"Aprende que não há cura para o desejo, que não há cura para a busca de recompensa, que não há cura para o sofrimento de estar ansioso por algo, a não ser fixando a visão e a audição naquilo que é invisível e inaudível.
O homem tem de acreditar na sua capacidade inata de progredir, não deve se atemorizar ao considerar a grandeza da sua natureza superior nem se deixar arrastar pelo seu eu inferior ou material. (...)
A força de vontade para seguir adiante é a primeira necessidade daquele que escolheu seu caminho. Onde pode ela ser encontrada? Olhando-se ao redor não é difícil ver onde outros homens encontraram sua força. A sua fonte é a convicção profunda.
Abstém-te porque é correto o abster-se - não para te conservares limpo.
O homem que luta contra si mesmo e vence a batalha só pode fazê-lo quando sabe que naquela luta ele está fazendo aquilo que vale a pena ser feito.
"Não resistas ao mal", isto é, não te queixes nem te irrites com as vicissitudes inevitáveis da vida. Esquece de ti mesmo (servindo aos outros). Se os homens maltratam, perseguem ou enganam os seus semelhantes, por que resistir? Na resistência criamos males ainda maiores. (...)
O melhor remédio para o mal não é a repressão, mas a eliminação do desejo, e isso pode ser melhor alcançado mantendo-se a mente constantemente fixa em coisas divinas. O conhecimento do Eu Superior é solapado quando se deixa a mente comprazer-se com os objetos dos sentidos desgovernados.
Nossa própria natureza é tão vil, orgulhosa, ambiciosa, e tão cheia de seus próprios apetites, julgamentos e opiniões, que se as tentações não a dominassem, ela se deterioraria irremediavelmente; portanto somos tentados até o fim para que possamos conhecer a nós mesmos e ser humildes. Sabe que a maior das tentações é a de não ter tentação alguma, por esse motivo alegra-te quando elas te assaltarem, e com resignação, paz e constância, resiste a elas.
Sente que tu não tens que fazer nada para ti mesmo, mas que certas tarefas são designadas para ti pela Divindade, as quais tu tens de cumprir. Deseja Deus, e não algo que Ele possa proporcionar-te.
Tudo o que deva ser feito, tem de ser feito, mas não com o propósito de satisfazer-se com o fruto da ação.
Se todas as ações de uma pessoa forem executadas com a plena convicção de que não têm qualquer valor para o agente, mas que devem ser efetuadas simplesmente porque têm de ser feitas - em outras palavras, porque está em nossa natureza agir - então a personalidade egoísta em nós se enfraquecerá cada vez mais, até que chegue a apaziguar-se, permitindo ao conhecimento revelar o Eu Verdadeiro a brilhar em todo seu esplendor. Não se deve permitir que a alegria ou a dor afaste a pessoa de seu firme propósito.
Até que o Mestre te escolha para vir a Ele, esteja com a Humanidade, trabalhando de modo altruísta pelo seu progresso e evolução. Somente isto pode trazer verdadeira satisfação.
O conhecimento aumenta na proporção de seu uso - isto é, quanto mais ensinamos mais aprendemos. Portanto, Buscador da Verdade, com a fé de uma criancinha e a vontade de um Iniciado, compartilha daquilo que tens com aquele que nada possui para confortá-lo em sua jornada.
Um discípulo tem de reconhecer de maneira inequívoca que a própria idéia de direitos individuais nada mais é que a manifestação da natureza venenosa da serpente do eu. Ele jamais deverá considerar outro homem como alguém passível de ser criticado ou condenado, nem tampouco poderá o discípulo elevar sua voz em autodefesa ou desculpa.
Nenhum homem é teu inimigo; nenhum homem é teu amigo. Todos são igualmente teus instrutores.
Não mais se deve trabalhar para ganhar qualquer benefício, temporal ou espiritual, mas tão somente para cumprir a lei da existência que é a justa vontade de Deus."
(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34/45)