"O espaço está constantemente saturado de vibrações invisíveis. As ondas de rádio são um exemplo. De milhares de estações de todos os países partem vibrações, as quais, captadas por um aparelho receptor, se transformam em som. Chama-se de sintonia o ato de pôr o receptor em consonância vibratória com a emissora. Nossa mente, tal como o radio receptor, quando sintoniza com ondas de pensamento que cortam os espaços, ondas emitidas por outras mentes, recebe os pensamentos das pessoas.
A transmissão do pensamento pode ser pelos meios mais densos e concretos como também pelos meios mais sutis e quintessenciados. A palavra é um meio de comunicação mais conhecido. Pela palavra, influimos na mente dos outros e, reciprocamente, somos influenciados.
Em época alguma a mente humana foi bombardeada por tantas, tão veementes, tão variadas e contraditórias sugestões como agora. Isso é (mesmo!) uma agressão ao equilíbrio mental de cada indivíduo. Propaganda, cinema e televisões, livros e discursos, aulas e jornais constituem exércitos a invadir-nos a mente, a cada instante, onde nos encontramos. Todo escritor, autor, publicitário, professor e ator têm ansiedade profissional por tomar de assalto as mentes e injetar lá dentro novas ideias, necessidades, motivações, inclinações e ideais seus ou de seu interesse. Todos os líderes se empenham em dominar nosso mundo mental. As ideologias, a indústria, o comércio, a arte crescem, à medida que nos dirijam, nos envolvam, nos condicioname, nos comprometam, nos convençam e nos prendam em suas malhas aliciadoras. (...)
As pessoas, por invigilantes e por não saberem se resguardar de tais influências, vivem como barcos desgovernados, e muitos perdem equilíbrio e saúde mental em meio à agitação 'normal' neste mundo mental. Os milhões de mensagens e vibrações criam impressões e tendências de ser e de agir (samskaras e vásanas) que lhes dirigem o destino. E tudo isso vem como bombardeamento etéreo, impalpável, sutil, por isso mesmo incomparávelmente mais penetrante do que as sugestões do mundo material.
Assim como, quem tem bom gosto e maturidade mental evita sintonizar o rádio para certas estações vulgares e de mau gosto, dando preferência à programação refinada, educativa e bonita, e se não as encontra, desliga o aparelho. O yogui também sabe defender-se das mensagens verbais, visuais ou telepáticas nocivas que lhe queiram invadir o templo da mente, devotada sempre a Deus. (...)"
(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 173/174)