"O
ensinamento do Gita é ação sem desejo
pelos seus frutos. Se você não deseja o fruto de sua ação, nem mesmo o seu
êxito, então por que a ação deveria ser realizada, qual é o impulso ou o motivo
por trás disto? Deve ser a ação pelo que significa em si mesma, porque você
considera certo realizá-la; a sua realização tem o seu valor próprio; não
importa se é coroada de êxito imediato ou não. É um indivíduo extremamente raro
aquele que pode agir com grande intensidade, força e entusiasmo sem nada
desejar para si próprio, nem dinheiro, posição, elogio, nem mesmo qualquer
gratificação secreta que se pode sentir como uma reação interna à habilidade
demonstrada.
O
desempenho da ação, por ser certo, bom e desejável, implica presença de um
sentido interior que guia a pessoa em sua direção. A sabedoria é então
necessária para guiar a pessoa. Alguém pode dizer com alguma satisfação ‘eu
faço isto como meu dever.’ Mas será realmente o seu dever, ou apenas uma noção
convencional que tem daquilo que deveria fazer, encontrando-se em sua posição?
Possivelmente ela acha que se não o fizer, perderá estima perante os outros. Se
aquilo que é chamado de dever for realizado com má vontade, com um sentimento
de obrigação, então, aquela ação não possui graça. Uma pessoa pode ter que
cuidar de um paciente, estar desperta a todas as horas da noite para atender a
diferentes necessidades físicas, mas se a pessoa realizar tudo isso com um
sentimento de necessidade amarga que pode até mesmo gerar animosidade, não
podemos dizer que esta ação tem a qualidade certa.
É
apenas a ação que é prestada livre e sinceramente que é verdadeiramente bela.
Age-se desta maneira quando há amor e, então, será ação com todo o ser da
pessoa e não apenas uma parte daquele ser. (...)"
(N.Sri Ram - Em
Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 148/149)