OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 26 de abril de 2013

KRIYA YOGA - YOGA PRELIMINAR (2ª PARTE)

"Uma vez, numa reunião social na cidade de São Paulo, reencontrei uma senhora da sociedade, antiga companheira de viagem pela Índia. Vestia-se no rigor da moda. Numa das mãos tinha um fumacento king-size e na outra, agitava esnobe, negligente, sonora e alienadamente um aloirado on the rocks. Indaguei se ainda estava praticando Hatha Yoga. Respondeu-me com soberba: "Deixei a Hatha Yoga. Agora estou 'ensinando' (?!) Raja Yoga." Fiquei perplexo com tão exuberante e alcandorada ignorância. 

Uma pessoa inteligente, que tenha lido pelo menos algum resumo ou comentário sobre o Yoga Sutra, verá que sua proposta, verdadeiramente austera, é inviável a indivíduos normais em convivência comum com a sociedade a até mesmo - ouso dizer - a muitos dos que já vêm se dedicando à vida espiritual. Diria que praticar Astanga Yoga é como caminhar sobre o fio de uma navalha, usando a conhecida expressão dos Uppanishads. O método de Patanjali é um caminho estreito, como aquele mencionado por Jesus. Diria mesmo, estreitíssimo. Sem exagero, é impraticável a quem tenha deveres com a família, a sociedade, a profissão, até a quem falta, ainda que somente um pouco, aprimorar-se, e até mesmo santificar-se. É Yoga para quem pode e não para quem gostaria e se aventura. 

A conquista do samadhi ou o transe iluminativo, culminância da Raja Yoga, no entanto, graças à compaixão dos Mestres, não está vedada nem fora do alcance daquele que costumamos chamar "cidadão comum". Mas é preciso que já tenha feito uma decidida metanoia  isto é, uma opção radical pela união com o Ser, que sincera e definitivamente aspire pela libertação. Para esses, Patanjali propõe uma solução prática e muito acessível que democratiza o samadhi. Tal solução ele denomina Kriya Yoga. 

Antes de enfrentar as dificuldades do cálculo integral, a criança tem que aprender bem a tabuada. Não é? Kriya Yoga é a tabuada.

Não impõe nem propõe drásticas mudanças e renúncias radicais. Mas, embora sendo um Yoga preliminar, não deixa de ser também para eliminar. Com isto estou querendo dizer que, sendo uma disciplina amena, aquele que nela não se der bem evidencia sua incapacidade para um caminho mais austero e árduo igual à Raja Yoga. É um processo prático, daí o nome de Kriya. Seus componentes fazem parte do cotidiano, no entanto podem eliminar aqueles que não tiverem um mínimo de decisão, dedicação, devoção, discriminação e disciplina. Quem ainda se sente incapaz para cumprir o programa da Kriya Yoga deve esquecer de vez a Raja Yoga. Cabe lembrar a voz do povo a dizer: quem não pode com o pote não pegue na rodilha. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 50/51)


quinta-feira, 25 de abril de 2013

A VERDADE EXTRAÍDA DENTRO DE NÓS MUDA NOSSA VIDA

"A verdade é tão antiga quanto o tempo e a própria vida; contudo, ela é sempre nova. No momento que a consideramos nossa verdade, ela se torna nova para nós. Podemos ter uma verdade repetidas vezes, sem que aparentemente ela tenha qualquer relação pessoal conosco. Perguntamo-nos por que não colhemos alguma coisa dela. A razão é que ainda não extraímos essa verdade de dentro de nós. A verdade não pode ser enxertada em nós de fora para dentro. Ela precisa ser trazida de dentro para fora, ou continuará sempre irreal para nós. Em algum momento, enquanto meditávamos ou estávamos de outro modo espiritualmente sintonizados, todos nós tivemos a experiência de compreender instantaneamente alguma verdade que havíamos lido previamente, sem reconhecê-la. Que sensação de regozijo! De súbito, trouxemos à tona essa verdade que estava dentro de nós e a vimos claramente pela primeira vez.

Toda verdade está oculta na alma, porque a alma é reflexo de Deus, e Deus é a verdade. Portanto, nós somos a verdade. Todavia, enquanto nos identificarmos com o pequeno ego, lutarmos por fins egoístas e permanecermos acorrentados a nossas opiniões, preferências e aversões, a verdade se esconderá de nós, porque ainda estamos apegados às falsas noções criadas por maya, a ilusão. Precisamos orar à Mãe Divina para que arranque este véu de maya. Quando Ela faz isso, a experiência às vezes é muito aterradora; talvez não gostemos de ver a verdade sobre nós mesmos. Mas não tenha medo. A Mãe Divina quer apenas aperfeiçoar Seus filhos, e Ela não enviará nenhum teste que não tenhamos a força interior para enfrentar ou vencer.

Acima de tudo, chore noite e dia por devoção a Deus, para que possa encontrar esse Amor Único. Toda alma está clamando por amor, por compreensão, companhia, conforto. Sábio é o homem que busca essas coisas em Deus. Esse devoto é aquele que sai deste mar de sofrimento, alcançando as praias da paz, da alegria, da sabedoria e do amor divino. E para onde todos nós somos conduzidos, mas muitos dissipam tempo e energia nadando em círculos sem sentido. 

Seja qual for a paz, alegria ou devoção que você junte no coração ao meditar, conserve-a; ciosamente, zelosamente, proteja-a, e esforce-se para basear-se nela. A maneira de fazer isso é praticar japa yoga, cantar o nome de Deus tantas vezes quantas lhe seja possível no meio das atividades e exigências das obrigações diárias. Se vivêssemos apenas de acordo com o poema "Deus! Deus! Deus!", de Paramahansa Yogananda, saberíamos o que Deus é. Em cada fase de nossa vida - em nosso trabalho, na meditação, na luta contra as dificuldades, na fruição dos prazeres simples - precisamos nos apoiar, continuamente, no pensamento "Deus! Deus! Deus!"."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 159/161)


KRIYA YOGA - O QUE É (1ª PARTE)

"A palavra Kriya significa ação, prática. Kriya Yoga, portanto, pode ser definida como a união, unificação, integração com o Ser Supremo (Brahman, Paramatman, Sat-Cit-Ananda...) através de uma "atividade prática". Ora, as práticas ou técnicas yóguicas são numerosas, infere-se então que muitas podem ser as formas de Kriya Yoga. Os três principais métodos de Kriya Yoga são:

(a) Aquele que faz parte da Hatha Yoga e da Tantra Yoga, constituído por uma série de técnicas ou procedimentos, destinados à purificação do corpo físico (anna maya kosha) e do corpo bioenergético (prana maya kosha), melhorando-lhes o desempenho como instrumentos ou veículos a serviço de metas superiores, para grandiosas realizações em níveis mais sutis;
(b) O sadhana (disciplina) psicobioenergético, ensinado pelo venerável Paramahansa Yogananda, destinado exclusivamente aos "iniciados", e do qual só pode dizer serem especiais pranayamas conjugados com mentalizações;
(c) O método ensinado por Patanjali no "Yoga Sutra", fazendo parte portanto do "Astanga Yoga", e ao alcance de todos. 

O Kriya Yoga do tipo (a) é constituído de técnicas somáticas, algumas no mínimo extravagantes, inviáveis e sem dúvida arriscadas se tentadas imprudentemente, sem a assistência de um expert, um guru genuíno, hoje praticamente inexistente. Ensaiar praticá-las segundo informações livrescas é totalmente contraindicado. Por tais motivos, não cuidaremos desta forma de Kriya Yoga. Também deixaremo de lado a Kriya Yoga ensinada pelo venerável Paramahansa Yogananda por ser exclusivo da organização "Self Realization Fellowship". Resta-nos portanto estudar a Kriya Yoga segundo a concepção de Patanjali. Esta é não somente de fácil compreensão e ao alcance de todos, mas também por sua imensa utilidade a quem quer que se engaje na conquista da libertação. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 49/50)


quarta-feira, 24 de abril de 2013

A IMUNIZAÇÃO DO EU PELA LUTA COM O EGO

"O maior triunfo do ego perverso consiste em hastear a bandeira do Eu sobre o quartel geral das suas manobras egoístas. O primeiro passo do eu consiste em reconhecer e desmascarar  essas manobras como sendo do ego; sob a bandeira do Eu.

A imunização do Eu em face do ego só é possível em uma luta constante e leal com esse ego e todas as suas hostes. Fora desse campo de batalha pode haver fuga, deserção, escapismo, mas não verdadeira vitória e paz definitiva. Enquanto o homem ainda for alérgico às impurezas, como é a água, não está definitivamente liberto e imune. Só quando adquirir a invulnerabilidade da luz, que pode penetrar em todas as impurezas sem se tornar impura, é que ele conquistou libertação e triunfo definitivos. 

Só o homem que chegou à experiência de sua verdadeira natureza, da sua essencial identidade com o Infinito - "eu e o Pai somo um" - é invulnerável. Não se identifica como escravo com o mundo do ego; nem deserta como medroso desse mundo, mas vive no meio desse mundo e o transforma silenciosamente pelo poder do seu Eu espiritual, atua como um fermento divino no meio das "três massas de farinha", que são as coisas humanas do ego.

O problema não é, pois, nem conformismo nem escapismo, mas transformismo; transformação de todas as coisas do ego pelo poder divino do Eu. E a marca secreta que garante vitória é o conhecimento experimental da verdade sobre o homem central e real do Eu crístico, do "espírito de Deus que habita no homem".

"Eu sou livre de tudo que sei - eu sou escravo de tudo que ignoro". Eu sei que não sou os objetos que me rodeiam e que tenho; sei que também não sou o meu ego físico, mental e emocional, que pareço ser - se eu sei realmente tudo isto, sou livre de todas essas ilusões tradicionais da humanidade. A "pobreza pelo espírito" me liberta da identificação com os objetos externos; a "pureza de coração" me liberta da identificação com o meu objeto interno, o ego. Eu não sou nenhum dos objetos, externos ou internos, que apenas tenho - eu sou unicamente o sujeito interno do meu divino Ser, do meu eterno EU SOU. 

O homem liberto pode lidar com todas as coisas do mundo do comércio, da indústria, da política, da ciência, da arte, da técnica, pode abraçar qualquer profissão honesta, sem se identificar interiormente com nenhuma delas, com objeto algum. Ele pode ter qualquer objeto - não pode ser nenhum deles. Não é escravo inglório nem tímido desertor de coisa alguma - é glorioso vencedor de tudo quanto possui, sem ser possuído de creatura alguma. 

O escopo de toda a verdadeira filosofia é realizar o homem integral, o homem liberto tanto da escravidão dos objetos como também do temor desses objetos. Escravidão e temor revelam falta de libertação. Onde há libertação não há escravidão nem temor de coisa alguma, porque o homem liberto é senhor de tudo, pela onipotência do seu divino Eu plenamente conhecido e realizado. 

Ubi libertas ibi spiritus Dei - escreve São Paulo - onde reina a liberdade aí reina o espírito de Deus."

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 35/36)


O GRANDE E O PEQUENO (PARTE FINAL)

"(...) Outra lição é que mesmo o mais humilde, em termos de aprendizado ou de posição na vida, não deve sentir qualquer inferioridade ou desânimo a respeito de sua condição, uma vez que esse sentimento surge de uma percepção estreita, e portanto errada, do quadro maior da vida. Como observou o esquilo, "tudo está bem e no lugar certo". A correta atitude é compreender com otimismo e autoconfiança. Cada um, mesmo no degrau inferior da escada, tem um papel a desempenhar. O funcionário que simplesmente recebe e despacha as cartas e que mantém o registro da correspondência também executa uma função significativa em qualquer grande organização.

Numa comunidade, a cozinheira, o carpinteiro e o varredor são tão relevantes quanto o prefeito. Numa organização digna, da mesma forma, um colaborador idoso que vem regularmente para manter os livros contábeis atualizados e em ordem nas prateleiras executa uma parte importante do trabalho - tão importante quanto, por exemplo, a de um conceituado palestrante. Quando alguém que estava tentando trilhar o caminho da santidade sentiu que seu tempo estava sendo desperdiçado em pequenos afazeres familiares, o mestre interpôs a perspectiva correta e observou: "Que causa melhor para recompensa, que melhor disciplina do que a execução diária do dever? (...) Que senda melhor para a iluminação (...) do que a conquista diária do eu?"

Não é o tamanho do trabalho nem da oferenda que importam, mas a devoção e o espírito altruísta de que se está imbuído. Como explicou Cristo: "Esta pobre viúva contribui mais do que todos aqueles que contribuíram para o tesouro: pois tudo com o que contribuíram é o que têm em excesso; mas ela, por vontade própria, contribui com tudo que possuía, até mesmo o que tinha para seu sustento." Krishna disse a mesma coisa: "Aquele que com devoção me oferece uma folha ou uma flor, um fruto, água, isso eu aceito do eu diligente, oferecido como foi com devoção."

Em última análise, o que parece ser importante quando se está trilhando o caminho para a paz é a constância do eu. Isso abrange uma diminuição do sentido de autoimportância, por um lado, e da própria insignificância, por outro - pois essas atitudes têm origem no eu. Cada qual é um deus em formação, qualquer que seja sua situação atual. 

Quando o eu em nós diminui, começamos a entender e a respeitar a relevância e o lugar de cada expressão de vida no esquema do universo. Também começamos a sentir nossa proximidade, cuidado e reverência pra com toda a vida."

(Surendra Narayan - Revista Sophia 42 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 06/07)