OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

AÇÃO SEM AÇÃO

"Karma Yoga é o yoga da ação impessoal. A pessoa torna-se mais decidida, mais rápida na ação, mais sábia no julgamento. É a personalidade que obnubila a visão da pessoa e retarda a ação. São os nossos gostos e aversões que nos confundem. A realidade é muito maior do que nossas preferências pessoais.

Os chineses chamam isso de wei wu wei: ação sem ação. É um princípio fundamental do Taoísmo. Equivale a estar em harmonia com a realidade maior. O indivíduo é apenas parte dessa realidade total, uma realidade que estava lá antes de nascermos, e que lá estará muito depois de termos morrido.

Em Luz no Caminho podemos ler sobre a canção da vida com a qual precisamos estar harmonizados: ‘Ouve a canção da vida./ Guarda em tua memória a melodia que ouvires./ Aprende dela a lição de harmonia’.

A maioria das pessoas não ouve essa melodia. Ouve apenas a melodia da sociedade, das outras pessoas, da televisão, dos jornais. Esses ruídos sociais formam uma cacofonia que resulta em infelicidade, conflito guerras, pobreza e a lenta destruição da Terra.

Precisamos aprender a ouvir a canção da vida. No começo é uma melodia débil, que às vezes ouvimos, às vezes não. Porém, quando a ouvimos com mais frequência, descobrimos ser mais fácil reconhecer sua melodia, separada da melodia da sociedade. Então tem início um reajustamento na vida. Nós que fomos criados dançando segundo a música da sociedade, devemos agora começar a aprender um outro conjunto de passos. Pode ser doloroso. Pode significar mudança de carreira, de círculo de amizades. Mas essa harmonização precisa ser feita. (...)"

(Vicente Hao Chin Jr. - Espiritualidade no dia a dia - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 22)


FAÇA DA CRENÇA UMA FERRAMENTA PARA O SEU PROGRESSO ESPIRITUAL (1ª PARTE)

"'Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado.’ Esta passagem também realça o papel da ‘crença’ na condenação ou não condenação do homem. As pessoas que não compreendem a imanência do Absoluto no mundo relativo tendem a tornar-se céticas ou, então, dogmáticas, pois em ambos os casos a religião torna-se uma questão de crenças cegas. Incapaz de conciliar a ideia de um Deus bom com as aparentes crueldades da criação, o cético rejeita a crença religiosa de forma tão obstinada quando o dogmático se apega a ela.

As verdades ensinadas por Jesus estavam muito além da crença cega, que aumenta e diminui sob a influência de pronunciamentos paradoxais de clérigos e céticos. A crença é um estágio inicial do progresso espiritual, necessário para admitir o conceito de Deus. Mas tal conceito tem de ser transformado em convicção, em experiência. A crença é o precursor da convicção; é preciso acreditar em algo a fim de se proceder a uma investigação imparcial. Se, porém, alguém se satisfazer apenas com a crença, esta se converte em dogma – estreiteza mental, um impedimento para a verdade e o progresso espiritual. O necessário é cultivar, no solo da crença, a safra da experiência direta e do contato com Deus. Tal conhecimento incontestável – e não a mera crença – é o que nos salva.

Se alguém me diz: ‘Creio em Deus’, eu lhe pergunto: ‘Por que você crê? Como sabe que Deus existe? Se a resposta é baseada em suposição ou conhecimento indireto, eu lhe digo que ele não crê realmente. Para manter uma convicção, é preciso per premissas que a sustentem; de outra forma, trata-se apenas de um dogma – uma presa fácil para o ceticismo.

Se eu apontasse para um piano e afirmasse que ele é um elefante, a razão de uma pessoa inteligente se revoltaria contra tal absurdo. Da mesma maneira, quando dogmas acerca de Deus são propagados sem a validação da experiência ou percepção direta, mais cedo ou mais tarde, quando forem submetidos ao teste de uma experiência contrária, a razão questionará com especulações a verdade acerca de tais ideias. Quando os raios abrasadores do sol da investigação analítica se tornam cada vez mais ardentes, as frágeis crenças insubstanciais murcham e secam, originando um ermo de dúvida, agnosticismo ou ateísmo. (...)"

(Paramahansa Yogananda – A Yoga de Jesus – Self-Realization Fellowship – p. 75/76)


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O PRAZER NASCE DA ILUSÃO

"D: Se o Ser é sempre prazeroso e se também o são os objetos dos sentidos no momento da apreciação, eles também devem ser considerados prazerosos.

 M: O deleite em qualquer objeto não é duradouro; o que agora é prazeroso logo cede seu lugar a outro objeto ainda mais prazeroso. Há graus de prazer e uma sequência dos objetos apreciados. O prazer nos objetos é apenas caprichoso, e não estável. Isto porque o prazer nasce de nossa própria ilusão, e não do valor intrínseco do objeto. Por exemplo: observe como o cão rói um osso seco e sem tutano até sair sangue das feridas em sua boca; ele acha que o gosto de seu próprio sangue é o do tutano do osso, e não quer largá-lo. Se encontrar outro osso parecido, deixa cair o que tem na boca e pega o outro. Da mesma forma, sobrepondo a sua própria natureza bem-aventurada aos detestáveis objetos de sua fantasia, o homem deleita-se neles por engano, pois a alegria não é a natureza dos objetos. Devido à ignorância humana, os objetos que, na verdade, são dolorosos por natureza, parecem ser prazerosos. Esse prazer aparente não permanece estável em um objeto; normalmente se desloca para outros objetos; é desenfreado, possui níveis e não é absoluto, ao passo que a Alegria do Ser não é caprichosa. Mesmo quando o corpo, etc., são abandonados, a alegria do Ser dura para sempre, e também é absoluta. Portanto, o Eu Real é a Suprema Bem-aventurança. Até aqui, a natureza Ser-Consciência-Beatitude do Eu Real foi estabelecida." 

 (Advaita Bodha Deepika - A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 108/109)

POR QUE REPETIR OS MESMOS ERROS (PARTE FINAL)

"(...) Conheci pessoas que viviam em grandes cidades e que jamais saíram dos arredores do seu bairro, jamais foram até o centro da cidade. Conheci também pessoas que viajaram ao redor do mundo, mas que nunca conheceram ou conversaram com as pessoas que sustentavam seus luxuosos estilos de vida, a quem viam como serviçais - cozinheiros, garçons, mensageiros de hotel, motoristas, etc. Tanto em nossa vida externa quanto na interna tendemos a sofrer de falta de exposição. Muitas vezes contentamo-nos em encontrar conforto na familiaridade da nossa condição atual, em vez de nos arriscarmos no desconhecido.

Há um raio de esperança para todos nós num fato simples. Quando ficar claro que é muito grande o sofrimento que experienciamos e o sofrimento colateral que causamos pelo nosso estúpido modo de viver, decidiremos que para nós basta. Nas palavras da ativista de direitos civis Fanie Lou Hammer, 'durante toda a minha vida estive doente e cansada, mas agora estou doente e cansada de estar doente e cansada'.

A condição do nosso desconforto nos leva a descobrir um caminho melhor. Quando essa compreensão finalmente surge em nós, embarcamos na grande experiência da autotransformação. É então que respondemos aos ensinamentos da sabedoria e começamos a nos familiarizar com dimensões mais profundas do nosso próprio ser. Estudamos o que tem sido dito a respeito dessas camadas mais profundas. Aquietamo-nos primeiramente para abordá-las, depois para imergirmos no campo que Rumi descreveu como 'além das ideias de malefício e benefício'. Gradualmente podemos estabelecer um 'normal novo' para nós mesmos, num estado que não mais exige conflito e competição para que nos sintamos vivos.

Essa possibilidade é algo que está disponível para nós a qualquer hora. Em nossos momentos de quietude, quando estamos sós e silentes, podemos às vezes senti-la. Como escreve Dane Rudhyar, em seu livro Occult Preparations for a New Age, 'o oceano de infinita potencialidade circundamos; nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser, mas a maioria de nós se recusa a sentir, se recusa a ver, e assim ficamos envolvidos em nossa agitação frenética, em nosso medo, em nossa concentração masoquista sobre o quanto sofremos. Esse sofrimento é vão e exige repetição interminável. Devemos nos aquietar e sentir o som insonoro das vastas marés do espírito fustigando as praias de nossa consciência, ou talvez batendo nas rochas cheias de mossas de nosso orgulho e de nossa avidez. Devemos voltar nossa consciência para esse mar interior e tentar sentir o fim de um ciclo de experiência pacificamente transformando-se no início ainda impreciso e desfocado de um novo ciclo. Devemos ousar convocar a potencialidade de um início essencialmente novo e, para nós, sem precedente."

(Tim Boyd - Revista Sophia, Ano 11, nº 46 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 35)

domingo, 26 de janeiro de 2014

SEDE, POIS, PERFEITOS

Sede, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.

Com esta frase, dá-nos Jesus o tema central do Sermão da Montanha. Todo o sentido da vida humana resume-se nisso. E o mesmo tema acha-se no cerne de toda religião: Procura a perfeição! Tem consciência de Deus!

Temos ideia do que possa ser a perfeição quando se trata de objetos materiais ou de metas intelectuais ou morais, embora os padrões individuais possam variar. Mas, o que se entende por perfeição divina?  Uma vez que nossa mente se circunscreve num mundo de relatividade – dentro do tempo, do espaço e da causalidade – não temos condição de saber o que seja esta perfeição, porque ela é absoluta. Temos apenas a vaga ideia de que ela se refere a um estado de plenitude, de paz permanente e de realização. Todo ser humano deseja encontrar a realização e a perfeição – em suas relações com outros seres humanos, em seu trabalho, em cada segmento da vida. Todavia, ao atingir os objetivos que o mundo tem a oferecer, não se sente ainda satisfeito. Pode estar rodeado por uma boa família e por amigos leais, Pode gozar de riqueza e de boa saúde, de beleza e de fama – e, não obstante, ser perseguido por uma sensação de carência e de frustração.

Naturalmente, é verdade inconteste que nossos desejos podem ser aplacados temporariamente neste mundo. Podemos gozar de alguns prazeres e sucessos. Mas, esquecemo-nos sempre de que eles são passageiros. Se aceitamos os prazeres e o sucesso, devemos estar prontos a aceitar também a dor e o fracasso.

Kapila, filósofo da Índia antiga, expressou de forma negativa a perfeição, como ‘a cessação completa da desolação’. Os sábios védicos procuram exprimi-la positivamente, como Sat, a vida imortal; Chit, o conhecimento infinito, e Ananda, o amor e o êxtase eternos. Por detrás de cada esforço humano existe o desejo (por inconsciente e mal orientado que possa ser) de encontrar Sat-chit-ananda – noutras palavras, a realidade suprema, Deus. Mas, desde que a maioria de nós não tem consciência de que a finalidade real da vida é encontrar Deus, continuamos a repetir as mesmas alegrias e tristezas indefinidamente. Gastamos nossa energia em realizações efêmeras, buscando recompensa infinita no que é finito. Somente após passarmos por muitas experiências de prazeres e de dor, ocorre-nos o discernimento espiritual. Começamos então a ver que nada neste mundo pode dar-nos satisfação duradoura. Aí, entendemos que o desejo da felicidade permanente, de perfeição, só pode ser satisfeito na verdade eterna de Deus. (...)”

(Swami Prabhavananda – O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta – Ed. Pensamento, 15ª Edição – p. 73/74)