"Ao vos
tornardes cônscio do vosso condicionamento compreendereis a totalidade de vossa
consciência. A consciência é o campo total onde funciona o pensamento e existem
as relações. Todos os motivos, intenções, desejos, prazeres, temores, inspiração,
anseios, esperanças, dores, alegrias, se encontram nesse campo. Mas nós
dividimos a consciência em ativa e latente, em nível superior e nível inferior;
quer dizer, na superfície todos os pensamentos, sentimentos e atividades de
cada dia e, abaixo deles, o chamado subconsciente, as coisas que não nos são
familiares, que ocasionalmente se expressam por meio de certas sugestões,
intuições e sonhos.
Ocupamo-nos com
um pequeno canto da consciência, que constitui a maior parte de nossa vida;
quanto ao resto, a que chamamos subconsciente, com todos os seus motivos,
temores, atributos raciais e hereditários, não sabemos sequer como penetrá-lo.
Agora, pergunto-vos: Existe mesmo tal coisa — o subconsciente? Empregamos muito
livremente essa palavra. Admitimos que essa coisa existe e todas as frases e
terminologias dos analistas e psicólogos se insinuaram na nossa linguagem; mas,
existe ela? E, por que razão lhe atribuímos tamanha importância? A mim ela
parece tão trivial e estúpida como a mente consciente, tão estreita, tão
fanática, condicionada, ansiosa e sem valor quanto ela.
Assim, será
possível ficarmos completamente cônscios de todo o campo da consciência e não
meramente de uma parte, de um fragmento? Se puderdes tornar-vos cônscios da
totalidade, agireis sempre com vossa atenção total e não com uma atenção
parcial. Importa compreender isso, porque, quando se está cônscio de todo o
campo da consciência, não há atrito. Quando se divide a consciência — toda ela
constituída de pensamento, sentimento e ação — em diferentes níveis, é então
que há atrito."
(J. Krishnamurti - Liberte-se do
Passado - Editora Cultrix, São Paulo,1969 - p. 15)
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