OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 20 de maio de 2021

A BUSCA DA VERDADE - excerto 2

"2.  Suponhamos um homem que vai à floresta buscar alguma medula, que cresce no centro das árvores, e volta com um fardo de galhos e folhas, pensando que conseguira aquilo que fora buscar. Não seria ele tolo, se está satisfeito com a casca, endoderma ou madeira, ao invés da medula que fora procurar? Mas é o que muitos homens estão fazendo.

Uma pessoa procura um caminho que a afasta do nascimento, da velhice, da doença e da morte, ou da lamentação, da tristeza, do sofrimento e da dor; entretanto, se, seguindo um pouco esse caminho, nota algum progresso, torna-se orgulhosa, vaidosa e arrogante. É como o homem que procurava medula e saiu satisfeito com uma braçada de galhos e folhas.  

Outro homem que se satisfaz com o progresso alcançado com pouco esforço, negligencia seu empenho e se torna vaidoso e orgulhoso; está carregando apenas um fardo de galhos ao invés da medula que estava procurando.

Outro ainda, achando que sua mente se tornou mais tranquila e que seus pensamentos se tornaram mais claros, também relaxa o seu esforço e se torna orgulhoso e vaidoso; tem um fardo de cascas ao invés da medula que procurava. 

Outro homem se torna orgulhoso e vaidoso porque notou que obteve um pouco de compreensão intuitiva; ele tem uma carga de fibra lenhosa ao invés da medula. Todos estes homens que se satisfazem com seu insuficiente esforço e se tornam orgulhosos e altivos, negligenciam o seu empenho e facilmente caem na indolência. Todos eles, inevitavelmente, terão que arrostar novamente o sofrimento.

Aqueles que buscam o verdadeiro caminho da Iluminação não devem esperar uma tarefa cômoda e fácil ou um prazer proporcionado pelo respeito, honra e devoção. E mais, não devem almejar, com pouco esforço, ao supérfluo progresso em tranquilidade, conhecimento ou introspecção. 

Antes de tudo, deve-se ter, de modo claro, na mente, a básica e essencial natureza deste mundo de vida e de morte."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 301/303


sábado, 24 de março de 2018

COLABORADORES

"Os Mestres têm colaboradores de todos os graus e de todas as classes, a maioria deles inconscientes deste fato. Ele diz, em algum lugar, que pode facilmente varrer o magnetismo desagradável, causado por sujeira física, mas não pode fazer o mesmo com o magnetismo indesejável nas camadas mais altas da consciência. 

A vaidade espiritual, a ambição e a motivação egoísta são muito mais perigosas do que as pequeninas ambições e desejos dos homens comuns. Ele escreve: 'Autopersonalidade, vaidade e presunção abrigados nos princípios mais elevados são muito mais perigosos do que os mesmos defeitos inerentes apenas à natureza física e inferior do homem.' (C.M.) 'Há pessoas que, sem dar sinais externos de egoísmo, são intensamente egoístas em suas aspirações espirituais internas.' (C.M.) 'Amigo, tome cuidade com o orgulho e o egoísmo, duas das piores armadilhas para os pés daquele que aspira a galgar os altos caminhos do Conhecimento e da Espiritualidade.' (C.M.) Somos todos de certo modo maus juízes da natureza humana, porque vemos tão pouco do homem real. Lembro-me de C.W.L. dizendo-nos, usando a fraseologia caseira que o caracterizava, que algumas pessoas levavam todos os seus bens numa vitrina, enquanto outros dificilmente mostravam qualquer coisa. O Mestre vê o que realmente está lá. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 71/72)


sábado, 23 de dezembro de 2017

O REENCONTRO

"Eis-me aqui, Senhor, ansioso, na espera de num dia bem próximo sentir, em plenitude, Tua presença.

Muito há que se trabalhar. Sentimentos indomáveis tumultuam minha consciência ainda em formação.

O caminho é longo...

No conflito da mente pela busca de fazer-Te totalmente presente em meu ser, raros são os dias em que não há luta, É uma batalha incansável de pensamentos, que não se coadunam com palavras e ações.

Momentos existem que são puros e harmoniosos. E a vida se torna bela. Tua presença radiante ensina-me a ver em tudo e em todos a Tua Essência.

A vida, então, é um eterno convite para experienciar, a cada instante, a bondade, a compreensão, a tolerência, a compaixão, enfim, a justiça, a verdade e o amor. Nesses instantes Tua grandeza é sentida. Vejo então, através dos olhos do coração, a Tua beleza.

Nas mais das vezes, porém, confesso que me sinto distante. É quando divago pelos descaminhos que me levam para longe da verdade, ora impulsionado pela vaidade ou orgulho e, outras vezes, pela intolerência e incompreensão.

Nesses momentos bebo o amargo cálice da Tua ausência. É a dor sentida e vivida sem a Tua presença. Reflito e indago: Por que tais acontecimentos?

Olho para dentro de mim, para o mais profundo do meu ser e Te vejo enclausurado pelos meus interesses mesquinhos e materiais. Aí, compreendo que Tu és e sempre serás amor. Mesmo quando entro em conflito com a Tua vontade, Tu Senhor, em momento algum, me desamparas.

A realidade é que eu me deixara envolver pela sedução dos desejos temporários. Só então, após estar diante da dor, na batalha do Ser contra o Ter, é que volto a ver-Te.

Por tudo isto eis-me aqui, Senhor. Reconhecendo a necessidade de reencontrar-me em Tua luz, evitando assim a continuidade de minhas batalhas internas que, além de serem refletidas negativamente em todos, afastam-me cada vez mais de Ti."

(Valdir Peixoto - Conheca-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília/DF, 2009 - p. 79/81)


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

MATA A AMBIÇÃO (1ª PARTE)

"'Mata a ambição', escreve Mabel Collins em Luz no caminho (Ed. Pensamento). A ambição é um mal primário, mas é geralmente considerada pelo mundo em geral como sendo uma qualidade boa. O homem ambicioso é invejado pelos outros, e mesmo seus superiores fazem dele bom conceito porque ela faz o esforço necessário para obter a promoção cobiçada. Mas, do ponto de vista oculto (ou secreto, esotérico), a ambição é destrutiva e deve ser extirpada. Ela torna a pessoa insensível aos sentimentos, necessidades e bem-estar dos outros. Toda sua atenção está fixa sobre o objeto que deseja alcançar, e essa mesma concentração exclui tudo o mais de sua atenção, mesmo o sofrimento causado aos outros no fomento de sua ambição.

Embora compreendamos a natureza desse mal quando o vemos sob uma forma exagerada, não conseguimos reconhecê-lo em nós mesmos. Mas é verdade que as faltas que notamos nos outros provavelmente estão presentes, pelo menos em germe, em nós mesmos. Não estamos preocupados com a destruição de ídolos populares - as diferentes coisas que as pessoas adoram -. mas com nossos próprios ídolos particulares que adoramos secretamente em nossos corações.

Luz no caminho fala da ambição como 'a primeira maldição' e adverte que ela assume formas sutis no Caminho oculto. Podemos pensar que destruímos a ambição em nós mesmos, mas ela pode reaparecer com aspecto diferente, pois podemos ambicionar várias coisas mesmo no próprio Caminho. Podemos não nos preocupar com o elogio da 'massa ignara', descartando-o como algo sem valor. Mas é bem possível sermos sutilmente presunçosos; embora pareçamos não nos preocupar com a apreciação dos outros, podemos ainda estar enraizados no amor próprio e na vaidade, muitíssimo cônscios de nossas supostas habilidade e de nosso valor no caminho espiritual.

Ou podemos querer estar à frente dos outros que são devotados ao mesmo Mestre, sentir que de algum modo demos um passo que eles não deram. Mesmo que os outros não saibam que demos um passo, o fato de pensarmos que demos é suficiente; sentimo-nos superiores e autossatisfeitos. Isso pode ser tão sutil que, a não ser que prestemos muita atenção a nossos pensamentos, sentimentos e motivos, seja impossível evitá-lo. Podemos continuar meditando sobre a virtude da humildade que pensamos querer possuir, e ao mesmo tempo estarmos plenos desse egoísmo que está tão profundamente enraizado em todos nós. (...)"

(N. Sri Ram - Mata a ambição - Revista Theosophia, Ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 15/16) 


quinta-feira, 29 de maio de 2014

A OBRIGAÇÃO PRIMÁRIA DO HOMEM

"É obrigação de cada ser humano olhar cuidadosamente para dentro de si e ver a si mesmo como de fato é, sem poupar sacrifícios no sentido de aprimorar seu corpo, sua mente e sua alma. Ele deveria perceber os danos acarretados pela injustiça, pela perversidade, pela vaidade e por coisas do tipo, e fazer o melhor para combatê-las.

O estado do homem é de provação. Durante esse período ele é testado por forças do mal e também pelas do bem. Ele é constantemente uma presa fácil para tentações, e precisa provar sua coragem resistindo a cada uma delas. Ele não é um guerreiro que combate inimigos imaginários; é incapaz de levantar seu dedo contra inúmeros inimigos que habitam seu próprio ser e, o que é pior, os confunde com amigos.

Não cabe ao homem desenvolver todas as suas faculdades até a perfeição. Sua obrigação é aprimorar todas as suas capacidades que o levam pelo caminho de Deus rumo à perfeição, suprimindo completamente aquelas cujas tendências sejam contrárias.

Sendo uma criatura imperfeita, é inerente ao ser humano buscar continuamente a perfeição. Todavia, em sua tentativa, ele se perde em devaneios e, assim como uma criança que tenta se levantar, cai repetidas vezes e finalmente aprende a caminhar. O homem, mesmo com toda a sua Inteligência, é apenas um infante comparado ao Deus infinito e eterno.

Nosso objetivo sempre se afasta de nós. Quanto maior o progresso, maior o reconhecimento do nosso próprio desmerecimento. A satisfação está no esforço, não na conquista. Esforço completo significa vitória completa."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.36)


quarta-feira, 7 de maio de 2014

VICHARA (2ª PARTE)

"(...) O Verdadeiro Eu está escondido daqueles que, pessimistas, negativistas, se consideram inferiores, imperfeitos, fracos e degradados, e filhos do pecado. Está também fora do alcance do orgulhoso, que se considera o maior do mundo. Está iludido quem se julga arrasado e perdido. Também o está quem se analisa, mas imbuido de vaidade. Tanto o sentimento de inferioridade como seu oposto são produtos do egoísmo. São a 'cobra' e não a 'corda'. 

Os obstáculos que mais dificultam o julgamento de nós mesmos são: autocomplacência, autopiedade, autosseveridade. Pelo primeiro, o indivíduo, desejando uma agradável visão de si mesmo, obscurece os defeitos e enfatiza tudo o que considera perfeição. Pelo segundo, desejando sentir-se um coitado, uma vítima, um perseguido, exagera tudo o que o faça sofrer mais um pouco. O terceiro obstáculo é o oposto do primeiro. Por ele, o perfeccionista de si mesmo se fixa sobre o que precisa ser corrigido em seu caráter, temperamento ou personalidade, e não se interessa por saber o que ele tem de positivo e de bom.

Qualquer dessas três atitudes é fonte de egoísmo, e do egoísmo nasce. Qualquer delas impede o autoconhecimento, além de servirem como amplificadores das emoções e, consequentemente, do estresse.

Vichara requer uma atitude de isenção. Quem quer chegar à conclusão de que é uma peste de ruim, ou, ao contrário, uma santa criatura, ou um infeliz esquecido de Deus, está cometendo o absurdo de iniciar a pesquisa já procurando confirmar um diagnóstico prévio e, assim, não chega a saber quem realmente é. Quem teme descobrir suas próprias inferioridades e mesmo anormalidades, bem como quem deseja cada vez mais orgulhar-se do perfeito que é, não realiza vichara. É preciso serena coragem e perfeita isenção para conseguir tirar proveito da desilusão, que lhe permite conhecer-se. 

Somente quando serena e corajosamente, sem temor ou vergonha, sem severidade ou piedade, descobrimos que somos mentirosos, mentirosos deixamos de ser. Mentirosos continuamos a ser enquanto só nos outros vemos a mentira. A condição de curar-se da vaidade é chegar, com isenção, ao diagnóstico da própria vaidade. Na opinião de algumas escolas de pensamento, nos libertamos da insegurança assim que nos reconhecemos inseguros. Até mesmo comportamentos obsessivos, tiques nervosos, hábitos errados e vícios não são vencidos sem a conscientização dos mesmos. (...)"  

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 149/150)


domingo, 2 de fevereiro de 2014

CLAREZA ESPIRITUAL

"Aquele pelo qual Brahman não é conhecido, O conhece;
mas aquele pelo qual ELE é conhecido não O conhece. ELE não é conhecido
por aqueles que O conhecem; ELE é conhecido por aqueles que não O conhecem.

Devemos notar que a condição de desconhecimento não é um estado de inércia. A consciência de não conhecer surge no despertar de todo o conhecimento que a mente adquiriu. A mente que sabe o que é explicado, mas não é ciente daquilo que permaneceu inexplicável, é uma mente ignorante. Em tal mente surge a vaidade do falso conhecimento. Uma vez que aquilo que é explicado não pode jogar luz naquilo que permaneceu não-explicado, o homem de dito conhecimento é destituído de verdadeiro conhecimento. O verso acima diz – e acertadamente – que aquele que diz que conhece, não conhece, enquanto que aquele que diz que não conhece, realmente conhece, pois ele conhece a falsidade de seu próprio conhecimento. Tendo examinado o que é explicado e tendo se tornado consciente do que permaneceu inexplicável, o investigador declara que não conhece. Quando o inexplicável não pode ser proclamado em termos do explicado, então realmente, o investigador, com toda honestidade, deve afirmar que de fato não conhece. A mente que pode declarar que não sabe está, por essa própria declaração, no limiar do conhecimento. A sabedoria inicia onde a mente se torna consciente da falsidade do conhecimento que adquiriu. A mente aberta é aquela que é consciente do que o conhecimento explicou e ao mesmo tempo ciente do que o conhecimento não explicou."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades - Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 40)


sábado, 4 de janeiro de 2014

CANDIDATO À VERDADEIRA FELICIDADE

"Felicidade é vida em festa – e festa em vida. Mas, para haver festa e flores, é necessário fazer uma limpeza geral na casa.

Infelizmente, a nossa civilização e vida social está quase toda baseada em mentiras, fraudes, falsidades, hipocrisias e outras poluições.

A patroa dá ordem à empregada para dizer às visitas que a ‘dona não está em casa’.

O negociante tem de mentir constantemente aos fregueses para vender as suas mercadorias.

O leiteiro mente dizendo que leite com 50% de água é leite puro.

O vinicultor põe no seu vinho, além de água e anilina, drogas picantes e nocivas, para vender melhor ou atender ao gosto viciado dos consumidores.

O farmacêutico falsifica os seus produtos de laboratório para ganhar mais dinheiro, pondo em perigo a vida e a saúde daqueles que ingerem as drogas.

O cabo eleitoral mente ao público que o seu candidato é o melhor do mundo, quando ele bem sabe que o seu patriotismo obedece à plenitude do bolso.

O orador sobre à tribuna, cônscio da sua inigualável competência, e inicia a sua peça oratória com as palavras costumeiras: ‘Eu, apesar da minha absoluta incompetência...’, abrindo ligeira pausa para ouvir das primeiras filas um murmúrio de ‘não apoiado’, suavíssima carícia para a sua vaidade.

‘Muito prazer em conhecê-lo’ – quantas vezes não encobre esta frase estereotípica sentimentos diametralmente opostos aos que os lábios proferem?

90% do que Jornais, Rádio e Televisão propalam é mentira a serviço da cobiça.

Tão inveterados são estes e outros vícios sociais que é quase impossível viver em sociedade sem ser contagiado por essas poluições. Tudo isto, porém, é sujeira moral, que torna praticamente impossível o desenvolvimento de uma verdadeira felicidade.

Candidato à verdadeira felicidade! grava bem dentro do teu coração esta grande verdade. Nunca farei depender a minha felicidade de algo que não dependa de mim!"

(Huberto Rohden – A Essência da Felicidade – Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 – p. 65/66)


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OS PERIGOS DA AMBIÇÃO (1ª PARTE)

"A ambição é um mal primário, mas em geral é considerada uma qualidade positiva. O homem ambicioso é admirado e seus superiores têm dele um bom conceito, porque faz o esforço necessário para obter uma promoção. Porém, do ponto de vista espiritual, a ambição é destrutiva e deve ser extirpada. Ela torna a pessoa insensível aos sentimentos e às necessidades dos outros. Toda a sua atenção está fixada no objetivo que deseja alcançar; essa concentração exclui tudo, até mesmo o sofrimento alheio. Por isso Mabel Collins aconselha, no livro Luz no Caminho (Ed. Teosófica): 'Mata a ambição.'

Embora compreendamos a natureza desse mal, não conseguimos reconhecê-lo em nós mesmos. Mas é verdade que as faltas que notamos nos outros provavelmente estão presentes, pelo menos em germe, em nós mesmos. 

O livro Luz no Caminho cita a ambição como 'a primeira maldição', e adverte que ela assume formas sutis no caminho oculto. Comumente pensamos que destruímos a ambição em nós mesmos, mas ela pode reaparecer com novas roupagens, pois podemos ambicionar muito, mesmo quando estamos trilhando o caminho espiritual. Podemos não nos preocupar com o elogio da 'massa ignara' descartando-o como algo sem valor, mas é bem provável que sejamos sutilmente presunçosos, embora pareçamos não nos preocupar com a apreciação dos outros. Podemos ainda estar imbuídos de vaidade e orgulhosos de nossas supostas habilidades e de nosso valor no caminho espiritual. 

Podemos, também, desejar estar à frente de outros que são devotados ao mesmo mestre, ou sentir que de algum modo demos um passo que eles não deram. Mesmo que os outros não saibam que demos um passo, o fato de pensarmos que demos é suficiente para que nos sintamos superiores e satisfeitos. Isso pode ser tão sutil que, a não ser que estejamos muito atentos a nossos pensamentos, sentimentos e motivações, será impossível evitá-lo. Podemos continuar meditando sobre a virtude da humildade que supostamente queremos possuir, e ao mesmo tempo estarmos repletos desse egoismo tão profundamente enraizado em todos nós. (...)"

(N. Sri Ram - Revista Sophia n° 37 - Ed. Teosófica, Brasília - p - 24)


terça-feira, 26 de março de 2013

PERMITA QUE O ESPLENDOR DA DIVINDADE DOMINE O SEU ÍNTIMO

"O homem está vaidoso por estar voando tão alto no céu e mesmo desembarcando na lua, mas é incapaz de viver em paz consigo mesmo e com seu vizinho. Sua vida terrena é repleta de medo e ansiedade, mas sem acanhamento se proclama o zênite da criação! Não sabe como abafar o fogo que dentro dele arde, mas sabe como arrasar cidades inteiras com o fogo produzido por suas bombas.

Swa-raj quer dizer pleno domínio sobre os sentidos, sobre a mente e sobre o intelecto, mediante o reconhecimento do Atma. Tal como o termômetro indica o calor do corpo, seu falar e sua conduta indicam seu equipamento mental e suas atitudes, e revelam quão alta é a febre de mundanismo que afeta você. A atitude deve ser sátvica, isto é, isenta de paixões e emoções, tais como ódio e orgulho. Fale na paz, promovendo a paz dos outros. De que se servem repetir mantras (japa) e meditar (dhyana) quando o falar e a conduta nem mesmo são humanos? Como pode alguém esperar aproximar-se do divino acoplamento quando ainda se avilta na lama da bestialidade? 

Posses objetivas e subjetivos desejos são obstáculos no caminhar para a realização. Que a brisa da santidade sopre como quiser, e que as sombras da ignorância cega não profanem a vida, a vida que é uma ponte sobre o mar da impermanência. Passe sobre ela, mas não construa nela uma casa. Erga a bandeira de Prasanthi (a Grande Paz) sobre o templo que é seu coração. Subjugue os seis inimigos que destroem a felicidade natural do homem. Ascenda ao estado yógico, no qual as agitações estão detidas, permitindo o Esplendor da Divindade, no íntimo, isto é, no Atma, resplandecer abarcando tudo o tempo todo."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 224/225)


domingo, 23 de dezembro de 2012

TOLERÂNCIA


Fragmento de um diálogo ocorrido entre Swami Bravananda (Maharaj) e Swami Prabhavananda, extraído do livro “O Eterno Companheiro”, de Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda – Ed. Vedanta, São Paulo – p. 38:

“- Você sabia que os ocidentais dão muita importância ao conceito de tolerância? Para eles, a tolerância é uma virtude superior. Não há nenhuma dúvida sobre isso. Peço, também, que você se supere. Quando as pessoas vierem lhe pedir conselhos, trate-as com simpatia em vez de tolerância. Você verá que a ideia de tolerância implica piedade e, até certo ponto, menosprezo. Com tais conceitos em seu coração, você jamais poderá tocar o coração dos outros. Só se pode servir e ajudar as pessoas com simpatia. Além disso, muitos desconhecem algo muito importante que eu vou lhe dizer agora. Inconscientemente, quem age apenas com tolerância deixa que sua vaidade aumente cada vez mais e se torna arrogante; isso o impede de ajudar a quem quer que seja e logo todos se afastam dele. Ninguém gosta de sentir-se sempre ignorante, equivocado, inútil e pecador. Em contrapartida, por meio da simpatia, você se posiciona ao lado da pessoa que pretende ajudar. Você lhe insufla coragem, faz com que ela se erga; isso tudo sem ferir seus sentimentos ou fazê-la sentir-se inferior. É impossível ajudar alguém se você se mantém afastado, o que sucede com frequência quando se age com tolerância. (...)”


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ROUPA SUJA


"Terminara, finalmente, o insigne poeta o seu árduo trabalho; grandioso poema sobre as maravilhas de Deus na ordem do cosmos. 

E agora, numa roda de amigos e admiradores, declamava o mais belo capítulo da obra-prima do seu engenho.

Foi um assombro!...

De tamanha beleza eram as idéias, tão profundos os conceitos, tão cintilantes as frases, tão suaves as cadências dos períodos, que os ouvintes se quedaram como que extáticos de enlevo...

E quando o poeta, no auge do entusiasmo, perorava a mais grandiosa página do estupendo poema - ouviu-se bater à porta da sala...

Mais se avolumou a voz do inspirado bardo, mais vibrante se tornou o seu estro, para abafar o ruído do inoportuno visitante. 

Persistem, porém, na porta, os golpes indiscretos. 

Interrompe então o cantor das grandezas de Deus a faiscante cadeia de idéias e, contrariado, com um arranco violento, abre a porta.

"Por obséquio, sr. doutor, a sua roupa suja" - diz uma vozinha tímida, coando dos lábios pálidos duma menina magríssima.

É a filha da pobre lavadeira.

"Agora não posso, menina! Venha amanhã!...

"Mas... a mamãe fica sem serviço... e sem pão... Somos tão pobres... Por favor, sr. doutor, a sua roupa suja..."

"Não posso, já disse!"

Com estrondo infernal se fecha a porta na cara da menina pálida.

Por entre tempestades de aplausos termina a declamação da grande apoteoso, que elaborou pela maior glória de Deus.

Felicitações, abraços, sorrisos, elogios, luminosas perspectivas...

Altas horas da noite...

Surge do seio das trevas o rosto pálido duma menina paupérrima...

Corre pelo quarto olhares sonâmbulos... Apanha da mesa os originais do poema - folha por folha, e rasga-as em mil pedaços...

E jogando-as ao cesto de papéis, murmura: "Roupa suja". E desaparece...

O poeta acorda... Os originais lá estão, intatos...

E põe-se a pensar, pensar, a pensar...

É verdade que escrevi este poema pela maior glória de Deus?...

Se é verdade, por que não cantei, ontem à noite, o mais belo de todos os poemas do mundo - o poema da caridade?...

Por que não entreguei à pobrezinha a minha roupa suja?...

Por que preferi à caridade a minha vaidade?...

Levantou-se e resolveu, logo de manhã, enregar à filha da lavadeira a roupa suja que ela pedira - e lavou com as lágrimas de arrependimento a "roupa suja" que tinha dentro da alma...

E o seu coração cantou em silêncio o mais lindo poema de humanidade...

O poema divino do Nazareno..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 65/66)