OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 7 de julho de 2014

O CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"Segundo a Vedanta, uma das seis escolas filosóficas da Índia, são quatro as qualificações para o Caminho Espiritual. Em sânscrito, elas são assim descritas: Viveka, Vairagya, Shatsampatti e Mumukshutva. Viveka significa Discernimento entre o irreal e o real, entre o falso e o verdadeiro, entre o útil e o inútil. Viveka é aquela percepção atenta que busca sempre o essencial e desvincula-se do superficial. É a falta desta percepção que faz as pessoas correrem atrás da fama, do poder, do dinheiro, crendo que tais coisas são as únicas coisas essenciais da vida. Viveka é aquela percepção purificada que distingue o real do ilusório e assim nos aproxima da Realidade das coisas como elas são.

Vairagya significa Desapego, desprendimento, ausência de interesse pessoal. Decorre, necessariamente, de Viveka. Quando se percebe que uma coisa é ilusória, não nos apegamos a ela. As gotas de água não se aderem às pétalas da flor de lótus. Vairagya implica estado interior de liberdade em relação às coisas transitórias. Não se apegando ao que é irreal e falso, a mente fica livre para investigar ainda mais profundamente acerca da vida e de seu imenso significado.

Depois vem Shatsampatti, as ‘seis joias da conduta’, que delineiam os princípios de uma conduta equilibrada e harmônica. Elas são o Domínio da Mente, que implica prestar atenção no que se faz e não deixar a mente vaguear. (...) A seguir, vem o Domínio da Ação, que implica agir com equilíbrio, sem tensão, fazendo aquilo que nos cabe. (...) Uma vez que nosso pensamento foi dominado, a ação seguirá seu curso, com harmonia e responsabilidade. (...)"

(Ricardo Lindemann & Pedro Oliveira - A Tradição-Sabedoria, uma introdução à filosofia esotérica - Ed. Teosófica, Brasília, 3ª edição - p. 146/148)


domingo, 6 de julho de 2014

O ARCO-ÍRIS

"Toda nuvem, por mais escura, contém um arco-íris. O bem pode surgir de qualquer situação. Procure esse dom e não desista da busca enquanto não o tiver achado.

A lei da compensação afirma que toda a situação ou acontecimento contém dentro de si tanto o bem quanto o mal, o prazer, assim como a dor; até mesmo a melhor das situações contém sofrimento, quando se dá conta de que ela não pode durar. Quando você está concentrado no aspecto positivo de qualquer situação, está ajudando a fazê-la manifestar-se. Ao procurar o bem, você faz com que ela aconteça.

Um jogador de beisebol universitário se machucou e foi forçado a ficar no banco até o final da temporada. A princípio, ficou muito transtornado devido ao seu aparente azar. No ano seguinte, contudo todos os problemas da equipe foram sanados e ele levou-a à conquista do campeonato. Olhando para aqueles tempos difíceis no passado, ele refletiu: ‘Sei que isto parece loucura, mas na verdade me sinto contente por ter-me machucado. Foi a melhor coisa que poderia ter-me acontecido.’

Comece agora a tentar ver o arco-íris em toda a situação. Tudo está contribuindo para o seu supremo bem. Quando tiver aprendido a procurar esse bem, irá aproveitar ao máximo cada circunstância com que se defrontar."

(Douglas Bloch - Palavras que Curam - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 106)


A ALEGRIA DE DAR ALEGRIA (PARTE FINAL)

"(...) A prática de seva é consequência natural de um elevado bhâvana ou atitude filosófica, que diz que quem ajuda é o mesmo que recebe ajuda, em termos do Absoluto Uno. Quem ajuda os outros o faz por ter a certeza de que o outro não existe fora de si mesmo, e que a separação é maya (ilusão); o que faz é na convicção de que Deus Uno é quem dá e é quem recebe. Quem assim age está livre de aspirar reconhecimento, retribuição ou recompensa. Não visa nem mesmo a conquistar um lugarzinho no céu. Não se utiliza dos necessitados como instrumento de egoísticos planos de 'salvação' ou 'indulgências'.

Seva é a característica do yoga da ação ou Karma Yoga. É trabalho desinteressado. O passo seguinte é a oferenda de todos os frutos de ação ao Senhor. O último passo é o mais libertador consiste em considerar o Senhor como o único autor das ações. Esse é o agir que liberta. Chamado Karma Yoga.

O agir no mundo só não semeia sofrimentos se for conducente à Divindade; só não gera remorsos e frutos amargos, quando a vontade individual do pseudoagente se conforma com a Sábia Vontade Divina; quando o indivíduo cumpre seu papel no mundo, mantendo-se em harmonia com o Senhor do mundo. Esta é a ação reta de que fala o budismo.

Sáhama karma é a atividade que visa à autogratificação ou prazer pessoal. É portanto aseva, o oposto de seva. E, como bem enunciou Cristo, cada um atinge o objetivo de seus desejos, o homem que trabalha por motivos egoísticos chegará a colher os frutos decepcionantes de seus vulgares anseios. E, no fim, só frustrações colherá. Nishama karma, ao contrário, nunca dará frutos amargos, pois é o agir inegoístico e em harmonia com o Divino. 

'Dedicando todas as ações a Deus, considerando-se a si mesmo tão só um servo ou instrumento, isento de desejos pela colheita dos frutos da ação, a salvo do egoísmo e sem qualquer sentimento de cobiça, engaja-te na batalha' (Gita)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 180/181)

sábado, 5 de julho de 2014

O HOMEM PROFANO E O HOMEM MISERICORDIOSO

"As pessoas profanas não compreendem o valor da vida espiritual. Frequentemente, caçoam do aspirante à espiritualidade e, às vezes, o ultrajam, tentando fazer-lhe injúrias. Mas, o religioso não reage a isso. Sua mente está fixada em Deus; portanto, sente a unidade, enxerga a ignorância e é misericordioso. Não importa que seja criticado ou injuriado; não lhe interessa agradar às pessoas profanas.

Conta-se a história de um monge em viagem que, cansado, repousou sob uma árvore. Não tendo travesseiro, arrumou alguns tijolos e neles descansou a cabeça. Algumas mulheres transitavam pelo caminho, indo apanhar água no rio. Vendo o monge em repouso, disseram entre si: 'Esse jovem tornou-se monge e ainda não consegue passar sem um travesseiro; usa tijolos em seu lugar!' Prosseguiram em seu caminho e o monge pensou: 'Têm razão de criticar-me' pondo de lado os tijolos, descansou a cabeça na terra. Logo depois, as mulheres voltaram e viram que os tijolos haviam sido postos de lado. Então exclamaram com desdém: Que belo tipo de monge! Ofendeu-se quando dissemos que usava travesseiro. Veja, agora - pôs fora o travesseiro!

O monge refletiu: 'Se uso travesseiro, criticam-me. Se deixo de usá-lo, também não lhes agrado. Impossível satisfazê-las. Deixe-me, pois, agradar apenas a Deus.'

Nenhum homem verdadeiramente espiritual age tendo em vista causar boa impressão aos outros ou buscando prestígio para si. Às vezes sente exatamente o oposto, ou seja, se por amor de Deus for preciso ficar contra o mundo inteiro, ele ficará - e ficará sozinho. Ele não se preocupa com o que os outros pensem dele.

Em geral, quando alguém fala mal de nós ou tenta ofender-nos, somos instintivamente levados a aplacar nosso ego, e não a agradar a Deus; e sentimos vontade de revidar. Mas, se nos entregarmos a esse desejo de revide - a ninguém mais causaremos danos a não ser a nós próprios; porque, quando irritados ou ressentidos, interrompemos nosso pensamento em Deus. Por isso, todos os grandes mestres espirituais têm ensinado, como Cristo, a não revidar, a não resistir ao mal - mas sim, a rezar por aqueles que nos insultam e perseguem.(...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento - p. 34/35 e 36)
www.pensamento-cultrix.com.br


A ALEGRIA DE DAR ALEGRIA (1ª PARTE)

"Um dos caminhos de viver em paz e curar-se da angústia é chamado seva, ou seja, agir no mundo visando a felicidade e o benefício dos outros. É a arte de ter a alegria de dar alegria.

Todo aspirante ao yoga e à conquista da mente precisa pensar o quanto é fonte de sofrimento e decepção o trabalhar egoísticamente, visando a, com o fruto do trabalho, adquirir coisas e conquistar posições. Esse agir em proveito próprio é o 'normal' na espécie humana sofredora. Pelo yoga é denunciado como um empecilho à realização espiritual, consequentemente, à conquista de paz da mente. Bhoga ou o agir do usurário, do egoísta, do mercenário, do gozador não o conduz a outro resultado que não à frustração. Já velho ou no leito da morte, o usurário sente, dramaticamente visível, a inutilidade do que viveu juntando. A moderna psiquiatria já reconheceu que o trabalho em proveito dos outros, que não se confunde com a mera caridade (não caricaturada!), é solução para muitos casos de neurose. Um ansioso é geralmente uma pessoa doentiamente interessada em si mesma. Todo seu medo, todas suas preocupações decorrem desse exagerado amor a si mesmo. O que se puder fazer para canalizar sua mega ânsia para um trabalho generoso constitui portanto tratamento.

'Quem dá aos pobres empresta a Deus' é uma fórmula de caridade vulgar, que, como se pode ver, não passa de uma barganha. Dar para depois receber é espúrio. É egoísmo. No final de contas, é ainda o ego do pretenso 'caridoso' que vai receber a 'recompensa'. Seva é diferente. Nada tem de negociata. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 179/180)