"(...) No ser humano, a
alegria origina-se no cérebro, no centro sutil de consciência divina que os
iogues denominam sahasrara, ou lótus
de mil pétalas. Entretanto, o genuíno sentimento de alegria não é experimentado
na cabeça, e sim no coração. Da sede da consciência divina no cérebro, a
alegria desce para o centro cardíaco,² e aí se manifesta. Essa alegria vem da
bem-aventurança divina – o atributo essencial e supremo do Espírito.
Embora possa nascer em
razão de certas condições externas, a alegria não está sujeita a condições;
frequentemente, aparece sem nenhuma causa material. Às vezes, você acorda,
‘andando nas nuvens’ de tanta alegria, mas não sabe por quê. E quando está no
silêncio da meditação profunda, a alegria borbulha de seu íntimo, sem ter sido
despertada por estímulos externos. A alegria da meditação é extasiante. Quem
nunca entrou no silêncio da verdadeira meditação não conhece a alegria pura.
Ficamos muito felizes quando satisfazemos um desejo; contudo, quando somos
jovens, muitas vezes sentimos uma felicidade, repentina, como se viesse do
nada. A alegria se expressa sob certas condições, mas não é por elas criada.
Assim, quando alguém ganha mil dólares e exclama ‘Que felicidade!’, a condição
de receber mil dólares serviu apenas como o golpe de uma picareta para liberar
uma fonte de alegria do reservatório oculto de bem-aventurança interior. Da
mesma forma, na experiência humana, normalmente são necessários certos fatos para
trazer o júbilo à tona, mas a alegria em si é o estado perene da alma. O amor
também é inerente à alma, mas é secundário em relação à alegria; não poderia
existir amor sem alegria. Você consegue imaginar isso? Não, porque a alegria
vem junto com o amor. Quando falamos do sofrimento do amor não correspondido,
estamos falando de um anseio não realizado. A verdadeira experiência de amar é
sempre acompanhada da alegria."
² Chakra anahata, o centro dorsal sutil; sede dos sentimentos, centro
do controle de vayu, o elemento
vibratório do ar, uma das manifestações da vibração criadora de Om. A vida e a consciência do homem se
perpetuam pela força e pela atividade na ‘árvore da vida’, cujo tronco são os
sete centros sutis localizados na coluna vertebral e no cérebro. Daí vem o
poder para desempenhar todas as funções e capacidades fisiológicas e
psicológicas do ser humano. Devido ao seu centro comum de origem, algumas
experiências espirituais e psicológicas estão ligadas a processos fisiológicos.
Por exemplo, existe uma conexão definida entre a função fisiológica cardíaca e
o centro espiritual sutil do sentimento, localizado no coração. Trabalhando
juntos, eles expressam a grande emoção do amor, tanto humano quanto divino.
(Paramahansa Yogananda – O Romance com Deus – Self-Realization Fellowship – p. 04/05)