OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 20 de abril de 2013

RAJA YOGA - BAHIRANGA YOGA (4ª PARTE - I)

"Há duas fases no Astanga Yoga. A primeira é externa (bahira) e compreende os cinco primeiros angas. Começa com yama e termina com prathyahara. A segunda é interna (antar). Tem início com dharma e culmina com a parada da mente (samadhi). A perfeição alcançada na primeira fase garante a vitória na segunda. A Bahiranga se compõe de:

1. Yama: um conjunto de cinco abstinências ou comportamentos a evitar: 

(a) ahimsa - não deseje agredir, ferir e matar qualquer ser;
(b) sathya - não minta;
(c) asteya - não furte;
(d) brahmacharya - não perverta, nem exacerbe, nem se submeta ao sexo;
(e) aparigraha - não deseje nem aceite propinas.

Tais abstinências asseguram-nos paz com os outros e melhoram nosso karma.

2. Niyama: mandamentos a serem cumpridos. São sábias prescrições ou virtudes e condutas asseguradoras de paz interior. Ei-los:
(a) sauca - pureza externa e interna, corporal e mental;
(b) santosha - contentamento ou o sentimento de bastante;
(c) tapah - austeridade visando a incinerar os desejos egocêntricos, inferiores e instintivos;
(d) svadhyaya - estudo e investigação sobre o Ser;
(e) ishvarapranidhana - completa submissão a Deus (Ishvara).
3. Asana: postura do corpo que seja bastante estável e cômoda, permitindo o meditador permanecer longo tempo imóvel, sem fadiga e sem desconforto, a ponto de não mais sentir seu físico. Os asanas eliminam os comuns distúrbios que o corpo físico causa à mente e, por outro lado, aperfeiçoam a circulação energética (prânica) porque atuam sobre os naddis (canais sutis), limpando-os, desobstruindo-os e sobre os chakras (centros psíquicos e energéticos), ativando-os. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 44/45)

CINCO ELEMENTOS UNIVERSAIS COMPÕEM O CORPO HUMANO

"Todo o universo - que é o corpo de Deus - é constituído pelos mesmos cinco elementos que compõem o corpo humano. A forma estelar do corpo humano representa os raios desses cinco elementos. A cabeça, os dois braços e as duas pernas formam uma estrela de cinco pontas. Portanto, também sob este aspecto, somos feitos à imagem de Deus.

Os cinco dedos também representam os cinco elementos vibratórios da Vibração Cósmica Inteligente que mantém a estrutura da criação. O polegar representa o elemento vibratório mais denso, a terra, e por isto ele é mais grosso do que os outros. O dedo indicador representa o elemento água. O dedo médio representa o elemento fogo, daí o seu comprimento. O anular representa o ar. O dedo mínimo representa o éter, que é muito tênue.

Quando esfregamos um dedo, despertamos o poder que lhe é peculiar. Ou seja, esfregando-se os dedos médios (representando o elemento fogo) e o umbigo (oposto ao centro lombar ou centro do "fogo" da espinha dorsal, que governa a digestão e a assimilação) ajuda-se a combater a indigestão.

Deus manifesta movimentos na criação. O homem desenvolveu pernas e pés por causa do impulso de expressar movimentos. Os artelhos são materializações dos cinco raios de energia.

Os olhos simbolizam Deus Pai, Filho e Espírito Santo na pupila, íris e córnea. Quando nos concentramos no ponto entre as sobrancelhas, a corrente nos dois olhos se reflete como uma luz única e vemos, então o olho espiritual. Este olho único é o "olho de Deus". Nós desenvolvemos dois olhos por causa da lei da relatividade que predomina no nosso universo dualista. Jesus disse: "Se o teu olho for único, todo o teu corpo estará cheio de luz". Se olharmos através do olho espiritual, o "olho de Deus", veremos que toda a criação é feita de uma única substância: a Sua luz."

(Paramahansa Yogananda - Como Falar com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 21/23)


sexta-feira, 19 de abril de 2013

RAJA YOGA - OS FANTÁSTICOS PODERES DA MENTE (3ª PARTE)

"Hoje, no Ocidente, uma ala suspeita formada por "psicólogos" (?!), "gurus" (?!), "religiosos" (?!), "magos" (?!) e "escritores" (?!) - cada dia em maior número e ganhando lucros mais gordos - vem ensinando "pacotes" de técnicas a serem usadas para explorar ao máximo os "infinitos" (?!) poderes da mente. Milhões de cursos, seminários, livros e vídeos ensinam a um público desinformado a manipular magicamente os "ilimitados poderes mentais" com o objetivo egocêntrico de faturar saúde, poder, juventude, sucesso, fama, dinheiro, prazer sexual, vitória sobre concorrentes, e até mesmo a destruição de inimigos. Segundo prometem, não há desejo desmedido que a mente bem explorada deixe de atender. Nada é impossível para a mente (!).

Os que já conseguem se banhar na luz do Yoga, entretanto, sabem que, assim como a cintilação das pequenas ondulações da água agitada dentro do tanque não passa de um enganoso e transitório brilho emprestado pela verdadeira luz da lâmpada, a mente é tão somente "iluminada", mas não é a luz. Sua aparente luz é efêmera e dependente da Luz Eterna e Infinita, a Luz de Deus, o Atma Jyotir. Não é, portanto, uma opção inteligente esquecer a Luz Divina em face da sedutora, mas embaçada luz da mente.

O Yoga ensina e demonstra que só o Ser, o Atma é a própria Luz inextinguível (Jyotir). Se a mente é de fato tão poderosa, que dizer da onipotência do Ser-Luz que todos somos, sem o qual a mente nem existiria? Os que se deslumbram com a mente e a cultuam e cultivam, "normalmente" em proveito próprio e na caça de valores imediatos e materiais, precisam ficar sabendo que alcançariam infinitamente mais, se, esquecidos de si mesmos, isto é, humildados, buscassem a união (Yoga) com Deus.

Obviamente, o preço da joia verdadeira tem de ser bem mais alto que o da imitação. Samadhi (a parada da mente) é a joia inapreciável. É imensamente difícil alcançá-lo, mas não impossível. O progresso tem de ser gradual, mas firme. Para tanto, Patanjali, no caítulo II do Yoga Sutra, ensina um procedimento técnico, digamos, uma ascese, um sadhana que culmina com o samadhi, isto é, o desejado mas difícil chita-vritti nirodha, o desligar do "motorzinho" e apagar a mente. É um método rigorosamente científico e comprovadamente eficiente, constituído de oito componentes, daí seu nome - Astanga Yoga (asta, oito; anga, componente, membro). 

Os angas são: (1) Yama; (2) Niyama; (3) Asana; (4) Pranayama; (5) Prathyahara; (6) Dharana; (7) Dhyana; e (8) Samadhi. Os dois primeiros compõem um sistema perfeito de ética, capaz de assegurar paz, pureza e serenidade àqueles que o cumpram. Esse alto nível de sanidade e santidade mentais é que viabiliza o bom desempenho nas etapas seguintes da difícil jornada do aspirante. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 43/44)




OS ENSINAMENTOS PERDIDOS DOS EVANGELHOS

"Cristo foi muito mal interpretado pelo mundo. Mesmo os princípios mais elementares de seus ensinamentos foram deturpados, e suas profundidades esotéricas, esquecidas. Foram crucificados nas mãos dos dogmas, dos preconceitos e do entendimento restrito. Guerras de genocídio foram travadas e pessoas queimadas como bruxas ou hereges, sob uma presumida autoridade de doutrinas cristãs fabricadas pelo homem. Como resgatar das mãos da ignorância os ensinamentos imortais? Precisamos conhecer Jesus como um Cristo oriental, um supremo iogue que manifestou plena maestria sobre a ciência universal da união divina e pôde assim falar e agir como um salvador, com a voz e a autoridade de Deus. Ele tem sido excessivamente ocidentalizado.

Jesus foi um oriental - de nascimento, família e educação. Separar um mestre do contexto de sua nacionalidade significa nublar o entendimento por meio do qual ele é percebido. Independentemente do que Jesus Cristo era em sua própria alma, ele nasceu e se desenvolveu no Oriente; e assim, teve de utilizar os meios da civilização, das peculiaridades, dos costumes, da linguagem e das parábolas orientais para difundir sua mensagem. Portanto, a fim de compreender Jesus Cristo e seus ensinamentos, é preciso ter receptividade à visão oriental - particularmente no que se refere à antiga e atual civilização da Índia, suas escrituras religiosas, tradições, filosofia, crenças espirituais e experiências metafísicas intuitivas. Embora, compreendidos esotericamente, os ensinamentos de Jesus sejam universais, eles estão impregnados da essência da cultura oriental - enraizados em influências orientais que foram adaptadas ao ambiente ocidental. 

Os Evangelhos podem ser corretamente compreendidos à luz dos ensinamentos da Índia - não as interpretações distorcidas do Hinduísmo, com a opressão de castas e a idolatria, mas a sabedoria filosófica, espiritualmente libertadora, de seus rishis: o cerne, e não o invólucro exterior dos Vedas, dos Upanishads e do Bhagavad Gita. Essa essência da Verdade - Sanathana Dharma, ou princípios eternos da retidão que sustentam o homem e o universo - foi conferida ao mundo milhares de anos antes da era cristã e preservada na Índia com uma vitalidade espiritual que fez da busca de Deus a quintessência da vida, e não um entretenimento teórico."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 16/17)


quinta-feira, 18 de abril de 2013

RAJA YOGA - A PARADA DA MENTE (2ª PARTE)

"Yoga chitta-vritti-nirodha (Yoga Sutra, I:2)

Dá para entender?! Nada. Não é? É assim, enigmaticamente, que o livro começa. Traduzindo: "Yoga é a parada (inibição) das modificações da mente." Por que preferi eu começar usando o sânscrito? Não é por esnobismo. É por ser altamente compensador o esforço de compreender essas palavras uma a uma. Um inteligente truque didático usado pelo sábio I. K. Taimni vai, no entanto, nos facilitar.

Imaginamos um tanque todo de vidro cheio d'água cristalina, dentro do qual há uma lâmpada acesa. Um motor, sob nosso controle, começa  agitar o líquido. De início, a água, totalmente parada, nem mesmo chega a ser vista, enquanto a luz da lâmpada exibe todo seu esplendor. Ao acionarmos o motor e, imprimindo-lhe velocidades variáveis, a situação se inverte. Agora já não podemos ver a lâmpada; só conseguimos distinguir as iluminadas ondulações do líquido. Que fazer para que a lâmpada volte a ser plenamente vista? A resposta  é uma só: parando os movimentos da água. Não é?

Decodifiquemos a alegoria. A lâmpada é o Ser Real. A massa líquida é a substância mental, representada, na definição acima, pela palavra chitta. A palavra vritti expressa mudança, agitação, movimento, fenômeno. Nirodha significa exatamente parada, inibição, aquela condição indispensável para que a luz da lâmpada volte a ser vista.

O Atma ou o Ser Supremo, que é nossa onipotente, onisciente e onipresente natureza real, embora entronizado no coração de cada um, nada obstante seu infinito e eterno fulgor, encontra-se velado pelas incessantes mudanças (vrittis) que têm lugar em nossa mente (chitta). O Yoga ou a parada da mente O "des-vela". Essa condição triunfal, este transe redentor é denominado samadhi. E é assim e por isso que o Atma se isola, se liberta (kaivalya) do envolvimento opaco e pesado da matéria que O aprisiona e frustra. 

"Des-velar" a luz da lâmpada dentro do tanque é fácil. Basta desligar o motor e esperar um pouco até que cessem as últimas ondulações da massa líquida, e pronto! Tratando-se de nossa mente, porém, normalmente agitadíssima e sem pureza, a manobra (nirodha) não é tão simples quanto desligar um motorzinho. É dificílima. As ondas, os movimentos (os chitta-vrittis) são gerados e mantidos por vasanas e samskaras (caprichos, desejos, inclinações, apegos, temores, interesses, aversões, convicções, valores...) que estão, desde vida anteriores, incrustados nos níveis inconscientes da mente. Vasanas e samskaras*, por sua própria natureza, se rebelam, se defendem, se impõem. São refratários a quaisquer tentativas de repressão e controle. Os que tentando meditar, se "esforçam" para conter os vrittis (pensamentos, lembranças, imagens) que desfilam e dançam na passarela da mente, sabem que não estou exagerando. Por toda esta dificuldade de controlar a mente, Santa Tereza d'Ávila a definia como "a louca da casa" e Sai Baba a compara a um macaco imprevisível e peralta. (...)"   

*Vasanas e samskaras formam o conteúdo do inconsciente, o karmashaya, isto é, o depósito de samcita karma, resultante de nossas experiências e ações de vidas passadas. Como pode ser visto, a tese freudiana não tem a originalidade que se reivindica. Segundo a psicanalista francesa Maryse Choisy, Freud conheceu Yoga de Patanjali por intermédio do filósofo A. Schopenhauer.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 41/43)