"O desenvolvimento
do corpo astral difere imensamente de acordo com a pessoa, mas em todas elas é
o corpo que oferece a experiência do prazer e da dor, que é atirado à ação e à
paixão, ao desejo e à emoção, e é no corpo que residem os centros de nossos
órgãos do sentido — a visão, a audição, o olfato, o gosto e o tato. Se a
paixão, o desejo e a emoção forem baixos e sensuais, então a matéria é densa;
suas vibrações, em consequência, mostram-se relativamente lentas, e suas cores
são escuras e sem atrativos — marrom, vermelho e verde escuros, e suas
combinações se iluminam de vez em quando por algum rápido relâmpago escarlate,
o que indica uma pessoa em estágio inferior de evolução. Marrom avermelhado
indica sensualidade e avidez; cinza esverdeado indica falsidade e astúcia;
marrom indica egoísmo; escarlate indica cólera; amarelo em volta da cabeça
significa inteligência; o cinza azulado sobre a cabeça indica sentimentos
religiosos primitivos (culto fetichista, etc.); pontos de rosa profundo
indicam início de amor. À proporção que a evolução continua, a matéria faz-se
mais fina, as cores mais claras, mais puras, mais brilhantes. O verde indica
simpatia e adaptabilidade; o rosa indica amor; o azul fala de sentimentos
religiosos; o amarelo indica inteligência; o violeta, quando acima da cabeça,
indica espiritualidade.
Usamos esse
corpo durante as horas em que estamos acordados; em pessoas educadas e
refinadas, ele alcançou um estágio bastante alto de evolução. Sua matéria mais
fina está em contato íntimo com a matéria do corpo mental, e ambos trabalham
juntos, constantemente, agindo e reagindo um sobre o outro. A aparência comum
do corpo astral se transforma quando outro ser humano se torna o centro do seu
mundo. O egoísmo, a falsidade e a cólera desaparecem, e um aumento enorme do
carmesim, cor do amor, torna-se visível. Outras modificações indesejáveis
ocorrem, mas isso é uma abertura das portas de ouro para aquele que passa por
essa experiência e será culpado se elas se fecharem novamente. A cólera intensa
mostra seus terríveis efeitos no corpo astral; todo ele é coberto pela
tonalidade sombria da malícia e dos maus desejos, que se expressa em espirais e
vórtices de um sombrio tom tempestuoso, do qual partem flechas ardentes,
procurando ferir a pessoa pela qual é sentida essa cólera — um espetáculo
tremenda e verdadeiramente medonho.
Durante o
sono, o corpo astral desprende-se do físico, e nas pessoas altamente
desenvolvidas a consciência funciona nos corpos superiores e no mental.
Aprendemos muito durante o nosso sono, e o conhecimento assim obtido filtra-se
para o cérebro físico, e às vezes fica impresso nele, como um sonho vívido e
instrutivo. No mundo astral, na maioria dos casos, a consciência pouco se
preocupa com o que está acontecendo ali, já que seu interesse principal está em
seu próprio exercício, em pensamento e emoção. Mas é possível levá-la a
exteriorizar-se para ganhar conhecimento do mundo astral. Ali, a comunicação
com amigos que perderam seu corpo físico pela morte é conseguida
constantemente, e a recordação disso pode ser levada para a consciência em
vigília, formando, assim, uma ponte sobre o abismo cavado pela morte.
Premonições,
pressentimentos, a sensação de uma presença invisível e muitas outras
experiências desse gênero são devidas à atividade do corpo astral e às suas
reações sobre o físico; o aumento da frequência dessas sensações resulta da sua
evolução entre pessoas cultas. Dentro de poucas gerações ele terá seu
desenvolvimento tão generalizado, que irá tornar-se tão familiar como o corpo
físico. Depois da morte, vivemos por algum tempo no corpo astral usado durante
nossa vida na Terra, e quanto mais aprendermos a controlá-lo e a usá-lo
sensatamente agora, melhor será para nós depois da morte."
(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)