OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 12 de março de 2013

LEI DO KARMA - A AÇÃO SACRIFICIAL (4ª PARTE)

"Como chegar a agir sem desejar colher os resultados?

É simples. Mas não é fácil. Precisa-se aprender a atuar no mundo como um servo ou um instrumento de Deus, sentindo-se apenas com o dever de agir, mas não com o direito aos frutos da ação. Ensinam os sábios: "negue-se à tentação de sentir-se autor da ação; negue-se a esperar recompensa ou mesmo agradecimento". A lâmpada acesa não se envaidece, supondo que gera a luz. Não reclama aplausos. A torneira não deseja recompensa, pois sabe que não produz a água, apenas deixa-a passar. Por um lado, o ego é danado para querer sentir-se autor do que é meritório, enquanto que, por outro, com medo das consequências dolorosas, sempre se recusa a reconhecer a autoria dos erros que comete. Ao fazer algum bem sempre tem em vista recompensas, reconhecimentos, lucros, aquisições, vantagens. Ahamkara se torna evidente quando nosso ego pessoal frequentemente quer saber: "quanto é que eu levo nisto?" Os Mestres nos incentivam a que façamos todo benefício possível, mas sempre como oferenda a Deus. "Deposite suas ações aos pés de lótus do Senhor."

É muito pertinente que um ocidental, chefe de uma família ou de uma empresa, desempenhando uma profissão, questione: "Se é assim, sem meus proventos, como eu e os meus vamos viver?" Jesus Cristo responde:
O trabalhador é digno de seu salário. (Lc 10:7)
A sociedade e cada ser humano seriam verdadeiramente felizes se todos os profissionais e agentes da vida econômica e política se tornassem dignos de seu salário, servindo com honestidade, competência e acima de tudo com amor ao próximo e a Deus. Cada um se transformaria em sacerdote, e seu trabalho, sublime oferenda. Eis a receita para você agir no sentido de libertar-se:

(a) com as diversas práticas de Yoga que lhe serão ensinadas, procure "fritar as sementes", isto é, esterilizar o samcita karma, ou seja, os resíduos deste e de outras existências anteriores;
(b) para exaurir o prarabdha karma, enquanto pagar dívidas, aceite a dor com equanimidade, cultive fé, paciência, coragem e, em qualquer circunstância, dê louvores ao Senhor;
(c) faça de suas ações e de seu trabalho de agora (vartamana ou agami karma) bênçãos ao próximo e amorosas oferendas a Deus. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 74/76)


O QUE É FELICIDADE?


"Felicidade é a própria natureza do Ser; a felicidade e o Ser não são diferentes. Não há felicidade em nenhum objeto do mundo. Nós imaginamos, devido a nossa ignorância, que obtemos felicidade dos objetos. Quando a mente se exterioriza, experimenta o sofrimento. Na verdade, quando os desejos da mente são satisfeitos, ela retorna à sua morada e desfruta da felicidade que é o Ser. Similarmente, nos estados de sono, samãdhi e desmaio, e quando o objeto desejado é obtido – ou o objeto indesejável é removido – a mente se internaliza e desfruta a pura Felicidade do Ser. Assim, a mente se move inquieta, alternadamente se afastando do Ser e retornando a ele.

Sob a árvore a sombra é agradável; lá fora o calor é escaldante. Uma pessoa que caminha sob o sol  sente-se aliviada quando chega na sombra. Alguém que vive indo do sol para a sombra e da sombra de volta ao sol é um tolo – o sábio permanece sempre na sombra. Igualmente, a mente daquele que conhece a Verdade não deixa Brahman. Ao contrário, a mente do ignorante perambula pelo mundo sentindo-se miserável, e de vez em quando retorna a Brahman para experimentar a felicidade. Na verdade, o que é chamado “mundo” é apenas pensamento. Quando o mundo desaparece, isto é, quando não há pensamento, a mente experimenta a felicidade; quando o mundo aparece, ela experimenta o sofrimento."

  • Brahman – o Ser supremo, imutável, incognoscível e sem atributos;
  • Samãdhi – estado no qual a consciência humana é transcendida. 

(Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – Ed. Teosófica, Brasília - p. 141)


segunda-feira, 11 de março de 2013

LEI DO KARMA - A LIBERTAÇÃO (3ª PARTE)

"O segredo da libertação (moksha ou mukti) está em agir de tal forma que consigamos romper tanto a cadeia de ferro de nossas dívidas, como a cadeia de ouro de nossos créditos. Como?!

"Algo", parte de nós, que, inclusive, é o que mais amamos, sempre deseja evitar pagar dívidas, mas anseia por acumular créditos. O nome de tal agente é  ahamkara. Ahamkara é aquele "algo" que nos faz sentir distintos e distantes dos outros e também de Deus. É o perturbador egoísmo em nós. A pessoa egoísta age obsessivamente sempre visando proveito próprio e é exatamente por isto que acumula karma, acorrentando-se, consequentemente, à "roda dos nascimentos e mortes". Concluímos daí, portanto, que só paramos de acumular karma quando conseguirmos atuar no mundo isento de ego, libertos deste embusteiro que é ahamkara.

A ação egoísta é dita sakama karma, isto é, motivada pelo desejo (karma) de colher e saborear os frutos resultantes. É comum pessoas desenvolverem louváveis atividades beneficentes, como um investimento que lhes assegure uma próxima reencarnação risonha e vitoriosa, se acreditam na "transmigração". Ou ambicionam um gratificante espaço no céu, se não reencarnacionistas. Esta forma de "caridade", se bem que beneficie os que a recebem, não é conveniente aos que a praticam. Tal forma de agir, inspirada por ahamkara, acumula méritos, mas seguramente prolonga o cativeiro. A ação inteligente é niskama karma, a ação sem qualquer desejo pelos frutos, por serem dedicadas a Deus. Niskama karma ou ação abnegada, rompendo as cadeias de samsara, leva à libertação (moksha ou mukti). (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 74)


O CORPO É APENAS UMA CAPA SOBRE A ALMA

"O corpo é, realmente, nada mais que uma capa sobre a alma. Se o casaco de uma pessoa fica ruço e rasgado, ela normalmente não se aflige com isso, mas o conserta ou troca por outro. Nunca permita que a consciência se identifique com o agasalho corporal que a alma está usando temporariamente.

Pessoas que não compreendem os caminhos de Deus muitas vezes tem a noção de que a perfeição espiritual significa também a perfeição do corpo - que o corpo de uma pessoa que está em sintonia com Deus não estará sujeito a doença física. Tolice! Uma pessoa que persiste nessa ideia está ela mesma apegada à forma física; o corpo é demasiado importante para ela. Não estou dizendo que não se deva dar ao corpo um cuidado razoável. Sri Yukteswar dizia: "Por que não atira um osso ao cão?" Dê ao corpo o que ele necessita, e depois esqueça-o. E Cristo disse: "Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo vosso corpo, sobre o que vestireis. (...) Vosso Pai sabe que haveis mister delas."

A questão é que nenhum homem mortal terá permissão de viver em sua forma física eternamente, não importa o quanto ele cuide bem do corpo. Assim, por que concentrar tanta atenção em algo temporal? Preocupa-se com o cuidado do corpo, ou dar-lhe primazia a ponto de excluir o sustento da alma, é um erro espiritual. Deus permite que a doença e as imperfeições visitem o corpo para nos despertar - pelo sofrimento, se for necessário - para o entendimento de que, como Seus filhos, não somos este corpo mortal e que este mundo não é nosso lar. Somos alma imortal, e nosso lar está em Deus.

Ao ressaltar a virtude da entrega, não convém ignorar o lugar e o valor da oração e da afirmação. A entrega ideal demonstrada por Paramahansa Yogananda seria de fato uma elevada aspiração para a pessoa comum, porque junto se baseia na perfeita compreensão espiritual da vontade divina e na sintonia com ela. Esse devoto sabe quando e como suportar os problemas e quando conformar-se em sofrê-los."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 104/105)


domingo, 10 de março de 2013

LEI DO KARMA - OS TRÊS KARMAS (2ª PARTE)

"Chama-se Karma Yoga a forma sábia de viver e agir que pode nos libertar da samsara (a roda das re-encarnações). Antes de explicar como funciona tal Yoga, é conveniente compreender como funciona o próprio karma.

Usemos uma analogia. Imagine que você tem um depósito de sementes. Cada uma com seu potencial germinativo. As que estão no paiol, ainda nada produzem, embora programadas e capacitadas estejam para produzir. Algumas, já plantadas, deixaram de ser sementes; produziram plantas que estão vivendo e crescendo. Você tem também algumas sementes na mão, decidindo se as plantará ou não. Assim é também com o karma.

As sementes em depósito, aguardando a hora de germinar, têm o nome samcita karma. São como o karma que, ao longo de muitas vidas, foi se acumulando. O conteúdo do "depósito kármico" (karmashaya) de um indivíduo, só parcial e muito imprecisamente, pode ser presumido mediante a análise de seu caráter, temperamento, predisposição, inclinações, fraquezas, capacidades, conduta... finalmente, de seu psiquismo. Tal como a semente que só germina se encontrar solo fértil, umidade e temperatura apropriada, nosso karma acumulado (samcita), funcionando como uma programação, só virá a frutificar, manifestando-se, atualizando-se, quando vierem a ocorrer condições ambientais favoráveis. 

O prarabdha karma, também chamado "karma maduro", aquele que está sendo "colhido", é comparado às sementes que germinaram e produziram plantas. O prarabdha é aquilo que determina e condiciona nossa vida atual: tipo físico, faculdades mentais, doenças, boas ou más condições biológicas, psicológicas, sociais etc. Esta fase do karma é o que se costuma chamar "destino". É a inexorabilidade do determinismo, do fatalismo, do "está escrito".

As sementes em sua mão terão o destino que você escolher - se as plantará ou não - representam o vartamana (ou agami) karma. Neste fase predomina o livre arbítrio. 

Como se vê, a doutrina do karma harmoniza duas teses que dividem os filósofos - o determinismo e o livre arbítrio. Há liberdade na hora de semear e determinismo na hora de colher. Em suma, não há um, mas três karmas:

(a) Samcita - o acumulado ou potencial ou programado, isto é aquilo que virá a acontecer. Sobre ele, por meio de processos, técnicas e métodos de Yoga, podemos agir para neutralizar seu poder germinativo ("fritar as sementes", na linguagem de Patanjali). Seria como evitar ou mudar o que estaria para acontecer.
(b) Prarabdha - aquele que está se cumprindo, também chamado "karma maduro", o qual já não se pode evitar, corrigir, mudar. Só nos é possível padecê-lo ou desfrutá-lo com equanimidade e sabedoria. E isto também é Yoga.
(c) Vartamana (ou agami) - sobre o qual temos plena administração, por ser aquilo que estamos fazendo no presente. Nosso livre arbítrio delibera e faz opções: praticar ou não a ação; conduzi-la numa direção ou noutra. Você tem domínio sobre a ação (karma) que agora está praticando. Pode optar por contrair dívidas ou ganhar créditos. Plantará frutas ou urtigas.

Imagine um arqueiro que tem uma seta no arco retesado, tem mais algumas na aljava às costas e há uma que acabou de disparar, voando para o alvo. As setas da aljava representam o samcita; a sete no arco, o agami; finalmente, a seta atirada, o prarabdha. Parece que assim não restam dúvidas. Não é?

A sábia gerência sobre as ações (karma) é o que se denomina Karma Yoga, produtora de melhor colheira no futuro. O que, no entanto, é infinitamente mais sábio e importante é utilizar da Lei do Karma para libertar-nos dos domínios da morte ("renascimentos compulsórios"), para alcançarmos a Vida Una e Única. A Karma Yoga não existe para assegurar compensações no futuro nascimento, conforme se tem pensado no Ocidente. Existe para nos ajudar a escapar de novos nascimentos, para nos libertar de samsara. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 72/73)