OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 18 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Uma das principais vias do yoga ou união é o desidentificar-se com o mundo de Deus para identificar-se com Deus do mundo. Esse caminhar é libertação pelos resultados e iluminação quanto ao processo psicológico.

À medida que avança nessa desidentificação, o homem vai se tornando cada vez mais invulnerável aos acontecimentos, às coisas, aos fatos e às pessoas.

Um imaturo vai ao cinema e goza e sofre, respectivamente, com as vitórias e derrotas do herói ao qual se identifica. Seus nervos, glândulas e vísceras são sacudidos pelos acontecimentos do mundo mítico criado pela fita. Uma pessoa de espírito crítico e amadurecido, conhecedora da técnica e arte cinematográficas, sabe 'dar o desconto', e assiste ao filme, dizendo para si mesmo: 'não é comigo'; 'eu não sou aquele personagem'; 'tudo isso é ilusão'.

O mundo que nos rodeia só é realidade na medida em que nos identificamos com ele, pois nos impõe dor ou prazer, pesar ou alegria, confiança ou medo... Desde que conheçamos o que é realmente o mundo, começaremos a sentir a equanimidade do espectador de mentalidade evoluída, sem sofrer nem gozar, sem tentar fugir ou buscar, sem medo, sem ódio e sem tédio."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 159/160)

terça-feira, 17 de junho de 2014

O APEGO CRIA A ILUSÃO QUE ESCONDE A VERDADE

"Apego, afeição e interesse criarão preconceito, parcialidade e ilusão, os quais escondem a Verdade e estupidificam a inteligência. Raga é roga, isto é, apego é doença, no concernente ao inquiridor em pauta. Não é próprio de um yogi ter apegos (raga). Ele deve ser isento de favoritismos, fantasias e preferências. Uma vez que você se apegue a determinada pessoa, a algum hábito ou maneirismo, difícil ser-lhe-á descartá-los, igual ao pobre aldeão que se atirou no rio para resgatar para si um pacote de tapetes (realmente era um urso sendo arrastado pelas águas revoltas), mas constatou que o tal 'pacote' o agarrava tão apertado que não o deixava escapar. O homem pulara para agarrar o que supusera ser, para ele, um tesouro, mas ele é que foi agarrado e preso. Eis por que os santos deste país têm ensinado às pessoas que elas são genuínas filhas da imortalidade, repositórios de paz e da alegria, da verdade e da justiça, e que são senhores de seus sentidos, e que, portanto, o mundo externo não os pode reter com seu fascínio. É natural que o homem possa ter certos desejos, algum anseio por conquistar conforto, certas tentações para alcançar contentamento, mas deve se conduzir apenas como o doente à busca de um remédio. Alimento e bebida, moradia e vestimenta devem ser apenas subsidiárias às necessidades do Espírito e às necessidades da educação das emoções e impulsos. Devem assumir o lugar subalterno que o sal e a pimenta têm na mesa do jantar nos dias atuais. Uppu (sal) deve ser subsidiário de papu (lentilha), isto é, o sal deve ser pouco e dal (lentilha), muito. Você não pode ter mais sal que dal, nem mesmo tanto quanto. Assim, os esforços para conseguir saúde, conforto etc. devem ser bastantes para o propósito superior de manter a disciplina ascética (o sadhana), nem mais, nem menos."

(Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro,1993 - p.170)
www.record.com.br


IDENTIFICAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) O 'normal' é o indivíduo sentir-se miserável e perdido só porque caiu doente. Muitas senhoras esnobes se danam quando a cronista deixou de citar seu nome na coluna social.

Aquilo que quando nos falta nos dá infelicidade é o objeto de nossa identificação. Somos identificados ao que ansiosa e desastrosamente queremos conservar, cultivar, desenvolver... Somos uns perdidos de nós mesmos porque nos identificamos a uma variedade sem conta de coisas, posições e pessoas. Nossa segurança e paz dependem de tudo isso com que nos identificamos.

Segundo o yoga, uma das maiores fontes de sofrimento é o identificar-nos com os níveis mais densos e materiais de nosso próprio ser. Os que se identificam com o corpo, e somos quase todos, costumam dizer: 'Eu estou doente', 'eu estou cansado'.

O yoguin, já desidentificado com o corpo, usa outra linguagem e diz: 'Meu corpo está doente.' O yoguin, em sua sabedoria, diz que seu corpo morre, pois sendo realmente um agregado de substâncias, algum dia se desfará, mas afirma que ele, em Realidade, é o Eterno, o Imutável, o Imóvel, o Perfeito, e portanto, jamais morrerá. Pode haver medo da morte para quem assim pensa?

Enquanto o homem comum adoece com os arranhões em seu carro ou em sua saúde, o sábio, desidentificado do grosseiro e do falível, mantém-se imperturbável, identificado que é com o eterno, o incorruptível e o imortal, que em Realidade ele é. Enquanto o pobre homem identificado é joguete ao sabor das circunstâncias incontroláveis na tempestuosa atmosfera da matéria, o yoguin, vivendo no Espírito, não se deixa apanhar nas malhas da ansiedade e da preocupação e não cai presa da 'coisa'. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 158/159)

segunda-feira, 16 de junho de 2014

O PROBLEMA DO MAL

"O porquê da existência do mal neste mundo é uma pergunta difícil de responder. Só posso lhes oferecer o que poderia chamar de resposta de um aldeão. Se existe o bem, deve haver também o mal, assim como onde existe a luz também haverá escuridão. Isso, porém, somente é verdade no que concerne a nós, seres humanos mortais. Perante Deus não há o bem nem o mal. Podemos falar de sua relação em termos humanos, mas nossa linguagem não é a de Deus.

Não posso justificar a existência do mal por meio de qualquer método racional. Querer fazê-lo é tentar ser equivalente a Deus. Sou, portanto, suficientemente humilde para reconhecer o mal como tal. E considero Deus paciente e resignado justamente por Ele permitir o mal em nosso mundo. Sei que não há mal dentro dEle, mas, ao mesmo tempo se o mal existe, ele é o autor disso e, mesmo assim é intocado por ele.

A distinção entre pensamentos bons e ruins não é desprovida de importância. Essas reflexões também não aparecem de modo aleatório. Elas seguem alguma lei que as escrituras tentam enunciar. (...)

A mão de Deus está por trás do bem, mas não somente atrás dele. Na verdade, sua mão também está por trás do mal, que, neste caso, já não é mais mal. Ambos representam meramente a imperfeição de nossa linguagem, afinal, Deus está acima do bem e do mal.

Somos nós, seres humanos, que entretemos pensamentos, e também somos nós que o repelimos. Temos, portanto, de lutar contra eles mesmos. As Escrituras afirmam que existe um duelo no mundo. Esse duelo é imaginário, não real. Podemos, entretanto, sustentar a nós mesmos nesse mundo ao assumir que esse combate seja real."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.38/39)


IDENTIFICAÇÃO (1ª PARTE)

"Conheci um homem rico que sempre adquiria carro do último tipo, o mais caro. Adorava o carro como um apaixonado qualquer a sua amada. Dava-lhe tratamento extremamente cuidadoso. O brilho do carro era-lhe obsessão.

Uma noite, o carro estacionado, estando ele no cinema, algum malvado fez um risco no lindo capô. O pobre homem 'adoeceu de raiva'. Não é apenas uma expressão popular. Adoeceu mesmo. De raiva de quem fizera aquilo, e de dor, por ver estragado seu carro. O risco não fora apenas no automóvel, mas em seus próprios nervos, pois, a rigor, o carro não era dele - o carro era ele mesmo. Dizia Cristo: 'Onde está vosso tesouro aí está o vosso coração' (Lc 12:34).

Aquele homem abastado é o símbolo da identificação. Sua tranquilidade, sua saúde, sua felicidade, dependiam 'dele' - do carro. Era portanto uma pessoa muito vulnerável. Semelhante a milhões de outros seres humanos. Era vulnerável como seu carro. Enguiço, sujeira, arranhão, batida, a que todo automóvel está sujeito, atingia-o em seu psicossoma, isto é, faziam-no sofrer mental e organicamente.

A identificação mais normal, mais generalizada, é aquela às coisas externas e mais ou menos vulneráveis quanto um automóvel. Os homens 'normais' continuam a fechar os ouvidos doidos à sapiência de Jesus: 'Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a Terra...' Continuam, sem ver que põem seus queridos tesouros 'onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões escavam e roubam' (Mt 7:19).

Podemos identificar-nos a um objeto, a um outro ente humano, como a namorada, o filho, a um emprego ou à ribalta. Somos identificados às coisas quando nos sentimos infelizes com a perda, o desgaste ou a decadência de tais coisas. A felicidade de muitos está ligada, às vezes, a acontecimentos em si insignificantes, como a vitória do time de futebol ou do partido político, mas também à manutenção de um emprego ou posição de destaque social ou artístico, ao triunfo da ideias ou ideais que professam. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 157/158)