OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 17 de junho de 2021

CONTEMPLAR AS FALHAS DA INDOLÊNCIA NESTA VIDA

"Shantideva, agora dirige-se à mente governada pela indolência e a castiga severamente como segue:

[4-5] Assim como os cervos e pássaros capturados na armadilha de um caçador serão finalmente mortos; sob a influência da delusão, os seres estão emaranhados na rede do samsara. Não vês que, no passado, todos os seres sencientes foram devorados pelo Senhor da Morte e que tu também terás o mesmo fim? Indiferente à idade, ao estado de saúde ou a qualquer outra consideração, o Senhor da Morte massacra sistematicamente todos aqueles ao teu redor. Se entendes isso, por que não praticas o Darma, em vez de perseguir desejos mundanos e entregar-se ao sono? (...)

Conforme diz Shantideva, como podemos continuar envolvidos em atividades sem sentido, quando a morte está se aproximando furtivamente de nós? [6] Embora o Senhor da Morte esteja tentando nos matar e impedir nossa viagem pelo caminho que leva à cidade da libertação, não sentimos medo e continuamos viciados nos apegos mesquinhos e nos prazeres de dormir e de comer. [7] Em breve, a hora da morte chegará e, então, será tarde demais para abandonarmos a preguiça. Devemos acordar desse estupor indolente e praticar o Darma agora mesmo!

[8] Nossa vida está repleta de tarefas que impomos a nós mesmos; algumas nem foram começadas, outras acabam de ser iniciadas e outras foram parcialmente concluídas. No entanto, qualquer que seja o estado dos nosso assuntos mundamos, a morte descerá sobre nós subitamente. Completamente despreparados, ficaremos aterrorizados e será tarde demais para nos arrepender. Pensem no que acontecerá quando a morte finalmente chegar. Estaremos repletos de ansiedade. [9] Haverá muito choro quando nossos familiares, ao redor do nosso leito de morte, perderem qualquer esperança de nos ver recuperados. [10] Visões apavorantes, um reflexo da nossa não virtude do passado, vão aparecer diante de nós, e ficaremos envoltos em um sentimento de profunda melancolia. (...) A morte chegará um dia sem sombra de dúvida e, se nada fizermos para livrar nossa mente da delusão, ela será tão temível qanto o que foi descrito. Portanto, precisamos superar a indolência e começar nossa prática de Darma imediatamente."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 275/276)


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PRATIQUES O DARMA AGORA (1ª PARTE)

"Buda disse que, enquanto os seres sencientes estiverem sob a influência da ignorância, terão de experienciar as quatro características do samsara: 1) o nascimento conduz inevitavelmente à morte; 2) aquilo que é reunido, por fim, deve se dispersar; 3) aqueles que ocupam posições elevadas, por fim, caem em estados inferiores; 4) todos os encontros, por fim, resultam em separação. Devemos examinar essas quatro características com muito cuidado. Quem quer que possua um status elevado, uma boa reputação ou riqueza verá isso, por fim, diminuir, decair e, em última instância desaparecer. Existe algum real prazer a ser extraído dessas aquisições e alguma delas pode nos ajudar na hora da morte? Quem pode nos ajudar nessa hora - nosso cônjuge, amigos, familiares, nossas posses ou o governo do nosso país? Pensar que viveremos neste mundo para sempre é enganar-se grosseiramente. Este mundo não possui moradores permanentes. Dos bilhões de indivíduos que hoje estão vivos, quem ainda estará aqui em cem anos? Somos simplesmente viajantes passando por este mundo e, como viajantes, devemos pensar em nos abastecer corretamente para a nossa jornada. O que precisamos levar conosco? Nenhum dos prazeres temporários antes mencionados terá qualquer valor na hora da morte; somente a prática do Darma - o treino, o controle e a purificação da nossa mente - pode nos proteger do sofrimento.

Algumas pessoas rezam para que sejam capazes de praticar o Darma na sua próxima vida, pois acham que não têm a oportunidade de praticar agora. Isso é tolice. Tivemos um renascimento humano perfeito, encontramos os ensinamentos mahayana e temos a rara oportunidade de praticar o Darma. Se não aproveitarmos essa oportunidade agora, quando reencontraremos outro renascimento humano perfeito no futuro? É raro que um Buda apareça neste mundo, raro ter um precioso renascimento humano plenamente dotado e raro gerar fé num ser iluminado. Portanto, visto que já obtivemos todas essas circunstâncias preciosas, devemos praticar o Darma agora.

Não devemos desperdiçar este precioso renascimento humano, conquistado a custa de muito esforço, em nome do conforto da vida atual. Em vez disso, precisamos usar essa rara oportunidade para gerar a preciosa mente do bodichita. Atualmente temos visão clara, audição acurada, mente lúcida e boa saúde. Se não praticarmos o Darma agora, quando tivermos oitenta ou noventa anos, se é que viveremos até lá, será tarde demais para fazê-lo. Ainda que tenhamos a intenção de praticar o Darma, nossos sentidos estarão em declínio, a nossa mente instável e o nosso corpo doente. Como diz um provérbio tibetano: 'Se não praticares o Darma enquanto és jovem, quando a velhice chegar, te arrependerás'.(...)" 

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 151/152)


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS DISTRAÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA QUE NOS AFASTAM DA VERDADEIRA FELICIDADE

"O termo tibetano para designar corpo é , que significa 'algo que você deixa para trás', como bagagem. Cada vez que dizemos 'lü', isto nos lembra que somos apenas viajantes, temporariamente abrigados nesta vida e neste corpo. Assim, no Tibete as pessoas não se distraíam muito gastando o tempo que tinham em tentar tornar mais confortáveis suas circunstâncias externas. Elas estavam satisfeitas se tivessem o bastante para comer, roupas sobre o corpo e um teto sobre suas cabeças. Continuar pensando obsessivamente em melhorar as próprias condições, como fazemos no Ocidente, pode tornar-se um fim em si mesmo e uma distração sem sentido. (...)

Às vezes penso que a maior aquisição da cultura moderna é sua brilhante promoção do samsara e suas estéreis distrações. A sociedade moderna me parece uma celebração de todas as coisas que nos afastam da verdade, fazendo difícil viver para ela e desencorajando as pessoas até mesmo de acreditar que ela existe. E pensar que tudo isso brota de uma civilização que alega adorar a vida, mas de fato a priva de qualquer significado real; que fala sem parar sobre fazer as pessoas 'felizes', mas de fato impede seu caminho para a fonte da verdadeira felicidade.

Esse samsara moderno alimenta-se de ansiedade e depressão que ele próprio fomenta, e para as quais nos treina e cuidadosamente nutre com um mecanismo de consumo que precisa manter-nos ávidos para continuar funcionando. O samsara é altamente organizado, versátil e sofisticado. Investe sobre nós de todos os lados com sua propaganda, criando à nossa volta uma cultura de dependência quase inexpugnável. Quanto mais tentamos escapar, mais nos sentimos enredar nas armadilhas que ele tão engenhosamente nos prepara. Como dizia no século XVIII o mestre tibetano Jikmé Lingpa: 'Hipnotizados pela mera variedades de percepções, os seres vagam infinitamente perdidos no círculo vicioso do samsara'.

Obcecados, então, por falsas esperanças, sonhos e ambições que nos prometem a felicidade mas conduzem somente à miséria, somos como forasteiros rastejando num deserto sem fim, morrendo de sede. E tudo que essa samsara nos oferece para beber é um copo d'água salgada, com o propósito de deixar-nos ainda mais sedentos."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 40/41)