OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (PARTE FINAL)

"(...) O bêbado de hoje poderia ser uma pessoa sóbria e com autodomínio se, em certo momento do passado, não tivesse cedido à 'iniciação'. Ele já não se lembra em que reuniãozinha social, para mostrar-se igual aos outros, cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as 'bolinhas' ou com os cigarros de maconha. Em todos os casos o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os 'iniciados' já eram pessoas comumente chamadas 'fracas de espírito', ou seja, os de personalidade e mentes amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente leva o fraco a imitar os do grupo. Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. 

Se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em você, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. (...) Na próxima reunião, quando todos, igualados, bem 'normaizinhos', bem 'mesmificados', estiverem bebericando, fumando e fazendo uso indevido da faculdade da palavra, sem pretender afrontá-los nem parecer melhor do que eles, não tenha medo de ser diferente. (...)

Não queira ser igual, em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Só os psiquicamente adolescentes, por inseguros, o fazem. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas 'normais' reuniões de vício e degradação.

Isso é o que eu quis dizer ao sugerir que você não deixe cair a semente daninha em seu quintal. Não capitule.

Não esqueça o preceito hindu: 'Semeia um ato e colherá um hábito. Semeia um hábito e colherá um caráter. Semeia um caráter e colherá um destino.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 220/221)


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (2ª PARTE)

"(...) A primeira forma de vencer o vício é não permitir que nasça. A segunda é impedir que cresça. A terceira é a erradicação progressiva e inteligente.

Evitar que a semente daninha caia em seu quintal é a mais eficiente maneira de não precisar arrancar a frondosa árvore depois. Um vício se forma aos poucos, seguindo estágios.

O primeiro cigarro que se fuma, com certo desprazer, é o início de um processo que poderá vir a tomar conta da vítima. O meninote acendeu seu primeiro cigarro, por força da sugestão dos de sua idade e também porque o cigarro representava para ele a masculinidade que, ainda imaturo, deseja ter. O início de um vício é quase sempre destituído de prazer e, especialmente no caso do cigarro e do álcool, chega até a ser desagradável. Constitui mesmo um sacrifício necessário àquele que deseja 'se mesmificar', ficando igual aos outros.

A segunda fase surge quando, imperceptivelmente, o desagrado vai cedendo e já não há sacrifício. Aquilo que era mal recebido pelo organismo, por ser antinatural, começa a ser aceito. Podemos dizer que o fumo ou o álcool, nessa fase, nem dá prazer nem desprazer. São neutros. Ainda aqui é simples cortar o processamento.

Está-se entrando na terceira fase quando já se fuma ou bebe com certo gosto. Agora mais forte vão se tornando as correntes, e o indivíduo começa a capitular de sua condição de agente livre, de ser humano dono de si mesmo.

A quarta fase é aquela na qual o organismo, já condicionado, só se sente normal quando á atendido em suas necessidades do agente condicionante. Daí por diante, também o psiquismo só se acalma depois que o viciado cumpre o 'ritual'. Está a árvore daninha dominando a área. O viciado, embora se sentindo covarde e desgraçado, embora sabendo que está minando o corpo e a alma, não tem como resistir às imposições da necessidade de aplacar seu psiquismo e seu corpo sedentos do objeto do vício: seja o copo, o cigarro, o sexo ou o barbitúrico. É a fase da dependência orgânica e psíquica. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 218/219)
www.record.com.br


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (1ª PARTE)

"Tenho de deixar isto, que está me matando, dizia ele sob um ataque de tosse brônquica e meio afogado em secreção, mostrando um toco de cigarro entre os dedos amarelados de nicotina.

Ele é o símbolo do homem acorrentado. Seus grilhões são feitos de fumo. De outros, podem ser de álcool. Todos os grilhões são fortíssimos, e o são exatamente na medida da fragilidade dos acorrentados.

A maioria deles quer libertar-se ou necessita libertar-se, porque, seja o fumo, seja o tranquilizante, seja o álcool, o jogo ou alguns maus hábitos, seus tiranos lhe trazem enfermidade, sofrimento e, às vezes, abjeção.

Todos os grilhões causam prejuízos ao psiquismo, mercê de demonstrarem ao próprio homem que ele está vencido, que é escravo, tíbio e sem vontade. Quem quer que chegue a essa condição sofre muito com o reconhecimento de sua servidão, que considera ser sem esperança. Diante de cada frustrada tentativa de resistir, mais infeliz se torna e mais vencido se sente. Seja toxicômano, alcoólatra, tabagista, viciado em jogo ou vítima de comportamentos compulsivos, pensamentos obsessivos e tiques nervosos, o homem é presa de um círculo vicioso que inexoravelmente o domina e o deprecia. O álcool, os tóxicos e o fumo, além do mais, agridem diretamente o próprio organismo. E esse efeito nefando amedronta o viciado.

A situação daquele que, vítima das garras do pecado necessita deixá-lo, sentindo a impotência de fazê-lo, Ramakrishna comparou à de uma serpente, que tendo abocanhado um malcheiroso rato almiscarado, quer dele livrar-se, mas não pode, pois em virtude do formato dos dentes, o rato não se desprega. Assim é o viciado que conhece o mal que o vício lhe faz e, no entanto, não consegue deixá-lo.

Nessa situação, é comum o viciado recorrer ao que a psicanálise chama uma racionalização, isto é, usar a razão para forjar 'razões' consoladoras e explicativas, para com elas 'justificar-se' diante de si mesmo e dos outros, pelos atos que é coagido a praticar que não pode evitar, mercê de compulsões subconscientes. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 217/218)


domingo, 3 de janeiro de 2016

"ENTRARÁS NA LUZ, MAS NUNCA TOCARÁS A CHAMA"

"É óbvio que este conceito indica tanto as possibilidades, quando as limitações do esforço humano. Sugere que o ser humano não pode prosseguir além de um determinado ponto, ainda que seu esforço seja dos mais árduos e sinceros. A frase 'nunca tocarás a Chama' não deixa dúvida na mente do neófito, porque não há ambiguidade nesta afirmação. Para quem empreende a íngreme caminhada para as alturas espirituais, é essencial saber, claramente, quais as possibilidades do esforço consciente e quais as suas limitações. Sem conhecer as limitações do esforço consciente, podemos esperar desse esforço aquilo que nunca nos poderá dar - e sentirmo-nos frustrados no final. 

É interessante observar que cada grande religião do mundo tem dois aspectos de expressão - o ético e o espiritual. O aspecto exotérico da religião trata dos problemas éticos do ser humano. Sua abordagem da vida é essencialmente moral - e uma aproximação moral trata de simples modificações em nossa maneira de viver. Em outras palavras, está relacionada com o cultivo de novos hábitos. Opera no reino da continuidade. As modificações que procura introduzir são, obviamente, através do esforço consciente. A religião exotérica, com sua aproximação moral, dá ênfase especial às possibilidades do esforço consciente.

Mas há também um aspecto esotérico da religião. Sua base é espiritual e não ética. Isso não quer dizer que o espiritual seja antimoral. A aproximação espiritual trata da transformação fundamental do homem, com a revolução no centro. A religião esotérica não é uma simples extensão da religião exotérica; pertence a uma dimensão de existência totalmente nova. (...)

Se o aspecto exotérico ou ético da religião dá ênfase às possibilidades do esforço consciente, o aspecto esotérico ou espiritual chama a nossa atenção para as limitações do esforço consciente. Mas conhecer as limitações do esforço consciente não é cessar de fazer esforços com a mente consciente. Apenas indica a esfera legítima desse esforço. Neste esfera, todas as possibilidades de esforço consciente devem ser exploradas. Não se deve, contudo, esperar 'tocar a chama' como resultado do esforço consciente. Em outros termos, o progresso ético, que é o produto do esforço consciente, indica um movimento dentro do reino dimensional do próprio indivíduo. Mas a transformação espiritual implica a insinuação de algo que transcende o reino dimensional do indivíduo. No primeiro caso, trata-se da extensão da consciência e no segundo, refere-se à expansão da consciência."

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília/DF - p. 39/42)


sábado, 2 de janeiro de 2016

EIS-ME AQUI

"Eis-me aqui.

Diante do grande rio cujas águas lamacentas irradiam reflexos avermelhados dos raios de um sol já a pino.

Eis-me aqui, ao pé da árvore da Compaixão.

É uma enorme figueira-de-bengala, à sombra da qual gosto de meditar.

As suas raízes, amplas e retorcidas, mergulham há séculos nas águas do rio Ganges.

As suas lianas, algumas finas como brotos de bambu e outras grossas como troncos de ébano, pendem dos galhos para, por sua vez, se enraizarem no solo.

A árvore precisa da água, assim como o homem tem sede de libertação.

Em breve eu mesmo me libertarei do peso da minha carga humana e entrarei no Nirvana.

Então me extinguirei, para me tornar ainda menor do que o menor grão de areia, ainda mais leve do que a mais leve penugem de um pintarroxo, e ainda mais transparente do que a mais transparente gota de chuva...

Sou a derradeira reencarnação de milhões de seres humanos e animais dos quais a minha alma adotou a forma deste tempos imemoriais.

Para mim cessou o ciclo dos nascimentos, das mortes e dos renascimentos do Samsara. Ensinei aos homens e às mulheres como deveriam se comportar para não mais sofrerem.

Quando o vento da morte levar o meu último suspiro, não tornarei a reencarnar...

Eis-me aqui.

Para sempre.

Em meio a vós."

(José Frèches - Eu, Siddharta, o Buda - Ediouro, Rio de Janeiro, 2005 - p. 13)