"A verdade não é teoria, nem sistema especulativo de filosofia, nem uma percepção intelectual. A verdade é a exata correspondência com a realidade. Para o homem, a verdade é o inabalável conhecimento de sua natureza real, de seu Ser como alma. Jesus, em cada ato e palavra de sua vida, provou que conhecia a verdade de seu ser - sua origem divina. Totalmente identificado com a Consciência Crística onipresente, ele podia dizer, em caráter final: 'Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz.'
Buda também se recusou a lançar luz sobre as questões derradeiras da metafísica, assinalando secamente que os poucos momentos do homem na Terra seriam melhor empregados no aperfeiçoamento de sua natureza moral. O místico chinês Lao-tsé ensinou corretamente: 'Quem sabe, não o diz; quem diz, não o sabe.' Os mistérios últimos de Deus não se acham 'abertos ao debate'. A decifração de Seu código secreto é uma arte que o homem não pode comunicar ao homem; aqui, só o Senhor é o Instrutor.
'Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.' Nunca fazendo alarde de Sua onipresença, o Senhor é ouvido apenas nos silêncios imaculados. Reverberando por todo o universo como a vibração criadora de Om, o Som Primordial traduz-se instantaneamente em palavras inteligíveis para o devoto com ele sintonizado.
O objetivo divino da criação, até onde a razão humana pode compreender, está exposto nos Vedas. Os rishis ensinaram que cada ser humano foi criado por Deus como alma que manifestará, de modo ímpar, algum atributo especial do Infinito, antes de reassumir sua Identidade Absoluta. Todos os homens, assim dotados com uma faceta da Individualidade Divina, são igualmente amados por Deus. (...)"
(Paramahansa Yogananda - Autobiografia de um Iogue - Ed. Lotus do Saber, Rio de Janeiro, 2001 - p. 534)