nem todos respondem dessa maneira.

'Pois eu estava faminto, e me destes alimento; estava sedento, e me destes o que beber; era um estranho, e me acolhestes; estava nu e me vestistes; estava doente, e me visitastes; estava na prisão, e viestes a mim. Então o justo responde-lhe, dizendo: 'Senhor, quando Vos vi faminto, e Vos alimentei? Ou sedento, e Vos dei de beber? Quando Vos vi como um estranho, e Vos acolhi? Ou nu, e Vos vesti? Ou quando Vos vi doente, ou na prisão, e fui até Vós? E o rei responde: Verdadeiramente vos digo, o que fizestes ao menor destes meus irmãos, a mim o fizestes.' Marcos, 25:35-40.

Qual é a natureza de uma consciência que é una com aqueles que sofrem, que estão passando por necessidades, que estão doentes, ou na prisão, ou que nada têm? A mesma pergunta poderia ser feita a respeito daqueles que estão experimentando opressão, tortura, solidão, o que pode incluir milhares de animais trancafiados em laboratórios ao redor do mundo. Existe alguma diferença entre uma consciência assim e a compaixão? Pode ser fácil falar de compaixão, mas experimentá-la verdadeiramente é uma realidade completamente diferente. O ensinamento dado por Jesus a seus discípulos, mencionado acima, mostra enfaticamente a identidade fundamental entre unidade e compaixão. São uma só coisa.

Os ensinamentos dos místicos são essencialmente práticos e de grande relevância para a transformação da consciência humana. Talvez seu ensinamento prático mais direto seja que aquilo que consideramos ser nossa individualidade na verdade é apenas uma aparência, 'um convidado passageiro', uma miragem no deserto. Eles afirmam que viver dentro dessa prisão não é vida verdadeira, e que, quando o coração e a mente estão purgados de todo egoísmo e autoimportância, o terreno fica pronto para o divino ali habitar. Eles dizem que sem nada buscar tudo obtiveram, e que o divino deu de si sem reservas na profundidade de suas experiências místicas. Alguns deles disseram que o divino é apenas doação ilimitada, e que a vida, e cada uma de suas formas, é essa doação." 

(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 17)


terça-feira, 22 de março de 2016

OS RELACIONAMENTOS

"A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras - o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos.

Nenhum relacionamento pode existir sem a sensação de espaço que vem com o silêncio e a calma. Meditar ou passar um tempo juntos, em silêncio, na natureza, por exemplo. Se as duas pessoas forem caminhar, ou mesmo se ficarem sentadas uma ao lado da outra no carro ou em casa, elas irão se sentir bem por estarem juntas, em silêncio e na calma. Nem o silêncio nem a calma precisam ser criados. Eles já estão presentes, embora perturbados e obscurecidos pelo barulho da mente. Basta abrir-se para eles.

Se falta um espaço de silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.

Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral, as pessoas concentram a maior parte de sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. ou então não ouvem nada, pois estão perdidas nos próprios pensamentos.

Ouvir com atenção é muito mais do que escutar. ouvir com atenção é estar alerta, é abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. as palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importando do que aquilo que você está ouvindo é o ato em si de ouvir, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser o 'outro'. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed, Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 59/60)


segunda-feira, 21 de março de 2016

VIDA ESPIRITUAL

"Para saber o que é espiritual, deve existir o espiritual dentro de si mesmo. A vida espiritual, portanto, não consiste em fazer várias coisas, mas em provocar uma transformação interior, um determinado estado interior. A pessoa vem a saber o que é tal estado por entender a si mesma o que significa observar o que está passando em seu interior. Através da observação, ela precisa purificar sua própria natureza de tudo aquilo que pertence à vida material ou mundana, vê-la como realmente é e rejeitá-la.

A vida mundana não consiste de contato físico ou mental com coisas materiais. A matéria está em toda parte e não é possível escapar dela. Essencialmente, portanto, a vida mundana não é meramente contato com a matéria, mas uma atitude de posse. Há uma grande diferença entre o relacionamento que temos com os objetos, as pessoas, as idéias, quando há uma ânsia de posse e quando não há. De fato, um relacionamento possessivo não é um relacionamento verdadeiro porque, visto que a mente possessiva é incapaz de perceber o verdadeiro significado, o valor intrínseco de uma coisa se perde de vista quando o que conta é a utilidade para si mesmo. Portanto, a ganância por adquirir e possuir deve ser inteiramente erradicada, se nós estivermos dispostos a fazer a jornada desde o mundano para o espiritual. A mente precisa aprender a não se apegar que a objetos concretos, quer a objetos mentais ou espirituais, e a renúncia à posse deve ser total – interna e externa.

A vida material ou mundana também assume a forma de uma imposição ou vontade de uma pessoa sobre os outros. Envolve o sentimento de que as próprias idéias e interesses devem prevalecer se que as circunstâncias, as pessoas e as coisas devem ser tanto submetidas quanto feitas em conformidade com elas. (...)"

(Radha Burnier - Não há outro caminho a seguir - Ed. Teosófica, Brasília - p. 16/17)


domingo, 20 de março de 2016

SOMOS AQUILO EM QUE ACREDITAMOS

"(17:2) ) Senhor Abençoado disse: (O problema envolve) a qualidade da fé exercida - se ela é de fato sáttwica, rajásica ou tamásica. Ouve Minhas palavras a respeito.
(17:3) A fé depende da natureza de cada um. O que o homem é, sua fé é também. A fé é o homem.

Em outras palavras, somos aquilo em que acreditamos. Os seguidores de uma religião podem proclamar um artigo de fé e empregar exatamente as mesmas palavras dia após dia, semana após semana, ano após ano; mas haverá tantas crenças quanto crentes. A compreensão da pessoa é modelada pelo que a pessoa é - sua experiência de vida, seu tirocínio, suas preferências e preconceitos, seus gostos e aversões. Não poderia ser de outra forma porque todo o nosso entendimento baseia-se menos na realidade objetiva do que em nossa natureza. Assim, um vocábulo simples como 'lar' terá significação diferente para aquele que foi criado numa família feliz e aquele que cresceu num orfanato. Palavras como 'pai' e 'mãe' também significam coisas diferentes para diferentes pessoas, dependendo da felicidade ou infelicidade de sua vida doméstica. Diga-se o mesmo de sucesso, trabalho, gentileza, viagens, esportes - em verdade, de qualquer palavra em qualquer idioma.

Podemos declarar: 'Acredito em Deus', mas essa simples declaração suscitará imagens diversas na mente das pessoas. Algumas que se dizem ateias apenas rejeitam esta ou aquela concepção formal que outras têm de Deus. Nenhuma, porém, haveria de rejeitar conceitos como amor ou felicidade.

Aos olhos de pessoas boas, Deus parece bom. Pessoas egoístas e ambiciosas verão Nele uma espécie de 'cornucópia da riqueza' ou - se não tanto - pelo menos um juiz flexível ou uma espécie de 'patrão' mais ou menos indiferente às necessidades humanas. Gente má, quando acredita em Deus, acha-O tomado de inveja, cólera e espírito de vingança - como ela própria. Quem é licencioso O considera, como os deuses da mitologia greco-romana, dado aos prazeres da carne. Para pessoas gentis, Ele parecerá gentil. Para pessoas da mente estreita ou cheias de preconceitos, será como elas mesmas: sectário e pronto a julgar os homens por seus pecados."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 456/457)
www.pensamento-cultrix.com.br


sábado, 19 de março de 2016

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

"A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz.
Se, porém, o teu olho estiver doente, todo o teu corpo será cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!

Para que fixemos nossos corações no eterno e renunciemos aos objetos efêmeros do mundo, nossos olhos têm de ser 'singulares'. Não precisamos correr atrás deste ou daquele objeto, mas devemos nos concentrar com devoção unidirecionada em Deus. Para a obtenção da iluminação, diz o Gita:

'A vontade volta-se sozinha para o único ideal. Quando falta ao homem este discernimento, sua vontade vaga em todas as direções, atrás de inúmeros objetivos.'

Quando faltar ao homem o discernimento espiritual, 'todo o seu corpo ficará nas trevas'. Ele continua a viver na ignorância, e o Eu verdadeiro, a luz divina dentro dele, permanece escondido. A concentração da mente no ideal escolhido de Deus é a chave para revelar essa luz divina.

Essa concentração, pois, purifica o que entra na consciência através dos sentidos. 'A luz do corpo é o olho', diz o Cristo, comparando o olho a uma janela pela qual penetra o mundo exterior. Através dos cinco sentidos captamos impressões, e a soma total dessas impressões compõe o nosso caráter. Se vemos o bem, absorvemos o bem; se vemos o mal, absorvemos o mal. Como reza uma prece védica: 'Possamos, com nossos ouvidos, ouvir o que é bom. Possamos, com nossos olhos, enxergar a tua justiça.' Ao olharmos, é necessário que aprendamos a enxergar Deus, o Espírito que envolve tudo - e não a aparência e a forma das coisas. Desse modo, em vez de nos desviar do nosso ideal, cada objeto do universo torna-se uma ajuda na percepção de Deus.

E assim a luz de Deus cai sobre nós até que, finalmente, nosso 'corpo todo fique cheio de luz'. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, - p. 110/111)