OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 6 de junho de 2013

BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE ELES HERDARÃO A TERRA

"A ignorância e a ilusão são características da mente degenerada. Tal ignorância é confirmada e suportada pelo nosso sentimento de ego - a nossa ideia de que estamos separados uns dos outros e de Deus. Importa superar o egoísmo para que a mente se livre da ilusão. Portanto, bem-aventurados os mansos. Mas, por que diz Cristo que eles herdarão a terra? À primeira vista isso parece de difícil compreensão. Entre os aforismos iogues de Patanjali (ioga significa união com Deus, bem como o caminho para essa união) há um que corresponde a essa bem-aventurança: "O homem que toma a resolução de não roubar torna-se o mestre de todos os ricos." Que quer dizer "não roubar"? Quer dizer que precisamos desistir da ilusão egoísta de que podemos possuir coisas, de que algo pode pertencer-nos de modo exclusivo, como indivíduos. Podemos pensar: "Mas somos pessoas boas. Nada roubamos! Tudo quanto possuímos é fruto do nosso trabalho e merecimento. Pertence-nos por direito!" A verdade, porém, é que nada nos pertence. Tudo pertence a Deus. Quando olhamos qualquer coisa deste universo como nossa, estamos apropriando-nos de coisas de Deus.

O que é então a mansidão? É viver em autossujeição a Deus, livre do sentimento de "eu" e de "meu". Isso não significa que devamos fugir da riqueza, da família e dos amigos; devemos, porém, fugir da ideia de que eles nos pertencem. Eles pertencem a Deus. Devemos olhar-nos como servos de Deus, aos quais ele confia suas criaturas e bens. Tão logo assimilemos essa verdade e desistamos de nossas pretensões ilusórias e individuais, descobriremos que, em seu sentido mais genuíno, tudo nos pertence, no final das contas. 

Os conquistadores que se empenham em serem senhores do mundo pela força e pelas armas jamais herdam outra coisa além de ansiedades, aborrecimentos e dores de cabeça. Os avarentos, que acumulam riquezas enormes, não fazem mais do que acorrentarem-se ao ouro - jamais o possuem realmente. Mas o homem que abandona o sentimento de apego prova as vantagens que os bens proporciona, sem a angústia que a posse acarreta.

Muita gente se desagrada desta palavra de Cristo, por julgar que o manso nunca pode conseguir nada. Julgam que não há felicidade na vida, a menos que se use de agressividade. Quando lhes dizem para porem de lado o ego, para serem mansos - temem que perderão tudo. Erro deles, porém. Nas palavra de Swami Brahmananda:
"As pessoas que vivem pelos sentidos pensam que estão gozando a vida. Que sabem eles do prazer? Só aqueles que estão plenos da felicidade divina gozam de fato a vida."
Todavia, argumentos não provam esta verdade: é preciso vivenciá-la - aí então, fica-se convencido. Se um candidato à espiritualidade segue sinceramente o ensinamento de Cristo quanto à mansidão, acabará por achá-lo muito prático. Descobrirá que a cólera e o ressentimento podem ser conquistados pela doçura e pelo amor. O místico chinês Lao-Tzu expressa esta verdade ao dizer:
"Das coisas macias e fracas deste mundo, nenhuma é mais frágil do que a água. Mas, para vencer o que é firme e forte, ninguém pode igualá-la. O que é macio conquista o duro. A rigidez e a dureza são companheiras da morte. A maciez e a ternura são companheiros da vida."
Abandonando sinceramente o ego a Deus - tornando-nos mansos - alcançaremos tudo: herdaremos a terra."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 24/26)


SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - II)

" (...) Além da necessidade de modéstia, enfatiza-se a importância, o poder e a glória de cada ser humano individual: "O homem é a medida de todas as coisas". Diz um Upanishad: "Isso sou eu dentro do coração, maior do que a Terra, maior do que a atmosfera, maior do que o céu, maior do que esses mundos."

Esses aspectos que nos reduzem à total insignificância e que ao mesmo tempo proclamam nossa grandeza não são contraditórios entre si. Referem-se a dois lados - à sombra em nossa veste e à luz interior que ainda deve brilhar. Somos nós que bloqueamos a luz e depois reclamamos da escuridão. Várias escrituras fazem referência a isso. A Bíblia diz que "a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem". O Vedanta compara isso ao eclipse solar ou ao sol oculto por trás das nuvens. Nós, na Terra, vemos as trevas ou a sombra, mas na verdade o sol continua a brilhar com o mesmo esplendor de sempre. 

O caminho espiritual leva da sombra para a luz. Nós o trilhamos mudando o centro de nossa consciência de uma mente que é separativa, possessiva e dominada pelo desejo e a paixão, para uma que é compassiva, pacífica, intuitiva e que pensa e sente em termos de uma vida maior. Neste sentido, a humildade não é a morte dos sentidos e da mente, mas sua iluminação, o que leva a um crescente refinamento das percepções - uma mudança da vida egoica e da dualidade para a unidade consciente. Isso pode ser visto como uma mudança do movimento centrípeto para o centrífugo. Começa com a indiferença aos desejos e anseios dos corpos, mas não negligência esses corpos. Cresce pela dissolução da estreita esfera de nossos pensamentos limitantes, autoprotetores e que se autoprojetam.

Se uma folha cai num pequeno córrego ou num rio, num lugar sagrado ou numa rua, que efeito benéfico ou maléfico isso causa à árvore? O que se aplica à árvore e às suas folhas deve começar a ser aplicado ao elogio e à recriminação, aos chutes e às carícias que recebemos em nossa vida diária. Rumi, o famoso poeta e místico sufi do século III, escreveu: "As lamparinas são diferentes, mas a luz é a mesma; ela vem do além. Porém, se continuas olhando para a lamparina, estás perdido, pois então surge a aparência de número e pluralidade. Fixa teu olhar na luz, e serás retirado do dualismo inerente ao corpo finito. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32/33)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 5 de junho de 2013

A REDENÇÃO E A PAZ INTERIOR

"Não vivemos conscientes de nossa natureza espiritual. Agimos como se fôssemos meros objetos físicos, sem alma nem espírito. De outro modo, nunca cometeríamos as insanidades que continuamos a cometer. Pesquisas revelam que mais de noventa por cento das pessoas acreditam que existe um Deus, que o paraíso existe e que vamos para um outro reino, quando morremos. Mas nosso comportamento desmente essas crenças. Tratamos os outros rudemente, com violência ou indiferença, e nos apegamos de tal forma aos bens materiais, que não hesitamos em rebaixar alguém para obtê-los. Devemos estar loucos. 

Não temos nada a temer quando manifestamos o nosso amor por outro ser humano. Estamos sempre certos. Infelizmente, o mais comum é que nossos medos bloqueiem essa manifestação de amor. Tememos ser rejeitados, ridicularizados, humilhados, que nos vejam como fracos, que sejamos rotulados ou enganados. Mas o amor é sempre o caminho.

Somos sempre amados e protegidos. Somos criatura espirituais num vasto oceano espiritual, habitado por inúmeros outros seres espirituais. Alguns estão na forma física, outros não. O amor é a água desse oceano. Amor é energia, a mais alta e pura energia. Em suas vibrações mais elevadas, o amor abrange tanto a sabedoria quanto a consciência. É a energia que interliga todos os seres. O amor é absoluto e nunca termina.

Os principais objetivos, durante nossa existência são a redenção e a paz interior. Redenção implica superar o carma por meio de ações e da graça. Há muitos caminhos para a redenção. Quando nos redimirmos, teremos reconquistado o destino de nossas almas.

A paz interior é consequência de nossos atos. Viver num mundo físico requer ações concretas: aproximarmo-nos dos outros para aliviar seu sofrimento e ajudá-los ao longo de seus caminhos, ser solidários, compassivos, ajudar a curar o planeta, seus habitantes e suas estruturas, aprendendo e ensinando.

A redenção vem do amor, não do sofrimento. Quando o coração transborda de amor e quando esse amor flui para os demais, estamos em meio ao processo de redenção. E estamos retornando para o seio de Deus, que é o amor supremo. É durante esse processo que a paz interior entra em nós, silenciosamente."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - p. 126/127)


SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - I)

"É agradável sentar-se à sombra de uma árvore num dia de calor. Por outro lado, como dizem as escrituras, caminhamos através do "vale da sombra da morte", e nossos dias sobre a Terra são uma sombra que desaparece. Sombra geralmente representa trevas indesejáveis e deprimentes, obscuridade ou algo que é imaterial, irreal ou transitório. Em contraste, claridade e luz do sol significam esperança, ânimo e alegria. 

A sombra representa obscuridade do real, a natureza impermanente de tudo que compõe nossa vida normal no dia a dia - as posses físicas e mentais que nos esforçamos para conquistar, e o poder que muitas vezes é obtido em função da posição social ou econômica, seja na política, no aprendizado, na arte ou na religião, e que desesperadamente tentamos reter. Se essas coisas nos escapam, como deve acontecer algum dia, nós nos sentimos "criaturas miseráveis". Apegamo-nos a pessoas - esposa, marido, filhos, amigos, inimigos - num relacionamento de atração e repulsão. Permanecemos presos a ideias, tradições e teorias, que acreditamos serem as únicas certas, e assim criamos uma diferença entre nós e os outros, que têm suas próprias convicções.

Caminhamos através do "vale da sombra" porque essas posturas são a causa de dor, medo, conflito e sofrimento. O sofrimento chega até nós não porque Deus fez deste mundo um local de trevas, mas por causa de nossas próprias atitudes. O germe da dor é implantado no momento em que começamos a pensar e sentir em termos do estreito "eu" pessoal - de nossa própria felicidade exclusiva. Não é preciso uma fé cega em Deus ou em qualquer plano divino para compreender que a dor está na atitude autocentrada, na dualidade e na busca das sombras projetadas por nosso próprios pensamentos, na identificação do observador com o que é visto. 

É por isso que tanto se enfatiza o altruísmo, para arrancar a gigantesca raiz do "eu" e reduzi-la a zero. Essa ênfase no altruísmo é às vezes compreendida como supressão das emoções e da mente. Na verdade, a ênfase não está na negação compulsória, mas na correta compreensão. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32)

  


terça-feira, 4 de junho de 2013

DEUS, A NATUREZA E O EU

"Os sábios têm assinalado três categorias que constituem o mundo cognoscível: Deus; a Natureza; e o eu. Respectivamente: Iswara; Prakrithi; e Jiva. Deus, quando visto através do espelho da Natureza, aparece como o eu. Removido o espelho, há somente Deus; a imagem mergulha no original. O homem é somente a imagem de Deus; Só Ele é Realidade. O princípio da aparência, que ilude como múltipla manifestação, é maya. Ela não é externa a Deus, mas, n'Ele inerente; exatamente como todos os poderes também o são. Quando o eu imagem é concebido como diferente, temos o dualismo ou dwaitham. Quando é reconhecido tão somente como imagem irreal, mas, ainda assim, lhe é dado alguma relevância quando relacionado ao Original, é então o chamado Monismo Qualificado ou visishtaadwaita. Quando tanto o eu imagem como o espelho são reconhecidos como ilusões, e descartados como tal, só um permanece, e este é o adwaitha darsanam, é o dar-se conta de que só existe o "Uno-sem-um-segundo". A busca pelo "Uno-sem-um-segundo", isto é, a busca do adwaitha darsanam, é a busca mais antiga da Índia. O esforço sempre tem sido para descobrir o Uno, o qual, quando conhecido, tudo mais é conhecido. O conhecimento válido é o conhecimento da Unidade (adwaitha), não da diversidade (dwaitha). Diversidade significa dúvida, dissensão e privação de espiritualidade. No dualismo (dwaitha), o que é visto é diferente daquele que vê. Este que vê, em cada um, é o mesmo. 

Jesus Cristo se proclamou primeiro mensageiro de Deus; depois se anunciou o Filho de Deus; e ainda mais tarde, declarou não haver distinção entre ele e o Pai e que ambos são Um só.*" 

* "Eu e o Pai somos Um!" - foi assim que Jesus Cristo fez sua declaração veementemente adwaitha, isto é, monista.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 72/73)