"Que diz a Religião Universal a respeito de Deus? Diz que a prova da existência de Deus está dentro de nós. É uma experiência íntima. Com certeza você pode se lembrar de pelo menos uma ocasião na vida em que, durante a oração ou um culto, sentiu que as limitações do corpo quase se desvaneciam, que a experiência de dualidade - prazer e dor, amor e ódio mesquinhos, etc. - afastava-se de sua mente. Bem-aventurança pura e serenidade brotaram em seu coração, e você experimentou uma tranquilidade imperturbável: Bem-aventurança e contentamento. Embora esse tipo de experiência superior nem sempre ocorra a todos, não pode haver dúvidas de que todas as pessoas, uma vez ou outra, durante a oração ou em estado de adoração ou meditação, experimentaram alguns momentos de perfeita paz.
Não é essa uma prova da existência de Deus? Que outra prova direta da existência e da natureza de Deus podemos dar, além da existência da Bem-aventurança dentro de nós nos momentos de verdadeira oração ou culto? Há, porém, outras provas da existência de Deus: a prova cosmológica (do efeito elevamo-nos à causa; do mundo, ao Criador do Mundo), a prova teleológica (do telos [plano, adaptação] do mundo elevamo-nos à Inteligência Suprema que criou o plano e a adaptação) e também a prova moral (da consciência e do sentimento de perfeição elevamo-nos ao Ser Perfeito, diante de quem somos responsáveis).
Ainda assim, devemos admitir que essas provas são, em certa medida, produtos da inferência. Não podemos ter conhecimento pleno ou direto de Deus por meio das faculdades limitadas do intelecto. O intelecto proporciona apenas uma visão parcial e indireta das coisas. Ver uma coisa intelectualmente não é o mesmo que experimentá-la ao se unificar com ela; é ver uma coisa à distância estando separado dela. A intuição, porém, que mais tarde analisaremos, é a apreensão direta da verdade. É na intuição que a consciência de Bem-aventurança, ou consciência de Deus, é experimentada. (...)
(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 43/45)