OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

REALIDADE INTERIOR

"O hábito religioso tende a limitar a influência dos sentidos e favorecer a sensibilidade interna, espiritual. No primeiro caso, o monge pode filtrar o que vem do ambiente e também selecionar o que buscar nele. Amorosamente sensível à necessidade do próximo e rigoroso contra seus próprios caprichos, não se deixa dominar por esses últimos. A vigilância e o discernimento são potencializados pela concentração e pela autoanálise. O tecido do hábito religioso simboliza uma camada adicional de pele, um revestimento figurado capaz de facilitar o bem e refrear o mal, em todos os sentidos.

De onde vêm os monges encapuzados? De toda parte, dessa ou daquela religião, família, etnia, país, do campo ou da cidade, todos se encontram sob as mesmas vestes e compartilham os mesmos ideais e objetivos. Eles se igualam por fora como se nivelam por dentro, já que interiormente têm os mesmos órgãos: coração, pulmões e demais vísceras, iguais em número e sob os mesmos princípios biológicos. O que está por debaixo, ou seja, as vísceras, tem sua contraparte no que está por cima, ou seja, o hábito religioso. Seja de onde for, o manto apaga as fronteiras, é símbolo de igualdade e de unidade.

O monge é a pessoa mais livre do mundo, e o hábito religioso atesta isso. Já tem uma roupa definida, simples, mas carregada de significado espiritual. Se um uniforme precisa ser funcional, como o de um socorrista, por exemplo, o do sacerdote também o é. Frugal, rústico, de cor natural, tem uma estética que ajuda a liberar a mente e o foco para voos altos. Dizem que Einstein só dispunha de um modelo de roupa, por um motivo prosaico: eximir-se da preocupação sobre o que usar. Moderando o que vem do mundo exterior, o hábito ajuda a liberar a realidade interior.

As cores do hábito religioso variam amplamente entre as religiões e ordens. Segundo C.W. Leadbeater, a cor preta, comum nas vestes monásticas, simboliza esotericamente o domínio do espírito sobre a matéria. Significa, portanto, autocontrole e plena moderação espiritual com vistas à libertação dos grilhões que nos induzem ao erro. Em física, a cor negra é o absorvedor ideal, pois não reflete as demais cores. Alegoricamente, de fato, o poder de absorção e de autodomínio se equivalem em suas respectivas dimensões. Portanto, além da forma, a diversidade de cores aponta para um rico simbolismo cromático.

Em várias culturas, os representantes do sagrado, sejam pajés, xamãs ou monges, revestem-se de formas e cores distintivas em suas vestes. O cocar de penas coloridas ou o capuz do monge são exemplos dessa diversidade. Além disso, é comum que símbolos religiosos, como as imagens de santos ou devas, sejam cobertos por mantos, constituindo uma espécie de aura visível a todos. A coroa ou auréola, para Leadbeater, representam, no misticismo oriental, centros de força situados na cabeça. Mas podem também representar o pensamento iluminado. 

Por fim, usei a expressão 'hábito religioso' para designar as vestes monásticas ou sacerdotais. Entretanto, se pensarmos sobre o outro significado da palavra 'hábito' e considerarmos o hábito religioso como a repetição de um comportamento: altivo, capaz de nos religar à divindade onipresente, teremos uma reflexão igualmente válida. Revestidos de bons hábitos poderemos aspirar a um mundo melhor, mais fraterno e mais justo. Assim, toda pessoa de bem porta um hábito religioso invisível tão digno quanto as vestes sagradas visíveis, um lembrete simbólico da aura em purificação."

(Fernando Gaspar - O Simbolismo do Hábito Religioso - Revista Sophia, Ano 19, nº 97 - p. 36/37)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 19 de maio de 2020

CORPOS INFANTIS - CORPO FÍSICO E ASTRAL

O Plano Astral – Parte 2 – Colégio Platinorum"O corpo astral da criança é sumamente receptivo, e transmite suas impressões aos centros sensoriais do cérebro. Daí o fato da criança não saber distinguir entre uma forma física e outra astral, sucedendo às vezes tratar com um companheiro astral sem distingui-lo do de carne e osso. Sendo os seus pais sensitivos, a criança lhes falará sem subterfúgios de seus amigos astrais; porém, quedar-se-á perplexa, acabando por se mostrar insegura e reservada se estupidamente lhe respondem com estas frases ou outras parecidas: 'Não tem ninguém aqui'; 'não diga tolices'; 'não digas mentiras tolas', etc. Verdadeiramente disse Words-Worth, que 'o céu está em nosso derredor durante a infância' e isto não é figura de retórica e sim vívida realidade.

Quando os tecidos do corpo são desde já menos receptivos, as sombras do cárcere se projetam sobre a criança que cresce, até que o ego envolto em sua 'túnica de carne' com o que atinge a incorporada parte de sua consciência, queda-se interceptado no corpo físico, dos mundos sutis, cujos fenômenos se desvanecem à luz do dia (melhor fora chamá-la obscuridade) da consciência vigílica, que para o ego encarnado é a única realidade enquanto está no corpo físico. Porém, convém recordar que fora deste corpo o ego não é tão obtuso como quando nele está, e sempre está fora dele a maior parte do ego."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 51/52)

quinta-feira, 14 de maio de 2020

CORPOS INFANTIS

Erotização infantil pode afetar desenvolvimento das crianças ..."Os corpos infantis são muito sensíveis às influências suprafísicas, e durante os primeiros anos de sua vida nos mundos inferiores o homem pode modificá-los notavelmente, sobretudo o astral e físico na primeira infância. Na generalidade das crianças não está o homem verdadeiro ou ego em íntimo contato com seus corpos até os sete anos de idade, e a frequente observação de que raras vezes se manifesta o raciocínio mental antes da referida idade conduziu à crença de que a educação das crianças não deve começar antes dos sete anos. 

De fato, durante a primeira infância está o ego revestindo-se de seus corpos inferiores e sua consciência não toma plena posse deles antes do sétimo ano de vida terrena. Notáveis alterações vão se efetuando no cérebro físico. As células ou neuromas que têm de servir de órgãos à faculdade raciocinal, lançam umas raízes chamadas 'dentritas', as quais formam uma rede, e se atraem por seus extremos sem se tocarem, porém constituindo condutos de franca comunicação intercelular. O desenvolvimento das 'dentritas' está estimulado pelo enlace das sensações da criança com os objetos externos que as produzem, e pela recordação deste enlace. A criança sente fome e o corpo reclama alimento. A mãe lhe acalma a fome dando-lhe de mamar; e depois de muitas experiências, a criança relaciona a presença de uma mulher com a sensação da fome e da sua inquietude, até que por último relaciona esta sensação com a presença de uma mulher determinada, sua mãe, a quem reconhece então e prefere às demais mulheres. O mundo da criança está constituído por aparições e desaparições, presenças e ausências, igualmente incompreensíveis para ela, que vão e vêm sem fixidez. Não pode segui-las; porém, ao cabo de muitas experiências, reconhece que, embora não as podendo ver, pode invocar a aparição do objeto desejado em seu limitado mundo por meio do pranto, estabelecendo assim outra relação entre si mesma e o estranho mundo exterior. Por haver tido análogas experiências em muitas vidas precedentes, o ego utiliza seu infantil corpo físico com alguma habilidade e ajuda-o a estabelecer mui rapidamente suas primeiras relações; porém as crianças diferem muito no que as mães e as preceptoras chamam 'fazer caso' de algo, pois isto depende em grande parte da idade do ego e da classe de corpo que lhe foi determinado como mais apropriado para extinguir seu karma em períodos. O estabelecimento da relação entre a consciência operante no corpo infantil e os objetos externos é a base de todo pensamento. Uma sensação e o reconhecimento do objeto externo relacionado com ela, já lhe preceda, já lhe siga, pode considerar como alfabeto do pensamento.

O resultado prático disto na educação da criança é que se lhe deve induzir a observar, chamando-lhe a atenção o enlace entre suas sensações e os objetos, para o qual deve exercitar sua memória. Durante a infância os sentidos são mais agudos e convém aproveitar esta vantagem para educá-lo. Entretanto, não se lhe deve incitar o raciocínio, no significado lógico desta palavra, porque seu cérebro não está apto, todavia, para este esforço, e os educadores ignorantes classificam de distração ou estupidez a natural incapacidade de inferir uma conclusão geral de observações similares. Não é distração nem estupidez, e sim prematuridade física." 

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 49/51)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

ENTENDENDO O SOFRIMENTO

Resultado de imagem para ENTENDENDO O SOFRIMENTO"Por que somos insensíveis ao sofrimento do outro? Por que somos indiferentes ao trabalhador braçal que carrega algo pesado, à mulher que carrega um bebê? Por que somos tão insensíveis? Para entender isso, precisamos entender por que o sofrimento nos torna entorpecidos. Certamente, é o sofrimento que nos torna insensíveis. Porque é por não entender o sofrimento que nos tornamos indiferentes a ele. Se eu entendesse o sofrimento, então me tornaria sensível a ele, estaria alerta para tudo, não apenas para mim mesmo, mas para as pessoas à minha volta - meu cônjuge, meus filhos, um animal, um mendigo. Mas não queremos entender o sofrimento, e essa fuga nos torna entorpecidos, e, consequentemente, insensíveis. A questão é que esse sofrimento, quando não entendido, entorpece a mente e o coração. Não entendemos o sofrimento porque queremos fugir dele, por meio do guru, de um salvador, de mantras, de reencarnação, das ideias, da bebida e de qualquer outro tipo de vício - tudo para fugir do que existe...

O entendimento do sofrimento não está na descoberta da sua causa. Qualquer homem pode conhecer a causa do sofrimento - pode ser sua própria negligência, sua estupidez, sua limitação, sua brutalidade etc. Mas, se eu olhar para o sofrimento sem querer uma resposta, o que acontece? Como não estou fugindo, começo a entender o sofrimento. Minha mente está vivamente alerta, aguçada, o que significa que eu me torno sensível. Desse modo, me torno consciente do sofrimento das outras pessoas."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 220)


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

SOFRIMENTO CONSCIENTE E SOFRIMENTO INCONSCIENTE

"Sofrimento é luto, incerteza, a sensação de absoluta solidão. Há o sofrimento da morte, de não ser capaz de se realizar, de não ser reconhecido, de amar e não ser correspondido. Há inúmeras formas de sofrimento e, sem entendê-lo, não haverá fim para o conflito, para a infelicidade, para o esforço diário da corrupção e da deterioração. 

Há o sofrimento consciente, e há também o inconsciente, o sofrimento que parece não ter base, não ter causa imediata. A maioria de nós conhece o sofrimento consciente - e sabemos lidar com ele. Ou fugimos dele mediante a crença religiosa ou o racionalizamos; ou tomamos algum tipo de droga, intelectual ou física; ou distraímos nossa atenção com palavras, diversões, entretenimento superficial. Fazemos tudo isso, e ainda assim não conseguimos nos livrar do sofrimento consciente. 

O sofrimento inconsciente, nós herdamos ao longo dos séculos. O homem sempre buscou superar essa coisa extraordinária chamada sofrimento, luto, infelicidade. Mas mesmo quando está superficialmente feliz e tem tudo o que quer, no fundo do insconsciente ainda existem as raízes do sofrimento. Portanto, quando falamos sobre o fim do sofrimento, nos referimos ao fim de todo ele, consciente e inconsciente.

Para pôr fim ao sofrimento devemos ter uma mente muito clara, muito simples. A simplicidade não é uma mera ideia. Ser simples exige muita inteligência e sensibilidade."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, 2016 - p. 225)


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O NASCIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Para determinar a qualidade de matéria etérica que entrará na constituição do corpo etérico, dois pontos devem ser considerados: primeiro, o tipo de matéria, encarado sob o ponto de vista dos Sete Raios ou divisões verticais, a seguir, a qualidade de matéria, encarada sob o ponto de vista de delicadeza ou grosseria, divisões horizontais. O primeiro tipo, o do raio, é determinado pelo átomo físico permanente, no qual estão impressos o tipo e o subtipo. O segundo é determinado pelo karma passado do indivíduo; o elemental construtor está encarregado de produzir um corpo adequado aos requisitos da pessoa. Em suma, o elemental representa a porção de karma (prârabda) individual que deve ser expresso no corpo físico. Da seleção operada pelo elemental construtor dependem, por exemplo, a inteligência natural ou a estupidez, a calma ou a irritabilidade, a energia ou a indolência, a sensibilidade ou a inércia do corpo. As potencialidades hereditárias estão latentes no óvulo materno e no espermatozoide paterno; o elemental extrai deles os elementos necessários ao caso. 

Embora o elemental esteja, desde o início, encarregado do corpo a construir, o EGO não entra em relação com sua futura habitação senão mais tarde, pouco antes de seu nascimento físico. Se as características a impor pelo elemental são poucas, ele pode retirar-se logo, e deixar o corpo a cargo do Ego. Pelo contrário, se for preciso muito tempo para desenvolver as limitações exigidas, o elemental pode permanecer com o encargo do corpo até o sétimo ano. 

A matéria etérica para o corpo da criança é extraída do corpo materno; daí a importância de a mãe só assimilar elementos muito puros. 

A não ser que o elemental esteja encarregado de obter um resultado especial nas feições, como a beleza excepcional ou o contrário, o principal trabalho neste sentido serão os pensamentos da mãe e as formas-pensamentos que flutuam ao redor dela. 

O novo corpo astral é posto em relação com o duplo etérico logo na primeira fase, e exerce grande influência sobre sua formação; por intermédio dele também o corpo mental age sobre o sistema nervoso." 

(Major Arthur E. Powell - O Duplo Etérico)

segunda-feira, 17 de julho de 2017

FLUXOS PODEROSOS (PARTE FINAL)

"(...) Embora a carga emocional associada à ira seja direcionada à pessoa com quem se está brigando, ela também é experienciada por outras pessoas nas proximidades. Mesmo sem palavras, o padrão de energia associado à ira irradia-se para fora e afeta outras pessoas no ambiente.

É através desse processo que pais podem inconscientemente magoar seus filhos. Por exemplo, se marido e mulher estão com raiva um do outro, os filhos são atacados energeticamente pela troca emocional entre os adultos. É como se os pais atirassem flechas para atingir um ao outro e assim ferissem os filhos, que estão no meio do fogo cruzado. A criança pode se enfurecer, chorar, retrair-se ou agir de maneira irracional, porque seus sentimentos foram fragmentados. As crianças são muito sensíveis e têm menos habilidade para se proteger das energias negativas.

Não se sabe por que algumas pessoas conseguem lidar mais facilmente com a ira do que outras; no entanto, algumas crianças parecem nascer com mais sensibilidade que outras. As mais sensíveis são mais facilmente afetadas pelas ondas de ira. Uma vez que as crianças não têm discernimento suficiente para compreender que a ira não é dirigida a elas, experienciam o ataque como pessoal e supõem que estão erradas - um processo que diminui sua autoconfiança.

A maioria de nossas interações emocionais é de curta duração e os efeitos são transitórios. Mas se repetimos essa mesma interação e não percebemos um distúrbio  emocional, isso pode fazer com que os ombros enrijeçam e o plexo solar se contraia. Quando essa reação emocional se torna habitual, pode levar a distúrbios gastrointestinais. Outro resultado é o decréscimo na captação de energia, que pode levar à exaustão crônica e à suscetibilidade a doenças."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 34/35)


quinta-feira, 4 de maio de 2017

A MUDANÇA NO CORPO FÍSICO (1ª PARTE)

"Tudo muda quanto vencemos a ilusão de que somos o corpo físico e passamos a vê-lo tal qual ele é, como nosso servo ou instrumento no mundo físico. Devemos inverter, por assim dizer, a polaridade da relação: em vez de o mundo físico nos dominar por meio do corpo físico com o qual nos identificamos, devemos controlar o mundo físico por meio do corpo físico que tenhamos feito subserviente a nós. O centro de gravidade deve transladar-se do corpo físico para a nossa consciência; e devemos, por assim dizer, experimentar que retiramos dele o centro de nossa consciência e nos reconhecemos ocultos sob o corpo físico, atuando por meio dele, mas sem nos identificar com ele.

O efeito produzido por essa mudança de atitude com relação ao corpo físico é bastante profundo. Como a limalha de ferro se agrupa ao redor de um centro comum sob a ação de um imã e se distribui pelas linhas de força do campo magnético assim formado, de maneira análoga as partículas dos corpos denso e etérico, em vez de estarem caótica e indefinidamente sujeitas a toda eventual influência do exterior, tornam-se submetidas à única influência dominante da Vontade. Devemos experimentar que assim sucede; devemos notar a mudança suscitada por nossa afirmação de que não somos o corpo, mas que o corpo é que é nosso. Devemos perceber, a partir de então, que a vitalidade interna nutre e dinamiza os corpos denso e etérico muito mais que a energia externa.

Toda essa mudança deve ser muito mais explorada que pensada e discutida. Devemos vivenciar que nosso corpo físico torna-se vibrante e sensível à consciência interior, sujeito às suas leis e condições, e não às do mundo físico circundante. (...)"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013- p. 24)

terça-feira, 11 de abril de 2017

O QUE VOCÊ ENTENDE POR AMOR?

"O amor é misterioso. Ele só pode ser entendido quando o conhecido é entendido e transcendido. Haverá amor só quando a mente estiver isenta do conhecido. Portanto, devemos abordar o amor negativamente, e não o contrário.

O que é o amor para a maioria de nós? Quando amamos, há possessividade, dominação ou subserviência. Dessa possessão surgem o ciúme e o medo da perda, por isso legalizamos esse instinto possessivo. Além do ciúme, surgem inúmeros conflitos com os quais cada um está familiarizado. Portanto, possessividade não é amor. Nem o amor sentimental. Ser sentimental, emocional, exclui o amor. A sensibilidade e as emoções são meramente sensações.

...Só o amor pode transformar a insanidade, a confusão e o conflito. Nenhum sistema, nenhuma teoria da esquerda ou da direita pode trazer paz e felicidade ao homem. Onde há amor não há possessividade, não há inveja. Há piedade e compaixão, não em teoria, mas verdadeiramente - por seu cônjuge e seus filhos, seu vizinho e seu subalterno... Só o amor pode trazer piedade e beleza, ordem e paz. Há amor com sua bênção quando 'você' deixa de existir."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 124)


sábado, 1 de abril de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (PARTE FINAL)

"(...) Uma mente sossegada e calma pode nos tornar mais sensíveis, já que não somos perturbados pelos pensamentos. Então pode haver compreensão, compartilhamento e amor. Profundamente dentro de nós estão as raízes do amor e da compreensão. Não é tão fácil despertá-las. Precisamos experienciar profundamente, estar abertos e ser sensíveis, para dar preferência à outra pessoa. Isso não é fácil, já que esperamos tanto dos outros.

Amor é sabedoria, e sabedoria é amor. Mas a sabedoria e a compaixão verdadeiras não são possíveis a não ser que compreendamos toda a situação, os problemas, o sofrimento da pessoa e assim por diante. Só podemos amar quando esquecemos de nós mesmos e nos situamos além do eu.

'A caridade não busca a si própria', disse o apóstolo Paulo. Amor e compaixão são sentimentos ativos, não passivos. Amor e compaixão significam assumir e suportar o sofrimento dos outros, ajudando a suportar suas dores. Frequentemente buscamos o que é vantajoso para nós, o que pensamos poder nos trazer felicidade. Enquanto estivermos procurando vantagem pessoal, não encontraremos o amor. Agarrar-nos ao eu não nos permite experienciar o amor.

O eu deve morrer para o passado e viver no presente para que nossos corações se encham de amor. Existe amor quando não existe necessidade, quando não buscamos satisfação. Só a mente que está livre do passado, dos preconceitos e dos desejos consegue amar - compreender e compartilhar a vida com os outros. Sem amor e compaixão não conseguimos realizar plenamente nossos deveres mais importantes - não conseguimos ser uma pessoa completa."

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O QUE NÃO É MEDITAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A observação ininterrupta, sem força, julgamento ou interferência, resulta no esvaziamento natural da mente. É importante destacar que qualquer tentativa de aquietar o pensamento vem do próprio pensamento, e é o mesmo que 'pensar para não pensar' ou 'se esforçar para não fazer força'. Portanto, a observação deve ser pura, sem intenção. Essa percepção requer plena atenção e sensibilidade, jamais força ou embotamento. (...)

Patãnjali afirma que existe um intervalo entre um pensamento e outro, mas, como vivemos distraídos, percebemos apenas a continuidade do pensamento, e vivemos num estado de tagarelice mental incessante, que sobrecarrega o cérebro e nos impede de sentir a plenitude da vida.Com a prática da percepção do intervalo, a mente se renova constantemente. (...)

Portanto, a mente torna-se mais lúcida, perceptiva e inteligente. Com o desenvolvimento da prática, a percepção do intervalo torna-se mais profunda e duradoura, o que, no sutra número 11, Patãnjali denomina 'percebimento da quietude': 'Há uma transformação na qual a mente está ciente do silêncio que surge com a cessação das distrações'.

Essa transformação é conhecida como samadhi-parinama, ou percebimento da quietude. É essa quietude a condição para a experiência da comunhão espiritual, que é o sentir-se plenamente vivo e integrado no momento presente, sem a interferência do 'falatório' mental. É só nessa condição de sensibilidade que podemos perceber os 'milagres' cotidianos da Criação nesse mundo concreto, que alguns, talvez por frustração ou tédio, insistem em negar.

Como se viu nessa breve análise, o misticismo do yoga de Patãnjali não está em experiências 'estratosféricas', 'astrais', ou 'alucinantes', e sim em desenvolver sensibilidade para perceber o caráter extraordinário do mundo em que vivemos e da forma que ele é."

(Cristiane Szynwelski - O que não é meditação - Revista Sophia, Ano 7, nº 28 - p. 41)


sábado, 6 de agosto de 2016

O QUE É A REALIDADE? (1ª PARTE)

"Muitas crianças choram quando suas mães choram ou quando veem alguém chorando. Talvez a consciência inocente no corpo jovem, não tendo tido ainda experiências na vida material, instintivamente sinta que a infelicidade não é algo correto. Uma criança responde com naturalidade, e portanto sente que algo está errado quando alguém está infeliz. A maioria das crianças é atraída por outros seres inocentes - outras crianças e animais, particularmente os mais jovens.

Esse estado de inocência se perde quando a criança torna-se adulta, e o modo de vida moderna não ajuda o jovem a preservá-lo. Assistir repetidamente a episódios de violência na televisão, por exemplo, ajuda a destruir o senso instintivo de unidade que as crianças possuem. Os humanos, como é bem sabido, precisam de proteção e cuidados durante um período de tempo muito mais longo do que os animais. Isso pode ser parte do plano da natureza para desenvolver nossa sensibilidade.

O animal jovem é forçado a lutar pela sobrevivência, o que inclui aprender a desconfiança, o medo e a agressividade, tendências que contribuem para o comportamento competitivo. Quando existe insegurança e medo, desenvolve-se a agressão; o medo obriga a mente a planejar maneiras de autodefesa. Assim se instala a insensibilidade, e a consciência perde sua inata delicadeza de resposta. 

A maioria de nós adota atitudes duras; se formos honestos, descobriremos como e quando elas ocorrem - como são perdidas a inocência da infância e a qualidade de estar em harmonia com as outras criaturas vivas. (...)"

(Radha Burnier - O que é a realidade? - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p.20)


terça-feira, 11 de agosto de 2015

CALMA E DESAPEGO

"O iogue sábio procura uma indiferença interior aos acontecimento e às mudanças transitórias, assim como o capitão de um navio minimiza os desvios da verdadeira rota que, na ausência de sua atenção, poderiam ser causados pelo tempo, vento e pelas ondas. Existe uma clara distinção entre a atenção apropriada às pessoas e aos movimentos, e nosso relacionamento com ambos, bem como o reconhecimento interior da falta de importância relativa que têm para o desenvolvimento do Ego, exceto como orientações para a conduta futura.

A calma do lago tranquilo entre as montanhas num dia sem vento representa a condição ideal da natureza mental e emocional do iogue que deve ser submetido a crises sucessivas, nas quais deve viver, pois são inseparáveis da existência física fora do santuário. Quando possível, antes de ir dormir, restabeleça a natureza psíquica a este estado tranquilo, após ter observado devidamente e notado sem envolvimento passional os eventos do dia. A recitação da Palavra Sagrada antes de dormir é uma prática útil que beneficia todo o quaternário inferior.

Brisas suaves podem soprar sobre o lago tranquilo causando ondulações em sua superfície, que retorna imediatamente à tranquilidade após a sua passagem. Talvez com uma só exceção, as experiências de qualquer dia da vida terrena são comparáveis a estas brisas suaves. A exceção seria o erro pessoal, quer seja inadvertido ou deliberado. No primeiro caso, a completa calma deveria ser instantaneamente reassumida após cada experiência e toda a natureza pacificada antes de ir dormir. O erro deve ser corrigido e também reparado quando há outros envolvidos. Deve haver a determinação para não repetir o erro, e em seguida a restauração da calma - se necessário, entoando a Palavra Sagrada e elevando a consciência inteiramente acima do pessoal. Isso vai assegurar a entrada nos estudos e trabalhos noturnos, aparecimento diante dos Mestres e irmãos Iniciados, discípulos e aspirantes, e a percepção e recepção de decisões e ordens com uma mente calma e uma aura pacífica, livre de distorções e manchas.

O costume oriental de deixar atrás os calçados ao entrar num templo é um símbolo útil para deixarmos para trás as considerações mundanas antes de irmos dormir. É bem verdade que esta é uma orientação sutil para os aspirantes que são forçados a se submeter às condições de vida terrena entre pessoas de tipos diferentes e em vários graus de desenvolvimento. A ioga torna a pessoa cada vez mais sensível às condições externas e internas, apesar de conceder também mais calma e autocontrole. Este último deveria ser aumentado como um parte essencial da ioga. Calma mental imperturbável mesmo quando as emoções tiverem sido perturbadas - por outra pessoa, ou uma percepção intuitiva de um erro ou de uma desarmonia atual ou premente - este é o ideal."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 94/95)


domingo, 10 de maio de 2015

BHAKTI (1ª PARTE)

"É o caminho do amor devoto a Deus. É a solução mais adequada aos que nasceram dotados de grande sensibilidade (místicos, poetas, artistas), cuja afetividade lhes domina a vida. 

Quem, atendendo a Cristo, busca 'primeiro o reino de Deus', pelos caminhos do amor, infalivelmente alcançará os 'acréscimos', e entre estes a superação de todos os conflitos e ansiedades. 'Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou... Não se turbe vosso coração, nem se atemorize' (jo 14:27).

Efetivamente, é impossível ver-se lágrimas de desespero nos olhos dos que vivem inebriados de amor, se lembrando de Deus. O devoto, vendo-O em tudo, e em tudo O adorando, está isento, longe do desespero. Não há melhor recurso psicoterápico do que amar a Deus acima de tudo e em tudo.

Os homens gastam-se, perdem-se e se destroem na busca dos efêmeros 'acréscimos', esquecidos do essencial. Basta mudar de orientação, e amar a Deus com todas as forças da alma, dedicando-Lhe pensamentos, sentimentos e ações; basta inverter, mediante um discernimento superior (viveka), o processo de busca, passando a buscar antes o Reino de Deus, e todo sofrimento cessará. E a cruz pesada começará a perder peso. E acabará se transformando em bem-aventurança. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 225/226)


domingo, 11 de janeiro de 2015

AJUDA MÚTUA PARA DESENVOLVER QUALIDADES DIVINAS

"Por meio da lei da relatividade, Deus se dividiu em homem e mulher. Ambos, porém, homem e mulher, sendo feito à Sua imagem, eram essencialmente iguais, por isso Ele criou diferenças superficiais em seus corpos e mentes, não apenas diferenças mentais, mas também emocionais e psicológicas. Deus criou estas diferenças fisiológicas e mentais para distinguir o homem da mulher. O ideal da união espiritual entre eles é que o homem faça aflorar a razão escondida na mulher e que a mulher ajude o homem a descobrir a sensibilidade nele oculta. O Mestre não quis dizer com isto que a mulher seja irracional ou que o homem não tenha sentimentos; pelo contrário, ele afirmou que o homem e a mulher espiritualmente evoluídos ajudam-se mutuamente a desenvolver razão perfeita e sentimento perfeito, ou seja as puras qualidades divinas.

O que significa isso? No princípio, a razão não é pura. É de espécie inferior, oriundo da mente sensorial. A razão perfeita não vem da mente comum, é uma faculdade mais elevada, uma qualidade da alma - sabedoria. No princípio, o sentimento também não é puro, vem mesclado de emoção. Portanto, este é o valor espiritual mais importante do casamento, conforme diz o Mestre na Autobiografia de um Yogue. Citando [seu guru] Swami Sri Yukteswar: 'A responsabilidade pessoal de cada ser humano é restituir à sua (...) natureza dualística uma harmonia unificada, ou seja, o Éden'. Sri Yukteswarji quer dizer com isso que, através do íntimo relacionamento conjugal, o homem e a mulher ajudam-se mutuamente a desenvolver tanto a razão perfeita, ou sabedoria, quanto o sentimento perfeito, ou amor. 

Em outro texto, o Paramahansaji afirma que, quando isto é alcançado, homem e mulher se liberam, primeiro unindo-se um ao outro e, depois, unificando-se em Deus. Esta é a finalidade do casamento. Ao concebê-lo desta forma, fica bastante claro que tal relacionamento tem que se basear na amizade divina - ou seja, no amor incondicional, na lealdade incondicional. Trata-se de um compromisso incondicional.  Se não for assim, não é casamento, porque o verdadeiro objetivo não pode ser cumprido. (...)"

(Irmão Anandamoy - O Casamento Espiritual - Sefl-Realization Fellowship - p. 10/12)


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ASANGA (PARTE FINAL)

"(...) Negue-se a alimentar a sensualidade. Evite as oportunidades do excitamento sensual. Não se comporte como um gozador inveterado. Evite transformar-se num fascinado pelos sentidos. Não se deixe perder no gosto, na miragem e na obsessão da sensualidade. Conserve-se sóbrio. Não quer dizer que quem não é um eremita austero tem de forçosamente ser um neurótico. Não é nada disso. Mas sobriedade e autodomínio pacífico nunca fazem mal a ninguém. Ao escolher um divertimento, leve em conta que a necessidade obsedante de correr a eles é um sinal de que a eles você está se prendendo, de que se está esvaziando, se alienando e tornando cada vez mais difícil a equanimidade, a imperturbalidade e, consequentemente, a saúde. Cada vez que você vai ver um filme de horror, de violência, de ódio e vingança, de erotismo e suspense, a título de divertimento, o que está de fato fazendo é introjetar no insconsciente vásanas e samskaras nocivas que são como germes patogênicos psíquicos do medo, da agressão, da brutalidade, da ira e da luxúria. Ao mesmo tempo estará, automaticamente, danificando organismo com fortes emoções mórbidas que a película lhe propicia. 

Aprenda a ser dono de sua sensibilidade. Divinize-a, alimentando-a de pura beleza. Aprenda a melhorar-se com imagens, sentimentos, melodias, sons, perfumes e emoções que sejam condizentes com a aspiração de transformar sua vida mediante a conquista da mente.

O erotismo está expulsando do mundo a poesia. A violência está destruíndo a ternura. A sensualidade grosseira está vencendo a capacidade de gozar o sutil. Isso causa dores e desquilíbrios.

Despertemos. Comecemos a reagir. Aprendamos a cultivar poesia, ternura e gozo espiritual. Sutilizemos, refinemos nossa sensibilidade. Espiritualizemos nosso sentir. Tornemo-nos capazes para os prazeres não compráveis, invulgares, indescritíveis - os sublimes; e para as perfeitas vivências no Espírito Onipresente da Beleza Absoluta. Harmonizemo-nos esteticamente. Harmonizemo-nos capazes de sintonia com a Suprema Beleza, que o Divino Artista nunca deixou de nos oferecer. Abramos nossos olhos para a beleza de Deus." 

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 196/197)


terça-feira, 29 de abril de 2014

AS MUDANÇAS E O PROCESSO EVOLUTIVO

"A vida é um processo. Então haverá, de algum modo, uma mudança fundamental?

RB: É claro que a todo momento existem mudanças na vida, muitas das quais são imperceptíveis. Cada um de nós passa por mudanças durante diferentes encarnações. Se não houvesse mudança, não haveria processo evolutivo. O processo não somente implica mudança, mas também, a longo prazo, perfeição. A perfeição do organismo físico é produzida através de um lento processo de mudança e de melhoria até o estágio do complexo corpo humano, com um cérebro incrivelmente complexo, muito do qual ainda não é utilizado. Complexidade implica crescente sensibilidade etc. A partir do ponto teosófico, através da evolução biológica, processa-se o desabrochar da consciência. A habilidade de perceber mais e responder mais é desenvolvida através de longos períodos de tempo. Então, deveríamos tomar alguma atitude ou deveríamos deixar que o processo evolucionário nos lançasse à perfeição, aliviando-nos dos nossos problemas?

Aparentemente não funciona dessa maneira. H.P.B, declara em A Doutrina Secreta: ‘o homem é o único agente livre na Natureza’. Na obra Viveka Chudamani (A Jóia suprema da sabedoria), de Sri Shankaracharya, e no Dhammapada, que supostamente contém as palavras do Buda, há declarações que indicam uma posição especial para o ser humano. (...) A consciência humana é capaz de perceber a própria posição em relação a tudo o mais. Pode questionar os aspectos certos ou errados de tudo o que acontece. Deseja conhecer o porquê e procura agir de acordo com as próprias percepções, impulsos e conceitos. Esses podem estar em contradição com o atual movimento de avanço em virtude da falta de compreensão suficiente. Porém, a beleza está no homem ser capaz de compreender, e ele precisa esforçar-se para compreender. Ele pode e precisa saber o que é o Plano Divino, participando de grandes movimentos dirigidos à perfeição, com plena percepção e liberdade. Os outros reinos agem a partir da inteligência inconsciente que lhes é oferecida pela Natureza, sendo sua retidão simplesmente parte da Natureza. Porém, o ser humano não pode fazer isso. (...)

Desejamos uma mudança que nos satisfaça de imediato. Mas a mudança fundamental significa crescer em percepção e inteligência, compreendendo a beleza de todo o processo divino e com ele cooperando livremente porque é tão maravilhoso fazê-lo. A mudança fundamental ou mudança na direção certa deve ser compreendida por todos os seres humanos mais cedo ou mais tarde, e eles terão de realizá-la por si mesmos."

(Radha Burnier - Regeneração Humana – Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 160)


sábado, 8 de março de 2014

ANTES QUE O OUVIDO POSSA OUVIR, DEVE TER PERDIDO A SENSIBILIDADE

"Como se pode ouvir, se os ouvidos não tiverem sensibilidade? Tal como a primeira instrução não sugere a perda da vista, assim a segunda instrução não indica a perda da audição. Assim a palavra 'sensibilidade' tem aqui um sentido psicológico - não físico. Em outras palavras, a instrução refere-se à impressionabilidade da mente. É um fato que não é o ouvido, mas a mente que ouve. Apenas quando a mente cessa de ser impressionável é que surge a possibilidade de ouvir direito.

O que indica a impressionabilidade da mente? Sugere que este deseja ouvir algo diferente do que ouve. A mente não quer aceitar a vida tal como ela lhe vem através do sentido da audição. Deseja que a vida seja diferente. Deseja somente o que é agradável e quer evitar aquilo que ela determina ser desagradável. Ora, a distinção entre o agradável e o desagradável brota da memória de experiências anteriores. E, assim, a impressionabilidade da mente surge do passado e nele se radica. A maior parte da nossa audição, na qual os ouvidos não perderam sua sensibilidade ou impressionabilidade, está apenas cronologicamente no presente, mas psicológicamente está no passado. Só ouvimos as vozes do passado captadas por essa mente, enquanto ela se recorda do agradável e do desagradável. É só quando a audição, tanto física como psicológica, está no presente que a audição é correta. Mais uma vez, ouvir sem reação mental constitui uma condição de intensa tensão, comparável a um estado de solidão. Quando todas as vozes do passado estão em silêncio, então nossa mente está totalmente desacompanhada. Ela permanece solitária, em completo silêncio. E é somente o silêncio que pode ouvir. Assim, é absolutamente verdadeiro que, 'antes que o ouvido possa ouvir,' devem cessar todas as reações mentais da memória psicológica. É somente quando a mente está solitária, que pode haver audição; isto significa, na realidade, o ouvido perder a sua sensibilidade."

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 31/32)

   

domingo, 15 de setembro de 2013

ALTRUÍSMO

"Só o orgulho e a resistência à verdade leva-nos a supor que podemos saber o que é bom para o outro. O verdadeiro altruísta não faz tal suposição. Delicadeza, humildade e sensibilidade profundas são marcas de maturidade necessária, antes que se possa ajudar os outros. ‘Seja humilde se quiser alcançar a Sabedoria’.¹

H. P. B. escreve que ‘o altruísmo é uma parte essencial do autodesenvolvimento’. Na medida em que a consciência de uma pessoa torna-se plena de sentimento altruísta, ela passa a ter as qualidades que mencionamos e, portanto, começa o seu desenvolvimento. Um dos paradoxos da vida interior é que se deve aprender a ajustar e a ser realmente útil mesmo sem se sentir qualificado para ajudar. O mais humilde é o mais sábio e o que está melhor qualificado para servir ao mundo. O altruísmo é uma mudança substancial na qualidade da mente, mais do que uma ação específica qualquer. Quando há o estado interior correto em nós, a ação correta ocorre automaticamente."

¹. H. P. Blavatsky, A Voz do Silêncio.

(Radha Burnier - O Caminho do Autoconhecimento - Ed. Teosófica, Brasília, 2000, p. 62/64)


segunda-feira, 6 de maio de 2013

HATHA YOGA - COMPONENTES DO SISTEMA (4ª PARTE)

" (...) A Hatha Yoga é um treinamento que tem por objetivo condicionar o homem inteiro, portanto de grande abrangência. A fim de beneficiar a matéria, as energias, as emoções, os pensamentos, a sensibilidade e a conduta moral, finalmente tudo aquilo que constitui o homem, tem de operar com diversos procedimentos, manobras e técnicas. Seus principais componentes são:

(a) Asanas - posturas do corpo que agem terapêutica e corretivamente sobre todos os sistemas, órgãos, tecidos e funções orgânicas. Vista superficial e rapidamente por este aspecto, a Hatha Yoga tem sido confundida com uma simples ginástica e às vezes até contorcionismo. Guarde bem - apenas aparece;
(b) Pranayamas - manobras inteligentes e eficazes sobre o campo energético (prana), sobre os condutos sutis de energia (os naddis) e sobre os centros psicoenergéticos (os chakras) mediante principalmente exercícios respiratórios conscientizadores e voluntários;
(c) Bandhas - controles musculares;
(d) Mudras - gestos para controles neuromusculares;
(e) Nidras - técnicas de relax
(f) Kriyas - técnicas de purificação do meio interno;
(g) Mitahara nutrição pura, leve e energética (satova);
(h) Dharma - conduta ética marcada por não violência, verdade, retidão, humildade, desapego, renúncia;
(i) Dhyana - mente concentrada, viabilizando a mentalização e a meditação;
(j) Mantras - sílabas ou palavras de poder. 

Estes componentes do sistema, agindo sinergicamente  isto é, cada um ativando e aprimorando o outro, com algum tempo de prática, criam e mantêm aquela condição que os sábios hindus denominam arogya, que entendo como "Saúde Plena".

Nesta simples "iniciação" não tenho como explicar a contento cada um destes componentes, não consigo esclarecer a teoria e orientar a prática. Gostaria de fazê-lo. Um outro livro meu - Auto perfeição com Hatha Yoga - é um estudo extenso e claro e uma apropriada orientação aos que desejem ou precisem praticar, configurando o que se poderia chamar "Hatha Yoga sem mestre". Eles tem ajudado um sem número de pessoas a desfrutar excelentes condições de saúde e notáveis melhoras na qualidade de vida. Através de alguns anos ensinando Hatha Yoga a centenas de pessoas, fui delineando um método que denominei "Treinamento Antidistresse" com o qual é possível prevenir os conhecidos e temíveis distúrbios gerados pelo estresse mal administrado. Os depoimentos dos beneficiários evidenciam a admirável eficácia do método. Bendita Hatha Yoga. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 65/66)