OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 23 de junho de 2022

AFORISMOS SAGRADOS (PARTE FINAL)

"4. Evitar todo o mal, procurar o bem, conservar a mente 
pura: eis a essência do ensinamento de Buda.

A tolerância é a mais difícil das disciplinas, mas a vitória final é para aquele que tudo tolera.

Deve-se remover o rancor quando se está sentindo rancoroso; deve-se afastar a tristeza enquanto se está no meio da tristeza. Deve-se remover a cobiça enquanto se está nela infiltrado. Para se viver uma vida pura e altruística, não se deve considerar nada como seu, no meio da abundância.

Ser de boa saúde é um grande privilégio. Estar contente com o que se tem vale mais do que a posse de uma grande riqueza. Ser considerado como de confiança é a maior demonstração de afeto. Alcançar a Iluminação é a maior felicidade.

Estaremos libertos do medo quando alimentarmos o sentimento de desprezo pelo mal, quando nos sentirmos tranquilos, quando sentirmos prazer em ouvir bons ensinamentos e quando, tendo estes sentimentos, nós os apreciarmos.

Não se apeguem às coisas de que gostam nem tenham aversão às coisas de que desgostam, pois a tristeza, o medo e a servidão surgem do gostar ou desgostar.

5. A ferrugem corrói o ferro e o destrói, assim como o mal corrói a mente de um homem, destruindo-o.

Uma escritura que não é lida com sinceridade, logo estará coberta de poeira; uma casa que não é reformada, quando necessita de reparos, torna-se imunda e assim, um homem indolente logo se torna corrupto.

Os atos impuros corrompem uma mulher pois a mesquinhez macula a caridade. Os maus atos poluem não só esta vida, mas também as vidas seguintes.

Mas a mácula que deve ser temida é a mácula da ignorância. Um homem não pode esperar purificar o corpo ou a mente, sem que antes seja removida a ignorância.

É muito fácil mergulhar na imprudência, ser atrevido e impertinente como um corvo, magoar os outros sem sentir nenhum remorso pela ação cometida.

Contudo, é muito difícil sentir-se humilde, saber respeitar e honrar, livrar-se de todos os apegos, manter o pensamento puro e tornar-se sábio.

É fácil apontar os erros alheio, mas é difícil admitir os próprios erros. Um homem divulga os erros dos outros sem pensar, entretanto, oculta os seus próprios erros, como um jogador esconde falsos dados.

O céu não guarda vestígio do pássaro, da fumaça ou da tempestade, tal como um mau ensinamento não conduz à Iluminação. Nada neste mundo é estável, mas a mente iluminada é imperturbável.

6. Assim como um cavaleiro guarda o portão de seu castelo, devemos proteger a mente dos perigos externos e internos e não se deve negligenciá-la nem por um momento sequer.

Cada um é o senhor de si mesmo, deve depender de si próprio, devendo, portanto, controlar-se a si próprio.

O primeiro passo para se livrar dos vínculos e grilhões dos desejos mundanos é controlar a própria mente, é cessar as conversas vazias e meditar.

O sol faz brilhante o dia, a lua embeleza a noite, a disciplina aumenta a dignidade de um soldado e a tranquila meditação distingue aquele que busca a Iluminação.

Aquele que é incapaz de vigiar seus cinco sentidos – olhos, ouvidos, nariz, língua e o corpo – e fica tentado por seu ambiente, não é aquele que se prepara para a Iluminação. Aquele que vigia firmemente as portas de seus cinco sentidos e conserva a mente sob controle, este sim, é aquele que pode alcançar êxito na busca da Iluminação.

7. Aquele que se influência pelo gostar e desgostar não pode compreender corretamente o seu ambiente e tende a ser por ele vencido. Aquele que está livre de todo o apego compreende corretamente o seu ambiente e, para ele, tudo se torna novidade e significativo.

A felicidade segue a tristeza, a tristeza segue a felicidade, mas quando alguém não mais discrimina a felicidade da tristeza, a boa ação da má ação, então poderá compreender o que é a liberdade.

O aborrecer-se com antecipação ou alimentar tristezas pelo passado apenas consomem a pessoa, são como o junco que fenece ao ser cortado.

O segredo da saúde da mente e do corpo está em não lamentar o passado, em não se afligir com o futuro e em não antecipar preocupações, mas está no viver sábia e seriamente o presente momento.

Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.

Vale a pena cumprir bem e sem erros o dever diário. Não procure evitá-lo ou adia-lo para amanhã. Fazendo logo o que hoje deve ser feito, poderá viver um bom dia.

A sabedoria é o melhor guia e a fé, a melhor companheira. Deve-se, pois, fugir das trevas da ignorância e do sofrimento, deve-se procurar a luz da Iluminação.

Se um homem tiver o corpo e a mente sob controle, ele dará evidências disso com suas boas ações. Este é um sagrado dever. A fé será a sua riqueza, a sinceridade dará um doce sabor à sua vida e acumular virtudes será a sua sagrada tarefa.

Na jornada da vida, a fé é o alimento, as ações virtuosas são o abrigo, a sabedoria é a luz do dia e a correta atenção é a proteção da noite. Se um homem tiver uma vida pura, nada poderá destruí-lo e, se tiver dominado a cobiça, nada poderá limitar sua liberdade.

Deve-se esquecer de si próprio pela família; deve-se esquecer da família por sua aldeia; deve-se esquecer da própria aldeia pela nação; e deve-se esquecer de tudo em prol da Iluminação.

Tudo é mutável, tudo aparece e desaparece. Só poderá haver a bem-aventurada paz quando se puder escapar da agonia da vida e da morte."

(A Doutrina de Buda -  Bukkyo Dendo Kyokai (Fundação para propagação do Budismo), 3ª edição revista, 1982 - p. 186/191)
Imagem: Pinterest. 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

SENSUALIDADE E SUA CORREÇÃO

"A sensualidade (uma dificuldade do segundo, quarto e sexto raio) é a falha mais difícil de suportar. Para quem aspira trilhar a Senda, a condescendência ao excesso, sob qualquer forma, é uma doença insuportável para o coração. Traz em seu bojo uma profunda humilhação, irreverência, desrespeito e remorso. 

Para escapar das agonias desses efeitos posteriores, a princípio tentamos muitas vezes justificar nossa tolerância como liberdade de expressão, o direito de viver como queremos e com nossa emancipação das convenções restritivas. Isso é fundamentalmente um mecanismo de defesa, uma forma de encobrir a verdade sobre nós mesmos. Tal atitude produz uma cegueira mental que nos permite continuar tolerando nossas falhas, desafiando sem a dor ou os autocorretivos valiosos da humilhação, desrespeito e remorso. Com isso, a vida precisa nos levar a lidar conosco pelo método longo e doloroso de tentativa e erro e seus resultados desastrosos para a psique e para o caráter. 

Mas, quando a doença da autoindulgência nos ataca e é vista e aceita pelo que é, o desejo ou falha de conduta tendo sua satisfação negada e a condição da doença suportada incansavelmente, então os corretivos da sensualidade que vasculham a alma podem iniciar sua função de cura. Pois todas essas agonias acabarão ocorrendo, não apenas depois ou durante a condescendência, mas, eventualmente, antes que ela ocorra e, assim, se tornarão um seguro preventivo. Essas agonias são os 'ingredientes' com os quais a força moral e a fibra são incorporadas ao caráter. O pensamento e o forte desejo de pureza devem ser concentrados diariamente e a cada hora, a fim de substituir o desejo por sua virtude oposta. 

Da mesma maneira, outras fraquezas dos Raios podem ser trabalhadas e substituídas pelas maravilhosas virtudes opostas. Pelo princípio de substituir o erro pela virtude oposta, construímos nossa natureza imortal enquanto ainda estamos no corpo."

(Geoffrei Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 147/148)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

TOLERÂNCIA E PACIÊNCIA

"As diferenças não devem fazer com que recuemos. Elas não devem nos impedir de exercer nossa compaixão com força e motivação cada vez maior. Quando Buda nos deu os ensinamentos pela primeira vez, quantas pessoas os compreenderam? Nenhuma. Por causa disso, ele se recusou a dar os ensinamentos por um período de sete semanas, mas depois começou a ensinar novamente.

Se Buda tivesse se recusado a ensinar porque ninguém lhe dava ouvidos, não teríamos a religião budista hoje. Da mesma forma, se eu insisto que minhas palavras e minha compaixão têm que ser aceitas por todos, essa seria uma sabedoria decadente; seria sabedoria para mim e para mais ninguém. A verdadeira sabedoria é abrir mão daquilo que eu acho ser correto para ver com maior clareza o que é verdadeiramente útil. Sabedoria é a abertura que nos permite ver o que é essencial e mais eficaz, o que verdadeiramente precisa ser praticado por toda a humanidade. Isso é muito necessário. Isso é algo que precisamos praticar.

A sabedoria exige que trabalhemos de acordo com a bondade que todos temos. Quando nos defrontamos com obstáculos ou dificuldades, podemos usá-los para desenvolver mais inspiração, pois se verdadeiramente estimamos a gentileza e o cuidado, essa crença nos dará a coragem para superar todos os obstáculos. Sabedoria é ser capaz de usar os obstáculos dessa maneira. Caso contrário, a sabedoria se torna uma peça de museu e terminamos colecionando filosofias, lógica se ensinamentos exatamente como as pessoas colecionam selos.

A sabedoria de todas as tradições do mundo precisa ser nutrida e cuidada, não colecionada. Nossa sabedoria inata precisa ser desenvolvida, compreendida e aguçada. Cada pessoa deve desenvolver o destemor para que a sabedoria possa extirpar sua ignorância. A melhor sabedoria é aquela que você tem a coragem de aplicar a si próprio. Somente então você pode realmente compreender os seres humanos como eles são. Depois você pode dar a si próprio e aos outros a oportunidade de crescer individualmente, pensar como eles querem. Todos nós precisamos de espaço para nos desenvolver. 

Podemos aprender juntos até um determinado ponto, mas a transformação do mundo deve começar dentro de nós. Compaixão e sabedoria precisam trabalhar juntas, combinadas com habilidade, tolerância e paciência. Se nos dermos tempo e espaço para verdadeiramente observar nossos próprios pensamentos e ações, o bem surgirá. Devemos dar a nós e aos outros espaço onde possamos funcionar de maneira apropriada, e passar a agir de maneira altruísta. 

É muito fácil dizer essas coisas. A prática começa definitivamente com nós mesmos. Quando olhamos para um espelho, geralmente sabemos o que queremos ver, e assim vemos somente o que queremos. Ver o que realmente está no espelho, bom ou ruim, e trabalhar com o que vemos, é muito importante e necessário. É preciso alguma coragem. 

Pensemos cuidadosamente, porque os tempos mudam. O tempo não espera por ninguém, mas há oportunidades em cada momento. A frivolidade fere somente a nós próprios. Porém, se em nossas curtas vidas formos capazes de ser úteis a alguém mais, então termos agido como um ser iluminado."

(Khandro Rinpoche - Compaixão para uma vida melhor - Revista Sophia, Ano 15, nª 70 - p. 12/13)
Imagem: Pinterest


quinta-feira, 15 de julho de 2021

UMA SÓ RELIGIÃO

"Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

Qualquer um de nós tem todo o direito de gostar e de praticar a religião que quiser, até mesmo mais de uma se assim o desejarmos. Porém, devemos ter cuidado para que uma mistura de religiões não confunda nossa cabeça. O motivo é simples: as diferentes religiões apresentam algumas afirmações contraditórias entre si. Precisamos saber no que estamos acreditando. Estudar um pouco as religiões não é má ideia. As religiões são caminhos que nos levam a Deus e, assim sendo, qualquer caminho pode ser adequado desde que se escolha aquele que melhor alcança o nosso coração. O dramaturgo irlandês Bernard Shaw nos oferece um resumo preciso desta situação quando diz: 'Só existe uma religião, embora dela existam centenas de versões.'

Escolher uma religião depende de vários fatores, além dos propriamente religiosos. É importante, por exemplo, avaliar a qualidade da comunidade que se organiza em torno da prática religiosa. Convém também observar o tipo de vida que levam as pessoas que frequentam a religião, seu grau de alegria, felicidade e amor à vida. E deve-se estar atento aos dirigentes, pois eles são a melhor amostra da qualidade de seu grupo.

Para distinguir uma igreja séria de outra que estimula o fanatismo das pessoas basta observar se a preocupação de seus líderes é com a alegria e felicidade das pessoas ou com sexo e dinheiro. Vale a pena lembrar também que as boas igrejas são tolerantes com as diferentes crenças religiosas e não procuram se impor como a única certa e verdadeira. Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

A intolerância religiosa tem sido uma permanente causa de instabilidade social e de graves conflitos nos últimos três mil anos. Desde que pela primeira vez se estabeleceu a ideia de um Deus único e verdadeiro, se criou, ao mesmo tempo, a legitimação do direito de impor aos outros uma religião como sendo a melhor e a certa. Daí para as guerras religiosas foi um pequeno passo. Ninguém deve impor suas ideias aos outros, principalmente quando esta imposição é feita à força, pelos que detêm o poder."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 149/150)




quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A ACEITAÇÃO DAS RELIGIÕES

"Há várias gradações mentais. Talvez você seja racionalista, cheio de bom senso e espírito prático, e não se interesse por ritos e cerimônias. Você quer fatos intelectuais rigorosos e relevantes para convencer-se. Os puritanos e muçulmanos também não admitem imagem ou estátua no recinto de culto. Muito bem. Entretanto, outra pessoa tem um temperamento mais artístico. Deseja cercar-se de arte - a beleza de linhas e curvas, cores, flores, cerimônias; quer velas, luzes e todos os símbolos e acessórios ritualísticos para que possa ver Deus. A mente dessa pessoa apreende Deus por essas formas, enquanto a sua o apreende por meio do intelecto. Há também o homem piedoso; sua alma chora por Deus, a quem ele só pensa em adorar e glorificar. E há ainda o filósofo, que se mantém à parte e de todos zomba. Ele pensa: 'Como são absurdas as ideias que eles fazem de Deus!'

Eles podem rir uns dos outros, mas cada um tem seu lugar no mundo. A diversidade de mentalidades e a variedade de temperamentos são necessárias. Se algum dia existir uma religião ideal deverá ser bastante nobre e ampla para suprir todas essas mentes. Oferecerá ao filósofo a força da filosofia, ao adorador de Deus o coração piedoso, ao ritualista tudo o que o simbolismo mais maravilhoso pode transmitir, ao poeta tanta emoção quanto ele pode aguentar, e assim por diante. Para criar essa religião ampla, teremos de voltar aos primórdios das religiões e adotá-las todas. 

Nossa palavra de ordem será então aceitação e não exclusão. Não apenas tolerância, pois esta suposta tolerância geralmente é um insulto, e não estou de acordo com ela. Acredito em aceitação. Por que deveria eu tolerar? Tolerância significa que acho que você está errado e estou apenas permitindo que exista. Não é uma blasfêmia pensar que você e eu estamos consentindo que os outros vivam? Aceito as religiões do passado e presto culto a Deus em todas elas: juntamente com cada uma, adora a Deus na cerimônia ou rito que usarem. Entrarei na mesquita do muçulmano; entrarei na capela do cristão e ajoelhar-me-ei ante o crucifixo do altar; entrarei no templo budista onde me refugiarei em Buda e sua Lei. Entrarei na floresta e sentarei em meditação com o hindu que está tentando ver a Luz que ilumina o coração de cada ser. 

Não só farei isso, mas conservarei meu coração aberto para tudo o que vier no futuro. O livro de Deus está terminado ou é uma constante e contínua revelação? É um livro maravilhoso - as revelações espirituais do mundo. A Bíblia, os Vedas, o Alcorão e todas as escrituras sagradas são apenas algumas páginas de um número sem fim que ainda resta para folhear. Eu o deixaria aberto para todos. Vivemos no presente, porém estamos abertos para o futuro infinito. Acolhemos o passado, desfrutamos da luz do presente e abrimos todas as janelas do coração para o tempo que há de vir. Saudações aos profetas antigos, aos grandes seres da nossa época e aos que virão no futuro!"

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 23/24)


terça-feira, 1 de setembro de 2020

EVITAR TODO O MAL, PROCURAR O BEM, CONSERVAR A MENTE PURA: EIS A ESSÊNCIA DO ENSINAMENTO DE BUDA

A Doutrina de Buda - Posts | Facebook"A tolerância é a mais difícil das disciplinas, mas a vitória final é para aquele que tudo tolera.

Deve-se remover o rancor quando se está sentindo rancoroso; deve-se afastar a tristeza enquanto se está no meio da tristeza; deve-se remover a cobiça enquanto se estão nela infiltrado. Para se viver uma vida pura e altruística, não se deve considerar nada como seu, no meio da abundância. 

Ser de boa saúde é um grande privilégio; estar contente com o que se tem vale mais do que a posse de uma grande riqueza; ser considerado como de confiança é a maior demonstração de afeto; alcançar a iluminação é a maior felicidade.

Estaremos libertos do medo, quando alimentarmos o sentimento de desprezo pelo mal, quando nos sentirmos tranquilos, quando sentirmos prazer em ouvir bons ensinamentos e quando, tendo estes sentimentos, nós os apreciarmos.

Não se apeguem às coisas de que gostam nem tenham aversão às coisas de que desgostam. Pois, a tristeza, o medo e a servidão surgem do gostar ou desgostar."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyokai, Terceira edição revista, 1982, p. 371/373)


terça-feira, 5 de novembro de 2019

UMA ÉTICA GLOBAL

Resultado de imagem para UMA ÉTICA GLOBAL"Em Chicago houve uma reunião do programa do Parlamento das Religiões do Mundo, com líderes religiosos e espirituais de muitas tradições. O objetivo era a declaração a respeito de 'Uma Ética Global', expressando a preocupação em estabelecer valores essenciais para a sobrevivência do mundo. Foi assinalado que, se as atuais políticas continuassem, o mundo no século XXI seria mais povoado, mais poluído, menos estável econômica e ecologicamente e mais vulnerável a uma ruptura violenta.

Os princípios éticos defendidos incluíam tratamento humanitário para todas as pessoas, uma cultura de não violência, justiça e tolerência, e o comprometimento com a igualdade. Afirmou-se que uma nova ordem global não pode ser impingida por leis e convenções apenas, mas nascer nos corações e nas mentes das pessoas.

Líderes religiosos e espirituais têm uma enorme responsabilidade. Eles podem inspirar seus seguidores e fazer com que suas tradições dsempenhem papel essencial na cura da Terra, pela promoção de atitudes de tolerância, amor e altruísmo, construíndo um futuro verdadeiramente benéfico para a humanidade.

Porém, devemos notar que a moralidade decai quando são erradas as suposições básicas a respeito da vida na mente das pessoas. Um ensinamento ético profundamente valioso já existe em todas as religiões - suficiente para elevar a consciência a um alto nível de harmonia interior e de sintonia com o mundo. Mas uma filosofia de vida válida e uma visão de mundo correta também devem ser ensinadas, juntamente com a reiteração de princípios éticos.

No momento atual, de fortes pressões e desafios (inclusive o enorme crescimento da população), é essencial uma perspectiva filosófica que apoie e racionalize a instrução ética. O ensinamento de Jesus - fazer aos outros o que gostaria que fizessem contigo - parece logicamente correto, à luz de uma filosofia fundamentada na indivisibilidade da existência.

É importante também que os ensinamentos morais sejam reforçados por conceitos corretos a respeito do que o ser humano é e como seu futuro será moldado. As religiões que ensinam que há apenas um curto período de vida para a pessoa provar que é virtuosa estão assentando a base para a desobediência. A crença numa única vida faz com que o homem médio viva de maneira gananciosa; o medo da morte e a ameaça da danação eterna inculcam uma feroz luta pela vida.  

Uma ética global com um padrão de conduta independente de filiações religiosas é necessário para evitar que o século XXI se torne pior que o século XX. Também é necessário ensinar às pessoas uma filosofia em que a ação ética se torne natural para o homem."

(Radha Burnier - Viver com ética - Revista Sophia, Ano 16, nº 74 - p. 14/15)


domingo, 8 de abril de 2018

A CRÍTICA (1ª PARTE)

"Se quisermos fazer algum progresso no Ocultismo, precisamos aprender a tratar da nossa vida e deixar as outras pessoas em paz. Elas têm suas razões e suas linhas de pensamento, que nós não compreendemos. Ficam de pé ou caem diante do próprio Mestre. Mais uma vez, temos o nosso trabalho para executar, e nos negamos a ser desviados dele. Precisamos aprender a ter caridade e tolerência, e reprimir o desejo insensato de estar sempre descobrindo defeitos nos outros. 

É um desejo insensato, e domina a vida moderna - o espírito de crítica. Cada um de nós deseja interferir na obrigação de outrem, em vez de atender à nossa; cada um de nós cuida-se capaz de fazer o trabalho de outro homem melhor do que ele o está fazendo. Isso é constatado na política, na religião, na vida social. A obrigação manifesta de um governo, por exemplo, é governar, e a do povo  ser bons cidadãos e fazer com que o trabalho do governo seja fácil e eficiente. Nos dias que correm, porém, as pessoas anseiam tanto por ensinar seus governos a governar que se esquecem do dever primordial de ser bons cidadãos. Os homens querem compreender que, se se restringirem a fazer sua obrigação, o carma se encarregará dos 'direitos' a cujo respeito vociferam tanto.

Por que carga d'água esse espírito de crítica está tão generalizado e é tão selvagem neste período da história do mundo? Como a maioria dos outros males, é o excesso de uma qualidade boa e necessária. No discorrer da evolução chegamos à quinta sub-raça da quinta raça-raiz. Quero dizer que essa raça foi a última a ser desenvolvida, que o seu espírito domina o mundo neste momento, e que até os que não pertencem a ela são, por força, muito influenciados por esse espírito.

Ora, cada raça tem suas próprias lições especiais para aprender, sua própria qualidade especial para desenvolver. A qualidade da quinta raça é a que, às vezes, se denomina manas - o tipo de intelecto que discrimina, que nota as diferenças entre as coisas. Quando ela estiver perfeitamente desenvolvida, os homens notarão as diferenças com calma, unicamente com o propósito de compreendê-las e julgar qual delas é a melhor. Mas agora, nesta fase de semidesenvolvimento, a maioria das pessoas procura as diferenças do seu próprio ponto de vista, não para compreendê-las, senão para se opor a elas - e muitas vezes para persegui-las com violência. Este é simplesmente o ponto de vista do homem ignorante e não desenvolvido, cheio de intolerência e presunção, absolutamente seguro de estar certo (talvez o esteja, até certo ponto) e de que tudo o mais, portanto, há de ser inteiramente errado - uma coisa que não se segue à outra. Lembremo-nos do que disse Oliver Cromwell ao seu conselho: 'Irmãos, eu vos imploro, pelo nome sagrado do Cristo, que julgueis possível que às vezes estais enganados!' (...)"

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 97)
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 27 de julho de 2016

SOFREDORES PROFANOS E INICIADOS (1ª PARTE)

"O problema não é sofrer ou não sofrer - o problema está em saber sofrer, ou não saber sofrer.

Nenhum homem profano sabe sofrer decentemente - mas todo o iniciado pode sofrer serenamente, e até jubilosamente.

Que se entende por profano e iniciado?

Profano é todo aquele que está pró (diante) do fanum (santuário); é todo o exotérico que contempla o santuário do homem pelo lado de fora, e nunca entrou no seu interior. Que sabe esse profano, esse exotérico da realidade central de si mesmo? Ele, que passa sua vida inteira a se interessar somente pelas periferias externas da sua vida?

Iniciado é aquele que realizou o seu inire, o seu ir para dentro, a sua entrada no santuário de si mesmo; esse é um esotérico, um iniciado.

O profano é ignorante - o iniciado é sapiente da sua própria realidade.

O profano, o ignorante, o analfabeto de si mesmo, não pode sofrer resignado; revolta-se necessariamente contra o sofrimento, que atinge todo o seu ego humano, única coisa que ele conhece. Para todo o profano, o sofrimento é um terremoto, um cataclisma, uma tragédia arrasadora. Este caráter negativo do sofrimento não vem do próprio sofrimento, mas vem da ignorância e ilusão do sofredor.

Dificilmente, poderá o sofredor modificar as circunstâncias externas da sua vida; que estão além do seu alcance, e por isto não pode abolir ou suavizar a sua dor.

O que o sofredor pode modificar é somente a substância interna de si mesmo, a atitude do seu Eu central, a sua consciência - e com esta nova perspectiva de dentro, o fenômeno externo do sofrimento adquire um aspecto totalmente diferente. Se o sofrimento não pode ser amável, pode ser pelo menos tolerável.

Todo o sofrimento, repetimos, é tolerável, quando o homem pode tolerar a si mesmo. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 32/33


terça-feira, 19 de julho de 2016

VIDA VIRTUOSA

"Raiva, malevolência, sensualidade, inveja... - todos são obstáculos na senda do amor e da cooperação. Rebaixam o homem, do nível Divino ao animal. Lide com os outros com paciência e compreensão. Pratique tolerância (sahana) e simpatia. Tente encontrar o ponto de contato, e não o de conflito. Espalhe fraternidade e aprofunde a bondade que vem da sabedoria. Depois disso, a vida se tornará melhor e sem erros.

Sem dar ouvidos a tais mentiras patentes, nascidas da malevolência e da ambição, aconselharia vocês a fazer um sathsang,¹ onde encontrarão e trocarão verdades e manterão conversa virtuosa; onde estudarão livros sagrados e discorrerão sobre a Glória de Deus. Por que malbaratar precioso tempo com escândalos e críticas sobre os outros e sua conduta? Cultivar inveja, malevolência, ira e ressentimento contra os outros é um perverso passatempo que se volta contra quem o pratica. Em cada um reside a mesma Centelha Divina - assim, criticar o próximo equivale a criticar a própria Divindade.

O jogo da vida é valioso e se torna interessante somente quando haja limites e normas que o controlem. Imagine uma partida de futebol na qual não houvesse limites para o campo, sem quaisquer regras. Seria o caos. Um vale-tudo. Um túmulo. Não se poderia dizer quem ganha e como. O dharmamarga² e o Brahmamarga³ são as fronteiras do campo (no jogo da vida). As virtudes lutam contra as tendências viciosas. Jogue tal jogo prestando atenção às advertências de 'falta' (foul) e 'fora' (out)."

¹ Sathsang: Sath, a verdade, Deus...; sang (junção, associação, comunidade, grupo de pessoas...). Os grandes Mestres da humanidade sugerem como procedimento importante, para a realização de Deus, a companhia de ou associação com pessoas santas, puras, avançadas no caminho, e que amem Sath. Se o leitor é aspirante à realização, cultive amizade e a companhia de pessoas mais espiritualizadas.
² Dharmamarga - Dharma, lei, justiça, retidão, virtude; marga, caminho, senda. Dharmamarga é o caminhar na retidão, na virtude, na ética.
³ Brahmamarga - Brahman, o Ser Real, o Deus Transcendente. Brahmamarga é uma vida virtuosa que abre o acesso à união com Deus, à Divina Realização. É o verdadeiro sentido da palavra religião.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 157/158)


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

SOFRIMENTO - CRÉDITO (PARTE FINAL)

"(...) O sofrimento-crédito é fator de aperfeiçoamento, ou autorrealização, quando realizado devidamente.

De maneira que nenhum sofredor tem motivo para desânimo, pessimismo ou desespero. Em hipótese alguma, pode o fenômeno objetivo do sofrimento ser prejudicial ao homem. O principal não é sofrer ou não sofrer; a principal tarefa de todo o homem, aqui na terra, é realizar-se cada vez mais.

E, por mais desagradável que seja nossa autorrealização, ela é, quase sempre, mais favorecida pelo sofrimento do que pelo gozo. Uma vida de gozo reforça o ego humano, uma vida de sofrimento fortalece o Eu divino do homem. 

A revolta habitual contra o sofrimento prova que o homem não compreendeu a verdadeira razão de ser da sua existência terrestre, que não é gozo nem sofrimento, mas autorrealização. E, como a autorrealização é impossível sem reconhecimento, deve o homem, acima de tudo, realizar o seu autoconhecimento, saindo da ilusão tradicional de se identificar com o seu ego humano, e entrar na verdade libertadora de se identificar com o seu Eu divino, com sua alma, com o Cristo interno, com o Pai imanente: 'Eu e o Pai somos um'.

A maior acerbidade do sofrimento não é o sofrimento em si mesmo, mas é a absurdidade do sofrimento. Mas essa absurdidade desaparece quando o homem sabe realmente o que ele é.

Então, todo o sofrimento é, pelo menos, tolerável. Tudo pode o homem tolerar quando ele se tolera a si mesmo."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 30/31)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

NÃO COLOQUE CONDIÇÕES PARA AMAR (PARTE FINAL)

"(...) O modelo do Mestre da Vida é eloquente. Ele amava tanto as pessoas que jamais as pressionava a segui-lo. Não impunha suas ideias, mas apresentava-as com clareza e encanto, deixando que elas decidissem o caminho a tomar. Fez um belo convite, não deu uma ordem: 'Quem quiser vir após mim, sigam-me', "Quem tem sede, venha a mim e beba', 'Quem de mim se alimenta jamais terá fome'. O amor respeita o livre-arbítrio, a livre decisão. 

Os que impõem condições para amar terão sempre um amor frágil. Nossa espécie viveu o flagelo das guerras e da escravidão porque ouviu falar do amor, mas pouco o conheceu. A única razão para amar é o amor. 

Os pais que exigem que seus filhos mudem de atitude para elogiá-los, acolhê-los e serem afetivos com eles dificilmente os conquistarão. Os professores que exigem que seus alunos sejam serenos e tranquilos para educá-los não os prepararão para a vida. Os que exigem das pessoas próximas que deixem de ser complicadas, tímidas ou individualistas para envolvê-las e ajudá-las não contribuirão para o seu crescimento. O mundo está cheio de pessoas críticas. As sociedades precisam de pessoas que amem. 

O amor vem primeiro, seguido dos resultados espontâneos. Exigimos muito porque amamos pouco. Jesus não impediu que Pedro o negasse e que Judas o traísse. Com sua inteligência extraordinária podia colocá-los contra a parede, pressioná-los, criticá-los, constrangê-los, mas não o fez. Deu plena liberdade para eles o deixarem. Jamais o amor foi tão sublime.

A abundância do amor transforma anônimos, paupérrimos e iletrados em príncipes, e a escassez do amor torna miseráveis reis, ricos e intelectuais. O amor compreende, perdoa, liberta, tolera, encoraja, anima, incentiva, espera, acredita." 

(Augusto Cury - O Mestre Inesquecível - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2006 - p. 141/142)


segunda-feira, 8 de junho de 2015

CAMINHO DA LIBERTAÇÃO

"Thithiksha significa equanimidade em face dos opostos, suportando serenamente a dualidade. É o privilégio do forte e o tesouro do bravo. Os fracos serão tão agitados como as penas de um pavão; estão sempre inquietos, sem um minuto de estabilidade. Oscilam feito pêndulo, de um lado a outro: uma hora, alegria; no instante próximo tristeza.

Thithiksha não é a mesma coisa que sahana¹, pois sahana significa suportar, tolerar, aguentar uma coisa somente porque não se tem outro jeito. Se você tem capacidade para vencê-la, mas, ainda assim, nega-lhe atenção, isto sim, é disciplina espiritual. 

Conviver pacientemente com o mundo externo da dualidade, combinando isso com uma vivência de equanimidade e paz internas, é o caminho da Libertação. Levar tudo com analítica discriminação é o tipo de sahana que conduzirá a bom resultado."

¹ Sahana - fortaleza, paciência.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 116)


sexta-feira, 1 de maio de 2015

CRITICANDO O FALSO MORALISMO DOS FARISEUS

"Jesus era um homem corajoso. Conseguia falar o que pensava mesmo quando colocava sua vida em risco. Dizia que os fariseus limpavam o exterior do corpo, mas não se importavam com o seu conteúdo.

O mestre era delicado com todas as pessoas, inclusive seus opositores, mas em algumas ocasiões criticou com contundência a hipocrisia humana. Disse que os mestres da lei judaica seriam drasticamente julgados, pois atavam pesados fardos para as pessoas carregarem, enquanto não se dispunham a movê-los sequer com um dedo (Mateus 23:4).

Quantas vezes não somos rígidos como os fariseus, exigindo das pessoas o que elas não conseguem suportar e nós mesmos não conseguimos realizar? Exigimos calma dos outros, mas somos impacientes, irritadiços e agressivos. Pedimos tolerância, mas somos implacáveis, excessivamente críticos e intolerantes. Queremos que todos sejam estritamente verdadeiros, mas simulamos comportamentos, disfarçamos nossos sentimentos. Desejamos que os outros valorizem o interior, mas somos consumidos pelas aparências. 

Temos de reconhecer que, às vezes, damos excessiva atenção ao que pensam e falam de nós, mas não nos preocupamos com aquilo que corrói nossa alma. Podemos não prejudicar os outros com nosso farisaísmo, mas nos autodestruímos quando não intervimos em nosso mundo interno, quando não somos capazes de fazer uma faxina em sentimentos negativos como a inveja, o ciúme, o ódio, o orgulho, a arrogância, a autopiedade."

(Augusto Cury - O Mestre da Vida - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 17)


sábado, 10 de janeiro de 2015

DITADORES MESQUINHOS (PARTE FINAL)

"(...) É até melhor esconder o alcoolismo mental do que ceder à sua influência em público. A tolerância desavergonhada e contínua é o solo em que florescem as tendências pré ou pós-natais. O indivíduo que antes de nascer já é propenso ao alcoolismo mental, deve tomar cuidado redobrado, evitando viver em ambientes que reguem as sementes psicológicas inatas de seus maus hábitos e humor. 

Naturalmente, quando você encontra uma pessoa que o trata com formalidade e, com um sorriso postiço, diz: 'Como vai? Tenho enorme prazer em conhecê-lo', enquanto, por dentro, pensa: 'Adoraria cortar sua cabeça por me incomodar.' Você sente o que vai por dentro dessa pessoa e não gosta. Eu mesmo aprecio saber em que pé estou com as pessoas. Prefiro tratamento rude a comportamento hipócrita. Ninguém gosta de arriscar a receber o bote da serpente da insinceridade, surgindo de uma roseira de sorrisos. 

Entretanto, é melhor que o alcoólatra mental seja amistoso, mesmo que hipocritamente, do que descarregar seu mau humor nos outros. A prática diária do autodomínio, mesmo em assuntos de pouca importância, ajudará o alcoólatra mental a sair, pouco a pouco, da embriaguêz de sua própria complacência."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 200)

domingo, 14 de setembro de 2014

TOLERÂNCIA E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) A liberdade religiosa é uma das maiores virtudes enfatizadas por Buda. Ele pregou o evangelho da tolerância, da compaixão, da caridade e da não-violência. Ensinou os homens a não desprezarem as outras religiões nem diminuí-las.

Na sua época, Asoka praticou o princípio áureo da tolerância. Sob seu patrocínio o budismo floresceu. Como budista, ele foi tolerante para com as outras religiões. Um de seus decretos diz: ‘Todas as religiões merecem reverência por uma razão ou por outra. Agindo dessa maneira, o homem exalta a sua religião, ao mesmo tempo em que valoriza a religião das outras pessoas.’

Buda fez soar o clarim que anunciava a alvorada da libertação humana. Ele disse: Refugie-se em si mesmo e seja sua própria luz. Com fervor e grande determinação, trabalhe pela sua própria salvação.’ Segundo  o Kalama-Sutta, Buda declarou que ninguém deveria aceitar nem mesmo os seus ensinamentos,a não ser que sentisse afinidade mental por eles.

Em resumo, Buda, pela primeira vez na história da Índia e talvez do mundo, proclamou a igualdade entre os homens e entre os sexos. Enfatizou a importância de se dar condições dignas ao homem na velhice e na doença; enfatizou também o direito à educação e os direitos da criança. O direito ao trabalho está corporificado no Nobre Caminho Óctuplo de Buda, onde ele exorta o homem a escolher o modo correto de ganhar a vida (nobre e útil). Com isso, proíbe a prática da escravidão e da ‘escravidão branca’, que é a exploração de homem ou mulher para obter ganho financeiro. De acordo com o Maha Parinibbana-Sutta, Buda preferia a forma representativa de governo, em oposição ao domínio autocrático, comum na sua época.

Os direitos humanos básicos formulados por Buda são tão importantes hoje quanto no século VI a.C. Eles estão presentes em todas as declarações da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. São as fundações sobre as quais o prédio das Nações Unidas foi construído."

(Buddhadasa P. Kirthisinghe - Buda e os direitos humanos - Revista Sophia, Ano 4, nº 16 - p. 38)


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A VERDADEIRA RELIGIÃO (1ª PARTE)

"O sofrimento existe desde tempos imemoráveis, sob a forma de pobreza, ignorância, solidão, falta de amor, etc. Haverá um estado de sabedoria no qual a humanidade possa ser feliz? Em todas as eras, pessoas profundamente religiosas inquiriam a respeito disso.

As instituições e os sistemas religiosos enfatizaram rituais, formas de adoração e obediência ao clero, muitas vezes ignorando os verdadeiros valores da religião. No entanto, todo instrutor religioso genuíno foi um reformador, libertando as mentes ignorantes das práticas convencionais rígidas e inspirando-as a inquirir a respeito do mistério da vida, seu propósito e significado.

A religião, no seu verdadeiro sentido, deve libertar as pessoas da superstição e do sofrimento, e não escravizá-las com ideias prontas e hierarquias. Ao retirar das religiões os dogmas e as superstições e atingir o âmago de seus ensinamentos, constata-se que a essência é o amor universal, baseado no conhecimento de que a vida é indivisível.

As religiões não devem ser aceitas como são apenas porque essa é a atitude mais fácil; elas devem ser examinadas criticamente para avaliarmos se criam inimizades e conflitos ou se unem as pessoas com abordagens de tolerância e boa vontade. Ajoelhar-se ou permanecer em pé para orar, cobrir ou não a cabeça são questões individuais que nada tem a ver com a verdadeira religiosidade.

O ser humano se caracteriza pelo desejo de compreender a vida. Se apenas comesse, dormisse e se multiplicasse, mal poderia ser chamado de humano, já que todas as criaturas fazem isso. A mente se estagnaria se ninguém tivesse o ímpeto de penetrar as profundezas do significado da existência do homem e do universo. Felizmente sempre existiram corações desbravadores que buscaram a verdade, mesmo quando perseguido e queimados na fogueira. (...)"

(Radha Burnier - A verdadeira religião - Revista Sophia, Ano 12, nº 50 - p.20/21)


terça-feira, 8 de julho de 2014

O CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE (2ª PARTE)

"(...) Tolerância é a próxima qualidade, decorrente das anteriores. Como não possuímos o hábito da autocrítica e auto-observação, o caminho mais fácil é culparmos os outros pelas nossas falhas e fracassos. Tolerância significa aceitarmos os outros como eles são e procurarmos viver sempre em harmonia com nossos semelhantes. Mais uma vez a atenção é aqui de grande importância.

A outra qualidade é o Contentamento, que implica total aceitação do que vem a nós, sem rancor nem reserva mental de nenhuma espécie. Uma vez que o homem comum não se dá o trabalho de compreender a vida e sua existência, ele tende sempre a reagir ao que lhe ocorre. Contentamento significa que sabemos que a Lei é sábia e que os problemas que enfrentamos são apenas um retorno de ações passadas praticadas por nós mesmos. Uma atitude de Contentamento tranquiliza a mente e torna o viver mais fácil.

Também necessitamos de Unidirecionalidade ou perseverança, uma forte disposição interior que nos auxilia a suportar as agruras do Caminho. Se percebemos que trilhar o Caminho é supremamente importante, esta percepção deverá instalar em nós uma firme resolução de trilhá-la até o fim.

Por fim vem a Confiança, confiança na Lei e em sua sabedoria e confiança no Instrutor que está sempre pronto a auxiliar o aspirante que se tornou digno de ser auxiliado. Nos períodos de extremas dificuldades e provas, a luz da confiança na Lei e no Mestre é como um bálsamo que alivia os tormentos do aspirante, renovando-lhes as forças para prosseguir no Caminho, na Senda que vale a pena ser trilhada. (...)"

(Ricardo Lindemann & Pedro Oliveira - A Tradição-Sabedoria, uma introdução à filosofia esotérica - Ed. Teosófica, Brasília, 3ª edição - p. 146/148)


domingo, 18 de maio de 2014

O REINO DA ALEGRIA ESTÁ EM TI (PARTE FINAL)

"(...) 4. A vida é feita de alegrias e de sofrimentos, como o ano é feito de inverno e de primavera, como a terra produz árvores frutíferas e plantas daninhas. Nenhum ser vivo, desde o vermículo ao homem, escapa a seu quinhão de sofrimentos. Compreendendo-o, tiramos às derrotas o poder de nos desanimar e sabemos que há sempre novas vitórias à nossa espera.
5. Vive na expectativa do bem, e o bem virá a ti. Vive na expectativa da desgraça, e a desgraça
virá a ti. Por seus pensamentos predominantes, o homem é o arquiteto de seu destino. Sêneca disse há séculos: ‘O homem é o que pensa.
6. A felicidade é feita, numa grande proporção,de serenidade. E a serenidade nasce da compreensão, da tolerância, da maturidade, da aceitação do que não podemos mudar, da nossa capacidade de resolver os problemas e de harmonizar-nos com os outros e com o universo.
7. Cultiva a elevação da alma. Muitas mágoas nossas resultam de nossa própria pequenez quando odiamos, invejamos, cobiçamos. A ciência moderna confirma a velha sabedoria da Índia: Sê altruísta, tem amigos, ama os outros, e quem aproveitará será mais tu do que os outros. 

Essas verdades foram enunciadas milênios atrás e repetidas por centenas de filósofos dos tempos. E ninguém as renega. falta quem as ponha em prática.”

(Mansour Challita - Revista Thot, nº 24, 1981 - p. 27)