OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O QUE DEVEMOS ALCANÇAR

"No Sutra das Quatro Nobres Verdades, Buda diz: 'Deves alcançar as cessações'. Neste contexto, 'cessação' significa a cessação permanente do sofrimento e de sua raiz, a ignorância do agarramento ao em-si. Ao dizer isso, Buda nos aconselha a não ficarmos satisfeitos com uma libertação temporária de sofrimentos particulares, mas que tenhamos a intenção de realizar a meta última da vida humana: a suprema paz mental permanente (nirvana) e a felicidade pura e eterna da iluminação. 

Todo ser vivo, sem exceção, tem que experienciar o ciclo de sofrimentos da doença, envelhecimento, morte e renascimento, vida após vida, sem fim. Seguindo o exemplo de Buda, devemos desenvolver forte renúncia por esse ciclo sem fim. Quando vivia no palácio com sua família, Buda observou como o seu povo estava experienciando constantemente esses sofrimentos e tomou a forte determinação de obter a iluminação, a grande libertação, e conduzir cada ser vivo a esse estado. 

Buda não nos estimula a abandonar as atividades diárias que proporcionam as condições necessárias para viver ou aquelas que evitam a pobreza, problemas ambientais, doenças específicas e assim por diante. No entanto, não importa o quanto sejamos bem sucedidos nessas atividades, nunca alcançaremos a cessação permanente de problemas desse tipo. Teremos ainda que experienciá-los em nossas incontáveis vidas futuras e, mesmo nesta vida, embora trabalhemos arduamente para evitar esses problemas, os sofrimentos da pobreza, poluição ambiental e doença estão aumentando em todo o mundo. Além disso, por causa do poder da tecnologia moderna, muitos perigos graves estão a se desenvolver agora no mundo, perigos que nunca haviam sido experienciados anteriormente. Portanto, não devemos ficar satisfeitos com uma mera libertação temporária de problemas específicos, mas aplicar grande esforço em obter liberdade permanente enquanto temos essa oportunidade. 

Devemos nos lembrar da preciosidade da nossa vida humana. Por exemplo, os seres que agora estão sob uma forma animal tiveram esse tipo de renascimento animal devido as suas visões deludidas passadas, que negavam o valor da prática espiritual. Visto que a prática espiritual constitui-se no único fundamento para uma vida significativa, eles não têm agora chance alguma, sob uma forma animal, de se envolverem em uma prática espiritual. Visto que para eles é impossível ouvir, entender, contemplar e meditar nas instruções espirituais, seu renascimento presente como animal é, por si só, um obstáculo. Como foi mencionado anteriormente, somente os seres humanos estão livres de tais obstáculos e têm todas as condições necessárias para se empenharem nos caminhos espirituais – os únicos caminhos que conduzem à paz e felicidade duradouras. Essa combinação de liberdade e de posse de condições necessárias é a característica especial que faz com que a nossa vida humana seja tão preciosa. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 63/65)
Fonte: https://cienciaespiritualidadeblog.wordpress.com



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (PARTE FINAL)

"As coisas mundanas não podem nos dar esse tesouro, mas a desilusão que elas provocam, sim. Isso ocorre na medida em que, 'des-iludidos', partimos ao encontro do ser, tornando o insucesso material uma alavanca para o espírito. Por meio da inteligência evolutiva, a insaciedade do ego acaba provocando sua destruição.

Enquanto não chegamos lá, porém, o sofrimento domina. Diante dele, rebelar-se ou crescer? Rebelar-se é não aceitar o sofrimento, negá-lo, buscar culpados ou substitutos, anestesiar-se com drogas e outros recursos de fuga. Quando a aceitação não acontece, a causa do sofrimento segue desconhecida, aumentando o problema. 

Nós fortalecemos tudo aquilo a que resistimos. Aceitar não significa, porém, desistir da mudança. Ao contrário, quando olhamos a situação com receptividade, a raiz do problema - de base mental, incluindo desejos insatisfeitos - vem à tona, sugerindo uma ação harmonizadora que brota das profundezas do ser e extinguindo o problema. A razão é simples: pusemos consciência nele, expandindo a vida espiritual - às vezes até descobrindo que nunca existiu um problema. A escuridão não suporta a luz.

Eckhart Tolle nos dá uma chave ao dizer que a escuridão é passiva e a luz é ativa. Quando iluminamos um quarto escuro não é a escuridão que sai, é a luz que entra. Por isso, Blavatsky diz que o mal não tem existência própria, é apenas ausência do bem.

Somente de cada um de nós depende manter ou eliminar a realidade do sofrimento, crescendo no processo. Sofrer ou não é escolha nossa. Frequentemente, porém, dando razão a Tolle, escolhemos sofrer - como nas situações de ódio mantidas por longo tempo -, gerando o paradoxo de arruinar a vida com nosso próprio veneno."

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 06/07)


domingo, 18 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (1ª PARTE)

"A entrada neste mundo se faz com sofrimento, seja para a mãe, seja para a criança, abrindo caminho nas entranhas maternas. Deixar o corpo, em geral, também é motivo de sofrimento. Ao longo da vida, o sofrimento nos acompanha como 'a roda do carro que segue a pata do boi que o puxa'. Esse boi pode muito bem ser representado por nossa natureza anímica, fundamentada no desejo. Conforme o Budismo, aí reside a causa do sofrimento.

O Budismo ensina também o Caminho do Meio, onde o desejo pode ser usufruído em sua face benigna, preservadora de geração e da manutenção da vida. Além de estar por trás da união do macho com a fêmea, do impulso de comer um doce, de comprar um carro, o desejo preside o nascimento do universo pela união do pai e mãe cósmicos, desdobrados de Deus (absoluto): o espírito e a matéria, tornando o desejo a base da manifestação.

Portanto, nosso problema não está exatamente no desejo, mas no excesso, que alimenta a gula, a inveja, a competitividade, a violência. Nunca paramos de desejar; nossa satisfação sempre depende de que algo aconteça. Porém, quando esse algo acontece, um vazio latente sufoca a alegria ante o objeto de desejo conquistado. Não é essa a continuidade sem fim do sofrimento, de que trata o Budismo?

Eckhart Tolle, em O Despertar de uma nova consciência, afirma que esse fato está associado ao 'corpo de dor'. Vivendo de nossas tendências para o confronto, atração pelo perigo, filmes de terror e outras paixões estranhas - considerando o instinto de preservação do ego - o prazer desse corpo é se alimentar de sofrimento. A explicação pode estar nas vidas elementais, que evoluem 'para baixo', em simbiose com a negatividade humana, enquanto esta quebra as referências de proteção e conforto do ego. Nada é desperdiçado na economia universal.

Pagamos o preço. Jamais desistimos. Por quê? O motivo é o tesouro oculto na essência dessa busca, à espera talvez de nosso último desejo como seres humanos. Trata-se da paz que intuitivamente sabemos existir, como algo inerente à autossuficiência do espírito (somente por já existir é que pode ser real). Às vezes percebemos a paz no sentimento de 'estar em tudo' ou 'conter tudo' que a meditação provoca. Abre-se então um espaço de silêncio dentro de nós, uma ausência de pensamento. Tudo acontece nesse silêncio, levando afinal ao samadhi, a realização de nossa natureza divina. (...)"

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 05/06)


sábado, 17 de dezembro de 2016

UMA NECESSÁRIA MUDANÇA DE ATITUDE


"(...) nossa consciência de sermos uma dualidade, um Eu superior interno e um eu inferior externo, está baseada na ignorância. Não somos duas entidades, senão uma só. Somos o Ser divino e nenhum outro. Seu mundo é nosso mundo, e sua vida é nossa vida. O que sucede é que, quando infundimos nossa consciência divina nos corpos através dos quais temos de adquirir certas experiências, nos identificamos com esse corpos e nos esquecemos do que realmente somos. Então, à consciência aprisionada, escravizada pelos três corpos, obediente a seus caprichos, chamamos de eu inferior ou personalidade.

Sentimos nossa voz interna, nossa verdadeira voz, como o chamamento do Eu superior. E trava-se a penosa luta, nossa verdadeira crucificação, entre os dois, Ego e personalidade. Contudo, a maior parte desse sofrimento provém de nossa ignorância, e cessa quando compreendemos nossa genuína natureza, de que resulta uma completa mudança de atitude.

Para começar, nossa concepção acerca da dualidade de nossa natureza é errônea. Sempre consideramos a Alma, o Espírito, o Eu Superior, o Ego, ou a forma com que designamos nossa natureza superior, como algo ou alguém acima de nós; ao passo que nós próprios - a natureza inferior ou personalidade - existiríamos abaixo dela. E assim nos esforçamos por chegar até o alto, com o intento de conseguir algo essencialmente estranho a nós e, portanto, de difícil alcance. Costumamos, então, falar dos 'tremendos esforços' para alcançar o Eu Superior; e noutras vezes falamos de inspiração ou conhecimento, de energia espiritual ou amor, como se recebêssemos daquele Ser tão superior a nós aqui embaixo. Em ambos os casos cometemos o erro fundamental de nos identificar com o que não somos, e nessa atitude nos aproximamos de todo o problema.

A primeira condição para a realização espiritual é a certeza, sem sombra de dúvida, de que somos o Espírito ou Eu Superior. A segunda condição, tão essencial e relevante como a primeira, é a confiança em nossos próprios poderes como Ego e a coragem de empregá-los livremente. Em vez de considerar nosso estado habitual de consciência como natural e normal, e de olhar o Ego como se fosse um ser altíssimo e alcançar por esforços contínuos e extraordinários, devemos começar a ver nosso estado comum de consciência como anormal e não natural, e ver a vida do Espírito como nossa verdadeira vida, da qual nos mantemos continuamente afastados."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 19/20)


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (PARTE FINAL)

"(...) Em vez de perder o controle e reagir com ira e medo, podemos fazer um esforço consciente para manter o amor em nossos corações, incluindo nesse amor todos os seres humanos, individualmente ou em grupos. Isso não implica aprovar o que eles fazem ou concordar com eles. Podemos praticar a compaixão mesmo com aqueles cujos atos condenamos, particularmente se compreendermos que a violência, a agressão, o ódio e a ganância surgem, afinal, da ignorância e da limitação, assim como acontece em nossa própria vida. Afinal, por que agimos de maneira egoísta, magoamos os outros, criticamos, dominamos, manipulamos? Somos maus, merecemos o ódio e a condenação dos outros ou de nós mesmos?

Cada um de nós pode verdadeiramente dizer que 'nenhum ser humano é estranho a mim', porque os homens são um em origem, essência, potencial e destino. Somos também um com os átomos, os minerais, as plantas, os animais, as estrelas e as galáxias - com tudo que conhecemos ou podemos imaginar. Vendo a nós mesmos como essencialmente cósmicos, podemos adotar uma visão mais ampla e restringir a irrefletida ascendência do nosso ego. Se tivermos fé em nossos recursos internos, não precisaremos nos sentir ameaçados pelos outros ou por eventos, nem permitir que nosso ego fique inflamado, torne-se crítico e farisaico - respostas que são dolorosas à vida em toda parte. Em vez disso, podemos reconhecer o ódio, os impulsos destrutivos e os sentimentos violentos pelo que são, e buscar reagir com autocontrole, gentileza e compreensão compassiva não apenas em nossos atos, mas em nossas atitudes e pensamentos.

Julgar asperamente, afrontar ou odiar aqueles de quem discordamos ou que achamos perniciosos somente contribui para o fardo de influências negativas que aflige a humanidade. Agir assim dá continuidade e expande as condições e os pensamentos a que desejamos pôr fim. A proposta de Jesus de pagar o mal com o bem é de fato a mais prática que podemos adotar, pois o ódio jamais cessa pelo ódio, somente pelo amor."

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p. 12)