OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

ESTAR NO MUNDO E VIVER EM PAZ (1ª PARTE)

"Nos tempos antigos, comparava-se a vida mundana ao girar de uma roda. Aquele que nasce como príncipe pode tornar-se escravo, dizia-se, e um serviçal pode se alçar a uma elevada posição. Ninguém pode ter certeza de que a felicidade de hoje existirá amanhã. A roda de samsara, de renascimentos e mortes, é um símbolo da incerteza em um mundo em constante mudança; ninguém está livre de perder o que possui. 

A condição mundana também é comparada ao oceano da vida (bhavasagara), cheio de perigos, sacudido por tormentas, habitado por tubarões e outras criaturas vorazes. Mas mesmo aqueles que concordam com essas imagens raramente levam a sério a necessidade de mudança, e continuam vivendo com as incertezas e os perigos como se eles não existissem. O perigo não é apenas perder posses ou status; é ser arrastado impotente pelas correntes do oceano, agindo mecanicamente, inconsciente do que está acontecendo, sem um rumo moral e espiritual. 

Uma terceira descrição da vida mundana são as palavras bhava-roga: uma doença grave. Assim como a doença enfraquece cada célula do corpo, fazendo-o perder a saúde e por fim produzindo a morte, pertencer ao mundo é uma aflição psicológica constituída de distorções mentais que levam à desintegração moral e espiritual. Apesar das incertezas, uma coisa é quase certa - a influência dos opostos, esperanças e medos, resultará em agitação mental e perda da paz.

Essa é a experiência, em maior ou menor grau, de quase todas as pessoas. A esperança de crescer, ganhar afeto, 'tornar-se alguém' e assim por diante é acompanhada pelo medo do fracasso e da perda. Oriundas dos opostos básicos (temor e esperança) surgem outras dualidades. A esperança realizada leva à exultação: não realizada, à frustração. A mente balança entre a exasperação e o gozo, e ignora os valores e os propósitos da vida. (...)"

(Radha Burnier - Estar no mundo e viver em paz - Revista Sophia - Ano 11, nº 41 - p. 27/28)


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A FALSA NOÇÃO DA IDEIA DE POSSE

"De tudo o que der, você atrairá de volta o equivalente. Você demonstra quem realmente é em seu semblante e ações, e os outros sentem a vibração que está por trás e a ela responde. Se você der um exemplo de egoísmo mau, os outros vão querer tirar tudo o que é seu. Mas se agir de modo oposto, verá que todos tendem a ser generosos com você. Suponhamos que você me dê sua bengala predileta e em troca eu também queira lhe dar algo. Mas minha mente diz: 'Não se desfaça do seu guarda-chuva, mesmo sabendo que ele o admirou'. Daí eu raciocino: 'Mas ele gostava muito da sua bengala e mesmo assim a deu para mim; então quero retribuir com alguma coisa que me seja valiosa'. Este é o espírito que predomina quando uma pessoa demonstra altruísmo. 

Você não pode possuir nada. Só recebe permissão temporária para usar as coisas deste mundo. Um dia terá que se separar de tudo - por acidente, roubo, deterioração ou morte. Assim, quando tenta se apegar a alguma coisa ou guardá-la só pelo fato de possuí-la, está enganando a si mesmo.

Um dia você terá que deixar para trás até a casa corporal em que tem vivido há tantos anos. Por isso é errado impor à alma a convicção de possuir alguma coisa que jamais poderá possuir. Quando algo lhe é dado, saiba que é por pouco tempo, e esteja disposto a repartir com os outros.

Há grandes problemas ocultos no fato de você cobiçar mais do que precisa. O Gita diz: 'Experimenta a paz a pessoa que, abandonando todos os desejos, leva a existência sem anseios e sem se identificar com o ego mortal e seu sentido de posse'.¹ É claro que você precisa das necessidades necessárias como alimento, roupas e alguma segurança material; mas ao ter aspirações por essas coisas, omita as 'necessidades' desnecessárias - os desejos insistentes que se impõem cada vez mais."

¹ Bhagavad Gita II:71.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 123/124)


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

MANSUETUDE

"Para sermos violentos basta-nos a ignorância, o agir instintivo, basta ser ególatra, basta ser um fraco, basta padecer frustração e infelicidade.

Aí está por que é tão espontâneo e fácil ser cruel e movido pela ira, ser queimado pelo ressentimento, ser levado pelo revanchismo...

Ao contrário, para ser não violento, muitas qualidades espirituais devem ser cultivadas: coragem, generosidade, sabedoria, fortaleza e bem-aventurança.

O indivíduo bruto, sempre disposto ao ódio, à inveja, muito suscetível ao medo, ao apego, às aversões, comporta-se como uma inquieta e perturbadora máquina de agressão, erros, injustiças e contravenções.

O mundo precisa que aumente o número de pessoas não violentas, de pessoas benevolentes.

'Onde houver ódio, que eu leve o Amor'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 198/199)


domingo, 17 de janeiro de 2016

PROVAS

"Não é por prazer que o Senhor submete o homem a testes. Ele não empilha calamidade sobre calamidade porque isto lhe agrada. As 'provas' são mantidas para aferição dos atingimentos, e para conferir graduações e honras. Você deve solicitar ser submetido a 'provas', tanto que possa registrar seu progresso.

Lance as sementes chamadas 'Nome de Deus' no bem preparado campo do coração; nutra-as com o adubo da fé; mantenha a disciplina como a cerca protetora contra o gado solto. Sem uma cerca guardando a plantação, o cultivo será tão válido como dar tiro sem bala - somente o estampido, e nada mais."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 213)


sábado, 16 de janeiro de 2016

O CONTROLE DOS SENTIDOS

"(3:7) Mas o êxito absoluto, ó Arjuna, espera aquele que disciplina seus sentidos por um esforço da mente, permanece no íntimo sem apegos e usa os órgãos da ação em atividades que nos lembram Deus.

Consideremos isto: que são 'atividades que nos lembram Deus'? Elas incluem todo ato ou pensamento que direciona a mente para a supraconsciência. Simples pietismo expresso em orações na igreja, templo ou sinagoga; sentimentos meramente 'sagrados', exibidos para impressionar os outros (ou proclamados com fervor para 'impressionar' Deus) - em suma, toda mostra de religiosidade só é aceitável se, por dentro, formos sinceros. A ânsia de impressionar trai o desejo de colher resultados, nunca a sinceridade dos sentimentos.

A expressão de Krishna '...disciplina seus sentidos por um esforço da mente' revela a importância de não se adotarem apenas meios exteriores de autodisciplina: por exemplo, ficar de pé ou sentado com a mão erguida até que ela se atrofie pelo desuso; nunca se sentar nem deitar como forma de penitência; estirar-se numa cama eriçada de pregos; isso, mais os jejuns intermináveis, a privação do sono e outras formas de embotamento dos sentidos adotadas para obter o autocontrole, sem a contrapartida de um discernimento inteligente, não é o que Krishna recomenda aqui. Austeridade do mesmo tipo, em outras religiões, incluem autoflagelação, inanição e outras que lembram muito as empregadas na Índia. Mencioná-las todas seria inútil, pois todas se destinam a subjugar os sentidos sem o uso adequado da vontade. Esta tem de dar seu consentimento ativo para a libertação interior: de nada vale mortificar o corpo para obrigá-lo à submissão.

Controlar os sentidos não é tiranizá-los. O que se tem a fazer é retirar deles a energia, porquanto a vontade age diretamente sobre ela. Yogananda declarou: 'Quanto mais forte a vontade, mais abundante o fluxo de energia.' A direção desse fluxo pode ser tanto para dentro quanto para fora, tanto para cima quanto para baixo.

Por isso Krishna fala também em desapego interior. Privar-se de coisas materiais pode, e frequentemente o faz, alimentar o fogo dos vínculos ocultos! Nenhuma atividade voltada para impressionar os semelhantes (ou até Deus) dará, no fim, frutos divinos. A evolução espiritual se consegue, acima de tudo, desejando-a intensamente, não infligindo disciplina violenta ao corpo.

Com boa vontade, alegria e devoção, é possível encontrar Deus. Sem o pleno consentimento da vontade e da consciência total da pessoa, este que é o mais nobre dos objetivos - a consciência pura da Bem-aventurança - não será nunca atingido."

((A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 143/144)