OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 1 de maio de 2013

ENTRE DOIS INFINITOS

"Abrange o "tempo histórico" da humanidade cerca de seis mil anos - um segundo apenas em face dos milênios do pretérito...
Um lampejo momentâneo - nessa noite imensa do passado pré-histórico...
Anterior ao nosso "tempo histórico", decorreu o período quaternário - mais de 1 milhão de anos, como diz a ciência...
Precederam a esse período a época terciária e os períodos cretáceo, jurássico e triásico - mais de 100 milhões de anos...
Expiraram antes desses tempos remotos os milênios do período permiano - uns 200 milhões de anos...
E, anterior a esse tempo, o período do carbono - uns 300 milhões de anos antes do nosso tempo, quando imensas florestas cobriam o orbe terráqueo, como atestam seus restos fossilizados nas camadas de carvão de pedra...
E, antes do tempo do carbono, decorrera a época devoniana - uns 400 milhões de anos...
E, antes dela, os períodos siluriano e cambriano - cerca de 500 milhões de anos...
E já nesse tempo remotíssimo rastejava sobre a face da terra a vida orgânica - moluscos, trilobitas, corais...
E antes que vida alguma se manifestasse na face do planeta, decorreram mais de centenas de milhões de anos, como atestam os minerais no seio da terra...
E antes que a terra se desprendesse do globo solar - quantas eternidades cósmicas terão passado?...
E antes que o próprio Sol se conglobasse dos átomos da primitiva nebulosa - que incontáveis milênios e bilênios, que inconcebíveis eons se terão sumido na voragem dos espaços e dos tempos?...
Nós, meu amigo, somos de ontem - e amanhã deixaremos de ser...
E, quando a humanidade deixar o cenário do universo, continuará o drama da terra e do cosmos - sem nós...
Sem nós - como milênios antes, como se nunca tivéssemos existido...
Somos um pequenino parêntese - entre dois infinitos...
Somos um subitâneo lampejo - na noite eterna...
Somos um grito apenas - no silêncio imenso do deserto cósmico...
Somos uma microscópica ilha de vida - no oceano da morte universal...
Somos um Nada...
E, no entanto, esse Nada do homem é grande - porque iluminado pelo Tudo da Divindade...
À luz do seu poder, alvo da sua sabedoria, objeto do seu amor - sou mais que todo o resto do mundo...
De ontem, apenas hóspede na terra - sou eterno no pensamento de Deus...
Partirei amanhã para longe da terra - e serei imortal no seio de Deus...
Como é grande a minha pequenez!
Como é sublime o homem!...
Este parêntese - entre dois Infinitos!..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 105/106)


terça-feira, 30 de abril de 2013

OFEREÇA A DEUS AS TUAS AÇÕES

"Pratique todas suas ações como oferendas a Deus. Não classifique algumas como "ação minha" e outras como "ação d'Ele". Toda ação é d'Ele. Ele inspira. Ele ajuda. Ele executa. Ele desfruta. Ele sente agrado. Ele semeia e ceifa. Somente Ele existe, pois toda esta multiplicidade nada é senão Ele mesmo, vislumbrado no espelho da Natureza. Tudo que existe é para o atingimento do Supremo. Tudo deve ser utilizado para alcançar tão elevado propósito. Nenhuma coisa deve ser usada como si mesma e para si mesma. Para os devotos de Sai (Sai Bhakthas), só este caminho de viver é apropriado. Objetos (padartham), não. Objetivos (parartham), sim. E o objetivo é realizar a Realidade, isto é, Atma, Deus!"

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Inteior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 36/37


KRIYA YOGA - OS TRÊS COMPONENTES - ISHVARAPRANIDHANA (PARTE FINAL)

"Ishvara é o Senhor do Universo. Pranidhana se traduz por render-se, submeter-se, entregar-se. Ishvarapranidhana significa portanto total e incondicional submissão a Deus, numa vivência pura e profundamente devocional. Sai Baba denomina saranagathi esta rendição irrestrita ao Senhor. a forma de autoentrega que pessoalmente venho praticando com imenso proveito se expressa em quatro palavras: entrego, confio, aceito e agradeço. A beata católica Paula Francineti tinha a sua fórmula: "A vontade do Senhor é meu paraíso."

A resignação a Deus ou Ishvarapranidhana, segundo Patanjali, por si só é capaz de produzir o transe iluminativo, ou samadhi. Como pode ser? Acredito que seja porque minimiza o grande inimigo e único responsável por nossos tormentos, limitações, carências e distorções, o grande obstáculo à Luz. Patanjali o chama asmita, Na filosofia samkya, ahamkara. Nós o chamamos "o ego pessoal", o "Fulano de Tal" que cada um de nós reclama ser. Em expressão mais familiar - é o nosso egoísmo. Nosso falso ego é um impostor que ocupa o trono de Deus, nosso coração. O homem "normal" nem se apercebe disto, e assim Deus continua exilado enquanto o grande usurpador prolonga seu desastroso reinado. Ishvarapranidhana é a grande revolução que devolverá o trono a seu verdadeiro "Rei". 

O maha guru Jesus Cristo, magistralmente, de maneira sintética, exortou a radical submissão ao Pai, neste preceito: Faça-se a Tua vontade (Mt 6:10). Tempos depois, exemplificou plena e sabiamente a grande lição de Ishvarapranidhana, quando, falando ao Pai, disse: Faça-se, porém, não a minha, mas a Tua Vontade (Lc 22:42). Naquele instante, incondicionalmente aceitou todas as torturas e a própria morte que, horas depois, viria a padecer. Submeteu-se confiante e disposto a aceitar tudo, Quando conseguirmos assimilar esta lição de eterna sabedoria e seguirmos seu exemplo, poderemos também, juntos com Ele, dizer: Eu e o Pai somos um (Jo 10:30). Esta vivência de ser Um é uma forma de se traduzir a palavra samadhi. A grande libertação sobrevirá sempre da rendição do ego pessoal (asmita) aos pés de lótus do Senhor. Este é o grau maior de tapah.

Quem se engaja em Kriya Yoga, como estamos vendo, simultaneamente pratica Karma (tapah), Jnana (svadhyaya) e Bhakti (Ishvarapranidhana), sem precisar renunciar à vida social, familiar e profissional, sem virar ermitão. O praticante de Kriya Yoga deve fazer o caminho para Deus, na comunhão da família, em atividade profissional e cívica. Deve continuar no mundo, vencendo desafios e tentações, feito o lótus, que, embora na água, não permite que uma gota sequer entre nele e prejudique sua pureza. A proposta é encontrar o Deus do mundo servindo ao mundo de Deus. A sociedade é seu "campo do dever", onde, a todo instante, poderá cultivar tapah (resistência, paciência, sobriedade, invencibilidade, equanimidade e serenidade), aprofundar-se em svadhyaya (buscando conhecer sua Realidade, seu Ser); e aprimorar Ishvarapranidhana (cultuando Deus, servindo-O, amando-O e a Ele se entregando todo). O praticante do Kriya não radicaliza nem se fanatiza. Católico, espírita, evangélico, hinduísta, maçom, esoterista... não importa. Todos podem tirar proveito de uma vida disciplinada e equânime, incessantemente tentando "saborear" o Ser Onipresente e a Ele se entregando confiante, recebendo o que lhe couber e por tudo Lhe agradecendo. Isto não contraria qualquer religião verdadeira, mas, sem dúvida, aprimora e torna mais eficaz a religiosidade de quem quer que seja."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 54/55)


segunda-feira, 29 de abril de 2013

VIVER SEM MEDO (PARTE FINAL)

" (...) É possível observar o processo de acúmulo e identificação do eu psicológico. Se observarmos isso sutilmente e sem paixão, descobriremos que as atividades do ego - e o próprio ego - são apenas uma parte de nossa consciência total. É possível para a consciência não se identificar com esses valores acumulados e agir a partir de um estado de não identificação. Quando a identificação cessa, o medo cessa automaticamente. 

Esse tema é ao mesmo tempo simples e complexo, e a pessoa pode facilmente ser levada a conclusões equivocadas. Por exemplo, o processo de não identificação não quer dizer que devemos descartar os valores adquiridos. É perfeitamente possível respeitar os valores sociais dos outros sem ser aprisionado por eles. A liberdade resulta de estar livre do conforto interior - a fonte do medo. 

Um segundo aspecto do medo é a expectativa de que as coisas aconteçam segundo um padrão "benéfico" para nós. Aqui reside a falta de confiança na ordem universal das coisas, no processo cósmico. Para os estudantes da vida espiritual, chega um momento de insights, resultantes tanto da experiência quanto dos ensinamentos, que ofereceu confiança na sabedoria do processo universal que governa a natureza e o crescimento da humanidade. Nosso conhecimento do processo certamente é incompleto, mas é suficiente para confiarmos nele, sabendo que tudo que acontece produz crescimento e aperfeiçoamento dos seres humanos.

Em todo fracasso e perda há uma semente de crescimento. Em toda morte e destruição há renovação. Todo evento, favorável ou adverso, é um elemento que ajuda a gerar o homem perfeito. O reconhecimento desse fato é um antídoto que dissolve o medo em quase todas as suas formas. 

Mas esse reconhecimento não pode ser teórico; deve estar fundamentado no sólido insight que remove a dúvida quanto à sabedoria do processo cósmico. Supera-se o medo através do estudo, meditação e compreensão intuitiva. O ser humano que não sofre mais desse mal, e manifesta ao mesmo tempo a qualidade da compaixão, ajuda a trazer paz duradoura à humanidade, tanto individual quanto socialmente."

(Vicente Hao Chin Jr. - Revista Sophia nº 42 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 08/09)


KRIYA YOGA - OS TRÊS COMPONENTES - SVADHYAYA (4ª PARTE - II)

"Consiste na insistente busca de nosso Ser Real. É a busca do autoconhecimento (conhece-te a ti mesmo!). Equivale à Jnana Yoga ou Yoga da sabedoria. Trata-se de um permanente esforço para remover o manto das aparências (maya) a fim de chegar a Verdade. O empenho pessoal pela "Verdade que liberta" ou svadhyaya conduzirá você por meio de um processo de redentora desilusão. Para tanto, você deverá exercer e exercitar viveka, sua capacidade de discernir (ou discriminar) entre o ilusório e o verdadeiro, entre o temporário e o eterno, entre o cambiante e o imutável etc. O estudo reflexivo e aprofundado sobre as escrituras sagradas (shastras), a meditação (dhyana), o escutar (shravana) conferências e aulas de pessoas sábias são processos clássicos de buscar a sabedoria. Os métodos védicos mais eficientes para vencer a ignorância são a meditação sobre o Pranava OM, O Atma Vichara e o Gayatri Mantra. Tudo que você aprendeu no capítulo sobre Jnana Yoga é válido para Svadhyaya. São a mesma coisa.

Svadhyaya longe está de ser especulação puramente intelectual. O intelecto não passa de uma simples parte da Consciência Suprema, da qual recebe a luz que parece ter; as extravagâncias intelectuais, por mais avançadas, ocorrem ainda no reino do relativo e do transitório, sendo-lhe, portanto, impossível alcançar a jnana (gnose) da própria Luz, do Ser Transcendente. A Verdade só pode vir de dentro e nunca de fora. A Verdade não é uma aquisição, mas uma des-velação. A Verdade já é. O que nos falta é remover o véu que a esconde. A intuição - e não a razão - é o instrumento capaz. Svadhyaya não resulta de um simples acumular conhecimentos. Ao contrário, é muito mais um despojar-se de supostos conhecimentos. Svadhyaya é uma captação do abissal saber e não um mero conhecer epidérmico. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 53/54)