OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 5 de novembro de 2013

CONHECIMENTO É PODER

"Quando o raciocínio e a mente pensante são aplicados a questões como: ‘Será tudo impermanente ou haverá algo infinito, eterno?’ e ‘Qual é a relação de um insignificante ser humano mortal com o vasto universo infinito?’, entramos, então, no campo da filosofia. O ser humano criou, ou reconheceu, muitas filosofias diferentes. Isso também é parte do nosso mundo, deve-se ao poder pensante do homem, à sua observação, análise, inferência, conceitualização e ao seu raciocínio.

Mas existem subprodutos. Vivemos num estágio de conforto e conhecimento relativamente avançado, mas também vivemos num mundo muito mau. Talvez o mundo seja hoje mais perverso do que já foi algum dia. Isso também se deve à mente pensante, capaz de criar métodos de ferir os outros, capaz de crueldade e destruição, ganância e exploração.

Todo progresso aumenta o poder. Dizem que ‘conhecimento é poder’. Aumentar o conhecimento é dar uma ilusão de poder cada vez maior ao ser humano. Grande parte da destruição da natureza está baseada no nosso senso de poder e de orgulho. Esse equívoco se reflete nos desastres ambientais, na engenharia genética e na crueldade a que são submetidos os animais em laboratórios. O mesmo pode-se dizer em relação à violência contra pessoas indefesas, como prisioneiros, mulheres ou crianças.

Outra coisa a ser notada é que o poder de pensar, em todos os seus diferentes aspectos, desenvolveu-se tanto que outras faculdades foram suprimidas. (...) Nossos sentidos – audição, paladar, até mesmo a observação – perderam poder, enquanto a capacidade mental continua a crescer.

No pensamento indiano, talvez em todo o pensamento oriental, dizia-se que a capacidade pensante é apenas um aspecto da mente, que funciona em toda parte na natureza. Mas a fixação em pensar melhor é tão grande que ignoramos todas as outras possibilidades da nossa consciência e do nosso ser."

(Radha Burnier - A mente e o Pensamento - Revista Sophia, Ano 6, nº 23 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília -  p. 9)
www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ALMA VERSUS EGO (2ª PARTE)

"(...) As forças mais grosseiras da mente manifestam-se nas estruturas mais densas do corpo, mas as forças sutis da alma - consciência, inteligência, vontade, sentimento - requerem o bulbo raquiano e os tecidos delicados do cérebro para neles residirem e por meio deles manifestarem-se.

Em termos simplistas, as câmaras interiores do palácio do rei Alma estão nos centros sutis da superconsciência, da Consciência Crística ou de Krishna (Kutasthan Chaitanya ou Consciência Universal) e da Consciência Cósmica. Esses centros estão, respectivamente, no bulbo raquiano; na parte frontal do cérebro, entre as sobrancelhas (sede do olho espiritual ou único); e no topo do cérebro (o trono da alma, no 'lótus de mil pétalas'). Nesses estados de consciência, o rei Alma Reina de modo supremo - pura imagem de Deus no homem.

Quando, porém, a alma desce para a consciência do corpo, cai sob a influência de maya (ilusão cósmica) e de avidya (ilusão ou ignorância individual que cria a consciência do ego). (...) A alma, como o ego, atribui a si mesma todas as limitações e circunscrições do corpo. Uma vez que adota essa identificação, a alma já não pode expressar sua onipresença, onisciência e onipotência. Imagina-se limitada - assim como um rico príncipe, vagando em estado de amnésia por uma favela, pode imaginar-se um pobre. Nesse estado de ilusão, o rei Ego assume o comando do reino corporal.

A consciência da alma pode dizer, como o Cristo desperto em Jesus: 'Eu e meu Pai somos um'. A consciência iludida do ego diz: 'Sou o corpo; essa é minha família e este é meu nome; esses são meus pertences.' Embora o ego pense que governa, ele é, na verdade, prisioneiro do corpo e da mente, que, por sua vez, são peões das maquinações sutis da Natureza Cósmica. (...) O ser humano médio só é consciente do corpo e da mente e de suas conexões com o exterior. Permanece hipnotizado pelas ilusões do mundo (expressas de muitos modos na literatura antiga e atual), que reforçam sua suposição tácita de que ele seja uma criatura finita e limitada. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 25/26)

PERFEIÇÃO HUMANA

"Há um estágio na evolução humana que precede imediatamente o objetivo de todos os esforços humanos. Aqueles que atravessam este estágio nada mais têm de realizar como seres humanos. Tornaram-se perfeitos; sua carreira humana terminou.

As grandes religiões atribuem diferentes nomes a esses Seres perfeitos, mas seja qual for o seu nome, a mesma ideia lhe é subjacente. Mithra, Osiris, Krishna, Buda, Cristo – todos simbolizam um ser que se tornou perfeito. Esses grandes Seres não pertencem a apenas uma religião, uma nação ou família humana. Eles não estão sufocados pelos invólucros de uma única crença; em toda a parte eles são seres mais nobres, constituindo o ideal mais perfeito. Todas as religiões os proclamam; todos os credos neles têm sua justificativa; tal é o ideal para o qual converge toda a crença. Toda a religião efetivamente cumpre a sua missão de acordo com a clareza com que ilumina e a precisão com que ensina o caminho para alcançar o ideal. (...)

Da mesma maneira como aquela pessoa que deseja ser um artista na música deveria ouvir as obras-primas musicais, ficando submerso nas melodias dos mestres, assim também deveríamos elevar o nosso olhar e os nossos corações em contemplação das montanhas nas quais se encontram os Seres Perfeitos da nossa raça. O que nós somos, eles o foram; o que eles são, nós o seremos. Todos os filhos dos homens podem realizar o que um filho do Homem realizou. Neles vislumbramos a promessa do nosso próprio triunfo, o desenvolvimento de uma divindade semelhante em nós que é apenas uma questão de evolução."

 (Annie Besant - A Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 165/166)


domingo, 3 de novembro de 2013

ALMA VERSUS EGO (1ª PARTE)

"Segundo a narrativa histórica da causa da guerra de Kurukshetra, os nobres filhos de Pandu reinaram de maneira virtuosa até que o rei Duryodhana, o perverso filho regente do rei cego Dhritarashtra, por meio da esperteza, tomou o reino dos Pandavas e os exilou.¹

Em termos simbólicos, o reino do corpo e da mente pertence por direito ao rei Alma e seus nobres súditos, as tendências virtuosas. Entretanto, o rei Ego e seus parentes das tendências perversas e ignóbeis usurpam astuciosamente o trono. Quando o rei Alma se levanta para reclamar de volta seu território, o corpo e a mente se tornam campo de batalha.² Como ocorreu de o rei Alma governar seu reino corporal, perdê-lo e recuperá-lo - eis a essência do Gita.

A organização do corpo e da mente do homem revela, em sua minuciosa perfeição, a presença de um plano divino. 'Não sabeis vós que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?'³ O Espírito de Deus, o reflexo Dele no homem, é a alma. A alma penetra na matéria, como centelha da vida e da consciência onipotentes, no núcleo formado pela união do espermatozoide com o óvulo. À medida que o corpo se desenvolve, essa 'sede da vida' original permanece no bulbo raquiano. Por isso, diz-se que o bulbo raquiano é o portão da vida, pelo qual o rei Alma faz sua entrada triunfante no reino corporal. (...)

As faculdades ou instrumentos criadores da alma são de natureza astral e causal. (...) Os centros de vida e consciência, a partir dos quais essas potências funcionam, são o cérebro astral (ou 'lótus de mil pétalas' de luz) e o eixo cerebrospinal astral (ou sushumna) que contém seis centros sutis ou chakras. (...)"

¹ O cego rei Dhritarashta tinha cem filhos. (...) O mais velho, Duryodhana, representa o Desejo Material - o primogênito, aquele que tem poder sobre todas as outras inclinações dos sentidos no reino corporal. É ele que é bem conhecido pelas guerras ou causas maléficas. A derivação metafórica de Duryodhana é duh-yudham yah sah, "alguém que é difícil de derrotar por qualquer meio". Seu próprio nome vem do sânscrito dur, "difícil", e yudh, "combater". O desejo material é extremamente poderoso, porque é o rei e o líder de todos os gozos mundanos e é a causa e o perpetrador da batalha contra a justa reivindicação do reino corporal pela alma.
² Aqui, os epítetos "rei Alma" e "rei Ego" são usados nesta metáfora e nas que se seguem com um sentido amplo, não se referindo necessariamente a seu uso específico na alegoria do Gita, em que Krishna é a alma e Bhishma, o ego.
³ I Coríntios 3:16.

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 24/25)


DESPERTE DO PESADELO DO SOFRIMENTO

"Em um sonho, você se vê correndo pela rua, perseguido por um inimigo. De repente, um tiro o alcança e você pensa: 'Oh, que terrível! Estou morrendo! Lamento ter de deixar este mundo.' Então você se vê morto. O agente funerário crema seu corpo e seus amigos vêm se lamentar, enquanto as cinzas são enterradas. Mas de repente você acorda e vê que foi apenas um sonho. Você está vivo! Isso se parece com o que acontece na hora da morte.

Deus mostrou-me em uma visão que os que estão morrendo na guerra da Espanha estão apenas tendo um terrível sonho de morte. Assim que a consciência se eleva acima do corpo, eles acordam, como se saíssem de um pesadelo, felizes por estarem livres. Todas as nossas experiências da vida são partes de um sonho. O próprio homem criou o pesadelo da guerra. Entretanto, depois que suas vidas são expelidas do corpo, compreendem que foi só um sonho horrível, do qual já despertaram. Sabem que não estão mortos. Esta é uma grande verdade metafísica.

Quando você sabe que está sonhando, não sofre com as más experiências do sonho. Se, porém, está identificado com o sonho e, nele, alguém golpeia sua cabeça e o mata, a morte no sonho parece uma experiência verdadeira e terrível, até você acordar e compreender que não foi real. É o mesmo que acontece depois da morte. Uma vez fora do corpo, você compreende que não está morto; está livre de um pesadelo. Portanto, a morte não é o fim; é a libertação da consciência de estar aprisionado no corpo físico de sonho. Essa alforria traz uma sensação de grande liberdade. Nunca deveríamos procurar a morte. Ao contrário, devemos preparar nossa consciência, por meio da meditação e da comunhão com Deus, de modo que, quando a morte chegar, a seu devido tempo, estejamos aptos a encará-la como um sonho, nada mais. Sempre que quero, vejo a natureza onírica da vida e da morte. Por isso dou pouca importância ao corpo."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 31)