"A casta, sem caráter, nada significa - é simples rótulo vazio. A disciplina espiritual (sadhana), sem o fundamento do caráter, é como o viajar de um homem cego. Moralidade, virtude e caráter são vitais. Sobre a base formada por eles, se o sadhana for praticado de acordo com o esquema prescrito para o caminho que se elegeu, consegue-se a vitória segura. Mas você não pode esquecer de uma advertência essencial: não deve dar lugar à indolência, somente porque o nascimento (jati) não é importante. Os padrões morais (niti) são concordes com o nascimento (jati) também;¹ e assim, para fomentá-los, a consciência de jati é valiosa, é importante. Mas, se através do mérito acumulado de nascimentos anteriores, se dispõe do tesouro da bondade e da virtude, então não se precisa ligar muita importância ao jati. Só os que praticam Yoga em nascimentos prévios, e, mesmo assim, não lograram completar o processo, nascerão com esse tipo de excelência. A principal coisa é adquirir o niti (padrão moral), que é prescrito para o jati (o nascimento); melhorar o jati com o niti e tornar-se apto e pleno, com um alto status na vida. Para avançar alguma distância no caminho do sadhana e da espiritualidade, tanto o jati como o niti ajudarão. As gunas (qualidades) devem ser sublimadas através dos dois.²"
¹ Certas pessoas supõem que, porque não nasceram na casta dos brahmanas, tendo, portanto, carência de adequadas condições, podem se negar ao sadhana. É até possível que o leitor também pense nestes termos: "Quem sou eu, que não nasci hinduísta, que não sei nada desses nomes estranhos, para dedicar-me a um sadhana?!" Swamiji alerta que mais importante que o nascimento é a base moral. É claro que aqueles que, em vidas passadas, já trabalham sobre si mesmos, já adquiriram méritos vão, neste nascimento, ter facilidades maiores, segundo a lei do Karma.
² Nascemos com a predominância de um dos três gunas: tamas - ignorância, preguiça; rajas - paixão, ambição, atividade, agitação; e sathwa - equilíbrio, inteligência, bondade. Através do sadhana, o praticante, no entanto, sublima os gunas; de tamas para rajas, de rajas para sathwa. (...) Conforme a conduta moral, se alcança bom ou mau nascimento. Inversamente, a qualidade da vida moral sofre a influência das condições inatas. Se não seguimos um sadhana, estamos condenados a um círculo vicioso. O sadhana transforma-o em círculo virtuoso.
(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 21/22)