"ENTREGUEM-SE TOTALMENTE aos pés de lótus do Senhor. Lembrem-se Dele constantemente, não percam mais tempo com pensamentos mundanos. Lutem! Lutem duramente para controlar a mente inconstante e fixá-la em Deus. Quando puderem fazer isso, descobrirão quanta alegria existe na vida espiritual, quanta diversão*! A ignorância deve ser superada nesta mesma vida. Isto não será fácil, a não ser que se dediquem de coração ao trabalho do espírito. Fé é a única coisa imprescindível, uma fé intensa! Não permitam que a dúvida domine suas mentes.
Mas Maharaj, e se as dúvidas se apoderarem de nós?
As dúvidas surgirão até o momento em que vocês, realizem Deus: por isso, entreguem-se a Ele e orem. Pensem consigo mesmos: 'Deus é! Mas por causa de minha mente impura não posso vê-lo. Assim que, pela graça de Deus, meu coração e minha mente tiverem sido purificados, eu certamente poderei vê-lo!' Deus não pode ser conhecido pela mente finita. Ele transcede a compreensão da mente e, mais ainda, a do intelecto. Este universo aparente é uma criação mental. A mente o produziu; é sua autora e não pode ir além de seu próprio domínio.
Subjacente à nossa mente existe outra mente espiritual mais sutil, sob a forma de semente. Pela prática da contemplação, oração e japa, ela se desenvolve e, com isso uma nova visão se abre para o aspirante, que passa a perceber a existência de muitas verdades espirituais. Essa, porém, não é a experiência final. A mente sutil aproxima o aspirante de Deus, mas não pode alcançar Deus, o Atman Supremo. Para quem chega a esse estágio, o mundo perde todo o encanto e ele permanece absorto na consciência de Deus. Essa absorção conduz ao samadhi, uma experiência indescritível, que transcende a existência e a não existência, na qual não existe felicidade ou infelicidade, nem luz ou sombras. Tudo é o Ser Infinito, impossível de expressar."
*A palavra diversão aplicada à alegria espiritual é característica em Swami Brahmananda, que com isso desejava eliminar a distância que existe em muitas mentes entre as satisfações sublimes da religiaão e a felicidade simples experimentada na vida cotidiana. Todo mundo aprecia diversão: porque, então, Deus não pode ser apreciado por todo mundo? Afinal, deus é a única e verdadeira diversão.
(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo, 2011 - p. 220/221)