OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A NATUREZA DO AMOR

"A necessidade de segurança nas relações gera inevitavelmente o sofrimento e o medo. Essa busca de segurança atrai a insegurança. Já encontrastes alguma vez segurança em alguma de vossas relações? Já? A maioria de nós quer a segurança no amar e no ser amado, mas existirá amor quando cada um está a buscar a própria segurança, seu caminho próprio? Nós não somos amados porque não sabemos amar.

Que é o amor? Esta palavra está tão carregada e corrompida, que quase não tenho vontade de empregá-la. Todo o mundo fala de amor — toda revista e jornal e todo missionário discorre interminavelmente sobre o amor. Amo a minha pátria, amo o meu rei, amo um certo livro, amo aquela montanha, amo o prazer, amo minha esposa, amo a Deus. O amor é uma ideia? Se é, pode então ser cultivado, nutrido, conservado com carinho, moldado, torcido de todas as maneiras possíveis. Quando dizeis que amais a Deus, que significa isso? Significa que amais uma projeção de vossa própria imaginação, uma projeção de vós mesmo, revestida de certas formas de respeitabilidade, conforme o que pensais ser nobre e sagrado; o dizer ‘Amo a Deus’ é puro contra-senso. Quando adorais a Deus, estais adorando a vós mesmo; e isso não é amor. (...)

O amor é uma coisa nova, fresca, viva. Não tem ontem nem amanhã. Está além da confusão do pensamento. Só a mente inocente sabe o que é o amor, e a mente inocente pode viver no mundo não inocente. Só é possível encontrá-la, essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou sequiosamente por meio de sacrifícios, de adoração, das relações, do sexo, de toda espécie de prazer e de dor, só é possível encontrá-la quando o pensamento, alcançando a compreensão de si próprio, termina naturalmente. O amor não conhece oposto, não conhece conflito. (...)

Mas, não sabeis como chegar-vos a essa fonte maravilhosa — e, assim, que fazeis? Quando não sabeis o que fazer, nada fazeis, não é verdade? Nada, absolutamente. Então, interiormente, estais completamente em silêncio. Compreendeis o que isso significa? Significa que não estais buscando, nem desejando, nem perseguindo; não existe centro nenhum. Há, então, o amor."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 44)


COMPREENDENDO A MENTE E O MEDO (PARTE FINAL)

"(...) Podeis observar uma nuvem, uma árvore ou o movimento de um rio, com a mente relativamente quieta porque essas coisas não são sumamente importantes para vós; mas o observar a vós mesmos é muito mais difícil, porque então as exigências são muito práticas, as reações muito rápidas. Assim, quando estais diretamente em contato com o medo ou o desespero, com a solidão e o ciúme, ou qualquer outro estado repulsivo da mente, podeis olhar de maneira tão completa que vossa mente fique suficientemente quieta para vê-lo?

Pode a mente perceber o medo, e não as diferentes formas de medo; perceber o medo total, e não aquilo de que tendes medo? Se olhais meramente para os detalhes do medo ou procurais acabar com os vossos temores um a um, nunca alcançareis o ponto central, que é aprender a viver com o medo.

O viver com uma coisa viva, tal o medo, requer uma mente e um coração altamente sutis, que não chegaram a qualquer conclusão, podendo, portanto, seguir cada movimento do medo. Então, se observardes o medo, e com ele viverdes — e isso não leva um dia inteiro, porque um minuto ou um segundo pode bastar, para se conhecer a inteira natureza do medo — se viverdes com ele completamente, perguntareis, inevitavelmente: ‘Qual a entidade que está vivendo com o medo? Qual a entidade que está observando o medo, observando cada movimento de todas as formas do medo, e ao mesmo tempo consciente do fato central do medo? Será o observador uma entidade morta, um ente estático, que acumula uma grande quantidade de conhecimentos e informações a respeito de si próprio, e essa coisa morta é que está observando e vivendo com o movimento do medo?’ — Qual é a vossa resposta? Não respondais a mim, porém a vós mesmo. Sois vós — o observador — uma entidade morta a observar uma coisa viva, ou sois uma coisa viva a observar outra coisa viva? Porque, no observador existem os dois estados."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 24)
 www.editoracultrix.com.br


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

TUDO É DEUS

"O fruto, o pote e a joia são 'efeitos'. Não existe efeito sem causa. A semente, a porção de barro e a pepita de ouro são as causas materiais. O agricultor, o oleiro e o ourives são, respectivamente, as causas instrumentais, eficientes ou manipulativas. No que concerne à criação da multiplicidade do Universo, apelamos para Ele, Deus. Quando o cosmos se manifestou através da vontade de Deus, surgiu somente do Absoluto, desde que só havia o Uno. Mesmo agora, só há o Uno, a despeito de toda esta aparente variedade. Sobre o Uno sobrepusemos a ilusão dos muitos. Quando no cinema vemos as cenas, a tela branca não é vista; quando é vista a tela, as cenas estão invisíveis. Sem que haja a tela (Brahman), as cenas inexistem. Elas não têm sentido, não carregam mensagem; não comunicam alegria (Ananda).

Deus, portanto, é não só a causa material como a causa eficiente (instrumental do universo). Ele é simultaneamente o ouro e o ourives; o oleiro e o barro; tanto a semente quanto a árvore. Deus é todos os seres. A Natureza é Seu corpo. O Cosmo, Sua vontade. Os Vedas, Sua respiração. A escola de pensadores conhecida como Samkhya declara que o mundo objetivo nasceu da conglomeração e conjunção de desesperados átomos, mas não explica aquilo que os induziu a se juntarem com seus afins para formar modelos e grupos. Como tal necessidade surgiu? Perguntas tais são negligenciadas. Muitos filósofos, especialmente os ocidentais, ignoram esse  problema de identificar a Causa (única) com todos os efeitos que, a cada momento, encontramos em torno de nós. Deus quis, e se tornou tudo isso, em resposta a esse Divino Desígnio, a essa Necessidade Primal. é, o Anthar-Atma (a Realidade Interna) e o Anthar-Yamin (o Interno Motivador). Os Vedas declaram 'Tudo isto é Vasudeva (Deus)', Não há aqui o menor traço de multiplicidade. Há somente o Uno-sem-um-segundo. Realizar e experienciar esta Verdade básica, tornar-se bem-aventurado conhecedor da Divindade que se tem em si mesmo é a Vitória que a bandeira de Prasanthi¹ expressa."

¹ Prasanthi Nilayam (Morada da Grande Paz) - é o nome do principal ashram (morada) de Sai Baba.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 78/79)


COMPREENDENDO A MENTE E O MEDO (2ª PARTE)

"(...) Só há o medo total, mas como pode a mente que pensa fragmentariamente observar esse quadro total? Pode observá-lo? Temos levado uma vida de fragmentação e só somos capazes de olhar o medo através do processo fragmentário do pensamento. Todo o processo do mecanismo do pensamento é dividir tudo em fragmentos: Eu te amo e eu te odeio; tu és meu amigo, tu és meu inimigo; minhas idiossincrasias e inclinações, meu emprego, minha posição, meu prestígio, minha mulher, meu filho, minha pátria e tua pátria, meu Deus e teu Deus — tudo isso é fragmentação do pensamento. E o pensamento olha o estado atual de medo, ou tenta olhá-lo, e o reduz a fragmentos. Vemos, por conseguinte, que a mente só pode olhar esse medo total quando não há movimentação do pensamento.

Podeis observar o medo sem nenhuma conclusão, sem nenhuma interferência do conhecimento que a seu respeito acumulastes? Se não podeis, então o que estais observando é o passado e não o medo; se podeis, nesse caso estais, pela primeira vez, observando o medo sem a interferência do passado.

Só se pode olhar com a mente muito quieta, assim como só se pode ouvir o que alguém está dizendo, quando a mente não está a tagarelar, a travar consigo um diálogo a respeito de seus problemas e ansiedades. Podeis, da mesma maneira, olhar o vosso medo, sem procurardes dissolvê-lo, sem trazerdes à cena o seu oposto, a coragem; olhá-lo de fato, e não tentar fugir dele?

Quando dizeis: "Eu tenho de controlá-lo, tenho de livrar-me dele, tenho de compreendê-lo" — estais tentando fugir dele. (...)"

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 24)


domingo, 22 de dezembro de 2013

FUMAÇA E FOGO

"Quando a fumaça se torna muito intensa e quente passa de preta ou cinzenta a ser branca, de branca se torna radiante, depois vítrea, ígnea - e, por fim, rompe em chama de fogo.

Assim, por vezes, os meus pensamentos humanos, conscientes, se tornam tão intensos que deixam de ser meus e passam a ser uma vibração do Infinito, radiação cósmica, inspiração divina. E então me sinto simples canal passivo, e não mais fonte ativa do meu pensamento, que deixou de ser meu, do meu ego consciente.

De ego-pensante me torno cosmo-pensado.

Vida, pensamento, intuição - estas coisas não são produzidas pelo homem, mas são substâncias do Infinito, radiação cósmica que o homem capta e canaliza, assim como a antena de um receptor capta as ondas de uma estação emissora, tornando-as audíveis ou visíveis através do receptor.

Todo pecado consiste no fato de o homem se considerar fonte em vez de simples canal. Só Deus é Fonte, ele, o Uno, o Único, o Todo. 

O Universo é uma gigantesca estação emissora de Vida, Pensamento, Intuição. Basta que haja um Finito para captar algo da irradiação do Infinito - e aparecem as maravilhas da Vida, do Pensamento, da Inspiração.

Os pais não causam o filho.

O pensador não causa o pensamento.

O místico não causa a inspiração.

Todos recebem do Infinito, na medida da sua receptividade, e canalizam essa parcela do Todo, de acordo com a sua idoneidade.

Quem considera fonte, quando é apenas canal, ignora a sua função. Na natureza infra-humana nenhuma criatura se considera fonte, todas funcionam instintivamente como canais do Infinito, e por isto, na natureza, tudo é harmonia e beleza. Com o homem começa a possibilidade do grande erro, de considerar o seu canal como fonte - e isto é o pecado do ego, a grande hybris.

A redenção está em ultrapassar esse erro e entrar na zona da verdade, fazendo conscientemente o que a natureza faz inconsciente: 'As minhas obras não são minhas, mas são do Pai que em mim está... Eu de mim mesmo (do meu ego) nada posso fazer.'"

(Huberto Rohden - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 117/118)
www.martinclaret.com.br