"(...) Observação dos órgãos dos sentidos. Pela observação da inclinação natural dos órgãos dos sentidos - os indicadores do que é nutritivo -, por meio dos quais todos os animais são dirigidos a seu alimento, verificamos que quando o animal carnívoro encontra a presa, ele sente prazer a tal ponto que seus olhos começam a brilhar; ele agarra impetuosamente a presa e lambe, avidamente, o sangue esguichado. Ao contrário, o animal herbívoro recusa até seu alimento natural, deixando-o intacto, se estiver salpicado com um pouco de sangue. Os sentidos do olfato e da visão o levam a escolher gramíneas e outras ervas para o seu sustento, as quais ele saboreia com prazer. De modo parecido com os animais frugívoros, notamos que seus sentidos os conduzem sempre aos frutos das árvores e dos campos.
Nos homens de todas as raças constatamos que os sentidos do olfato, audição e visão nunca os levam a abater animais; ao contrário, eles não podem suportar sequer a visão de tais matanças. Sempre se recomenda que os matadouros fiquem bem afastados das cidades; os homens, com frequência, aprovam leis rigorosas proibindo o transporte a descoberto de carnes para consumo. Pode a carne, então, ser considerada o alimento natural do homem, se tanto seus olhos quanto seu nariz são tão contrários a ela, a menos que disfarçada pelos sabores de condimentos, sal e açúcar? Por outro lado, quão delicioso achamos o aroma das frutas, cujo simples olhar sempre nos deixa com água na boca! Também se pode notar que vários grãos e tubérculos têm aroma e sabor agradáveis, embora fracos, até mesmo quando não foram preparados. Logo, mais uma vez, somos levados a concluir a partir dessas observações que o homem foi destinado a ser um animal frugívoro.²
Observação da nutrição das crianças. Observando a nutrição das crianças, vemos que o leite é, sem sombra de dúvida, o alimento dos bebês recém-nascidos. Não haverá suprimento abundante de leite nos seios da mãe se ela não adotar frutas, cereais e verduras como seu alimento natural.
A causa das doenças. Dessas observações, a única conclusão a que se pode racionalmente chegar é que os diversos cereais, frutas, tubérculos e - como bebidas - leite e água pura abertamente exposta ao ar e ao sol são, decididamente, o melhor alimento natural para o homem. Estes, sendo compatíveis com o organismo quando ingeridos, bem mastigados e misturados com saliva, são sempre facilmente assimilados.
Outros alimentos são desnaturais ao homem e, sendo incompatíveis com o organismo, são necessariamente estranhos a ele; quando entram no estômago, não são assimilados de maneira apropriada. Misturados ao sangue, acumulam-se nos órgãos excretores e em outros órgãos que não lhe são devidamente adaptados. Quando não podem ser eliminados, depositam-se, pela lei da gravidade, nas fendas dos tecidos e, ao fermentar, produzem doenças mentais e físicas, levando, por fim, à morte prematura.
O desenvolvimento das crianças. A experiência também comprova que a dieta natural e não irritante para o vegetariano é, quase sem exceção, admiravelmente adequada ao desenvolvimento tanto físico como mental das crianças. Suas mentes, o entendimento, a vontade, as principais faculdades, o temperamento e a disposição geral são também desenvolvidos de maneira apropriada.
O viver natural acalma as paixões. Constatamos que quando se empregam recursos extraordinários, tais como jejum excessivo, mortificação, ou confinamento monástico, com o propósito de suprimir as paixões sexuais, tais meios raramente produzem o efeito desejado. A experiência mostra, no entanto, que o homem pode facilmente vencer essas paixões, o arqui-inimigo da moralidade, pelo viver natural com a dieta não irritante acima referida; desse modo, os homens ganham uma tranquilidade mental que todo psicólogo sabe ser a condição mais favorável à atividade mental e a uma compreensão clara, tanto quanto a uma maneira de pensar judiciosa. (...)"
2. "{E Deus} disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão de alimentos" Gênesis 1:29. (Nota da editora)
(Swami Sri Yukteswar - A Ciência Sagrada - Self-Realization Fellowship - p. 63/66)